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  As vezes a gente fica observando-o de longe, imaginando o que estar� pensando, sozinho no quintal, com aquele ar de superioridade. Imponente, grande, forte, corajoso, feio e ao mesmo tempo lindo, movimenta��o segura, tranq�ila... parece um marechal!
  Falando de seus c�es com muito entusiasmo, Eduardo M. Maranh�o, de Catanduva - SP, explica que o Mastino tem at� uma estrat�gia de guarda, como a de um marechal mesmo: "Ele se senta numa posi��o estrat�gica, num local de onda possa observar toda a movimenta��o de pessoas dentro e fora da casa, como se fosse ele o respons�vel �nico e absoluto por tudo e pela resolu��o de todos os problemas".
  Para delimitar o territ�rio que lhe ser� destinado � guarda, ele fareja todo o local durante os dois primeiros dias, marca os cantos com urina, circula sem correr pelo ambiente ao qual se apega em demasia - informa��es confirmadas por todos os criadores consultados. Esse grande apego ao dono e ao seu territ�rio, faz com que o Mastino demonstre uma profunda avers�o � estranhos. "Quando chego em casa, com o carro, minha cadela praticamente me revista e, se tiver pessoa estranha dentro do carro, ela fica muito desconfiada", afirma An�bal Rebequi Pereira, de Bragan�a Paulista, SP, descrevendo o comportamento de sua f�mea em rela��o � estranhos. "� um c�o que age silenciosamente. Quase n�o late, vai de mansinho e ataca pulando sobre a pessoa", conta Roseli Pereira, esposa de An�bal, que tamb�m lida diariamente com os c�es. Ela conta que, a algum tempo, quando a casa do vizinho estava em constru��o, havia alguns pedreiros que trabalharam l� durante meses, ficando por isso conhecidos at� pelos c�es, embora nunca tenham passado do muro para dentro de sua resid�ncia. Certa vez, deixaram cair uma ferramenta no seu quintal e um dos pedreiros, julgando que n�o havia perigo, pulou para l� para pegar o objeto. "Bastou ele pular o muro para que a cadela, sentada � porta da cozinha, atenta a tudo, sa�sse correndo, sem latir, para peg�-lo. A sorte � que ele percebeu e voltou logo para o outro lado. Se ela tivesse alcan�ado, poderia machuc�-lo muito e at� t�-lo matado". De fato, n�o teria sido dif�cil que a suposi��o de Roseli se concretizasse, principalmente gra�as ao tamanho, peso e for�a excepcionais, aliados a uma forma certeira de ataque. "O Mastino nunca vai morder a perna de algu�m. Ele pula no rosto da pessoa, buscando seu pesco�o, j� com inten��o de matar", afirma An�bal, que j� teve oportunidade de constatar isso assistindo a um treinamento de ataque. "Mas n�o � um c�o de m� �ndole", segundo Maranh�o, que explica que, "pelo contr�rio, � at� muito amoroso com os donos. Meus c�es querem sempre ficar em volta da gente, recebendo carinho, brincando". "E s�o at� muito af�veis com crian�as", acrescenta o criador Jo�o Carlos Marinoni, de Curitiba, PR, fato tamb�m comprovado por An�bal, quando do nascimento de seu filho: "Ele n�o teve ci�mes do nen�, queria ficar junto do carrinho, tomando conta dele".
Uma caracter�stica do Mastino Napoletano � a express�o de ferocidade que assume quando se v� na incumb�ncia de defender seu dono. "A express�o � aterradora. Ele levanta a cabe�a e as orelhas, fica imponente, retesa os m�sculos, os olhos ficam mais brilhantes, e conforme a tens�o aumenta, ficam mais vermelhos devido ao aumento do fluxo de sangue", afirma Marinoni.
"Parece mais um animal selvagem", acrescenta Maranh�o, "mostra os dentes, come�a a urrar, enruga a testa e os olhos brilham de maneira impressionante. Todo mundo se assusta s� com a express�o dele".
  Quanto ao ataque, Marinoni explica por fases: quando da aproxima��o de um estranho, primeiramente, ele fica alerta e tende a rosnar. Se a pessoa se aproximar mais, ele se "arma" para o ataque. Se estiver deitado, ou sentado, se levanta, prepara os m�sculos para o ataque, retesando-os. Se a pessoa insistir em avan�ar no territ�rio, ele salta sobre ele e a derruba, sendo capaz de machuc�-la muito devido a seu peso.
  Outro fator que contribui bastante para a efici�ncia deste c�o � a sua mordedura muito possante. I�an Samaur, de S�o Paulo, SP, relata que "durante o ataque, ele pega a presa e n�o a solta; segura at� rasgar a v�tima. Pega a presa e a chacoalha, n�o a soltando mais. E se derrubar a pessoa, ele sai arrastando-a". I�an j� viu isto acontecer em treinamento. "O c�o pega no bra�o do treinador e n�o o larga", afirma ele. A forte mordedura do Mastino � algo que seus criadores podem comprovar facilmente. Maranh�o tem um c�o chamado Barone, de 2 anos e 70 quilos. Numa brincadeira que costuma fazer, Eduardo enrola um pano, segura-o em uma das extremidades, enquanto Barone morde a outra. Ent�o ele o gira em torno de si. Barone consegue se sustentar no ar com todo o seu peso sem o menor preju�zo para os seus dentes. An�bal Pereira, por sua vez, conta que costuma dar ossos de boi para sua cadela e que esta os tritura em segundos, sem muita dificuldade. "outro dia, dei um osso de vaca para a minha cadela, e ela, sem esfor�o, quebrou-o inteiro e comeu. Acho que se ela morder uma pessoa, poder� deix�-la seriamente machucada".
  De modo geral, o Mastino n�o se assusta com tiros, fogos de artif�cio e trov�es, entre outros ru�dos - pelo menos no dizer de seus criadores. An�bal Pereira teve at� oportunidade de comprovar esse fato. J� atirou perto de seus c�es com um rev�lver calibre 38. No s�tio, ele treina tiro ao alvo. "Pode-se atirar o quanto quiser, que ele n�o liga, n�o se amedronta". Por�m, Eduardo M. Maranh�o acredita que o medo de tiros ou outros ru�dos n�o pode ser atribu�do a essa ou �quela ra�a. "Tudo depende do condicionamento do c�o". Ele conta que j� levou sua cadela a uma exposi��o no qual houve uma prova de tiro. Ele recorda que ela ficou alerta, mas n�o com medo. "Em rela��o � rel�mpagos e trov�es, existe uma regra para todos os c�es - por heran�a ou significado gen�tico - de "procurar abrigo", diz ele. Marinoni, por sua vez, afirma que seus c�es n�o demonstram o menor temor a rel�mpagos ou trov�es e que nestas ocasi�es, eles latem ostensivamente.
  No carro, na cal�ada, ou em qualquer outro local a ser guardado, o comportamento do Mastino parece ser o mesmo. Quando um estranho se aproxima, ele fica alerta, rosna, arma-se para o ataque, mas se cont�m se receber um comando em contr�rio do dono, segundo afirma��o dos criadores. O carro � defendido como se fosse uma continua��o da casa, ou como propriedade do pr�prio c�o. No passeio, que ningu�m se atreva a botar a m�o em sua cabe�a e muito menos a fazer qualquer gesto mais brusco, pois ele reage violentamente. Essa � uma caracter�stica que Maranh�o faz quest�o de conservar para que o c�o "nunca abra a guarda a ningu�m", porque acredita que se permitir que algu�m o agrade, mais tarde um estranho poder� persuadi-lo.
Maranh�o alerta: "Todo propriet�rio de Mastino deve ter consci�ncia de que n�o pode deixar seu c�o absolutamente � vontade, sem dom�nio sobre ele, pois quando um Mastino parte para um ataque, � muito dif�cil faz�-lo parar. Deve-se evitar o ataque, impedindo o c�o no momento em que ele se prepara para tal. At� ent�o, ser� poss�vel refre�-lo". Tempos atr�s, a m�e de Eduardo, que mora em S�o Paulo, foi passar uns dias em sua casa em Catanduva. Saiu para passear pela cidade com uma amiga. Na volta, ela abriu o port�o e foi entrando � vontade. A despeito da conviv�ncia que teve com os c�es durante 15 dias, eles n�o se fizeram de rogados e sa�ram em sua dire��o. "Eu dei ordem para eles pararem e eles imediatamente obedeceram", lembra Eduardo. Marinoni afirma que seus Mastinos, mesmo sem terem sidos treinados, s�o extremamente obedientes. "Se voc� os soltar do canil durante dois ou tr�s minutos e em seguida der-lhes uma ordem de retorno imediato, eles voltar�o sem criar problemas, n�o resistem � ordens".
  "C�o de guarda por excel�ncia". Quem comprova essa afirma��o � Maranh�o. Ele conta que, um conhecido seu, que morava em Goi�nia, saiu para fazer cooper em companhia de seu c�o e em dado momento, distanciou-se dele mais ou menos 20 metros. Na ocasi�o, um desconhecido tentou assalt�-lo e o c�o, mesmo de longe, percebeu a situa��o amea�adora que envolvia seu dono. Correu e atacou o assaltante, machucando-o muito. O mais interessante � que esse cachorro conhecia muitas pessoas na cidade e nunca avan�ava em ningu�m justamente por esse motivo, mas foi capaz de perceber que seu dono vivia uma situa��o de perigo. Eduardo conta que esse c�o acabou morrendo envenenado e acredita que foi mesmo por "vingan�a do assaltante". "Mas n�o foi f�cil mat�-lo. Esse n�o comia nada fora de seu comedouro e a pessoa que o envenenou teve de colocar o alimento ali. Caso contr�rio, n�o o conseguiria".
O Mastino Napoletano � um c�o bastante �gil, considerando-se que � bastante pesado - pesa de 55 � 85 Kg. Segundo seus criadores, embora tenha apar�ncia de "molenga" (devido � pele solta), ele � capaz de saltar a uma altura de 1,5 m. aproximadamente. Fazer amizade com um Mastino � uma empreitada muito dif�cil. "Antes de abrir os olhos (quando nascem), os filhotinhos j� avan�am na m�o da gente. Com 20 ou 30 dias, eles come�am a fazer "reconhecimento das pessoas". � poss�vel fazer amizade com ele at� os 8 meses, no m�ximo at� um ano de idade. A partir da�, � muito dif�cil", afirma An�bal Pereira. Quem conseguir ter um amigo Mastino "ter� um companheiro devotado, de exclusiva confian�a e que nunca vai deix�-lo numa situa��o de perigo". Esta � a opini�o de Eduardo M. Maranh�o, que acredita estar 100% seguro com seus c�es "Eles parecem que d�o a vida pela gente", conclui.
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Extra�do da revista: "C�es e Companhia" n.� ?
Flash Editora
Publicada em Janeiro de 1987

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