Minha vida era um palco iluminado, Eu vivia vestido de doirado, Palhaço das perdidas ilusões . . . Cheio dos guizos falsos da alegria, Andei cantando a minha fantasia Entre as palmas febris dos corações. Meu barracão, no morro do Salgueiro, Tinha o cantar alegre de um viveiro, Foste a sonoridade que acabou . . . E hoje, quando do sol, a claridade Forra o meu barracão, sinto saudade Da mulher pomba-rola que voou . . . . Nossas roupas comuns dependuradas, Na corda qual bandeiras agitadas, Pareciam um estranho festival . . . Festa dos nossos trapos coloridos, A mostrar que nos morros mal vestidos É sempre feriado nacional. A porta do barraco era sem trinco, Mas a lua, furando o nosso zinco, Salpicava de estrelas nosso chão . . . Tu pisavas nos astros distraída, Sem saber que a ventura desta vida É a cabrocha, o luar e o violão . . . |
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