Sexo, drogas e cinema - por Jorge Rocha

Vamos supor que eu esteja acampando. Num lugar como o Sana (ou qualquer outro lugar campestre-serrano do Brasil). Quando, de repente, desce dos céus um disco voador e de dentro dessa nave surgem dois pequenos seres verdes com três dedos em cada mão, duas antenas, olhos vermelhos e me entregam um bilhete onde está escrito: afinal, o que é esse tal de rock and roll. Eu certamente levaria eles até uma locadora. E alugaria quatro filmes.

Velvet goldmine, The Doors, Ray, Febre de juventude, Os cinco rapazes de Liverpool, Rei do Rock. São “N” filmes que eu poderia apresentar aos meus amigos extraterrestres e dizer: “Veja! Isso é Rock na Roll”. Mas nenhuma desses contaria melhor a história para um leigo do que esses quatro que eu escolhi.

Em 1964 nasceu o maior “One Hit Wonder” da história. Só a pouco tempo eu fui descobrir que o The Wonders e seu Hit-chiclete “That Thing You Do” nunca existiram. Roteirizado e dirigido por Tom Hanks esse filme consegue tapear qualquer metido a conhecer música no mundo. “The Wonders – o sonho não acabou” é um filme completo daqueles que nos faz rir e chorar ao mesmo tempo. Mas, mais que isso o filme mostra a época de ouro do Rock. A época em que o Rock finalmente foi incorporado ao showbuziness se transformando em cultura de massa e levando uma legião de jovens ao delírio.

Meia década depois bandas como Led Zeppelin, Allman Brothers e Lynyrd Skynyrd eram cool e foi baseado nessas bandas que Cameron Crowe, roteirista e diretor do filme, criou o Stillwater. Banda do segundo escalão do rock, que faria qualquer coisas para chegar ao topo: até mesmo admitir um jornalista de 15 anos de idade para cobrir sua turnê. Mas o que torna “Quase famosos” objeto didático é a beleza e a paixão com que foi produzido. E por falar em paixão nessa altura, depois de ver Kate Hudson no papel de Penny Lane, com certeza nossos amigos ET´s já estariam apaixonados por esse tal de Rock and Roll.

Um tempo depois, pouco menos de uma década os hippies já não eram tão legais. E o rock entrou no seu ápice de transgressão e porralouquice com o movimento punk. O biotipo desse comportamento poderia ser resumido em duas pessoas: Sid Vicious e Nancy Spungen. “Sid & Nancy – o amor mata” de Alex Cox traz o (hoje) vilão número um de Hollywood Gary Oldman no papel de Sid, mas o destaque é mesmo Chloe Webb, que faz todos os trejeitos de Nancy de forma idêntica. O filme, além de configurar bem a “geração vazia” mostra um período em que o Rock se tornou realmente nocivo a sociedade.

Para fechar, não conheço nenhum filme que exponha melhor o cenário 80/90 do que esse filme. Nosso ET precisa saber que durante pelo menos 10 anos o rock se resumia em: calça de couro bem apertada, laquê, maquiagem carregada e pose, muita pose. Era o Heavy Metal e suas tendências muito bem demonstradas no filme “Rock Star” de John Stockwel com Mark Wahlberg (aquele mesmo o rapper do Marky Mark and the Funky Bunch) e Jeniffer Aniston (é aquela! Aquela mesmo). O filme, que não é lá essas coisas, foi baseado num fato ocorrido em 96 com o Judas Priest e tem um fim (diria eu) histórico, quando o nosso Headbanger de plantão vira grunge e vai tocar em barzinhos underground.

É isso. Acho que o nosso ET ia se dar por satisfeito e ainda ia sair cantarolando alguma coisa.

Dicas de filmes para ensinar um ET leigo o que é o Rock and Roll:

The Wonders – o sonho não acabou - Ano: 1996 - Elenco: Tom Hanks e Liv Tyler - Diretor: Tom Hanks
Quase famosos – Ano: 2000 – Elenco: Kate Hudson e Patrick Fugit – Diretor: Cameron Crowe
Sid & Nancy – o amor mata – Ano:1986 – Elenco: Gary Oldman e Chloe Webb – Diretor: Alex Cox
Rock Star – Ano: 2001 – Elenco: Mark Wahlberg e Jeniffer Aniston – Diretor: Stephen Herek

Hosted by www.Geocities.ws

1