por Gilberto Puppet

O som e a estética dos anos 60 nunca estiveram melhor representados nos dias de hoje. Este power trio carioca existe há 8 anos e possui um álbum independente intitulado Eu Queria Ser Vinil. Graças à uma pequena invasão de camarim após o show deles no Teatro Odisséia, eu lhes apresento Os Filhos da Judith, mulher esta que deve ser muito orgulhosa do talento de sua prole.

Voltemos a oito anos atrás, quando tudo isso começou...

Pedro (baixo e vocal): Tudo começou na nossa adolescência. No início dos anos 90 eu e o Luís, meu irmão, brigávamos muito em casa, com cadeiras voando, vassouradas etc. Daí pra conter isso a minha mãe, a dona Judith, comprou um violão, o que só piorou tudo, pois as brigas passaram a ser por ele! (risos). Então nós começamos a aprender e fazer música e a briga agora é só pela escolha dos arranjos, o que é muito mais saudável...

Vocês já começaram a tocar composições próprias de estilo retrô ou vocês começaram tocando de tudo, como geralmente faz quem está aprendendo a tocar?

Pedro: Ah sim, as primeiras composições nossas já eram retrô. Sabe como é, na nossa infância, lá pelos cinco anos de idade, a gente já ouvia sons como a carreira dos Beatles (que depois foi remasterizada em 1998) e outras coisas do gênero.

E ouviam este som por influência dos pais, como acontece na maioria das vezes?

Pedro: Isso! A Dona Judith botava essas coisas no maior volume e a gente ouvia este tipo de som direto, o que acabou ficando no nosso subconsciente. Aí quando começamos a aprender a tocar violão de verdade, decidimos aprender justamente estas músicas, sempre tentando desenvolver alguma coisa parecida. Então fomos praticando até começar a fazer shows. Luís (guitarra e vocal): Que começavam sempre com covers... Pedro: É, lembrando que no início dos anos 90 era bem mais difícil você conseguir espaço, então percebemos que se nós tocássemos covers de bandas sessentistas e uma ou outra música nossa, seria mais fácil de tocar por aí.

Bem, e o baterista? Aliás, pelo show eu percebi que ele tem um “feeling” não muito retrô para tocar, meio violento e tal...(risos)

Luís: Aí Alan! Parece que você foi...”notado!” (risos)

Alan: Ah, pois é! (risos). Ah, esses dois caras são velhos pra caralho. Nos anos 90 quando eles já estavam fazendo música eu ainda soltava pipa e jogava bolinha de gude. Eu nem sabia o que era bateria! (risos). Nos conhecemos quando eles foram fazer um teste com um baterista amigo nosso, daí quando ele foi buscar a caixa da bateria que não estava junto com ele, estes dois olharam pra cara um do outro e me perguntaram “você toca batera, cara?”. Aí a gente começou a tocar uma versão estilo “The Who” de “Pro Dia Nascer Feliz” comigo usando só os tons, e depois tocando umas três ou quatro músicas. Com o passar do tempo entraram outros guitarristas (e até tecladistas) até que a gente chegou no consenso que o trio era...”O” trio.

Como tem sido a recepção do cenário carioca ao estilo de vocês?

Pedro: Este é um público que está se formando ainda. Existe muita banda fazendo por aí, mas em outros lugares do Brasil isso é muito mais forte...

Luís: A gente está tendo uma boa aceitação com qualquer tipo de público, seja ele admirador do rock sessentista ou sei lá, temos sido bastante abrangentes neste sentido. Nosso disco, por exemplo, tem influências de tudo que a gente tem escutado. Nós também não nos prendemos sós nos anos 60.

Vocês sentem dificuldade de tocar em lugares aonde se sente que o público é fã de algo mais distorcido e violento?

Pedro: Ah claro, claro. A gente sofre um certo tipo de preconceito às vezes...

Luís: Mas este é o nosso som e a gente adora fazer ele. Não tem como mudar...

E sobre o cd de vocês, Eu Quero Ser Vinil...

Pedro: Ah sim, a gente já lançou várias demos na nossa vida e um dia a gente resolveu juntar um dinheiro para fazer um álbum independente. Ele foi gravado no final de 2005 no mesmo estúdio que o Columbia. O nosso cd a gente vende nos shows mesmo e disponibiliza alguma coisa no nosso site...

Ao longo destes oito anos muitas bandas boas já sucumbiram, seja por causa de gravadoras que não chamam, por portas que se fecham e outras dificuldades do gênero. Como vocês enxergam tudo isso?

Pedro: Bem, eu acho que este negócio de ter alguém viabilizando o seu trabalho independe de você querer parar com a música. Agora que a gente está seguindo o nosso caminho sem pensar neste tipo de coisa é que as coisas foram acontecendo.

Luís: Mas tem de correr atrás também...

Pedro: E a gente não se lamenta se nada acontece, entendeu? A gente ta correndo por um caminho que é muito legal, que é o caminho do independente.

Luís: E quando nós decidimos ser uma banda independente, decidimos também uma coisa: nós seremos artistas. Nós temos certeza que é isto que nós queremos e iremos até o final, com gravadora ou não. Esperamos que alguém encontre a banda, senão estaremos por aí batalhando como sempre, mas alguma coisa acontece mais cedo ou mais tarde...

A única coisa que eu consegui pensar quando eu estava vendo o show de vocês foi: “Como tem produtor burro por aí...”

Pedro: Cara, a gente já pensou muito nisso, de um dia aparecer um grande empresário para levar a gente a uma grande gravadora e etc, mas agora, bem, se aparecer, já sabe, hehe!

Pra finalizar, um recado para aquela banda que esta aparecendo agora...

Pedro: Respeitem todo palco que subirem, mesmo que não seja um “palco”, mesmo que seja no meio da rua...

Luís: Nós temos um lema: Todo palco é sagrado.

Pedro: Com certeza. Respeito ao público também é fundamental, desde que sejam platéias imensas ou apenas a sua namorada, pois cada um ali é um universo e você tem que respeitar à todos. Aí sim tudo passará a acontecer para você.

Luís: Em termos de arte (de ser artista), a gente precisa sempre ser sincero. Para a gente é uma realidade muito grande essa coisa dos anos 60, Beatles, The Who, Jovem Guarda e as primeiras bandas do rock nacional que apareceram. Seja qual for o seu estilo, seja sincero, seja autêntico.

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Bruna Peixoto
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