EXCLUSIVO: São Paulo corre o risco de ficar cada vez mais cinza, segundo ambientalistas

Danielle Jordan / AmbienteBrasil 27/10/2005

A construção de um corredor empresarial no município de Embu das Artes, localizada a cerca de 25 quilômetros da cidade de São Paulo, está gerando discussões entre poder público e ambientalistas. Estes alegam: “na calada da noite foi introduzida uma alínea no Plano Diretor decretando a criação de um parque industrial em área de remanescentes de Mata Atlântica em estágio avançado de recuperação, mudando o zoneamento da região”.

Boa parte daquele espaço é legalmente considerado como área de preservação. De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, 60% do município se enquadra neste perfil, o que torna o desenvolvimento um desafio para a administração.

Segundo o presidente da Sociedade Ecológica Amigos de Embu - SEAE -, Leandro Dolenc, a região é muito rica em mananciais, como as nascentes do Invernada, que abastece o sistema Baixo-Cotia, servindo centenas de milhares de habitantes em Carapicuíba, Itapevi e Jandira, entre outras cidades. As obras comprometeriam os ecossistemas e a preservação dos mananciais da região próxima à Reserva Florestal do Morro Grande.

Segundo a entidade, foram identificados na área vários animais ameaçados de extinção. "Entre eles, estão o macaco bugio (Alouatta fusca) (Lista Oficial do IBAMA), o gavião pega-macaco (Spizaetus tyrannus), a araponga (Procnias nudicollis), o pavão-do-mato (Pyroderus scutatus) (Atlas Ambiental do Estado de São Paulo), além de uma grande diversidade de árvores e animais como esquilos, lagartos, tatus, tucanos, periquitos, etc", diz Leandro.
O secretário de Meio Ambiente de Embu das Artes, José Ramos, defende-se dizendo que a Prefeitura sempre atuou em conformidade com a lei. Ele concorda que a região em debate possui uma área de maciços florestais, mas alega que os impactos apontados pela Sociedade Ecológica não correspondem à realidade. O secretário desabafa afirmando que a entidade participou das reuniões abertas para a discussão do Plano Diretor, quando da sua elaboração, e na terceira reunião, quando a questão foi levantada, fez a recomendação ao prefeito para suspender qualquer obra no corredor. O que não seria viável, segundo ele, uma vez que a área em debate foi sugerida com base em estudos.

Este ano foi aberta uma Câmara Técnica no Conselho Municipal do Meio Ambiente - COMAM -, para rever a questão levantada em 2000 e 2001, quando da elaboração do Plano Diretor, que teria sido alterado em 2003 sem consulta à sociedade civil de acordo com o presidente da SEAE.

A Câmara é composta de arquitetos, urbanistas, ecólogos, técnicos e advogados. Apresentou como principais conclusões, segundo Dolenc:

“- Os advogados concluíram que a lei foi “alterada na calada da noite” pelo Executivo antes de sua aprovação na Câmara Municipal, pois havia muitas contradições na lei. Ora a região é referenciada como zona turística, ora como região industrial, denotando inserções indevidas na redação final da lei.

- Os urbanistas concluíram o mesmo que o Instituto Polis: a região tinha vocação para o turismo.

- Os biólogos e ambientalistas identificaram várias espécies da fauna ameaçadas de extinção.


Ramos afirma que a proposta é a criação de um “corredor empresarial", com possibilidade de abertura para indústrias de baixo impacto, desde que devidamente licenciadas e submetidas à análise indicando a possibilidade ou não de sua instalação. Ele ainda faz a proporção dizendo que o município possui 71 km2, o bairro de Itatuba abrange 5 km2 dessa área. O corredor estaria restrito a 1 km, aproximadamente. “Mesmo se ocorrese algum impacto, e não vai ocorrer, seria pequeno".  Ele também coloca que o local em questão não faz parte dos mananciais, o que permitiria de 70% a 80% de desmatamento.

O secretário também alega que, diferentemente do divulgado pela SEAE, não existe vegetação em estágio avançado de recuperação. “Locais há muitos anos sem interferência dos homens. Seriam praticamente matas virgens, explica, classificando a vegetação existente na região como em estágio secundário, inicial e médio de regeneração.

Segundo Ramos, a área destinada ao corredor, localizada na Rua Maria José Ferraz do Prado, no bairro de Itatuba, já sofreu grandes impactos sim, mas na ocasião da sua construção há 30 anos e lamenta por, na época, os ambientalistas não terem agido com tanto rigor como agora.

Ramos e Dolenc atuam na Câmara Técnica no Conselho Municipal do Meio Ambiente. O primeiro a preside, o outro é seu vice. Ramos afirma : “Sou um ambientalista também”. E lamenta o afastamento que se verificou em relação aos outros integrantes da Câmara: “eram meus amigos e, depois do episódio na reunião com o prefeito, não me procuraram mais. Eles é que estão agindo na calada da noite.

 

 

 

COMENTÁRIO:

A CDPEMA- Comissão de Defesa e Preservação da Espécie e do Meio Ambiente, uma ONG ambiental, com sede na cidade de Guarulhos e escritórios regionais em diversas cidades do Estado e colaboradores em outros Estados, não pode deixar passar em branco MAS ESSE ABSURDO de nossos políticos, que como sempre, não acatam as opiniões da população e de suas entidades representativas, como as ONGs e outras.

A cidade do Embu, conhecida nacionalmente como Embu das Artes, ainda tem outro nome como é conhecida, como A CAPITAL DA ECOLOGIA, em virtude de suas grandes áreas verdes e cobertura vegetal, remanescente  da Mata Atlântica  e ainda como parte regenerativa da mesma mata, o que em muito contribui para a limpeza do ar da grande São Paulo. Somente os políticos locais não vê isso.

A importância da mata atlântica existente na cidade de Embu, é de suma importância para esse equilíbrio, não apenas de ser um pequeno pulmão e filtro da grande São Paulo, mas também de suma importância para a cidade e região, por possuir UMA QUANTIDADE muito grande de NASCENTES e que vem a formar uma região rica em mananciais de água, que vão em seu percurso compor os leitos dos rios que abastecem diversas cidades da região e a própria capital.

E não precisa dizer da importância da água para nossas cidades, pois o que parece, é que enquanto o mundo corre para PROTEGER seus mananciais de água, AS AUTORIDADES LOCAIS, querem fazer o contrário.

Alegar que tal corredor industrial, é para o desenvolvimento da cidade, a principio, ninguém é contra o desenvolvimento, desde que ele não venha trazer mais prejuízos ainda, mas que seja feito em consonância com o meio ambiente, sem agredir a natureza. Essa é a política mundial atual, adotada por todos os paises desenvolvidos e que procuram se desenvolver.  Por que a cidade de Embu, quer ir na contra mão. Não tem sentido.

Insistir nisso, é ir contra a própria razão, é ir contra a própria vida, pois na região e na cidade de São Paulo, de conformidade com noticiário dos últimos meses e anos, a água tem sido um tema constante.  E é exatamente o que será esgotado, se os mananciais de água por onde se quer construir esse corredor industrial. Há ainda outros aspectos negativos, que esse corredor poderá trazer para a cidade, como a provável poluição atmosférica, sonora, das águas, e visual com a destruição das áreas verdes naturais, conforme o próprio secretario do meio ambiente da cidade, afirma.

É isso, que não pode ser aceitável, que um Secretario de Meio Ambiente, que teria por principio, lutar por defesa ambiental, ainda mais se dizendo ser um ambientalista, age de forma contrária, opinando favorável pelo corredor industrial. Querer desenvolvimento é uma coisa, agora saber que esse desenvolvimento vai trazer muitos prejuízos para a cidade e para todos em geral, é nada menos do que uma atitude insensata, impensada, para não dizer de uma atitude BURRA, na atualidade, em que todos buscam conciliar desenvolvimento  com preservação e não com destruição.

A cidade de Embu, possui outras áreas em que a implantação de corredores industriais podem ser instalados e ainda ampliados os que já existem, e ai vem a pergunta: PORQUE DESTRUIR o que está vivo, para instalar industrias destruidoras de vidas, que são as industrias poluidoras.

Desenvolvimento é bom, desde que não agride a natureza, o meio ambiente e os direitos das pessoas a um ambiente equilibrado e sadio. Isso é constitucional, e ainda está na legislação estadual e na própria carta magna da cidade de Embu.

O que ocorre, é que nossos políticos, sempre encontram uma forma de burlar a lei, ou de alterar a lei, para atender assim, interesses outros, que nem sempre vão de encontro com o anseio de todos, mas apenas de alguns. E é isso que não se pode aceitar mais em nosso pais,, pois esses políticos, e ainda mais esses secretários, ministros e assessores diversos, pensam que somente por terem sido nomeados, quando não vem eles das câmaras municipais ou da assembléia, as quais foram eleitos,  que podem de tudo e nem sequer consideram os interesse da comunidade em geral e acima de tudo, não se trata mais unicamente de interesse da comunidade, mas de direitos de atual gera;cão e das futuras.

Nossas áreas verdes em todas as cidades brasileiras, já são escassas, e as que tem áreas verdes, dentro de sua área urbana, como a exemplo da cidade de Maringá / PR, Londrina, Bauru, entre outras pelo Brasil afora, como exemplo o cinturão verde da grande São Paulo, e os parques verdes da cidade de São Paulo, como o Horto Florestal, Parque do Ibirapuera, Parque Morumbi, Parque do Carmo, entre outros, todas elas TEM ORGULHO DISSO e só ganham com isso, pois se tornam cidades mais amenas, mas saudáveis e as mais preferíveis de se morar, entre as que não possuem tais áreas verdes.

Embu, quer ir na contra mão, quer devastar até 80% das matas por onde o tal corredor está traçado. Isso é que é um abuso de poder e absurdo que não se pode se calar, pois quem manda na cidade, não são os políticos, mas as pessoas que nelas residem. E é isso que nossos políticos devem entender de uma vez por todas, pois nem sempre, ou quase nunca eles discutem com a população esses interesses e esses planos com a comunidade local e quando o fazem, o fazem de forma indireta ou que acabam não atingindo a todos os segmentos da comunidade.

Alegar que o desenvolvimento não pode esperar, não é por ai, pois pela história que se tem da cidade de Embu, que é uma cidade turística, já teve a fama nacional de ter sido conhecida como a cidade da PASSARINHADA, se lembram, quando o prefeito na época, fez um churrasco a amigos restritos, oferecendo os indefesos e minúsculos BEIJA-FLORES. Pena que na época ainda não tínhamos a lei dos crimes ambientais, pois se aplicada o lugar dele teria sido a cadeia., quer dizer, talvez ?.

E novamente vem a cidade fazer parte da mídia outra vez, com mais essa de querer destruir em até 80% de suas matas,. INACESITÁVEL. Não devemos permitir isso. Que todos nós nos mobilizemos contrario a tal aberração de nossos políticos local, que mas uma vez, escolhem entre tantas áreas viáveis na cidade, do outro lado da rodovia Regis Bittencourt, e não á área de chácaras, de cinturão verde, de mata natural e ainda por cima numa área preservada, defendida e que faz parte da mata que poderia ser considerada a mata de reserva permanente da cidade.

Portanto, nossa entidade, que tem atuação local, regional e nacional, DISCORDA e REWPUDIA tal intenção dos políticos local da cidade de Embu, principalmente do Sr. Prefeito, que com certeza, tem grande parcela de culpa, por ter pedido após Srs vereadores, para que fizessem na calada da noite, alteração do texto do plano diretor da cidade e ainda por cima, aprovar tais alterações sem a devida discussão de tais alterações com a comunidade. É isso que não se deve permitir, que se faça, alterações da lei, para defender interesses obscuros que vão na contra mão do interesse geral.

Ser administrador  público, não é agir assim, é agir com consciência, moralidade e com planos que atendam a todos ou pelo menos a maioria.

 

Carlos Alberto Arraes

Coordenador da CDPEMA – Comissão de Defesa e Preservação da Espécie e do Meio Ambiente

[email protected]

Hosted by www.Geocities.ws

1