REVISTA BATERA

"RENATO PELADO, o baterista do Charlie Brown Jr., revela como era sua vida antes da fama e como lida com a situação atual.

Texto: Mariana Souza - Entrevista: Regis Tadeu

O Charlie Brown Jr. é hoje um das bandas mais requisitadas do cenário do rock brasileiro, se não a mais. Depois de quatro discos gravados, além do mais recente, Bocas Ordinárias, o quarteto consolidou seu nome no mercado. Esse fato também serviu de respaldo para que eles pudessem retomar suas origens, voltando a fazer um som mais pesado e cru. O começo desses garotos de Santos, loucos por surf e skate, não foi marcado por grandes pretensões, mas cheio de sonhos e vontade de vencer. Uma das provas está no batera Pelado, atualmente dono de um das pegadas mais precisas e rápidas do Brasil. Ele começou a tocar em baldes e alguns poucos tambores.
Inicialmente não era baterista, mas ritmista de samba, coisa de molecada, segundo ele. O batera costumava freqüentar os ensaios de samba paulista X-9. "Me interessava por aquela música por causa da bateria, que me chamava a atenção", relembra Pelado, que disse ser um estudante muito aplicado. "Ficava no fundo de casa tocando sozinho Rush, Van Halen, Deep Purple, AC/DC.
"Tirava músicas o dia inteiro. Neil Peart foi meu grande professor", brinca. Para ele, basta ter vontade porque, por menor que seja o recurso, ela traz força para continuar.
"Tem garotos que tiram som de lata. Depende só da pessoa. Tem gente que tem tudo, mas não a total realização. Tocou em festivais de colégio, saía de Santos e vinha a São Paulo só para ver suas bandas de rock preferidas se apresentarem em bares como Madame Satã e Rose Bombom, além dos grupos cover dos quais fez parte. Até que conhecei Chorão, Marcão e Champignom e, com eles, formou a banda que seria a concretização de um sonho."

ENTREVISTA

Você é daqueles bateras palpiteiros?

No Charlie Brown, a gente tem total liberdade. Se estou tocando, fazendo uma base e os caras dão uma sugestão que soa bem , aceito. Todo palpite é válido para melhorar.

Qual a música do Charlie Brown Jr. em que você teve mais participação no resultado final?

Tem uma que fiz sozinho chamada "Furando s Olhos da Verdade". O riff de guitarra de "Quinta-feira" também foi idéia minha. É criação coletiva ou totalmente individual. Algumas vezes, eles aparecem com uma música quase pronta, a gente faz um arranjo e coloca os instrumentos do nosso jeito.

Como você foi parar no Charlie Brown Jr.?

O Charlie Brown já existia e eu e o Marcão tínhamos uma outra banda de hardcore chamada Last Joker. Além dessa, o Marcão fazia parte de um outro grupo. Era a maior salada (risos). O guitarrista e o batera do Charlie Brown saíram, a minha banda acabou e as outras também. Um dia cruzei o Chorão, já o conhecia de balada e shows. Então ele me convidou para tocar e chamamos o Thiago Castanho (ex-guitarrista do Charlie Brown). As músicas que preparávamos eram bem pesadas, algo parecido com o Pantera. Na época, tive de estudar dois bumbos. Se não tivesse preparo físico, não dava nem para tocar. Mas fui vendo que não era isso que queria. Os caras também caíram na real porque nossos lance era trabalhado, com muita nota, músicas de sete minutos, era quase rock progressivo. Com uma canção, dava para fazer cinco diferentes. Chegamos à conclusão de que aquilo não nos satisfazia. Foi uma época horrível porque muitas vezes tivemos de pagar para tocar. Até que nos apresentamos com o Planet Hemp e isso abriu nossa mente. Começamos a pensar em fazer uma coisa mais brasileira, já que antes a gente só cantava em inglês.

Então ter tocado com o Planet Hemp foi um fato divisor de águas?

Com o Chico Science também. Chorão e eu chegamos a contratar o Chico para vir tocar aqui em Santos com a condição de que a gente tinha de abrir o show dos caras. Fizemos uma puta apresentação, mas ainda tomamos prejuízos risos). Antes do Planet Hemp, fazíamos um som super trabalhado. Eles chegaram lá com três notinhas e acabaram com tudo (risos)!"

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