por Gilberto Puppet

Fúria e sarcasmo andam lado a lado nas composições da banda cujo nome é a corruptela da pronúncia errada de “Megadeth”. Oriundos da Ilha do Governador, eles estão ganhando cada vez mais espaço no crescente “Mercado HC Carioca” e conseqüentemente dando uma bela baixa no estoque dos bares por onde tocam. Eis o Nega Odeth.

Quem deu luz à Nega?

Thiago (Boka): Eu e o HC (batera) em julho de 2000, mas a Nega começou oficialmente em 11 de outubro de 2003 em um show que fizemos sem nunca nem ter ensaiado. A idéia era fazer um hardcore pesadão, rápido pra cacete e gritado, então recrutamos o Beto e o Rodrigo, que já tinham tocado com a gente numa banda chamada Velhas Carcomidas, e deu no que deu.

Deixe-me ver se entendi, vocês fizeram o primeiro show sem ao menos ter ensaiado uma vez (risos)?

(Risos) Foi bem isso mesmo. Nós sentamos um dia no bar, tomamos uma cervas e fizemos "Eu odeio você de coração" e "Cara de mau" com o violão, levada de hc batucada na coxa e o Beto escrevendo a letra no guardanapo, bem podre mesmo. Daí a gente estava num showzinho na casa de um amigo e o HC falou "Aí, vâmo tocar, Nega Odeth! Tem moral?". Então a porrada comeu e é isso até hoje.

As outras composições também saem do mesmo esquema "boêmio" de composição? (risos)

(Risos) Mais ou menos. A gente tentou profissionalizar e agora leva as cervejas pra dentro do estúdio.

Aliás, como foi o processo de gravação de vocês?

Pô, a gente tem duas demos e um EP. A primeira demo a gente gravou cerca de 20 dias depois de começar a ensaiar e ajudou bastante a gente por está cheia de "hits" como "Eu odeio você de coração", "Papoula" e "Prostituta". No ano seguinte a gente chegou a gravar outra que tem "Diamantes", "Cuz Cuz Clã", "Homem-bomba" e "Coligação hardcore" e mostra uma sonoridade mais agressiva, mas seguindo a mesma linha. Todos os cds foram gravados pelo Cal Galvão e em agosto lançaremos um single (pela Casca Grossa) com faixa multimídia, que será vendido a preço popular ou trocando por garrafa de cerveja (cheia é claro).

Bem, como uma boa banda de hc, podem-se notar nos shows de vocês a formação do típico "moedor de carne" (nome carinhoso para “roda punk”). Já aconteceu algo de inusitado ou cômico durante algumas das apresentações?

Ih, cara, às vezes, cai um de cara no prato ou em cima da bateria (show da gente é bem o que a gente quer: VIOLÊNCIA!), o Beto já foi abduzido pela roda, largou o microfone no meio do show pra pular no mosh, buscar cerveja no bar etc. Em Iguaba rolou uma parada curiosa: a gente tava tocando mas nego não tava se batendo. Na verdade não tinha roda, todo mundo tava parado olhando, prestando atenção e tal. Quando acabou o show, várias pessoas vieram cumprimentar a gente e trocar idéia. Isso tudo é muito foda, maior reconhecimento por parte da galera...

E convites para tocar em outros estados?

Rolaram algumas conversas, mas nada de concreto. A gente tem um puta público no Nordeste e tem uma rapaziada lá no RN que é muito foda, mas aí implicaria em muita coisa pra gente tocar lá. São quatro caras saindo daqui do Rio com 100kg de tralha pra ir pro Nordeste. É foda, bem mais complicado que socar geral numa kombi e ir pra Região dos Lagos.

Bem, como o Nega nasceu de um bar, como é a relação de vocês com as bandas de ideologia sxe e com os que seguem este movimento que vem crescendo cada vez mais no RJ juntamente com o hc daqui?

A gente já tocou com o Confronto e com o Ódio Social, que mal comparando são os dois extremos (risos). Mas cara, os sxe são o que? Só porque eles tem as filosofias deles a gente tem que se dar mal por isso? Não tem nada a ver, é todo mundo do HC e se ficar rolando essas palhaçada de subgrupo a cena fica essa bosta que está ai hoje. Definitivamente, eu odeio emo, mas é a minha opinião pessoal e não exprime a opinião dos outros caras da banda. Mas uma parada que a gente não tolera é banda cover.

Minha próxima pergunta seria sobre isso, mas já que você adentrou no assunto...

Não dá pra tocar no mesmo evento que eles. A gente até tentou em um ano passado, mas nem vale a pena lembrar daquele fato dantesco. Cara, uma coisa é um moleque de 15 anos que toca Nirvana porque só sabe tocar aquilo e outra é marmanjo velho tocando Korn e achando que está abafando. É lógico que a molecada vai curtir o cover porque é muito mais fácil assimilar o que já se conhece, aí as bandas autorais ficam minimizadas perto dessa parada, mas a culpa não é da galera ou das bandas, e sim de quem organiza esses eventos.

Vocês se habilitariam a fazer cover de alguém para ganhar dinheiro?

Não. A gente nunca fez cover de ninguém e nem pretende fazer. O nosso repertório é de trinta músicas e apenas duas são covers (RxDxP - Capitalismo e DFC - Franchising), só de gastação mesmo.

Qual a mensagem que a Nega deixa para a galera que acha que Hardcore (ou o que se chama de hardcore) tem tudo a ver com eventos com discotecagem de micareta e funk, como tem acontecido ultimamente?

Thiago (Boka): Quem acha que hardcore é modinha, pode entrar em contato com a gente e comprar o terceiro lote de abadás da Nega Odeth por 350 reais, mas quem quiser curtir um HARDCORE de verdade, pode procurar por aí que tem muita banda boa aqui no Rio precisando da moral da galera, pois por mais que o equipamento seja bom, a galera é que faz o show ficar foda.
E quem mesmo assim continuar achando que hc é a modinha do verão, pode ir diretamente para o quinto dos infernos bem ao lado do pagodão do Viashow.

Conheça o Nega Odeth:
www.negaodeth.cjb.net
www.myspace.com/negaodeth
www.fotolog.com/negaodeth

Contatos:
[email protected]
[email protected]

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