CLAUDIO BARULHO
Falei com Claudio Barulho no
dia 14 de novembro de 2004, por volta das 18:00 horas,
antes de iniciar o espetacuo dos Bambas no Theatro São
Pedro. Essas foram suas palavras...
- Meu nome é
Cláudio Custódio dos Santos, eu nasci em 1944,
sou pelotense. Vim com2 ou 3 anos pra Porto
Alegre.Não! Não, já me perguntaram isso, mas
até onde eu sei meu nome não tem nada a ver com
o Principe Custodio, agora... pode até ser, o
principe chegou lá por Rio Grande, pode ter
feito filho lá.
- Minha mãe era
dona Nair Zozima da Rosa e meu pai era Francisco
Custódio dos Santos, ele era calçadista e saiu
de Pelotas para trabalhar em NH, naquelas
fabricas de calçados, chegou até a jogar no
Adams, Pedro Adams, que depois seria o Novo
Hamburgo. Lá em Pelotas ele foi presidente do
Clube 'Fica Aí', o Fica aí Prá Ir Dizendo, que
era seu nome completo. O Fica Aí era a mesma
Academia de Samba, do pessoal que veio fundar a
Praiana.
- Uma irmã
minha ainda está viva, a Luci, já desfilou nos
Bambas e Imperadores, o meu irmão, que era o do
meio e que já faleceu, o Delamar, foi
porta-bandeira dos Comanches, tribo que eu ajudei
a fundar, eu sou Comanches, Comanches e
Imperador.
- Eu servi ao
Exercito, lá eu comecei a tocar bateria num
conjunto que tinha militar, era o 'Valdemarino e
sua Orquestra'. A partir daí eu fui me tornando
percussionista, e como cantor eu comecei no
programa do Ivan Castro, depois foi no 'Vovô
Guerra' na radio Gaúcha, que tinha um programa
infantil. Hi, toquei e cantei com Lupi, Lourdes
Rodrigues e outros aí.
- Eu sempre fui
da percussão. Tocava surda-mestre nos Comanches,
depois eu fui para os Bororós e Tapuias. Os
fundadores dos Comanches? Ah, foram o Diro, o
Helinho, o Delamar, o Nestor... não me lembro de
todos.
- A primeira
entidade que fui 'puxador' foi a Copacabana,
depois a Beija-Flor do Sul, Imperadores, Bambas -
nesse ano o tema era Festa na Senzala, depois
veio o Império da Zona Norte - para mim ir pra
essa aí (IZN) o Jacão me deu uma grana preta
prá mim ir pra lá, veio uma vez fala comigo,
voltou outro dia, me ofereceu mais, dobrou a
oferta, ó!!, foi uma grana boa, era o ano do
tema do Carlos Nobre... a nega véia quase não
acreditou quando eu disse o valor pra ela.
- "Eu vou
deixar cair, mais uma vez, para mostrar que não
é mole me aturar, os Bambas nasceu, cresceu,
cresceu, e ninguém vai me segurar".... isso
foi quando eu tive no RJ, era uma musica do
Cacique de Ramos, eu trouxe pra cá e troquei o
nome do Cacique para Bambas e foi um sucesso. Foi
mais ou menos por volta de 1973.
- Eu nunca vou
ser jurado, nem adianta me pedir. Se um dia eu
for jurado dou nota 10 pros Comanches e
Imperadores, eu sou Imperador e Comanche. Eu não
sou falso, não faço aí como uns que são
jurados que se dizem imparciais e dão 10 pra sua
escola. Eu digo a verdade, se um dia for jurado
dou 10 pra Imperador e Comanches. Eu tenho sido
jurado é em São Leopoldo, Novo Hamburgo e
outras cidades do interior. Prá mim eles tinham
de trazer jurados de Pelotas, aí do interior,
que aí não vai ter esse problema de jurado
comprometido com escola, dando um monte de 10 pra
todo mundo.
- Fui solista
dos Rouxinóis, lá em Uruguaiana, fui pra lá
para substituir o Cezar Passarinho, que era o
solista lá, nesse ano ganhamos da Cova da Onça,
que era a poderosa deles.
- ...é preciso
mais seriedade e companheirismo dos dirigentes de
nossas entidades, eles tem de pagar o combinado,
tem de ajudar nossa gente, eu mesmo, já entrei
nas pequenas causas contra um monte de entidade
que não me pagou. Não quero nem saber, sei que
fecho as portas com essa atitude, mas não deixo
eles me passarem pra tras.
- As escolas
precisam se unir para exigir mais, aumentarem as
verbas. Se bem que por outro lado dar mais
dinheiro pra elas é só para aumentar o desvio
do dinheiro que aparece pouco na avenida, olha o
que eu já vi aí de presidente que não larga do
cargo só pra por a mão no dinheirinho. Tem uns
presidente aí que só ficam presidente pra por a
mão na grana, e a escola tá sempre desfilando
de bandido, fulano, siclano, beltrano (NA: cita
nomes).. esses aí só querem por a mão na
grana.
- ...é
necessário uma maior transparência nas contas
das escolas, todo ano é a mesma coisa, termina o
carnaval, e os dirigentes dizem que faltou
dinheiro. Não tem fiscalização, eu não
conheço um conselho fiscal que tenha controlado
esse tipo de gasto.
- Teve duas
escolas que me pagaram o combinado numa boa, a
União da Tinga e a Praiana, o resto ou eu entro
nas pequenas causas ou tenho de receber com perna
de anão. Eu não quero nem saber, eu processo
todas elas.
- Tu vai num
ensaio daqui tu tem de ouvir, axé, ofoxé,
etc... na Bahia eles tocam samba gaúcho? não! E
porque nós temos de tocar musica feita lá?. Tu
vai no RJ e nas quadras deles tu só ouve samba
da escola, ou tema-enredo, ou exaltação, tu
pode até ouvir um samba de outra escola, mas
sempre ligado ao carnaval.
- ...não sou
fã do Nery caveira, ele foi um dos que
introduziu breques na bateria, e eu não gosto
disso, samba é pra tocar reto. Esse negocio de
muito breque tira a continuidade, a pulsação do
samba, não gosto disso.
- ...não!, mas
a paradinha de mestre André não perde a
pulsação, essas invenção que eles fazem aí
tu quase se perde. Bons mestres que eu acho são
o Caloca, Papai Irajá, Tarol... Ah! também tem
o Nilton e o Estevão.
- Sou contra o
sopro nas escolas, abafa a voz do solista, sopro
não é do samba... o sopapo sim, só que aqui
tiraram ele, e sabe porque?, porque no RJ não
tem! eles querem é imitar o Rio.
- Uma vez nos
Comanches, a Ivanosca, nossa bailarina, teve um
ataque epiléptico durante a apresentação em
frente ao coreto dos jurados, aí pensamos
rápido, um bolo de guerreiro se abaixou perto
dela como se tivesse fazendo um curandeirismo com
palavras magicas, etc, levantamos ela como se
fosse numa procissão e a tiramos dali, com ela
se tremendo toda do ataque mas parecendo que tava
incorporada... se saímos bem aquele ano.
- Outra vez,
também nos Comanches, tinha o Valtrudes que era
para na apresentação oficial sair de dentro da
alegoria que representava uma oca, e abençoar os
índios, afinal ele faria o papel do jesuíta,
só que dentro da oca tinha uma garrafa 'da boa',
e o Valtrudes se 'engolesmo', e não saiu de
dentro da oca na hora combinada, ficava o pessoal
na avenida dando a dica e nada do homem aparecer,
daí tivemos de improvisar a apresaentação sem
a 'benção' jesuítica. Ao terminar o desfile
não nos esquecemos do pinguço, já depois de
sairmos do coreto oficial, quase em frente ao
Mercado Publico, jogamos a alegoria para o lado
na quina da calçada com o jesuíta dentro, para
ver se curava a bebedeira... nem sei!, acho que
ficou lá.
- O sambinha do
PT agora do 2º turno!?, fui eu e o João 7 Corda
que compussemos ela. Olha!, não sei não se ela
tivesse sido executada em toda a campanha... não
sei não!
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