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CLÉRIO JOSÉ BORGES DE SANT´ANNA                                             VOLTAR
, Espírito Santo -  Brasil.   .

HISTÓRIA DAS BANDAS DE CONGO

A origem das bandas de congo é anterior ao século XIX. Entretanto, a sua formação inicial foi perdida com a aculturação dos povos indígenas. Esses grupos musicais, descendem dos cantos e rituais dos índios.
Os primeiros registros impressos sobre as Bandas, são do Padre Antunes de Siqueira (1832-1897), poeta, teatrólogo, educador e filólogo, natural de Vitória, exerceu as funções de sacerdote em São Mateus e na Aldeia Velha (Santa Cruz), por volta do ano de 1855.
Ele descreveu a forma do primitivo conjunto musical, integrados por índios Mutuns, que habitavam as margens do Rio Doce:
"Nas danças acocoram-se todos em círculo, batendo com as palmas das mãos nos peitos e nas coxas". Indica também o instrumental por elas utilizado: "Os cassacos (casaca), um bambú dentado, corrida a escala por um ponteiro da mesma espécie; e também tambores feito de pau cavado, às vezes oco por sua natureza, tendo em uma das extremidades um couro, pregado com tarugos de madeira rija (...). A eles juntam o som produzido por um cabaz {cabaça}, cheio de caroços de sementes do mato". Esse instrumental das Bandas de Índios descrito por Antunes de Siqueira, permanece até hoje nas bandas de congo, devidamente adaptados.
Sua Majestade Dom Pedro II, quando passou pela Vila de Nova Almeida, em 1860, fez questão de desenhar em seu diário, "o nosso reco-reco de cabeça esculpida, anotando-lhe, inclusive, o nome 'cassaca' ".
D. Pedro Maria de Lacerda, Bispo do Rio de Janeiro, em visita ao Espírito Santo, entre 1880 e 1886, anotou em seus escritos:
No dia do aniversário da Igreja dos Reis Magos em Nova Almeida (município da Serra), observou entre o conjunto de índios a presença de um "negro velho" e a maneira dos músicos tocarem os tambores: " É de saber que os tocadores de guararás (tambores), quando vêm, os trazem debaixo do braço, e quando param, montam-se sobre ele e com ambas as mãos batem no couro de uma das bocas. (...) Os mais ficam em pé. Adiante do tambor é que se dança, que é simplésima, mas tem sua graça; o capitão, esse que tem na mão a vara, que ele empunha com muito garbo." Nas suas anotações, o Bispo refere-se ao Capitão: "Visitou-me o Capitão dos Índios por nome João Maria dos Santos." E explica: Um Capitão de Índios hoje é apenas um nome, como o do Imperador do Divino e Rei do Congado. Para as danças é ele o Presidente ".
As Bandas de Congo, foram assim se modificando com o passar do tempo. O nome guarará, foi mudado para congo ou tambor, por isso, o conjunto veio a ser denominado banda de congo, como hoje é conhecido, e que faz melhor referência à África, "as cortes do congo tem a sua origem em Angola". Também o termo massaraca ou massacaia, foi mudado para chocalho ou sucaio. Feito de cabaças, tendo no seu interior sementes do mato, que hoje são substituídas por grãos de feijão e milho. Outro instrumento de origem africana, a puita ou cuíca, foi introduzido. Permaneceu o cassaco, "também chamado cassaca ou cassaco, ou ainda por contaminação, canzaco, evidente influência de canzá ou ganzá, que seria termo quimbundo, segundo os entendidos em línguas africanas" .
Tradicionalmente a Banda de Congo é formado por 10 a 30 pessoas. Só os homens tocam os instrumentos. As mulheres representam as Rainhas, trajam vestidos longos, nas cores azul ou branco, com enfeites, e levam à frente o estandarte com o Santo de louvor, São Benedito, São Sebastião, São Pedro, Nossa Senhora do Rosário. Uma das antigas festas realizadas pela Irmandade dos Pretos do Rosário e São Benedito no centro de Vitória, eram os Bailes de Congo, representados no adro da Igreja do Rosário, por doze meninas vestidas e enfeitadas e uma gorda matrona.
A casaca: Instrumento peculiar das Bandas de Congo, recebe outras denominações conforme o lugar: cassaca, canzaca, canzá, ganzá, carcaxá, reque-reque e reco-reco. Ao tocador dá-se o nome guerreiro de tocador de reco-reco ou reco-requista, canzaqueiro, conguista, casaquista e folgador, segundo inquérito realizado em 1953 pela Comissão Espírito-santense de Folclore. Também aparece em outras manifestações folclóricas brasileiras como o jongo e o caxambu, também presentes no Espírito Santo.
É uma das variações do reco-reco. A cabeça esculpida é que lhe dá o diferencial, fazendo dele um instrumento antropomórfico (de forma humana). Os congueiros esculpem uma cabeça humana no topo do instrumento, deixando o pescoço como local para segurá-la.
O modo de tocar os tambores (guararás), sentado sobre eles cavalgando-os, e os instrumentos originais dos índios, a casaca e o chocalho, aos quais os negros ajuntaram a cuíca, são complementados por outros: apito, triângulo(ferrinho), caixas, sanfonas (estas por influência da imigração italiana como ocorreu em Colatina-ES), pandeiros e ganzás. Os instrumentos são pintados nas cores da banda. Os da Banda de São Benedito na cidade da Serra, tem as cores verde e rosa, e em Cariacica, no grupo do mesmo santo de louvor, eles são pintados de verde.
As canções: Guardadas de memória ou improvisadas, elas falam de temas variados: "o mar, o amor, a natureza, a devoção aos santos e, por vezes a morte; (...) concorre para fazê-las triste a maneira dolente de cantá-las prolongando demasiadamente as vogais finais do último verso do refrão, que mais parecem lamentos e gemidos em âââââ, em êêêêê, em ôôôôô."
Mestre Antonio Rosa, lembrava sempre da figura do "tio Zé", José Maria da Silva, o autor da maioria das músicas de congo, e da mais famosa delas: "Madalena, Madalena", que ele fez para sua filha quando do seu nascimento. A música foi popularizada, através de sua gravação pelo sambista Martinho da Vila, que a escutou pela primeira vez na Barra do Jucu (Vila Velha), com a letra modificada, adaptada pela banda local, pois cada banda de congo possui suas características próprias, seja quanto aos versos das músicas, ao número de integrantes, aos instrumentos e as cores com que são pintados. A repercussão de "Madalena", chamou a atenção dos capixabas para a importância do congo, uma manifestação sem igual em todo o Brasil.
Em 2001, uma banda de nome Casaca, faz sucesso entre jovens, crianças e adultos, consolidando a fusão do ritmo de raízes capixabas com o rock. Seus integrantes têm participação na Banda de Congo da Barra do Jucu (Vila Velha/ES), mostrando que os músicos de 'rockongo', pesquisam o ritmo e seus instrumentos, e tem afinidades com o congo tradicional.
As bandas Manimal e Casaca, incluem em seu repertório canções como "Nhá, nhá você vai à Penha", e outras cantorias das bandas de congo, acompanhados pelo público jovem. Intérpretes da música popular capixaba como Andréia Ramos, Danilo Diniz e Jonathan gravaram congos em seus CD's.
Também há o surgimento de bandas de congo mirins. A primeira Banda de Congo Mirim foi formada sob orientação da extinta LBA, no ano de 1980, na Barra do Jucu, de acordo com um de seus moradores, o artista plástico Kleber Galvêas. Associações de Apoio ao Folclore foram criadas em diversos municípios capixabas para buscar incentivos para organizar e estimular grupos diversos, bandas de congo tradicionais e formar bandas mirins. Na Serra foram formadas a Banda de Congo Mirim de São Benedito e Santo Antônio de Pádua da Serra Sede (organizada por Dona Lolinha, espôsa do mestre Antonio Rosa), e Banda de Congo Jovens em Prol da Cultura de Nova Almeida.

Notas Bibliográficas.

1- Neves, Guilherme Santos - Bandas de Congo, Cadernos de Folclores, nº 30, Rio de Janeiro, Ed. FUNARTE, 1980, p.3.

2- Gama, Oscar, História do Teatro Capixaba, apud. Aristides Freire, p. 191, Vitória, FCAA e FCES, 1981.

3- Neves, Guilherme Santos, in op. cit., p.20.

4- Mazôco, Eliomar Carlos - O Congo de Máscaras, Vitória, Universidade Federal do Espírito Santo, 1993.


BIBLIOGRAFIA.

A GAZETA - CADERNO DOIS - Vitória, segunda-feira, 17 de novembro,1997, p.1.

Instituto Nacional do Folclore, Atlas Folclórico do Brasil - Espírito Santo, Rio de Janeiro, FUNARTE, 1982.

Fonseca, Hermógenes Lima - Tradições Populares no Espírito Santo, Vitória, Departamento Estadual de Cultura, 1991.

Gama, Oscar - História do Teatro Capixaba, 395 anos, Vitória, FCAA. e FCES., 1981.

Mazoco, Eliomar Carlos - Congo de Máscaras, Vitória, UFES, 1993.

Neves, Guilherme Santos - Bandas de Congo - Cadernos de Folclore nº 30, Rio de Janeiro, FUNARTE, 1980.

Novaes, Maria Stella de - História do Espírito Santo, Vitória, Fundo Editorial do Espírito Santo.

Rocha, Levy - Viagem de Pedro II ao Espírito Santo, 2ª Edição, Rio de Janeiro, 1980.

SÉCULO - O Espírito Santo em Revista - Vitória, ano III, nº 23, janeiro 2002. pp. 7-17.

Siqueira, Padre Francisco Antunes de - Esboço Histórico dos Costumes do Povo Espírito-Santense Desde os Tempos Coloniais até nossos Dias, Rio de Janeiro, Tipografia G. Leuzinger & Filhos, 1893.

Borges, Clério José - Histpória da Serra, Serra, Gráfica Editora Canela Verde, 2003

Gazeta On line - Site O Congo nas Escolas - Vitória, ES







FOTO 1 - Na Missa em Trovas em Anchieta, ES: Eno Theodoro Wanke, Clério Borges e ao fundo Nealdo Zaidan
FOTO 2 - Reunião na casa de Clério Borges: Adir Ribeiro; Valdemir R. Azeredo; Clério; Moacyr Malacarne e José Alves com o Violão

Nas fotos a Galera do CTC, Albercinho (Albércio Nunes Vieira Machado); Penha Frihane; Dr. José Paulo; Moacir Malacarne; José Saleme; Sandra Bunges; Cleusa Vidal; a Saudosa Tereza Vitória; Valsema; Kátia Bóbio, Clério e Zenaide; Clério e Edson Constantino.

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