ADEUS, CAXEMIRA


Por Abid Ullah Jan
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At� agora, a ins�lita guerra contra o terrorismo nos pa�ses mu�ulmanos, al�m do Afeganist�o, parecia ser uma guerra diferente, com uma �nfase maior nos aspectos positivos do que nos ataques militares. Ap�s receber algumas vantagens, o general Musharraf prontamente declarou que sua posi��o - em outras palavras, seus princ�pios de a�ougueiro - foi justificada. Argumentamos, � muito cedo para declarar a vit�ria uma vez que temos ainda de ser vencidos pelo que est� oculto. Esquecemos de que na natureza nada � dado, tudo tem um pre�o. Alguns sinais verdes de Washington para Nova Deli, no entanto, deram a pista para se provar isto. A �ndia est� em nossa garganta e o Tio Sam est� gostando do show, nos dizendo em palavras impublic�veis: "voc�s n�o se renderam completamente, comecemos com o que na verdade os for�ou a se juntar � minha coaliz�o."

Dissemos que, se estiv�ssemos ao lado dos americanos, a �ndia pensaria duas vezes antes de qualquer avan�o aventureiro contra o Paquist�o. Achamos que as palavras e a��es no Afeganist�o estavam restritas ao Afeganist�o apenas. N�o percebemos que os vagos princ�pios - que sequer foram endossados pela extens�o do Departamento de Estado americano, a ONU - que aprovamos hoje nos levar� para o t�mulo amanh�. N�s entendemos errado a guerra contra o terrorismo, uma guerra contra Osama e, ent�o, aceitamos, at� se transformar  numa guerra contra o Taleb�. At� hoje, muitos de n�s ainda acreditamos que a guerra dos Estados Unidos e de seus aliados limita-se ao terrorismo - sem saber que al�m das muitas obriga��es como mu�ulmanos, teremos que dizer adeus � Caxemira tamb�m.

Acreditamos que, da mesma forma que nossas abordagens m�opes, os Estados Unidos tamb�m estariam tomando as quest�es  isoladamente umas das outras. Para n�s, os princ�pios que sacrificamos no caso da guerra imperial americana contra o Afeganist�o n�o tinham liga��es com a Caxemira ou a Palestina. Mas, os Estados Unidos planejaram muito bem sua presen�a assim como seus futuros avan�os. Sab�amos que os indianos usariam os mesmos princ�pios para atacar o Paquist�o e que Israel tamb�m os usaria para intensificar sua guerra contra a popula��o escravizada dos territ�rios ocupados. Enquanto nossos generais estavam ocupados preparando listas de procurados para enviar a Washington com o objetivo de receber suas recompensas pela coopera��o, a �ndia mandava uma carta muito inteligente e racional para Bush questionando seu caso com o Paquist�o.

Se estupidamente questionarmos as resolu��es pendentes da ONU sobre a quest�o da Caxemira; por que existem mais resolu��es da ONU sobre a quest�o palestina e nem uma �nica resolu��o sequer para aprovar o que os Estados Unidos fizeram e est�o fazendo no Afeganist�o? A ONU � absolutamente irrelevante. O que interessa s�o s� os Estados Unidos, que podem utilizar-se dela de forma seletiva, algumas vezes para seus vetos em defesa do terrorismo israelense e principalmente para justificar seu pr�prio terrorismo no Iraque e em outros lugares.

Nosso destino est� em nossas m�os. Colhemos o que plantamos. Se o jihad for t�o sem import�ncia para n�s, ent�o que retiremos o jihad citados nos vers�culos alcor�nicos do curr�culo escolar. Por que torn�-lo obrigat�rio na realidade da Caxemira? Se os afeg�os podem viver em paz sob um regime t�o claramente instalado pela CIA, chefiado pelo t�tere da CIA, por que a Caxemira n�o pode viver em paz sob um regime instalado pela RAW ou os palestinos sob o governo de algu�m indicado pelo Mossad? Se a prosperidade econ�mica � o �nico objetivo de nossas vidas, por que n�o pode ser assim para a Caxemira e a Palestina, a quem seus respectivos governantes s� abririam as portas de suas respectivas gaiolas se eles se submetessem como nos o fizemos? Se a religi�o n�o for importante no Paquist�o, � para nossa exist�ncia como estado e nossa exig�ncia por uma terra separada para a Caxemira ou Palestina ou Chech�nia.

Fizemos uma besteira quando nos juntamos ao coro ocidental do secularismo; iniciamos campanhas contra os partidos religiosos, as institui��es religiosas, os curr�culos religiosos e os governos que se intitulam estados isl�micos. A mesma besteira vir� nos assombrar onde queremos usar a identidade religiosa para a causa correta ou para nossos interesses velados. Temos que entender e admitir que a Am�rica entrou nesta  guerra contra o Islam de forma sofisticada e refinada. Agora, percebemos nossas besteiras, os espectadores olham para nossos olhos congelados, quer�amos ter dado uma parada estrat�gica quando o primeiro de n�s foi atacado e n�s pensamos que este seria o �nico irm�o que ter�amos que vender para agradar nossos senhores.

A �ndia aumenta as tens�es com o apoio suficiente dos Estados Unidos, que j� declarou que a luta da Caxemira pela autodetermina��o � terrorismo. Os Estados Unidos sabiam quais eram seus alvos no xadrez internacional. Quando mudou a  garantia paquistanesa para tirar o governo do Taleb�, os Estados Unidos sabiam exatamente onde e como o Paquist�o ficaria vulner�vel diante das tens�es internas e dos ataques externos. Os Estados Unidos sabiam que n�o podiam atacar diretamente o �nico estado nuclear mu�ulmano; primeiro, por causa da implementa��o dos interesses americanos no Afeganist�o e, segundo, devido � aus�ncia de um artif�cio perfeito para ir � guerra. Os Estados Unidos n�o tinha condi��es de iniciar uma guerra contra o Paquist�o numa situa��o que exigia muito mais do que atacar o j� espremido bode, o Iraque. A �ndia � a melhor op��o para subjugar o Paquist�o e neutralizar sua capacidade nuclear.

Os Estados Unidos est�o mantendo todas os caminhos abertos. Como  medida preventiva, removeu do governo os dois poderosos generais linha-dura que se opunham � coopera��o com os americanos, consolidando a posi��o do general Musharraf. Agora, o general pode abertamente declarar que permanecer�, independente de qualquer processo democr�tico. Para neutralizar os sentimentos isl�micos - um sentimento que pede por justi�a nas rela��es internacionais e resiste � domina��o estrangeira - o general esmagou a religi�o e as institui��es religiosas e inteiramente apoiado pelas ag�ncias americanas. Para evitar a eventualidade  de que nossas armas nucleares caiam nas m�os de "fundamentalistas isl�micos", o drama da guerra com a �ndia acabar� com nossa capacidade nuclear, juntamente com um milh�o ou mais de vidas civis paquistanesas e indianas. E os Estados Unidos viver�o felizes em seguida, com os pa�ses mu�ulmanos inteiramente neutralizados.

Vamos perder a Caxemira. A Caxemira escapou de nossas m�os no dia em que nos juntamos � coaliz�o, sem levar em conta os princ�pios que, sabendo ou n�o, est�vamos violando. � s� uma quest�o de tempo, quando aceitaremos que a realidade da Caxemira nunca ser� uma parte do Paquist�o ou, qualquer outra forma de nossa vontade. Quando abdicamos do direito de defender um irm�o mu�ulmano, automaticamente perdemos a raz�o para a defesa do outro. Quando permitimos que um emirado isl�mico se transforme num estado sat�lite americano, n�o se pode pedir que um peda�o de terra, que nunca foi um pa�s, seja independente ou parte do Paquist�o. Cortamos nossas m�os e nossa l�ngua. Se elas n�o est�o cortadas ou amarradas ent�o est�o na garganta de outros irm�os mu�ulmanos.

Acredite se quiser, mas a guerra contra o Islam se aprofundou. No que se refere ao Paquist�o, aos olhos dos Estados Unidos, o paradigma poss�vel para um Paquist�o est�vel �: "o modelo turco de governo onde os atos militares s�o um garantidor fundamental do sistema pol�tico, e os pol�ticos civis t�m o controle do cotidiano do pa�s". Isto foi dito por Anatol Lieven, em 25/10/01. A n�vel internacional, Thomas Friedman declarou na coluna do New York Times de 12/12: "n�o queremos uma guerra contra o Islam, e sim uma guerra dentro do Islam." Esta guerra est� bem em movimento. Mu�ulmanos do norte e do leste est�o na garganta dos mu�ulmanos do sul do Afeganist�o; o ex�rcito e a mil�cia mu�ulmanos contra os mu�ulmanos �rabes do Paquist�o; os l�deres mu�ulmanos est�o encurralando as massas e as institui��es religiosas mu�ulmanas em quase todo pa�s mu�ulmano; e mu�ulmanos desencantados e desesperados contra os governantes (a morte do ministro do Interior, o irm�o do Paquist�o, Moin ud Din Haider).

As for�as armadas americanas est�o no Afeganist�o n�o s� pelo pa�s mas, tamb�m, pelo Paquist�o. O editorial do Boston Globe de 5/12/01, dizia que a guerra que "levou as for�as armadas americanas ao Afeganist�o teve sua origem no caos gerado por um estado fracassado. Em 20 de dezembro, o New York Times repreendeu o general Musharraf nos seguintes termos: "O general Musharraf deve acabar com os grupos terroristas que operam em seu pa�s." Quem quer que fale ou aja contra os des�gnios imperiais � definitivamente um terrorista e deve ser tratado com tal.

Devemos dar todo o cr�dito aos analistas americanos que t�o sabiamente ajudam a moldar a pol�tica externa americana. Por que Thomas Friedman acha que "a verdadeira guerra" contra o Islam tem que come�ar nas escolas, mesquitas, igrejas e sinagogas ... com a ajuda de imames, rabinos e padres"  dos pa�ses mu�ulmanos (New York Times, 17/11/01)? Simplesmente porque o sr. Friedman sabe que os mu�ulmanos est�o prontos a se comprometer com sua f�; soberania, autodetermina��o, independ�ncia, Caxemira, etc., ent�o se tornam quest�es triviais diante dos faiscantes d�lares que s� serve, para o bem-estar material. Muitos analistas consideram que o general Musharraf est� andando sobre uma corda  esticada. De fato, ele de h� muito se deixou pender para o lado cintilante da divis�o juntamente com o destino da Caxemira, e o Paquist�o como pilar ou basti�o do Islam.
23/12/2001

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