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Eis o tempo da espera, das vozes que ecoam; eis
o tempo que perpetua.
Os olhares se cruzam, os lábios ousam dizer algo. Às vezes tudo se concretiza ou então é postergado para a eternidade vindoura. Eis um tempo forte, tão forte quanto o
som do trovão, o Rei da Tempestade. Ele chega para ser notado, não
quer apenas passar a troco de nada. E o nada é tão repulsivo
quanto o veneno mortal da Naja, a Cobra do Deserto.
É sabido que os sábios esperam até o que não está para acontecer. Se eles soubessem o que pode acontecer, as conseqüências poderiam ser como o veneno ou o próprio antídoto. Brilha a luz, que pode ser notada e usufruída, ou pode nem ao menos ser confundida por um pingo de luminosidade pelos cegos do castelo. Batem fortes os corações, despojados ou não do sentir. Chega a águia, com o seu vôo repousante,
trazendo a corrente e o cadeado. Talvez ela não consiga fechá-lo,
mas se for ajudada, o tempo não será mais de espera.
Dezembro 1998 |