The Puppet Show

Gilberto Puppet

"O Apocalipse do Underground segundo São Puppetus"

As trevas tomarão conta do Cenário Underground carioca, enchendo os corações dos bons organizadores de descrença (“você acha que eu vou continuar fazendo eventos aonde eu não ganho nada e só recebo estresse? Tá maluco!”) e maus fluidos persuadirão os freqüentadores dos eventos (“Toca Nirvana! Iron Maiden! System! ). Bandas boas irão perecer, cansadas de lutar por uma causa aparentemente perdida: O Não-se-vender. E esta época marcará o fim do underground que hoje nós conhecemos e, estranhamente, também marcará o seu renascimento.

Após as trevas nós teremos o ecumenismo dentro do cenário: nada mais de grunges contra punks, punks contra emos, emos contra headbangers, headbangers contra indies e etc (aliás, nada mais de rótulos). Deixaremos as nossas diferenças de lado (que nem são tantas, na essência) e fortaleceremos a nossa cena, já tão massacrada por um dos Cavaleiros deste Apocalipse: A Intolerância.

O Estrelismo, outro dos Cavaleiros deste Apocalipse, também terá de ser ceifado do vocabulário e da vivência de qualquer integrante de banda independente, pois até lá todos entenderão que estamos todos no mesmo barco e que humildade e cordialidade é essencial para a sobrevivência do meio.

O juízo final chegará com toda a sua fúria para aqueles vislumbrados que acham que fazer hardcore é ter uma banda com levada de bateria chá-com-pão, músicas com temáticas da sétima série (que agradam fãs das revistas Capricho da vida) e transmitidas por adolescentes (também da sétima série) que parecem recém saídos de uma micareta. Também haverá ranger de dentes para os organizadores de eventos que acham que devem lucrar em cima da banda sem repassar pelo menos parte do “arrecadado” para a mesma, as obrigando a vender ingressos se quiserem tocar em seu evento e a arcar com o preço deles caso não consiga.

Então, façam vigília e aguardem, pois haverá de chegar o dia em que as bandas de trabalho próprio não serão mais ofuscadas e menosprezadas quando tocarem no mesmo evento em que estiverem tocando bandas cover.

E, a partir deste dia, provaremos que a cultura independente é auto-suficiente e que a nossa vontade é capaz de prevalecer sobre a voz do jabá e do senso-comum.

Quem viver, verá.

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