Depressões Póstumas do Pop Punk

Por Jorge Rocha

Marina – Parte 2

Naquele mesmo domingo Marina acordou ao som do telefone.
-Acorda bela adormecida!—disse a voz do outrro lado. Era Rubens.
-Oi menino, você não dorme não é?!—Marina ollhou o relógio que marcava três da tarde.
-Mari, tenho que falar rápido... to saindo dde casa agora tem como você me encontrar na casa da Fabiane? Nós dois temos que falar contigo...—Rubens estava apreensivo.
-Tá bom vou almoçar e vou pra lá. É algo sérrio?
-Não é besteira... daqui a meia hora estou cchegando lá, valeu?!—arrematou Rubens.
-Valeu... té mais...
-Até.
Marina se levantou, almoçou e saiu de casa em disparada. Chegando na casa de Fabiane, que como sempre, mesmo sendo domingo, estava sozinha, ela viu que Rubens ainda não tinha chegado.
-E aí Fabi?!—disse ela entrando pela porta.
-Legal...—Fabiane estava drogada.
-O que você e o Rubens querem comigo?
-Eu não quero nada, ele esta chamando a gentte pra ajudar ele e um amigo em uma parada aí.—Fabiane estava inquieta e se mexia de um lado para o outro como uma autista.
-Que tipo de parada?—Marina estava encucada..
-Sei lá, espera ele chegar...
Nesse mesmo momento a campainha tocou e era Rubens, com um amigo.
-Meninas, esse é o Fred. Amigaço meu.—ele esstava sorridente. Deu um abraço em Marina e se sentou.—E aí Fabi?!
Qual é a desse tua onda aí?! Passa a parada pra cá...—Rubens pegou um saco de cocaína, que estava na mesa e começou de jogar a droga pela mesa. Marina olhava de uma forma estranha tudo aquilo. Apesar de fazer tão pouco tempo que não se drogava ela já não se sentia bem vendo àquelas cenas. Rubens cheirou primeiro, depois o amigo e por fim Fabiane.
-Vai nessa Mari!—disse Fabiane.
-Não estou me sentindo muito bem.—Marina fazzia cara de nojo.
-Ih! Ainda não se curou daquele mal-estar nãão é?—Fabiane se deitou pelo sofá e fechou os olhos.
-Bom, agora vamos falar sério...—Rubens chammou a atenção pra si e, então, começou a falar sobre o assunto que queria tratar com todos.—Marina, continuo com problemas sérios por conta daquela dívida. Preciso de vocês para arrumar mais grana.
-Como assim?—Marina estava realmente sem enttender.
-Vamos do inicio. Em primeiro lugar a dividaa não é só minha. A realidade é que eu e o Fred pedimos um dinheiro emprestado pra uns carinhas chatos, e agora eles querem que paguemos com juros e correção...
-Mas e o carro Rubens?—perguntou Marina num misto de apreensão e raiva.
-O carro não deu conta. Na realidade agora ffalta pouco... vamos falar de números OK?—Rubens gaguejava.—Devíamos seis mil reais. As peças do carro que conseguimos vender deu quatro e quinhentos, agora falta só mil e quinhentos.
-Seis mil, pra que precisavam de seis mil?—FFabiane mesmo deitada no sofá de olhos fechados prestava atenção no assunto.
-Drogas, armas e outros favores... com os juuros, deu seis mil?—respondeu Fred, cabisbaixo.
-Armas? Pra que armas Rubens?—Marina questioonou raivosa.
-Somente defesa pessoal... simplificando pesssoal... Meu pai não acreditou na história do roubo do carro. Não está falando comigo, ele não vai me arrumar mil e quinhentos pau. Já procuramos quem podíamos e ninguém tem a grana. Alguma de vocês tem mil e quinhentos pra me arrumar?—Rubens gesticulava e agora falava de forma clara e direta.
-Até quando? Posso falar com minha mãe...—reespondeu Marina.
-Hoje... Hoje á meia noite acaba nosso prazoo.—Rubens sorria de forma debochada.
-Acho que não vai dar...—Marina coçou a cabeeça e ficou pensativa.
-Sabíamos que vocês não teriam a grana, por isso estamos com um plano infalível.—Rubens se levantou nessa hora.—Vamos arrumar essa grana mole. Só precisamos da ajuda de vocês, quer dizer, de você Mari, a Fabi já aceitou.
-Que plano?—perguntou Marina olhou para todoos assustada.
-Vamos pegar essa grana em algum mercado ou loja de conveniência por aí.—respondeu Rubens sem rodeios.
-Assalto?—Marina deu um meio grito. Teve o ssilencio como resposta e começou a olhar o rosto de todos, sem ser encarada por ninguém.—Vocês estão loucos?
-Ou é isso, ou eu e o Rubens não vamos amanhhecer vivos.—resmungou Fred cabisbaixo.
-E aí Mari?! O que prefere...
- completou Fabiane ainda deitada no sofá.
-Temos as armas, vocês duas só vão pra dar ccobertura e ficar à espreita, vamos escolher...
-Não! Nem pensar vou arrumar essa grana de ooutra forma.—Marina se levantou interrompendo Rubens e pegou suas coisas para poder ir embora—Me esperem eu volto em no máximo uma hora com essa grana.—ela saiu pela porta e foi em direção à sua casa. Marina estava certa de que não era preciso roubar para arrumar mil e quinhentos reais em algumas horas. Foi á todas as pessoas que estavam à sua altura, mãe, avós, tios e até outros colegas. Ela tinha que ver Rubens livre dessa de qualquer forma.

“As reações das pessoas eram as mais estranhas o possível: “Mas pra que você quer mil e quinhentos num domingo á tarde?!” A cada segundo eu ficava mais apreensiva. Mas a reação mais interessante foi da minha mãe. Quando me falavam sobre intuição de mãe eu não acreditava, mas minha mãe, naquele dia, me mostrou que isso realmente existe. Apesar de eu inventar a fenomenal desculpa de que o Rubens tinha conseguido uma vaga em um concurso de bandas em São Paulo e que seus pais estavam viajando e ele precisava da grana pra viajar ainda naquele dia, minha mãe colocou a mãos sobre o peito e disse: “Oh meu Deus! Minha filha esta tendo problemas pra pagar divida de drogas”. É claro que eu fiquei puta da vida e saí em disparada quando ela ameaçou querer me dar sermão. Voltei pra casa da Fabiane revoltada e desiludida como nunca. Logo agora que estava me sentindo tão limpa e feliz, teria que voltar a cometer uma regressão. Não. Eu realmente não queria aquilo. Mas ao mesmo tempo queria mostrar aos outros que eu era capaz, principalmente à minha mãe. Que super mulher era ela? Capaz de descobrir todos os meus pensamentos, mas incapaz de me safar de uma enrascada como essa? Era impressionante como durante toda a minha vida tomei todos os problemas que o Rubens arrumava como se fossem meus. Na verdade essa é uma outra coisa que eu nunca percebi.”

-E aí Mari?!—perguntou Rubens apreensivo quando Marina regressou á casa de Fabiane.
-Nada—Marina estava cabisbaixa.
-Sabia... meu amor, é impossível alguém emprestar mil e quinhentos assim, ainda mais pra nós...—Rubens parecia satisfeito de mostrar a Marina de que ela estava errada.
-Bom, então vamos?—Fred estava ansioso, afinal, já passava das seis da noite.
-Vamos Mari?—perguntou Rubens. Marina estava triste como nunca:
-Vamos.—respondeu.
Eles esperaram Fabiane se arrumar e então saíram. Tomaram um ônibus pra Barra da Tijuca. No ônibus Rubens explicava o plano:
-É melhor pegarmos uma loja de conveniência,, por causa do tamanho. Vamos chegar como dois casais normais afim de comprar alguma coisa. Eu e a Mari, o Fred e a Fabi. Vamos analisar o local. Depois o Fred e a Fabi saem e rendem o pessoal do lado de fora no posto. Ao mesmo tempo eu rendo o pessoal dentro da loja. A gente coloca todo mundo no banheiro e as minas ficam do lado de fora no posto tomando conta. Pegamos a grana, um carro do posto e saímos fora. Fácil né?!
-Tomara que dê certo.—Fabiane estava ficandoo sóbria.
Eram 20:13 quando os quatro finalmente escolheram o local onde iam praticar o assalto. Todos estavam apreensivos, afinal nunca tinham feito tal coisa. Perceberam que o posto era bem movimentado então esperaram ficar um pouco mais tarde. Enquanto isso alguns copos de vinho para relaxar. Por volta das 23:00, um pouco altos, eles resolveram entrar. Marina estava um pouco mais tonta que os outros, estava diferente, carregava raiva no olhar.

“Fiquei pensando o que eu deveria ter feito para merecer tal coisa. Qualquer um dos meus outros colegas, nessa situação, pediriam o dinheiro ao pai ou a mãe e se livrariam numa boa. Qualquer menina da minha idade já teria percebido que o Rubens não é um homem de confiança e que a Fabiane estava se lixando para sua vida. Apesar disso, resolvi que se o lance era roubar pra sair dessa, eu iria entrar de cabeça e iríamos sair dali com aquela grana de um jeito ou de outro.”

Eles entraram pelo posto como queriam: uma dupla de casais inconseqüentes, atrás de bebida alcoólica e algo para comer na praia. Os dois frentistas, que atendiam um único carro, e os dois atendentes da loja de conveniência, podiam jurar que eles estavam apenas atrás de algo para levar em um eventual lual ou, até mesmo, só queriam ir ao banheiro. Nunca poderiam imaginar que por baixo daquelas camisas de bandas e aquelas roupas rasgadas eles guardavam armas pesadas como um 38 e pistola semi-automática. Passaram pelas bombas de combustível, Fabiane e Fred abraçados, Marina e Rubens de mãos dadas, cruzaram o posto e entraram na loja de conveniência. O barulho que a porta fez ao entrarem chamou a atenção de todos ali dentro. Dois atendentes, um homem e uma mulher, ambos uniformizados e dois clientes. Camisas de regata, fortes e com alguns acessórios de academia os rapazes que estavam ali eram os típicos “Pit-boys”. Como de praxe eles receberam com choque a entrada das figuras rasgadas, de all-star, com cabelos compridos ou moicano, barbados e largados. Mas, logo, o choque se tornou em deboche.
-Ih!!! Rock and roll!!!-gritou um dos rapazes no fundo da loja, cutucando o outro e chamando a atenção para as “figuras” que acabavam de entrar. Os quatro não demonstraram nem um tipo de reação, afinal tinham coisas mais importantes para se preocupar. A não ser Marina.

“Odiar qualquer tipo de preconceito. Aquilo que deveria ser uma qualidade se tornou no meu maior defeito. Num mundo preconceituoso você não pode ser radical nesse assunto. Mas eu sempre fui, não seria diferente naquele dia. Sempre fui vítima desses tipos de brincadeiras que vinham de fora. As pessoas encaram as minorias como se fossem piadas e aqui no Brasil curtir música e, conseqüentemente, ter um comportamento alternativo é encarado como uma piada. Isso sempre me revoltou. E definitivamente eu tinha acordado com o pé direito naquele dia.”

Mesmo sem receber resposta na investida, o rapaz prosseguiu. Chegou ao lado de Marina e Rubens que estavam olhando algumas revistas nas prateleiras e falou:
-Oh pela saco! Vai cortar esse cabelo direito!—falava baixo com a boca quase no pé do ouvido de Rubens.
-Vai tomar no cu!—Marina quase que soletrou a frase, olhando de forma séria para o rapaz.
-Quer ver eu meter a mão na sua cara sua vadia?—perguntou ele levantando a palma da mão até rosto de Marina. Ela abraçou Rubens, que fingia que nada estava acontecendo, avistou Fred e Fabiane do outro lado da loja e respondeu:
-Quero!—nesse momento o rapaz, forte como umm touro, não pensou duas vezes. Acertou um tapa em cheio no rosto de Marina. Ela cambaleou para trás, mas antes mesmo de tomar aquele tapa Marina já tinha colocado a mão dentro do casaco de Rubens e pego a arma dele, um 38. Ela simplesmente tomou aquele tapa, foi jogada para trás e logo em seguida apontou a arma para a cabeça do rapaz. Num grito desesperado com a voz mais fina do que o normal, ela ensaiava quase que um choro:
-Seu filho da puta! Quero ver se tu é homem agora!—Marina chamou atenção e deu um baita susto em todos dentro da loja. Principalmente em Rubens e Fred. “Meu Deus ela vai colocar tudo a perder!”. Pensavam eles. Não deu tempo. Em fração de segundos o rapaz, mesmo com uma arma apontada pra cabeça, deu um passo para frente e Marina não pensou, apenas puxou o gatilho. Foi um estampido seco e um tiro certeiro bem no meio da testa, a cabeça do rapaz de camisa regata estourou como uma melancia estragada. Sangue para todos os lados, sujando todas a revistas e algumas caixas de bombom na loja. O corpo caiu no chão já morto e Fred nem esperou a ordem de Rubens saiu em disparada pela porta puxando a pistola e ordenando que os dois frentistas, junto com o cliente que estava sendo atendido entrassem na loja de conveniência. Fabiane ficou sem ação e Rubens tomou o revolver de Marina.
-Todo mundo ajoelhado! Mão na cabeça!—ele grritava desesperado—Rapa, você vem pra cá!—ordenou ele ao colega do rapaz morto. Marina ficou em estado de choque olhando impacientemente para o corpo do rapaz que acabara de assassinar.

“Nunca tinha encostado em uma arma na minha vida. Acabar com a vida de uma outra pessoa por causa de um momento de raiva... Não desejo esse sentimento para ninguém.”

-Vocês duas! Vão lá pra fora e fiquem alertas!—disse Fred entrando na loja com outros três reféns. Marina estava ainda paralisada olhando para o corpo da rapaz quando ouviu.
-Vamo já era! Morreu já era!—gritou Fabiane puxando Marina pela mão. Ela ainda viu todas as pessoas que ali estavam com as mãos na cabeça, ajoelhadas de frente para o balcão antes da sair pela porta. Chorando muito Marina estava realmente dificultando o assalto.
-Mari, fica pra lá que eu fico pro outro lado.—ordenou Fabiane saindo em direção a parte esquerda do posto. Marina andou até a beira da calçada do lado direito da loja de conveniência. E avistou Fabiane bem do outro lado, a pelo menos 50 metros de distancia.

“Eram dezenas de carros por minuto que passavam por ali. Nunca fiquei tão apreensiva. Já tinha se passado pelo menos 2 minutos e nada deles saírem. Um carro entrou no posto e logo Fabiane se aproximou. Era uma mulher, talvez uma dessas madames de carro importado. Não sei até hoje o que ela disse mas a moça nem chegou a estacionar o carro.”

Cinco minutos, exatos cinco minutos e dentro da loja Fred e Rubens já tinham colocado toda a grana nas bolsas, já tinham pego as chaves do carro do tal cliente a agora estavam trancando todos dentro dos dois banheiros. Foi nesse momento que o pior aconteceu. Um carro da Policia Civil que passava pelo local percebeu que algo estava errado e entrou no posto. Marina foi a ultima a perceber a chegada dos policiais, e quando olhou para Fabiane do outro lado do posto só viu um pequeno vulto sumindo pela rua escura.

“Ela os viu de longe e nem sequer me avisou, simplesmente saiu correndo em disparada pela rua. Foi tudo em fração de segundos quando percebi a Fabi já estava longe.”

Marina não tinha escolha. Viu os policiais saírem do carro, olhar a volta e avista-la. Ela desviou o olhar, tentou disfarçar e andando entrou na loja de conveniência, antes de entrar ainda ouviu um dos civis gritar:
-Ou! Menina!—Marina não deu ouvidos. Entrou na loja e com a mesma boca suja de sempre gritou:
-Fudeu! Chegou a policia!
-Vamo sair fora.—Fred e a bolsa com o dinheiro. O rapaz não empunhou sua arma antes de sair, ele nem ao menos olhou pela porta de vidro antes de correr em direção ao carro da fuga.
-Parado!—gritou um dos policiais que vinha em direção a loja. Fred parou e levantou os braços. Revistado e algemado rapidamente. Marina e Rubens olhavam tudo pela vitrine, não tiveram a mesma sorte.

“Estávamos de mãos dadas e naquele momento algo me dizia que nós não nos separaríamos, para onde um fosse o outro iria junto. Isso me confortava.”

Rubens olhou para Marina e viu que apenas um policial vinha em direção a loja os outros estavam ocupados com Fred.
-Vou embora!—disse ele.—Se quiser vir essa é a hora!—Rubens foi em direção a porta abriu uma fresta e atirou. Deu cerca de quatro tiros no policial que vinha. Marina, perplexa com aquela atitude inesperada, ficou olhando paralisada a situação.

“Nesse tipo de situação, as coisas acontecem muito rápido e tudo o que você quer é se ver livre de tudo aquilo.”

Logo após os quatro tiros Rubens, rápido como um gato, abriu a porta e saiu em disparada. Marina não teve escolha. Rubens correu para o lado esquerdo e ela para o lado direito da loja de conveniencia. Marina correu uns 20 metros e só ouviu um único grito:
-Para aí garota!

“Sabia que se parasse e me entregasse como o Fred, não seria presa só por assalto mas também por assassinato e aí são outros quinhentos. Não queria ir para a prisão de jeito nenhum. Gosto muito de viver e não gostaria de passar uma década sequer em uma jaula. Naquele momento tudo o que eu queria é que tudo não passasse de um pesadelo. Cheguei a prometer pra mim mesma que se conseguisse me livrar dessa iria fazer tudo o que minha mãe quisesse, iria parar de fumar, de beber, iria esquecer que o Rubens existe, iria para o colégio católico em São Paulo, iria dizer o quanto eu amava ela. Mas não deu.”

Foram exatos cinco tiros. Três nas costas, um na perna e um na mão direita. Marina foi jogada ao chão como uma boneca de pano. O sangue se espalhou pelo chão de cimento e banhou sua saia xadrez, sua camisa branca do Ratos de Porão, seu all-star vermelho, suas meias-soquetes.

“Tudo o que eu queria ouvir naquele momento era uma música do Shelter, qualquer uma. Mas a única coisa que eu ouvia era a minha própria respiração ofegante como nunca. Meu corpo estava quente e minhas costas queimavam, além disso senti um enorme formigamento, que vinha dos dedos dos pés até a cabeça. Um barulho de passos... alguém de sapato... talvez o policial que me atirou, mas até hoje não sei. Minha respiração... estava perdendo ela. Comecei a pensar em meu pai, talvez, se ele estivesse vivo eu não estaria ali, naquele chão com cinco balas em meu corpo. Comecei a pensar em todas as coisas e pessoas que eu adorava e que me adoravam também. Como é bom amar e ser amado. Sei lá, talvez eu não saiba direito o que é isso. E o Rubens como será que está? Eu não conseguia me mexer. E minha mãe! Meu Deus! Estava começando a me desesperar. Mas nem deu tempo, de repente tudo ficou escuro, minha respiração foi deixando de ficar ofegante e foi parando... parando... até que... parou. Eu morri. Dezessete anos. Podia ter morrido de Osteoporose, infarte, derrame ou qualquer outra doença de velho. Mas tentei viver ao extremo, talvez isso tenha encurtado um pouco minha vida. Minha mãe chorou muito quando soube e hoje vive só, falando sozinha pelos cantos. O Rubens tomou dois tiros e ficou paraplégico, ele saiu do movimento Punk, mas não largou as drogas, nem os problemas. O Fred cumpriu pena e saiu por bom comportamento. A Fabiane fugiu para casa de uma avó no interior do Espírito Santo, ela tinha medo que o Fred e o Rubens tentassem se vingar dela. Hoje eu acredito que mesmo inconscientemente eu sabia que não ia viver muito tempo, por isso tomei algumas atitudes que nem eu mesmo conseguiria explicar...”

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