COMO ACABAR COM O CHUL� NA HORA DE VIAJAR
Por Milton Faro
Existe uma teoria aplicada ao turismo que diz que f�rias vencidas de viajantes solit�rios s�o diretamente proporcionais a quantidade de amigos que n�o poder�o sair no mesmo per�odo.

� uma equa��o muito simples. Fa�a as contas. Entre amigos do col�gio, da faculdade, parentes solteiros ou separados, da rodinha de chope e colegas da academia, chega-se a um n�mero aproximado de 32 pessoas.

Destas 32 pessoas, 22 s�o do mesmo sexo, 7 s�o do sexo oposto e 3 s�o completamente opostas aquilo que voc� pensa sobre sexo. Aplica-se a prova dos noves. Ou seja 32, noves fora de emprego e sem renda m�nima para viajar, sobram 23.

Outros noves fora de casa porque se divorciaram e brigam judicialmente pelas posses do casal, sobram 14, dos quais alguns n�o gostam de viajar, outros acabaram de voltar de f�rias, e o restante vendeu f�rias para pagar despesas do advogado do processo letigioso de separa��o.

Ou seja, de sua lista inicial de 32 pessoas qualificadas, a quem voc� atribuiria pontua��o de 10 a 5, sendo 10 para os prov�veis excelentes companheiros de viagem at� 5 para aqueles de conviv�ncia amig�vel, desde que numa excurs�o que limite certos programas e hor�rios e n�o d� abertura para propostas diferenciadas de passeio, sobrou o Chul�.

Voc� conhece o Chul�? Todo mundo conhece o Chul�, ou pelo menos, um Chul�. Pode ser por outro apelido, mas todo mundo tem um amigo (ser� que a gente pode chamar de amigo sem que Deus castigue e fa�a dele sua �nica op��o de companhia para uma viagem) que � �que nem� o Chul�.
Ele n�o � ruim (inclusive ele pode ser ela). Mas tamb�m n�o � bom, � bonzinho, coitado, o que � pior que ruim. J�, na rodinha de chope, ele � fundamental. Se o Chul� n�o existisse, o papo s� ia engatar depois da quinta rodada e todo mundo ia ter que ficar inventando assunto at� o �lcool fazer efeito e a variedade do tema ser uma preocupa��o menor. Mas o Chul� � assunto. �Sabe que agora ele t� a fim da Magali?�  �O Chul� pensa que � o Tom Cruise�. �Ele � o Tom Cruz... Credo�. E assim vai, at� esgotar o tema ou o Chul� aparecer. Mas o assunto n�o termina por respeito a ele, longe disso, � at� o momento �pice do encontro, quando todo mundo cutuca para saber o que anda acontecendo e ele conta. O coitado conta tanto que foi ele mesmo que falou da origem do apelido. Era uma hist�ria de que tinha ido para o motel com a Margarida, a Marg�, e que, quando ela foi ao banheiro, ele tirou o t�nis e se deitou na cama. Quando ela saiu, fez cara feia e disse �vamembora que em motel cheirando a bueiro, eu n�o fico�. Essa foi a vers�o dele. A dela foi de que quando saiu do quarto, ele j� estava sem roupa e, como n�o era dos mais bem dotados, ela quis ir embora. Verdade ou n�o, melhor Chul� do que Periquitinho, apelido que circulou por dois ou tr�s dias, mas n�o pegou porque a Marg� tamb�m � meio Chul� e ningu�m botou f�  no que ela disse.

Pois na hora de encontrar um companheiro de viagem, fui acabar com quem? O Chul�. Sinto at� culpa por falar assim do pobre coitado, mas pobre ia ficar eu se pagasse o valor de �single� e n�o de �double�: uma diferen�a de mil e tanto d�lares a mais. Por essas e outras, melhor o Chul�, que descolou f�rias, conseguiu dinheiro, aprovou o destino e concordou com a programa��o. Como eu tamb�m n�o sou de muita frescura, estava bom assim. Pelo sim, pelo n�o, s� fiz uma exig�ncia: �de t�nis, voc� n�o viaja�.
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