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CLÉRIO JOSÉ BORGES DE SANT´ANNA                                             VOLTAR
, Espírito Santo -  Brasil.   .
O Clube dos Poetas Trovadores Capixabas, CTC foi fundado por Clério José Borges com base numa idéia do escritor Eno Theodoro Wanke. O CTC hoje é sucesso mundial!

VIOLEIROS E CANTORIA DE VIOLA

Definição de Cantador Violeiro, Idade Média, Jograis e Trovadores Medievais, Violeiros, Repentistas Nordestinos, os Reis do Improviso

Foto 1: Cantador Repentista Antônio Josélio e Ari Teixeira, no XIV Seminário Nacional da Trova em Linhares, ES, no ano de 1995.

Na foto 2: Pedro Maciel da Silva, o Ceará e Ari Teixeira, no XIII Seminário Nacional da Trova, em GUARAPARI, ESPÍRITO SANTO, BRASIL, em Julho de 1993, organizado pelo Presidente do CTC, Clério José Borges.


DEFINIÇÕES

CANTADOR VIOLEIRO, intérprete fiel, dos costumes, das histórias e do heroísmo do povo nordestino.

Luís Câmara Cascudo, que tem dedicado a maior parte de sua vida ao folclore, assim define cantador: - "Representantes legítimos de todos os bardos menestréis".

Gustavo Barroso, falando sobre a poesia popular, afirma " a poesia é sempre obra de indivíduos cultos ou semicultos, que desce ao povo, se batiza nas águas lustrais de seu oralismo e se espalha pelo mundo como um pólen fecundante".

Manoel Bandeira, nome respeitabilíssimo de nossas letras, confessa-se humilde, diante do cantador, conforme registro que fez em seu livro estrela da Tarde: " ... que poeta é quem inventa em boa improvisação, como faz Dimas Batista e Otacilio, seu irmão, como faz qualquer violeiro, bom cantador do sertão".

Guilherme Neto conceitua os cantadores, ou violeiros repentistas, são cantores populares, os geniais poetas e versejadores do sertão. Andam sempre em duplas, com a viola dentro de um saco, muitas vezes a pé, ruminando o debate, preparando perguntas, arrumando as ídéias, dando asas a imaginação.

"cantador ou simplesmente repentista - poeta popular da região nordestina, que ao som da viola, duplado, decantam seus versos, encantando os rincões brasileiros".

Na concepção de Leonardo Mota (Dr. Leota), anos a fio empreendeu várias excursões pelo "interland cearense ", vendo de perto, anotando e escrevendo as mais belas sugestivas páginas do folclore brasileiro, como sendo a figura do cantador violeiro, o representante legítimo do povo nordestino - são os poetas populares que perambulam pelos sertões, cantando versos* próprios e alheios; mormente os que não desdenham ou temem o “desafio*”, peleja* intelectual em que, perante o auditório, ordinariamente numeroso, são postos em evidência os dotes de improvisação de dois ou mais vates matutos.

Segundo Luis Wílson, o cantador é como o rapsodo canta acima do tom em que o instrumento é afinado e abusa dos agudos. É uma voz hirta, dura, sem sensibilidade, sem floreios, sem doçura. Canta quase gritando, as veias entumecidas pelo esforço, a face congesta, os olhos fixos para não perder o compasso, não musical, que para eles é quase sem valor, mas a cadência, o ritmo, que é tudo.

No entendimento de Pedro Ribeiro, no livro intitulado: “Nos Caminhos do Repente”, de sua autoria, equivale dizer cantador ou violeiro, para definir como sendo o representante máximo do repente. Com invulgar poder criativo, os menestréis do passado ampliaram consideravelmente o acervo do repente com a criação de novos estilos.

Na visão de Orlando Tejo, no livro: “Zé Limeira, poeta do absurdo”, sintetiza o que vem a ser cantador: Os cantadores constituem imensa legião de homens que amam, sonham, sofrem e brincam de viver no mundo, pescando estrelas, caçando ilusões, plantando tardes, colhendo auroras, levando a sua imagem sutil e profunda, tímida e vigorosa ao povo ávido de poesia que os ouve embevecido.

REPENTISTA E CANTORIA DE VIOLA

Diferentemente dos Poetas Trovadores que criam suas Trovas como Obra de Arte, como Literatura, que são divulgadas em livros, existem o Poetas Repentistas que fazem versos de improvisos. No Rio Grande do Sul os Repentistas Gaúchos são chamado também de Trovadores embora façam versos diferente dos Trovadores Literários, ou seja, em sextilhas (6 versos, ou seja, 6 linhas) ou septilhas (7 linhas), tocando sanfonas ou concertinas. Representando os Repentistas Gaúchos, reside na  Serra, o Poeta “Xiru do Sul.”

Já no Nordeste do Brasil vivem os Repentistas, Cantadores de Viola, poetas que improvisam os versos com suas violas.

No Sudeste, os Repentistas são destaques na Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro e, às vezes, na Praça da Sé, em São Paulo.

O Escritor e pesquisador, Guilherme Neto conceitua os cantadores, ou violeiros Repentistas, como cantores populares, poetas e versejadores do sertão, “que andam sempre em duplas, com a viola dentro de um saco, muitas vezes a pé, ruminando o debate, preparando perguntas, arrumando as idéias, dando asas a imaginação.”

O poeta Repentista, Pedro Maciel da Silva, o Ceará, nasceu na cidade de Caucaia, localizada a cerca de 40 quilômetros de Fortaleza no Ceará, no dia 20 de março de 1946. Trabalhava na firma Procalco, de Fortaleza, que venceu concorrência para a construção de Casas Populares no Estado do Espírito Santo. Veio para o Espírito Santo em 1971 ajudando a pintar as casas do bairro Eurico Salles e depois André Carloni. Gosta da Serra e em 1980 muda-se com a família, morando inicialmente em Carapina e depois Chácara Parreiral e atualmente no bairro São Diogo.

Pedro Maciel da Silva, o Ceará, nos anos de 1999, 2000 e 2001 era o único Poeta Repentista Cantador de Viola da Grande Vitória, no Espírito Santo. Sócio do Clube dos Trovadores Capixabas já se apresentou na Assembléia Legislativa Estadual e em várias solenidades, bem como para Políticos em época de  eleições, destacando-se pela sua excelente capacidade de improvisar os versos. Em 6 de fevereiro de 2001, o Repentista “Ceará” inaugura a sua página na Internet, a Rede Mundial de Computadores

Além dos Repentistas que cantam seus versos com um tipo de violão especial, a Viola, existem os Poetas Cordelistas que fazem versos da chamada Literatura de Cordel, em livros pequenos, sem tocar nenhum instrumento e sem cantar, como Kátia Maria Bóbbio Lima, da Cidade de Conceição da Barra, Norte do Estado e Moacir Malacarne, de Cariacica. Na Serra o destaque é o poeta Juacy Lino Feu, residente na avenida Alfeu Ribeiro, ao lado da Igreja Batista, em Carapina.

Os versos de Cordel são de sete sílabas poética com rima e em várias estrofes, ou seja, conjunto de versos (linhas), relatam um fato, uma história, uma lenda. Clério José Borges escreveu, em 1983, em livro de Cordel, “O Vampiro Lobisomem de Jacaraípe”.

O Poeta Teodorico Boa Morte, Acadêmico da ALEAS, lançou um livro de Literatura de Cordel sobre a Insurreição do Queimado. O nome Cordel vem de barbante. É que no Nordeste, os autores para venderem seus livrinhos os penduravam em barbantes nas praças.

IDADE MÉDIA

O termo Idade Média foi criado pelos Europeus no século XVII para expressar a idéia de que entre sua época e a Antiguidade Clássica (Grego e Romana) tinha havido uma obscura fase intermediária. No entanto, entre 600 e 1500, datas que aproximadamente marcam o início e o fim da Idade Média, ocorreram vários fatos importantes que não é possível caracterizar o período de modo tão simplista.
No início da Idade Média, por volta dos anos de 600 a 1050, o nível de realização material e intelectual era baixíssimo. O Camponês vivia miseravelmente. Somente uma minoria leiga e eclesiástica possuía propriedades. Os que não possuíam terras, só tinham uma alternativa, a Servidão. O Feudo era unidade de produção e o Servo achava-se vinculado ao Senhor por uma espécie de contrato que implicava em direitos e obrigações recíprocas. A força militar dos Senhores Feudais estava na Cavalaria. Para pertencer a Cavalaria era preciso ser nobre e para ser nobre precisava ter certos recursos, como cavalo, arreios, armas e ajudantes.
Para serem observadas as habilidades dos Cavaleiros eram organizados Torneios, onde os Cavaleiros tinham o corpo protegido por Armaduras, uma proteção de metal que ia dos pés à cabeça do Guerreiro.

A Ordem dos Cavaleiros de Malta foi fundada em 1099, por Gerard de Tom e tinha por meta encargos militares para defender o Cristianismo da expansão dos Mulçumanos. Em 1880 o Papa Leão XIII concedeu à Ordem a Igreja de São Basílio, em Roma e a Ordem está organizada até os dias atuais em cerca de 40 países e dedica-se à atividade assistencial, com hospitais e asilos no Mundo. O nome Malta vem da ilha para onde foram localizados em 1522, onde permaneceram até 1798, quando a ilha foi conquistada por Napoleão Bonaparte.
No século XII Portugal se constitui numa Nação Independente (1113), época também quando começa o processo de urbanização da Europa, com expansão dos povoados, que se transformam em cidades. Uma carcaterística do homem medieval é que ele vivia imerso no Catolicismo desde o nascimento até a morte.
A Universidade é uma criação medieval. Com esse nome, designava-se uma organização geral de professores e estudantes. Os estudantes contratavam professores e durante quatro anos estudava gramática, lógica e retórica e se passasse nos exames, obtinha o grau de bacharel em artes e para garantir a vida profissional estudava mais alguns anos pra obter o grau de Mestre de Artes e mais tarde o grau de doutor em Direito, Medicina ou teologia. A primeira Universidade foi de Bolonha, na Itália, fundada em 1088.

CANTIGAS MEDIEVAIS

Durante os séculos XII, XIII e XIV, desenvolveu-se em Portugal o Movimento Poético que ficou conhecido por Trovadorismo. Produziam-se Cantigas, que eram poemas feitos para serem cantados ao som de instrumentos musicais como a Flauta, a Viola, o Alaúde e outros. O cantor dessas composições poéticas era chamado de Jogral e o autor recebia o nome de Trovador, daí a denominação dada a esse período de Trovadorismo.
O centro inrradiador do Trovadorismo na Península Ibérica (Portugal e Espanha) foi a região que compreende o norte de Portugal e a Galiza. Na Galiza havia a Catedral de Santiago de Compostela, construção iniciada em 1075, famoso centro de peregrinações religiosas que atraía e atrai até hoje, milhares de pessoas.
As Cantigas Medievais era apresentadas com acompanhamento musical. As Letras de Canções feitas pelos Trovadores eram cantadas pelos Jograis. Os Jograis passam a condição de Artistas Ambulantes, animando festas em Cidades, Castelos e Torneios. Hoje os Jograis são os Cantadores de Viola. Hoje milhares de pessoas ouvem nas emissoras de Rádio, músicas que falam dos mesmos temas das Cantigas Medievais: Amores não correspondidos, Saudades, etc...
No Período destacam-se os Trovadores galeco-portugueses da Península Ibérica e os Trovadores de Provença, no sul da França, onde no século XI floresceu um rico movimento poético que se espalhou por toda a Europa.
No Gênero Lírico eram feitas Cantigas de Amor e de Amigo. Mas nem só de amor falavam os Trovadores, construíndo poemas satíricos, as chamadas Cantigas de Maldizer e de Escárnio, atacando e satirizando pessoas.

NOVELAS DE CAVALARIA

Os Jograis passam a cantar históricos poemas dos Trovadores, descrevendo romances e duelos e brigas dos Cavaleiros. Surge então as Novelas de Cavalarias cujo texto feito pelo Trovador cantava os combates entre vilões e heróis, raptos de donzelas e final feliz. As novelas de Cavalaria constituem exemplo expressivo da influência dos povos ibéricos na formação da Cultura Brasileira. Trazidas pelos Colonizadores, essas narrativas acabaram se incorporando à nossa cultura popular, principalmente a da Região Nordestina, onde a Literatura de Cordel até hoje reflete essa influência.
Dentre os vários tipos de Cordel, destacam-se os romances, lendas e folclore do Brasil.
Dentre alguns Cordelistas destacam-se os Trovadores, Leandro Gomes de Barros (1865-1918); Rodolfo Coelho Cavalcante, já falecido e no espírito Santo, Kátia Maria Bóbbio Lima, com vários livros de Cordel e Clério José Borges que fez em 1982, o Cordel "O Vampiro Lobisomem de Jacaraípe, na Serra-ES". Como Trovadores Repentistas, os que cantam versos que improvissam, ou seja, criam na hora, citamos BULE BULE de Salvador, Bahia e Pedro Maciel da Silva, o Ceará, nascido em Fortaleza, Ceará e residente no Estado do Espírito Santo, no Município da Serra.
Hoje Trovador possuem diversos significados. O Cantor Altemar Dutra imortalizou uma música chamada o "Trovador" onde diz, "Sonhei que eu era um dia um Trovador, dos velhos tempos que não voltam mais..." Veja que no caso o Cantor já falecido, Altemar Dutra refere-se ao Poeta Romântico que cantava Modinhas a toda hora. No Sul do Brasil, o Repentista Gaúcho é também chamado de Trovador. No Nordeste o repentista também é chamado de Trovador.
No Sudeste e grande parte do Brasil, já "TROVADOR" significa aquele que elabora a Trova como Obra de Arte como Literatura e que não precisa necessariamente Cantar suas Trovas.
Já "TROVA" é uma composição poética de sete versos (linhas) de sete sílabas poéticas cada, com rima e sentido completo. Definições usadas pela União Brasileira de Trovadores, UBT, Federação Brasileira de Entidades Trovistas, FEBET, Clube dos Trovadores Capixabas, CTC e Academia de Trovadores no Rio e Minas Gerais. Na INTERNET você encontra mais informações sobre Trovadores, Trovas na página:

www.geocities.com/trovadorespontocom

Trovismo: Movimento cultural em torno da Trova no Brasil, surgido a partir de 1950. A palavra foi criada pelo poeta e político falecido J. G. de Araújo Jorge. O escritor Eno Teodoro Wanke publica em 1978 o livro "O Trovismo", onde conta a história do movimento de 1950 em diante.

Neotrovismo: É a renovação do movimento em torno da Trova no Brasil. Surge em 1980, com a criação por Clério José Borges do Clube dos Trovadores Capixabas. Foram realizados 15 Seminários Nacionais da Trova no Espírito Santo e o Presidente Clério Borges já foi convidado e proferiu palestras no Brasil e no Uruguai. Em 1987 concedeu inclusive entrevista em Rede Nacional, no programa "Sem Censura" da TV Educativa do Rio de Janeiro.

A Trova é uma composição poética, ou seja, uma poesia que deve obedecer as seguintes características:

1- Ser uma quadra. Ter quatro versos. Em poesia cada linha é denominada verso.

2- Cada verso deve ter sete sílabas poéticas. Cada verso deve ser setessilábico. As sílabas são contadas pelo som.

3- Ter sentido completo e independente. O autor da Trova deve colocar nos quatro versos toda a sua idéia. A Trova difere dos versos da Literatura de Cordel, onde em quadra ou sextilhas, o autor conta uma história que no final soma mais de cem versos ou seja, linhas. A Trova possui apenas 4 versos, ou seja, 4 linhas.

4- Ter rima. A rima poderá ser do primeiro verso com o terceiro e o segundo com o quarto, no esquema ABAB, ou ainda, somente do segundo com o quarto, no esquema ABCB. Existem Trovas também nos esquemas de rimas ABBA e AABB.

Segundo o escritor Jorge Amado:

"Não pode haver criação literária mais popular e que mais fale diretamente ao coração do povo do que a Trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e por isto mesmo a Trova e o Trovador são imortais"

Todo Trovador é poeta mas nem todo poeta é trovador. Nem todos poetas sabem metrificar, fazer o verso medido.

Poeta para ser Poeta precisa saber metrificação, saber contar o verso. Se não souber o que é escansão , ou seja, medir o verso, não é Poeta.

Eis alguns exemplos de Trovas:

Nesta casa tão singela

Onde mora um Trovador

É a mulher que manda nela

Porém nos dois manda o amor.

Clério José Borges

Ficou pronta a criação

Sem um defeito sequer,

E atingiu a perfeição

Quando Deus fez a mulher.

Eva Reis


Bibliografia:

1. BORGES, Clério José - O Trovismo Capixaba - Editora Codpoe - Rio de Janeiro, 1990. 80 páginas. Ilustrado.

2. Literatura Brasileira - Willian Roberto Cereja e Thereza Analia Cochar Magalhães - Editora Atual. São Paulo - 1995.

3. Gramática Contemporânea da Língua Portuguesa - José de Nicola e Ulisses Infante - Editora Scipione. São Paulo - 1995.

4. Textos e matéria dada em sala de aula para 1° e 2° ano do 2° grau nos anos de 1996 e 1997 pelo professor Ádino, no Colégio WR.

5. Coleção Objetivo - Literatura I e II (Livros 26 e 27) - Prof. Fernando Teixeira de Andrade - Editora Cered. São Paulo.

6. Ana Cristina Silva Gonçalves – Texto na Internet.

7. A TROVA – Eno Theodoro Wanke – Editora Pongetti, 1973 – Rio de Janeiro – 247 páginas.

8. TUFANO, Douglas - Estudos de Língua e Literatura - Editora Moderna - Volume 1 - 4a. Edição Reformulada - 1992.


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