A OCUPAÇÃO DA CAXEMIRA PELA ÍNDIA É ILEGAL
Por Abdullah Vawda
O rápido surgimento da Caxemira deslocou os habitantes, perturbou a população e as
sociedades e levou o mundo a falar sobre a questão da Caxemira com mais seriedade e
preocupação.
Pessoas de fora sempre viram a história da Caxemira como uma disputa territorial entre dois estados vizinhos. Ninguém se lembra do fato de que a luta da Caxemira é sobre o direito de seu povo à autodeterminação.
Desde 1989, a controvérsia sobre a questão assumiu um aspecto violento no vale, a população pegando em armas contra a ocupação indiana. A Índia já empregou mais de 700.000 soldados no vale para acabar com o Movimento Liberdade.
Aqueles que estão tentando
interpretar a presente luta como sendo religiosa pretendem deliberadamente confundir a
questão. O objetivo é muito claro - eles não querem que a pendência seja resolvida.
Está claro que ao interpretar a luta como religiosa (que é conhecida como "luta
islâmica fundamentalista") querem retirar o apoio interno e externo necessário.
No atual clima político, o terrorismo é o bicho-papão e qualquer país pode angariar
simpatias e até conquistar legitimidade para violar as fronteiras internacionais e normas
humanas simplesmente rotulando de terrorismo uma luta que é legítima. Ao expandir o seu
terrorismo contra os palestinos, o general Sharon comparou o presidente Iasser Arafat a
Osama bin Laden; agora, a Índia está chamando o povo da Caxemira de
"terroristas".
O único resultado possível desta abordagem é que a questão jamais será resolvida e a
violência, o banho de sangue, a morte de inocentes, estupros e prisões continuarão.
Isto, é claro, interessa a algumas pessoas, mas por certo não interessa à população
da Caxemira.
O ataque proposital do Paquistão pela Índia está fundamentado na alegação de que os militantes islâmicos atacaram o parlamento indiano. O comportamento político da Índia se aproxima bastante do exemplo estabelecido pelos Estados Unidos, quando atacaram o Afeganistão com base em suspeitas e afirmações.
As forças de segurança indianas têm aterrorizado o povo amante da liberdade, tornando-o refém em sua própria casa. Cabe às pessoas no mundo, amantes da liberdade, mais uma vez defender a dignidade e o valor da vida humana. Os Estados Unidos, como no passado, devem usar de sua influência para forçar a Índia a cumprir a vontade da população, parar com o abuso dos direitos humanos e honrar a garantia dada a ela em relação ao ao seu direito à autodeterminação.
O atual relato das tensões entre Índia e Paquistão, especificamente em relação à Caxemira, é quase que inteiramente destituído de qualquer menção à história do conflito, principalmente o papel dos Estados Unidos e da ONU. Não se menciona que somente a Índia, que continua sua ocupação em flagrante violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, reconhece a ocupação da Caxemira como legítima.
A Caxemira é a zona mais militarizada do mundo, com a Índia empregando um soldado para cada 10 habitantes da Caxemira. As forças de segurança indianas mataram 80.000 pessoas nos últimos dez anos. A luta pela liberdade não pode ser interpretada como terrorista, com o rótulo de terrorismo. O conflito Paquistão/Índia é discutido sem que se fale nos abusos dos direitos humanos cometidos pelos 700.000 soldados das Forças de Ocupação - fato documentado, entre outros, pela Anistia Internacional. Além do mais, a mídia raramente se refere às resoluções da ONU que reiteram o direito da Caxemira à autodeterminação.
O relaxamento das tensões e a melhoria das relações entre Índia e Paquistão não só servem aos interesses dos dois países como também contribuirá para a paz e estabilidade no sul da Ásia.
http://www.mediareviewnet.com/Indias%20occup%20of%20kashmir%20illeg.htm