por Gilberto Puppet

E eis que chegou o dia em que alguns músicos talentosos oriundos de Jacarepaguá (Curicica) fizeram o New Metal flertar com a MPB e Oswald de Andrade se unir à filosofia de animes japoneses, recheando tudo isso de bastante peso, melodia marcante e alguns dreadlocks. Foi neste dia é que se foi criado o Def 3.

Def 3. Gênese, Capítulo 1:

Armando (guitarra e vocal): Nós começamos a tocar movidos pela pura necessidade de criar. A opção por montar uma banda foi apenas a afinidade que tínhamos com a música, esta que poderia ter sido pela pintura, pela poesia ou por qualquer outro tipo de manifestação artística, sem falar o fato de esta ser uma criação em conjunto. Tudo era desculpa para nos encontrarmos para tomar uma gelada, conversar e fazer música!

Vocês são quase uma “Família Lima” do underground (três dos quatro integrantes são da mesma família). Isso explica o fato da música ser uma "paixão" tão em comum entre vocês?

Armando: Acredito que todos fomos influenciados pelos nossos pais e pelas coisas que vivemos, principalmente na infância . Meu avô e meu pai tocavam violão e minha mãe canta muito bem. Meu tio contou que quando eu tinha acabado de nascer, ele colocou uma vitrola (sou velho mesmo!) do lado do berço, tocando Raul Seixas nas alturas. Ele costuma falar pra mim “Olha o resultado aqui hoje!” (risos). Mas a química da banda está mesmo na cumplicidade e no respeito que temos uns pelos outros

Vocês anseiam viver de música? Ter o Def 3 como um "emprego"?

Armando: Viver PARA a música com certeza! Mas...Sabemos que é muito difícil entrar no círculo fechado da grande mídia, principalmente fazendo o que queremos e sem mudar nada por imposição. Acho que a banda não conseguiria levar isso como trampo não! Somos muito chatos para compor. Imagina o empresário dizendo: “Quero dez músicas até o fim do ano nos moldes de ´Na Real´!” (risos)

Fale mais sobre uma parte especial do release de vocês, aonde diz que vocês seguem uma “estética rock independente e antropofágica(...)”. Porque pode soar meio confuso para quem não está acostumado com o termo...

Armando: É o rock que é independente na sua autogestão, no seu estilo e que faz uso das suas influências e referências sonoras, visuais e sensitivas para construção de uma obra original dentro de um contexto do século XXI. Mesmo quando fazemos uma música de um gênero que tem origens estrangeiras (o Rock), damos uma cara brasileira. Era o que a galera lá da Semana de 22 (se referindo à Semana de Arte Moderna de 1922) tentou fazer e pelo menos é o que a gente acha que faz! (risos).

E quais seriam as outras inspirações, literárias ou não, de vocês?

Armando: Qualquer coisa que eu já tenha vivido ou presenciado, pois o importante é você ler bastante coisa diferente, como bulas de remédios, jornais, romances, fanzines e por aí vai...

Acho que é igual redação de vestibular: você tem que estar por dentro de vários assuntos para poder mandar bem! Não me importo muito com os temas em si, mas sim de como eles são escritos.

Existem planos e convites para tocar fora do Rio de Janeiro?

Maick (guitarra solo): Os caras do Folcore nos convidaram para continuar a turnê que eles estão fazendo, subindo até Natal (a terra deles) e até ofereceram um lugarzinho na varanda pra gente dormir (risos). Mas falta grana e tempo pra galera.

Geralmente pergunto isso às bandas porque tem surgido várias críticas à cena daqui ultimamente. O que vocês acham que precisa mudar ou acontecer para a cena do Rio de Janeiro evoluir?

Maick: Cara, eu acho que já está evoluindo. A galera está começando a ouvir coisa nova e a molecada está ganhando experiência, porque no começo é assim mesmo: fica tudo meio que sem identidade, pois é difícil ter assunto em comum quando se ouve tanta coisa junta. Eu acho que tudo é questão de tempo para que os eventos comecem a surgir de novo por aqui.

Como se deu a gravação do primeiro EP de vocês, o Prematura?

Maick: A gente já vinha com uma gravação à três anos (com o ex-baterista ainda, o Léo), mas parecia que a parada tava amarrada. Não saia por nada (cara, você não sabe o que é ficar três anos gravando e nada!). Em dezembro de 2004 nós mudamos de batera, mas as músicas estavam todas prontas e só faltando mixar, daí a gente pensou em lançar tudo assim mesmo, mesmo sem outro batera. Então recebemos a proposta de lançar o cd em uma casa de show e perguntamos para o cara que tava gravando a parada se daria tempo de sair até maio. Lá ele disse que só fecharia cinco músicas, daí eu resolvi tentar esquecer as outras e fazer tudo de novo!

Nós entramos num estúdio em botafogo, num domingo de carnaval, e gravamos todo o instrumental eu seis horas (dez músicas). Com mais quatro horas, gravamos todas as vozes e mixamos tudo depois de mais quatro horas (!). O mais demorado foi a prensagem (que demorou uma semana), mas deu tudo certo. Pegamos os cds no sábado antes do show. Eu acho que o processo foi rápido por tudo ter sido gravado na vera (os instrumentos).

E quais são os próximos planos de vocês?

Maick: Cara, eu estou muito a fim de gravar umas quatro músicas que saíram agora. Eu acho que elas são muito boas e eu estou vidrado, não consigo tocar outra coisa. Mas eu posso estar sendo egoísta demais (risos). Por mim, faríamos isso: entraríamos em um estúdio e só sairíamos com as quatro músicas gravadas.

Recado final:

Maick: Cena underground é ter o direito de escolha, e se identificar com uma banda é como se encontrar na cabeça de outra pessoa.

É melhor sofrer junto do que sorrir sozinho.

Armando: Meu sonho é que todos os envolvidos com essa “utopia” de circuito alternativo que continuem alimentando essa máquina, independente do local aonde ela possa chegar. Façamos todos o melhor dentro das nossas concepções, não importa o estilo. Sejamos fieis a nós mesmos e assim seremos fiéis com todos à nossa volta. Viva as diferenças!

Conheça o Def 3:

www.fotolog.com/def3
www.myspace.com/def3jpa
www.tramavirtual.com.br/def3
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1699670

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