por Jéssica Fulganio

O Cinedisco é uma daquelas bandas que quando você ouve de primeira, fica embasbacado. Além do talento mais do que óbvio dos integrantes, a musicalidade do Cine assusta pela excentricidade e pela originalidade. O clipe deles (disponível no youtube) é um pequena obra-prima (eu não consigo parar de assistir). Leonardo Melamed, o Lelê, é o porta-voz desse bate-papo e coloca tudo em pratos limpos.

Conte como se deu a trajetória de vocês. Sei que cada integrante já é carimbado na cena com outras bandas e projetos, mas como o Cinedisco tomou forma até chegar à essa formação atual?

Sim, cada um já tem uma história no underground carioca, e cada um tem outras bandas também. Eu toco no "Poniboy", o Vitinho e o Dedé no "Dandara", o Mateus no "Phone Trio" e "Smut", o Jonas no "Opallas" e o Pezinho no "Nipshot". Essa é a formação atual, mas já tivemos outras como com o Guta do "Dandara/Deluxe Trio", um dos nossos patrões hoje em dia, hahahahahhaha...(Manifesto Discos). O Cinedisco se formou numa mesa de bar, falando sobre a vontade de compor músicas simples, melódicas e dançantes. O Cine, no nosso nome, veio bem a calhar visto que conversamos muito sobre o assunto no nosso dia-a-dia. Temos várias músicas sobre essa temática. Essa formação demorou para aparecer. Bem, demorou é só uma expressão porque a banda tem apenas 7 meses. Hoje estamos muito felizes com ela, pois percebemos que aquilo que almejamos musicalmente está acontecendo. As canções estão surgindo com essa base simples e a elas estamos adicionando vários elementos, já presentes no CD, como teclados infantis, escaletas, sintetizadores e brinquedos infantis.

E os tais brinquedinhos? Além de serem uma marca forte no som do grupo e acrescentarem visualmente no palco, como foi a introdução deles durante a composição das músicas?

Eles foram aparecendo aos poucos. Queríamos algo que nos diferenciasse das outras bandas e também algo que nos desse liberdade para começar experimentações diversas no nosso som. Primeiro vieram os teclados infantis e escaletas. Depois de pesquisar um pouco sobre brinquedos e bandas que usavam brinquedos, como "All-Time Quarterback", projeto do Bem Gibbons do "Death Cab for Cutie", comprei 2 brinquedos; um chamado arca de noé e o outro telefone do bebê. Na gravação do CD usamos um grande número de brinquedos. Em especial posso citar um órgão da Atma Estey dos anos 80. Hoje temos juntos talvez 20 a 25 brinquedos, mas não usamos todos em shows, pois somos uma banda independente e precisaríamos de muito cuidado e longas passagens de som para isso. A questão visual nunca foi importante para nós. É realmente divertido ver alguém usando um teclado de criança de 2 palmos de largura ou alguém cantando num telefone, mas nós sempre procuramos a sonoridade e não a estética. Acho que cada vez mais os brinquedos terão destaque no Cinedisco e passarrão a ser base de novas composições, ao menos é o que queremos. Estudamos esses brinquedos bastante e alteramos seus circuitos, assim como adicionamos saídas para que sejam plugados em amplificadores comuns. Fora do Brasil existe um movimento chamado “Circuit Bent”, que é muito grande. Há bastante literatura prática (projetos) e teórica (manifestos) a respeito.

Vocês estão lançando o cd "Livros, discos, filmes e um pouco do delírio cotidiano" pela Manifesto. Como surgiu o contato e o interesse do selo?

Ensaiávamos no estúdio Superfuzz, que o Bil é um dos sócios (Noção de Nada/Deluxe Trio, um dos donos da Manifesto Discos). Gravamos uma pré, que ficou bem legal e tivemos o convite para um split. Com a rapidez das composições, a idéia do split passou para um full-length. Tivemos mais propostas de outros selos, como Sangue e Fogo Records, mas acabamos fechando com a Manifesto. O Bil produziu o CD, ainda não sabíamos se ele ia lançar, e durante as mixagens a proposta surgiu.

Quanto tempo levaram para gravar esse disco? Como foi a produção?

Gravamos em 2 semanas Non-Stop, mixamos em outras 2. Tivemos 2 a 3 meses de ensaios antes. O Bil produziu o disco desde o início. E realmente o ouvimos desde as mais simples questões até as mais complexas. Ele foi quase um sétimo Cinedisco... hahahahahhahaa. Verdade! Principalmente pelo conceito Cine ter crescido muito com a entrada dos brinquedos, essa ajuda foi fundamental. Era tudo novo e queríamos testar tudo. Precisávamos de alguém para nos aconselhar. Ele foi muito bom! Adoramos o resultado!

E a concepção do primeiro clip do Cinedisco que por sinal é muito interessante...como foi? Qual é a sensação de atuar?

Pensamos em fazer do clipe um curta-metragem, provavelmente isso acontecerá em todos os clipes da banda. É o que queremos. As nossas músicas serão apenas coadjuvantes das imagens, trilhas para o que as pessoas estarão vendo. A idéia do Cinema sempre está presente na banda, a música do clipe é baseada no filme “Antes do Amanhecer” (Richard Linklater).
No clipe só eu atuei. Foi divertido. É muito cansativo, gravar um clipe, em especial em película, como fizemos, é algo demorado e repetitivo, mas ficamos felizes com o resultado. Valeu! Eu não tenho dom pra atuação, mas foi muito engraçado ser pipoqueiro, bilheteiro e vendedor de milkshake. Repito a dose quando precisar.

O que vocês acham de ferramentas como fotolog, orkut, myspace e youtube? Gostam? São usuários somente para divulgar a banda ou procuram interagir com outras pessoas e tal?

Acho que é unânime na banda que nosso orkut deixa a desejar, está com pouquíssima gente. Não entendemos isso(Vai ver ninguém gosta da gente, ahahhahahahah). Todavia o myspace é sempre um reflexo feliz do nosso trabalho; temos quase 5000 pessoas e muitos comentários do país todo. No fotolog e youtube a mesma coisa. Acho que o myspace suprimirá o orkut, particularmente, acho mais divertido, direto e informativo. O youtube é uma ferramenta maravilhosa não só para divulgação como para pesquisa tanto musical como histórica. Usamos todos esses meios ao exagero. Tanto para fins musicais como sociais. Tentamos responder a cada pessoa individualmente, pois são elas que nos ajudam a fazer shows, gravar CD´s e crescer. Nos divertimos e conhecemos muita gente interessante. Exemplo: A atriz principal do nosso clipe conhecemos pelo myspace.

No site oficial a agenda da banda tá lotada não é? Há bandas que vocês sejam muito fãs e gostariam de tocar um dia?

Sem dúvida queremos tocar como muitas bandas brasileiras e internacionais, pois a banda é nova, só fizemos por volta de 10 shows. No Brasil adoramos bandas como "Noção de Nada", "Discoteque" (que não existe mais), "Polara" (que tocaremos dia 16 de setembro), "Hurtmold" e "Garage Fuzz" por exemplo. Sobre as estrangeiras poderia citar "Death Cab for Cutie", "The Get Up Kids" (extinta), "The Promise Ring" (extinta, com lágrimas nos meu olhos) e "Dashboard Confessional". Acho que essas são interseções de influências na banda, apesar de cada um ter ainda muitas outras influências, o que contribui pra tantas idéias na hora de gravar.

Como estão os projetos futuros?

O CD “Livros, Disco, Filmes e um Pouco do Delírio Cotidiano”, nome inspirado no livro “Fabulário Geral do Delírio Cotidiano”(Bukowski) sai mês que vem. Queremos tocar sem parar e divulgá-lo ao máximo. O clipe de “Cinemas e Milkshakes” deve estrear em poucas semanas, estamos na torcida para vê-lo na MTV com destaque. Além disso, acabamos de gravar um outro clipe, com previsão de lançamento no fim do ano, da música “Até a festa terminar” . Esse ao contrário do primeiro, que foi gravado em película, foi captado em DV. A idéia é ter um documentário-clipe, já que vai ser feito nos moldes tradicionais de Reality TV, gravamos horas de uma festa na minha casa (a última) e estamos editando. Será um novo formato de clipe. Não sei se alguém já fez....
Além disso para janeiro de 2007 temos proposta de um split pela Sangue e Fogo Records, mas por enquanto nada de falar sobre ele......

Para saber mais visitem e deixem recados, pois adoramos conhecer gente!
http://www.myspace.com/cinedisco
http://www.fotolog.com/cinedisco (sempre têm dicas de filmes e top 5´s pra discutir)
http://www.cinedisco.com.br

Abraços e obrigado pelo carinho de norte a sul.

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