por Jéssica Fulganio

- O Fokismo formou-se em agosto de 98, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A intenção dos caras? Letras fortes. Hardcore simples, direto e rápido. Depois de 4 anos afastados da cena, eles retornam mais raivosos do que nunca. E parece que vem coisa boa aí. O cd já está no forno. Confira tudo sobre o Fokismo nesta entrevista com os vocalistas Fábio D. e Teixeira:

O Fokismo é uma banda antiga. Vocês começaram em 98 e interromperam as atividades em 2001 para voltar com outra formação em 2005. Como foram esses 4 anos entre o encerramento e o retorno?

FABIO D. - Antes de dizer como foram esses 4 anos, gostaria de explicar o porquê desses 4 anos de inatividade da banda. O Fokismo ficou parado durante esse tempo devido a um conjunto de fatores, tais como falta de disponibilidade dos membros que gostariam de seguir com o trabalho da banda, falta de encontrarmos as pessoas certas com quem pudéssemos realmente contar e confiar para levar adiante o nome Fokismo e também, acredito eu, de maturidade para termos a noção exata de como e até onde podemos ir, como uma banda de HC no Brasil. Hoje em dia, com a entrada do Wágner na bateria e do Tom, na guitarra, acredito eu, que temos não só a melhor formação tecnicamente falando, mas, também a mais coesa e compacta dentro do que todos esperam e aspiram para o Fokismo. Nesse período de inatividade do Fokismo, eu estive com outras bandas, como Reação e Facção Letal e me dediquei muito a minha vida pessoal e profissional.

TEIXEIRA - Acho que assim como foi para mim, foi para os outros, havia uma vontade de continuar mas faltava tempo, pois diversos problemas impediam de me direcionar diretamente para a banda. Foram muitas conversas e datas marcadas, mais ainda assim faltava um elo para nos unir de novo. Não sei bem qual foi esse elo, mas fico muito feliz por ele ter acontecido, pois ficar todo esse tempo calado estava me matando aos poucos - "Não buscar seu sonho, e se matar lentamente"-. Mas agora é diferente. Estamos mais fixados em nossas metas e a nova formação com sangue jovem deu mais gás para voltarmos a ser o Fokismo de sempre, curto, realista e sincero.

Como está sendo a produção do EP "América Latina"?

TEIXEIRA - Estamos a caminho para produzir um EP com boa qualidade de gravação, e baixo custo financeiro, para que mais pessoas tenham acesso, o que aumenta muito a divulgação. Gravamos em janeiro, esqueci a data, é sempre assim! E pelo menos para nós foi bem proveitoso, conseguimos preparar 8 músicas, todas inéditas em gravações. Ficou faltando agora, a parte final de produção, ou seja, a mixagem e masterização do trabalho e esperamos concluir esta parte no próximo mês. Ate lá quem quiser ouvir nosso som visite http: www.myspace.com/fokismo, com 2 músicas ainda sem a produção final.

Quais eram as influências no início da banda? Elas permaneceram as mesmas? E as inspirações para as letras, vêm da onde?

FABIO D. - Bom, acredito que analisando, como um todo, as influências iniciais eram bem nítidas, coisas de punk/HC inglês do fim dos anos 70 e início dos 80, como G.B.H., Discharge, Exploited e também bandas nacionais dos anos 90, como D.F.C. e Mukeka di Rato; rolava ainda uma influência louca de ska-core de bandas como Voodoo Glow Skulls, mas isso, só mesmo bem no início da banda. Acho que atualmente em função da entrada dessa galera nova, e de menos idade, adquirimos coisas mais recentes e hoje em dia, estejamos soando mais HC Old School mesmo, como Minor Threat e as demais bandas dessa leva dos anos 80 dos E.U.A. Com relação às letras, as minhas vem do dia-a-dia, do que vejo, do que leio diariamente. Escrevemos sobre as coisas que nos incomodam diariamente, mas sob um ponto de vista socialista, que sempre foi o meu ponto de vista e da maioria da banda.

TEIXEIRA - Sempre escutei sons podreiras, punk rock e muito hardcore, e gosto demais da política bem praticada, acho que isso é a minha base de influência para que hoje eu tenha muito prazer em tocar no Fokismo.

Esse show que vocês fizeram na Ilha do Governador (11/02) foi um espetáculo hardcore dos mais brutais. De onde vem tanto peso e indignação?

TEIXEIRA - Pegue um ônibus de manhã, dê uma volta pela cidade, assista um telejornal, leia um jornal ou converse com amigos em uma roda! Depois dessa experiência, quem não estiver indignado, não está interessado em construir uma vida melhor, com dignidade e justiça para todos.

Pela qualidade do som, acho um desperdício vocês se limitarem somente ao Brasil. Rola divulgação da banda no exterior?

FABIO D.- A nossa Demo-tape, lançada em 1999, "Questão de Justiça", foi distribuída em fita cassete mesmo, porque nessa ápoca ainda não tínhamos acesso à toda essa tecnologia e mídias atuais. Distribuímos, entre vendidas e dadas, algo em torno de umas 300 cópias, o que foi muito para a época, ainda mais pra uma banda do Rio de Janeiro e aqui da Zona Oeste. Sei, que algumas cópias foram repassadas por amigos nossos, para a Argentina e Chile, onde tivemos alguns contatos e hoje em dia com todas as facilidades de internet e tal, estamos sempre em contato com bandas e selos de nossos países vizinhos, como os já citados e Uruguai, Venezuela e Colômbia. Estou vendo e provavelmente, vamos distribuir o EP, "América Latina" para esses países e até para a Europa e Estados Unidos.

Fabio, você é um cara que sempre procura fazer eventos de Hardcore no Rio e que divulga várias outras bandas por aí afora. O que você acha que anda faltando na cena Hardcore do Rio de Janeiro?

FABIO D. - Bom, acho que o Rio de Janeiro tem os obstáculos culturais, geográficos e financeiros, que por si apenas, já representam uma grande parcela de culpa no fato de não termos uma cena forte e sólida, como vemos em outras cidades e estados Brasil a fora. Mas uma coisa que vinha faltando à molecada nova que está aí na pista, era a inquietação e a iniciativa, mas isso mudou. Vejo, que bandas novas, de galera nova, como Halé, Lástima, Liberpensulo, Colegial, entre outras, e bandas novas, formadas por pessoas experientes na cena, como La Sombra e Enciende, vêm mudando tudo isso. Têm acontecido muitos eventos, em várias regiões do Estado, e a maioria deles no esquema de união, de cooperação entre as bandas. É o "Do It Yourself" ressugindo por aqui, como não acontecia há tempos. A galera está tomando o controle sobre a cena, sobre os eventos em que toca e isso é o passo inicial e mais importante em todo processo de criação de algo verdadeiro.

Recados da banda e contatos:

FABIO D. - Acho que o essencial que temos a deixar como recado, é que as pessoas tenham o esclarecimento sobre o HC, que o HC é muito mais do que apenas música, que ele engloba uma série de coisas, como atitude e comportamento, e que quando se acredita nisso, as coisas acontecem naturalmente. Não se compra e nem se vende o HC enquanto estilo de vida. E gostaria de agradecer o espaço e a oportunidade que você e o pessoal do Consciência Alternativa, estão nos cedendo, afinal, não é sempre que uma banda de HC Old School consegue isso, pois não estamos na mídia especializada, nem o nosso som é o "HC da moda" e muito menos chamamos a atenção por sermos engraçados e agradáveis em nossa mensagem.

Contatos: [email protected] ou (21) 9933-7853 ou (21) 8744-8310 comigo mesmo, site: http://www.myspace.com/fokismo ou http://www.fotolog.net/fokismo_hc

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