WILSON
NEY
- Heitor,
eu sempre morei na Chácara das Pedras, fui pra
lá quando tinha 7 anos, e lá fiquei até os 25,
era tudo mato, hoje tu passa lá e só tem
casarão, como eu tenho saudade daquela zona.
- Meu
pai era Homero dos Santos, sapateiro, e minha
mão Marina dos Santos (do lar). Eu até cheguei
a fazer uma musica pra ela que foi cantada pelo
Medina. Uma vez fiz musica pra duas, a minha mãe
e a do Medina.
- Éramos
6 irmãos, 4 homens e 2 mulheres, uma faleceu,
dos irmãos eu sou o mais novo, era o Enio, o
Cláudio, o Calotinha, eu a Jussara e a Jacira.
Olha, o Téinha (Enio) passou por Bororós,
Embaixador, Trevo de Ouro e outras
- Esse
meu irmão, o Enio (Teinha pro da família)
tocava Cavaco e Violão, e foi com ele e com meus
irmão que eu entrei no mundo da musica, a gente
tinha uma bandinha, onde aos 13 eu já tocava
violão e aos 15 compus minha primeira musica.
- Eu
sempre fui muito romântico, minha juventude foi
escutando Renato e seus Blue Caps, VIPs, Golden
Boys, Wanderlei, Erasmo, Wilson Simonal e outros,
mas só musica romântica, quando a musica era
rápida ou meia rock não era comigo.
- Eu
cheguei a ganhar um daqueles concursos no
programa do Ivan Castro, o programa dele era no
edifício União, foi uma festa. Me lembro que
até a Elis ia nesse programa.
- Um
grande amigo meu é o Escurinho, esse que era
jogador do Inter, me pagava passagem pra mim ir
pro Rio, mostrar a minha musica. Olha! eu fui 6
vezes ao RJ pra mostrar o meu trabalho e nada, na
7ª falei com o Neguinho, e ele escutou uma
musica minha, deitado no chão, gostou dela, foi
o primeiro cara a gravar uma musica minha.
- Jabá...
pô eu gravei um CD pela PMPA, fiquei muito feliz
em ver o meu trabalho reconhecido, mas tu vê,
uma vez me chamaram numa radio aí que só tocava
musica nossa e ela queria fazer um acordo, ela,
eu e a PMPA. Ve bem! se a Prefeitura já tinha
pago o CD tu acha que eles ainda teriam
obrigação de fazer algo mais, então ou tu tá
nas grande ou fica na dependência das pessoas
ouvirem uma vez tua musica e gostarem dela.
- Comecei
a fazer musica de carnaval pro Floresta Aurora, o
Guaracy me convidou para compor uma musica de
quadra, de exaltação e eu fiz, só que antes de
eu levar ela pro Floresta, eu mostrei lá nos
Acadêmicos e o pessoal disse que aquilo era
muito bom pra ser musica de sociedade, era melhor
ser de uma Escola de Samba, e ela ficou pros
Acadêmicos e eu fiz outra pros Intocáveis
(Bloco da Floresta Aurora)
- Toquei
no Café Som e Leite junto com o Roxo, e depois
se teve um grupo chamado Sambão... nada a ver
com grupo carnavalesco, se teve um Sambão foi
outra coisa!
- A
minha carreira foi seguinte... em 71 e 72 fiz
musica pro Acadêmicos, em 73, 74, 75, 76 e 77
pros Imperadores, em 78 Acadêmicos, 79
Imperadores, em 80 Beija-Flor do Sul, 81
Acadêmicos, 82 e 83 restinga, 84 Imperadores, 85
Acadêmicos, 86 Império da ZN a partir daí fui
largando fora, só fui fazer algo em 90 pra
Copacabana porque era uma homenagem pro Roxo.
- Eu
também concordo contigo! o pessoal hoje quer
compor e muitos não conhecem harmonia, tem gente
que não toca instrumento, não sabe notação
musical essas coisas aí, e assim não dá, é
claro que hoje os tema-enredos são quase um
livro, é impossível coloca-los numa letra de
musica, é muita coisa. A primeira vez que fiz
uma musica tema (até ai eu só tinha feito samba
de exaltação, foi pro Imperadores no Jorge
Amado, e nessa oportunidade tinha o Silvinho lá
que era professor de historia e ele me ajudou
pinçando as partes mais importantes do tema pra
que eu colocasse na musica, senão....
- Tem
uma serie de cara aí que são bons, eu acho
assim... como bons letristas que nosso carnaval
teve: o Bedeu, o Alexandre, o Nilo Feijó, o
Leleco o Izolino...
Tambem já fui
cobrador de onibus, funcionário da C.E.E.E., dos
Correios, e foi comentarista de carnaval da RBS
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