por Gilberto Puppet

Sem medo de serem rotulados e agregados à avalanche pseudo-emocional que ronda o cenário musical atual, eles vem provando que para se falar de sentimentos é necessário ter base, qualidade e talento. Se me permitem o trocadilho, esta é uma das bandas cariocas que possuem um dos sons mais redondos que já ouvi. Radial.

Radial, dois pontos...

Somos todos amigos de longa data e, como já tocamos juntos em outras bandas antes, tudo aconteceu de forma natural. O Victor tinha algumas músicas prontas e resolveu colocar na prática seus projetos, pois a identidade musical dele é muito forte e suas composições tem a sua assinatura musical característica. Nós começamos com um som diferente do que é agora e alguns integrantes foram trocados nesse período até conseguimos chegar num denominador comum que é o Radial de hoje em dia.

Quais as influências em comum dos integrantes e o que vocês escutam?

A gente escuta de tudo um pouco, de Sepultura a Foo Fighters. Ultimamente temos escutado bastante Udora, The Subways, AC/DC, Queens of the Stone Age, Fall'Out Boy, Hoobastank e até Yellow Card. Acreditamos que o importante é manter a mente aberta pra coisas diferentes porque nunca se sabe aonde se vai ouvir algo surpreendente. Essa é uma das mágicas que a música proporciona.

Ultimamente as bandas têm misturado milhares de influências e criado estilos híbridos. No futuro, qual seria o destino dos rótulos?

O lance do rótulo é confuso no Brasil, pois ele só é levado a sério por grupos minoritários. Para o grande público, a Pitty e o Skank estão no mesmo barco do "Rock Brasileiro". Acho que a tendência é a evolução da segmentação do mainstream, pois, com a Internet, as gravadoras estão bastante minadas. Em algum tempo a realidade da segmentação vai acontecer, mas acho que vai demorar bastante e, quando acontecer na grande mídia, será bom para os pequenos e ruim para os grandes. Uma distribuição de renda mais igualitária não faz mal a ninguém...

Quando que poderemos contemplar o álbum de vocês?

O álbum já esta gravado. Ele conta com dez músicas, vai se chamar "Novos Dias" e estamos negociando o lançamento dele. Faltam alguns ajustes, mas em breve ele sairá. Para os que querem algum disco da banda, nós ainda temos algumas cópias do EP "Amanhã..." que foi lançado no final do ano passado e é uma prévia do álbum que está por vir. Vale a pena aguardar o álbum, pois ele é o resultado de muito trabalho e achamos que a galera vai curtir.

O nome do primeiro EP de vocês é “Ainda Não é o Bastante”, mostrando que vocês almejam dar vôos maiores. Qual seria este "Bastante"?

Viver de música é o sonho de todos nós. O "Bastante" é chegar nesse objetivo de forma estável. Quem não quer viver e colher os frutos do trabalho que mais ama?

No Jornal do Brasil de 23/08/2006 (Caderno B), o vocalista Samuel Rosa (Skank) declarou que "estaria sendo hipócrita se falasse que não passa pela cabeça fazer música para tocar na rádio" e não vê mal algum nisso. Esta declaração gerou fortes críticas por parte de alguns críticos musicais. Porque existe esta relação pejorativa com bandas de rock que se tornaram muito populares?

É muito fácil criticar alguém que está em exposição. Ele e qualquer outro artista de mídia (mainstream) seria hipócrita se não pensasse na repercussão popular do trabalho feito. O artista vive da aceitação do público e no mercado brasileiro se mata um leão por hora (risos). A mágica disso tudo acontece quando o artista consegue conciliar sua preferência musical dentro de um trabalho comercialmente viável. Provavelmente muita gente vai achar que esse pensamento é "capitalista" demais, mas dentro da realidade da cena (mainstream mais uma vez) brasileira, o norte artístico é esse e não podemos nos fechar em conchas para não enxergar essa realidade. Acho que conseguimos fazer isso e antes que alguém jogue a primeira pedra (risos), estamos fazendo o som que amamos e nos realizamos através dele.

Em Dezembro do ano passado vocês fizeram uma turnê pelo Nordeste e, mais recentemente, passaram por São Paulo, sendo excepcionalmente recebidos nestes locais. Após estas experiências, como ficou a visão de vocês sobre o cenário underground daqui?

A cena underground do Rio de Janeiro é segmentada ao extremo, ou você é uma coisa, ou é outra. E da mesma forma que temos muitos segmentos, não temos suporte suficiente em cada um destes.

Em São Paulo, a coisa funciona de forma diferente. O público apóia e sustenta a cena underground. Acho que o Rio tem muito a aprender em alguns aspectos, assim como ambos também deixam a desejar em relação a alguns pontos positivos que vimos no Nordeste do país, onde as bandas são tratadas com a maior dignidade e pudemos conferir que o Nordeste também tem (e muito) Rock n' Roll!

A maioria dos integrantes do Radial já tocou em outras bandas daqui de Jacarepaguá (inclusive na mesma) e fizeram parte da primeira "fase" de seu underground. Agora Jacarepaguá possui uma gama enorme de bandas e, em menos de um ano, os locais para tocar diminuíram drasticamente, gerando uma certa crise. Qual seria o problema? Bandas em demasia ou escassez de locais?

Na época do falecido "Detrito" (primeira banda em que a maioria dos integrantes do Radial esteve), o conceito de evento era juntar os amplificadores dos amigos num playground de prédio e "fazer o rock" (risos). Não havia muitas bandas na época porque as dificuldades eram enormes. Hoje em dia, com a facilidade de se manter uma banda (divulgação pela internet, preços de instrumentos mais acessíveis, etc), qualquer grupo de amigos pode formar uma banda, o resultado disso é ter uma oferta maior do que a procura. Tem muita banda pra pouco público e muita banda com conteúdo redundante. É comum ver que muitas bandas pensam que podem chegar a um status similar ao do ídolo tocando exatamente o mesmo tipo de música, com os mesmos elementos. O que podemos falar pra essa galera é que procurem fazer algo novo, pois assim quem sabe um novo público não surge?

Ter banda hoje em dia é fácil, mas ter uma banda underground, independente e realmente ATIVA é complicado. A presença de um produtor é essencial para o sucesso de uma banda, ou a garra e a raça podem superar tudo?

A presença do produtor nem sempre é a chave de todas as portas. O fundamental é que cada membro da banda se doe para que possa colher resultados, porque nenhum produtor trabalha com uma banda de preguiçosos. Por esse motivo, vemos tantas bandas paradas e poucas bandas se destacando. Claro que o trabalho musical da banda ser bom é decisivo, mas se esse trabalho não chegar aos ouvidos certos, ele se torna inútil, então isso acaba sendo uma combinação de diversos fatores. A combinação ideal é uma boa banda, com muita (muita mesmo) disposição e um produtor com os contatos certos. Ah, também tem o tal do jabá... (risos)

Qual a mensagem que o Radial deixa para seus fãs e leitores do CA?

Primeiro deixamos um muito obrigado pelo espaço e pela oportunidade. É de iniciativas como essa que a cena vive!

Aos leitores e fãs do Radial, obrigado por toda o carinho que recebemos através do fotolog, orkut e outros meios. Não desistam de seus sonhos, pois eles são o combustível do seu sucesso!

Conheça o Radial:
www.fotolog.com/bandaradial
www.myspace.com/radialrock
www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1315020

Contatos:
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