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CLÉRIO JOSÉ BORGES DE SANT´ANNA                                             VOLTAR

UM DOMINGO DIFERENTE
Por Clério José Borges

Domingo, dia 14 de março de 2004, positivamente foi um dia diferente. A convite do cineasta João Carlos Coutinho (foto), participei das filmagens do Curta sobre a Insurreição do Queimado. Cheguei por volta das 10 horas da manhã. Mais de 60 pessoas já estavam aglomeradas nas proximidades da Igreja São João Batista. A capela construída em 1584, foi reconstruída em 1996, sendo re-inaugurada, em 05 de maio de 1996. Localizada distante do núcleo habitacional, transformou-se no local ideal para as filmagens de um fato histórico, iniciado no dia 19 de março de 1849, quando o Distrito do Queimado, na Serra, foi palco de uma Revolta de Negros Escravos.
De imediato, Maria Martha, assistente do Diretor João, forneceu-me um colete especial, confeccionado nos moldes dos usados em 1849.
Enquanto a equipe técnica se preparava para as primeiras filmagens, grande parte do elenco se preparava. Uns decoravam textos. Outros tinham as roupas ajustadas e alguns eram maquiados por Jota Jota e uma auxiliar. Uma grande festa.
Uma reunião foi iniciada. O Diretor João e um auxiliar explicaram algumas cenas. Terminada a pequena palestra, todos seguiram por um pequeno caminho, mato a dentro, para as filmagens da procissão. Cantando um hino religioso, a procissão tinha como destino a Igreja de São José do Queimado. (No caso a Igreja de São João Batista de Carapina, pois a Igrea de São José do Queimado não existe mais. Encontra-se em ruínas.) A cena foi repetida por cerca de três vezes e o Diretor do alto de uma Grua e, depois em terra firme, fazia as filmagens do elenco.
Após alguns minutos, aproveitados por um lanche, seguimos para as cenas dentro da Capela de São João Batista. Cenas da procissão entrando na Igreja e depois tomadas da celebração. No momento em que o Frei Gregório Maria de Bene realizava a consagração, os negros escravos invadiram a Igreja exigindo a Alforria, a liberdade. As cenas foram bem dirigidas e a maior parte do elenco assustou-se com a invasão repentina dos negros, com suas espingardas.
De imediato, há um diálogo entre Chico Prego, Elisiário e o Frei Italiano Gregório De Bene e logo depois, um do Coronéis, interpretado por Jeremias Hilário dos Santos, (57 anos), grita: "Fecha as Portas!!!".
Clério José Borges, na figura do Coronel Manoel Oliveira responde: "Não. Não feche...O que os negros vão pensar de nós?! Que aqui somos todos covardes?!!! Se vocês fecharem as portas, eles criam ainda mais coragem para nos enfrentarem!!!".
Foi a minha primeira interpretação como ator. Uma Glória. Mas pensam que foi fácil!!! Lêdo engano. Na primeira vez errei a ultima frase. Na segunda também. Na terceira esqueci o final e improvisei e depois a coisa foi fluindo normalmente e no final tudo deu certo. Ah!!! Teve até gente que veio me cumprimentar pela interpretação. Não sabe eles que na verdade, eu estava nervoso e apreensivo de fazer vexame na frente de todo mundo. Pagar mico, como dizem os mais jovens. Só me acalmei mesmo, quando percebi que os erros são comuns e outros atores, também estavam errando o texto. Que alívio!!!
Nas filmagens no interior da Igreja, duas cenas foram bem significativas. Numa, meu amigo Aurélio Carlos, na figura de um dos negros revoltosos avançou para mim e me enforcou com as mãos. O Diretor João, não sei se por sacanagem ou para dar realismo a cena, gritou para Aurélio: "Vai emcima de Clério". E, ele foi mesmo. Depois um auxiliar do Diretor acabou falando para o Aurélio ficar calmo e não me agarrar. Outro detalhe foi que o personagem Escravo Manoel, interpretado pelo Ator João Vita (24 anos), com uma Espingarda de dois canos nas mãos colocava a mesma no meu nariz e eu não podia me mexer pois era o "Coronel" que enfrentava os negros.

OS ATORES:
Frei Gregório Maria de Bene, intepretado pelo Ator, Edson Ferreira, 38 anos. Nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais. Ator desde os 12 anos de idade. Já trabalhou na Rede Globo de Televisão onde fez a novela "Madona de Cedro".
A atriz capixaba, Verônica, (de roupa preta), interpretou Donana
O Negro Chefe da Revolução junto com Chico Prego, Elisiário foi interpretado pelo ator Everaldo Nascimento (44anos, Nascido em Vitória, ES).
Chico Prego foi vivido pelo ator Ederaldo dos Santos Monteiro Júnior (26 anos. Nasceu em Campos, RJ)
O escravo Manoel que com sua Espingarda desejoui amedrontar o Coronel Manoel Oliveira (Clério), foi vivido por João Vita, ator de 24 anos, trabalhando há 10 anos como artista.

OS CORONÉIS:
Os Coronéis foram interpretados por:
Jeremias Hilário dos Santos (57 anos, nascido em Aracruz, ES);
Carlos Rogério do Nascimento (52 anos, Nascido em Afonso Cláudio, ES);
José Borghete;
José Soares de Almeida Neto (49 anos, nascido em São Manoel do Mutum, MG);
Sinvaldo Vieira de Menezes (53 anos, nascido em Ecoporanga, ES);
Raulino da França (76 anos. Nasceu em Colatina, ES e reside em Carapina Grande. Faz parte da Comunidade Católica São João Batista;
José Lúcio Paulino (43 anos. nasceu em Nova Venécia, ES);
Edivaldo Sartório Vailandt (43 anos, Nascido em Rio Bananal, ES);
José Eduardo Dias Gomes (22 anos, nascido em Vitória, ES);
O conhecido Jota Jota, cujo nome verdadeiro é José de Jesus. <37 anos. Nascido em Mantenópolis, ES).
Coronel Manoel Oliveira, interpretado por Clério José Borges (53 anos, nascido em Aribiri, Vila Velha, ES).

AS ESPOSAS DOS CORONÉIS
Apenas alguns nomes foram anotados
Letre Masioli dos Santos (É poetisa e Trovadora);
Rita de Cássia Sodré. Nasceu em Resplendor, Minas Gerais e reside no bairro São Marcos, Serra, ES. Foi convidada por Maria Martha para participar das filmagens. Na procissão aparece de braços dados com Clério José Borges (Coronel Manoel Oliveira);
Gerusa Dias Gomes (58 anos, nascida em Vitória, ES)
Lourência Riani, ex-vereadora e membro atuante da Comunidade de Carapina Grande

OS NEGROS ESCRAVOS
Como negros escravos, participaram os integrantes do Grupo de Capoeira, com 19 componentes, denominado "Associação de Capoeira Raíz do Força", de Parque Residencial Laranjeiras, sob a direção do Mestre Faísca (Walter Silva Santos, 33 anos, Nascido em Camacã, Bahia);
Aurélio Carlos Marques de Moura. Presidente do Conselho Municipal de Cultura da Serra. Membro da Academia de Letras e Artes da Serra. Jornalista. Fotógrafo. Teve uma participação especial como um dos negros que invadiram a Igreja de São José. Na foto Aurélio e o Mestre Faísca.




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