Surrealismo ou caso de
polícia? O Banco Itaú fechou o ano de 2007 com lucro de 8 bilhões. Perdão, para
ser mais exato: 8 bilhões e 400 milhões de reais. Parece máquina de faturar: o
último trimestre de 2007 registrou lucro de 2 bilhões. Multiplicando por 4,
exatamente 8 bilhões. Fato interessantíssimo: em 2006, o lucro do Itaú foi de
"apenas" 4 bilhões, a metade. Qual foi o "serviço" prestado
pelo banco que dobrou o lucro?
Qual o
"serviço" generoso, desprendido e até carinhoso que o Itaú prestou ao
cidadão-contribuinte-eleitor, que fez seu lucro dobrar em apenas 1 ano (360
dias), e sem trabalhar aos sábados e domingos. É uma crueldade que os bancos
(da mesma forma que os supermercados ou shoppings) não obtenham licença para
"servir" o consumidor nos fins de semana.
Uma parte desse lucro do
Itaú vem do Estado do Rio. Motivo: tudo o que o cidadão tem que pagar, é
obrigado a fazer no Itaú, que "ganhou" o Banerj sem investir um
tostão que fosse, isso há anos.
Registre-se a bem da
verdade: Sérgio Cabral não tem nada a ver com isso. Nem o casal Mateus. O
Banerj, uma potência, foi "doado" antes.
E é preciso registrar que
o Itaú não entrou no negócio (leia-se: negociata) do século que foi a D-O-A-Ç-Ã-O
da Vale. Foram trilhões de lucros patrimoniais,
bilhões já realizados, escriturados, faturados e exaltados. Bem que o Itaú
tentou entrar na privatização.
A diretoria do
Bradesco-Bradespar não consegue explicar como o lucro do grande concorrente
tenha sido maior. O Bradesco-Bradespar faturou em 2007 A-P-E-N-A-S 8
bilhões e 100 milhões, muito menor.
Logo que souberam do
lucro da Itaú, foi convocada reunião da cúpula do Bradesco-Bradespar. O susto
era geral. Os diretores mais antigos dizem, sussurrando: "Nunca vimos `seu' Brandão tão furioso, ele não conseguia se
conter". E acrescentam: "Homem elegante, desceu aos palavrões,
repetidamente".
O ambiente no
Bradesco-Bradespar é o pior possível. Mas no Itaú as coisas não estão como
deveriam estar depois de um lucro fantástico, a palavra exata é essa, como
esse. Em se tratando de dinheiro, eles temem que possa haver uma reação do
cidadão-contribuinte-eleitor, explorado de todas as maneiras.
E neste mesmo momento, os
dois maiores bancos brasileiros (Itaú-Bradesco-Bradespar) e os outros todos
multinacionais anunciam que o cheque especial irá aumentar. E que os juros
sobre juros (que se aprende na escola pública) CHEGOU A MIL POR CENTO.
PS - Para terminar: o Brasil está com
quase 10 milhões de desempregados. Para ser exato, 9
milhões e 600 mil pessoas sem encontrar emprego.
PS 2 - Os bancos são os grandes culpados desse DESEMPREGO. Monopolizando os lucros, impedem a criação de postos de trabalho. Dizem no Bradesco-Bradespar que "cabeças rolarão". Pelo menos isso.
O jornalista Helio Fernandes escreve sobre o desperdício da Vale do Rio Doce
Como a direção da Vale DOADA insiste em dizer que a empresa continua
brasileira e praticamente estatal, vou derrubar essa tese "mestrado"
da farsa. Digam o que disserem, nada se compara, em matéria de escândalos, a
essa DOAÇÃO. (Talvez ou certamente outro igual ou maior é o do abandono
da Amazônia. Aqui o desprezo é total, mas inclui o espanto domínio de minérios,
incluindo a PROVÍNCIA DE CARAJÁS).
Inicialmente, o BB
(Fundo Previ), BNDES e Bandespar foram os personagens principais que
permitiram a aventureiros de todos os tipos HERDAREM o inacreditável
patrimônio da Vale DOADA. Logo, logo a
composição acionária foi desbaratada, entraram o Bradesco-Bradespar, a CSN,
que abriram caminho para os "sócios e amigos" multinacionais.
O BNDES e o
Bandespar (além do Fundo Previ) entraram com a maior parte do dinheiro, e hoje,
na composição acionária, não valem nada. Têm apenas "empréstimos" a
receber.
O Bradesco, para
subscrever a criação da Bradespar e ficar com o controle (por algum tempo),
"tomou emprestado" do BNDES 243 milhões de dólares. Que na
época representavam 859 milhões de reais. Com esse dinheiro, foi criada a poderosa Bradespar-Bradesco, cotada então a míseros
reais, para o grupo poder subscrever. Puxaram para cima, quando os trouxas chegaram, as ações já ESTAVAM LÁ
Por que o BNDES
não subscreveu ele mesmo os 859 milhões? Dizem como
justificativa: "O empréstimo é a mesma coisa, está garantido". Não
está coisa nenhuma, já perderam uma fortuna com a desvalorização do dólar. Se
ganharem, ganham apenas juros, enquanto o Bradespar-Bradesco movimenta somas
e-s-t-a-r-r-e-c-e-d-o-r-a-s. Ninguém ganhou tanto quanto o Bradespar-Bradesco e
a CSN. Fortunas, perdão, fortuníssimas.
Aí, o Bradesco-Bradespar
ainda recebeu mais dinheiro do BB (Previ), e com a maioria garantida para eles
e os "amigos" multinacionais (que vieram sem nada),
"aceitaram" o dinheiro verdadeiro dos subscritores incautos. As
multinacionais, imediatamente, com jogadas comuns no mercado financeiro
internacional, ficaram com 27 por cento e o controle total. SEM DINHEIRO.
O Bradesco (já de fora
vorazmente satisfeito) e o Bradespar (ainda lá dentro, também vorazmente, só
que esperançoso) continuam fábricas imorais de lucros PARTICULARES com
dinheiros ESTATAIS. Alguém pode avaliar quanto valem esses 21% na maior
empresa de minérios do mundo? Que República.
É impossível para o
cidadão-contribuinte-eleitor entender qualquer coisa, são dezenas e dezenas de
firmas, de grupos e de ações que se fundem, se CRUZAM e se DESCRUZAM.
Depois de tudo isso, veio a realização dos lucros do
Bradesco-Bradespar, a concretização da grande jogada do banco e da CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional). Foi o que chamaram na ética, na estética mas
sem estática, de DESCRUZAMENTO. Com GANHOS MIRABOLANTES.
O Bradesco saiu com
lucros INIMAGINÁVEIS, mas a Bradespar ficou I-L-E-G-A-L-M-E-N-T-E.
Tudo mobilizado, manipulado e materializado pelo cérebro financeiro do
"seu" Brandão, que ultrapassa e derrota qualquer computador do Bill
Gates. Ele saiu com montanhas de dinheiro, mas a Bradespar está lá, FABRICANDO
mais dinheiro do que o Tesouro Nacional ou a Casa da Moeda são capazes de
lançar no mercado.
Para permitir essa jogada tipo Las Vegas, precisaram de fundos dos mais
diversos lugares, e grupos "participantes". Citarei alguns. 1 -
Mitsui, americana. 2 - Fundos Litel e Litela, com 60% da Valepar.
(Entenderam?). 3 - Essa mesma Valepar tem 50% das ações com direito a voto da Vale. 4 - Do capital total da Vale,
43% pertencem a estrangeiros, que não investiram nada. 5 - Inacreditável: o BNDES,
que com o BB e a Bandespar tinha 50% de tudo, agora tem 4,2% e se mostra
satisfeitíssimo. 6 - E para isso teve que comprar 8,5% das ações da Valepar,
gastando 1 bilhão e 500 milhões.
PS - Chega por hoje. Acredito que nos
próximos dias jornais e televisões estarão cheios de entrevistas do
"seu" Brandão e do grupo da CSN. Neste caso, vários,
r-i-q-u-í-s-s-i-m-o-s, não tinham dinheiro para o aluguel. De banquinhos ou
tamboretes falidos.
Depois de se desfazer de minerais raríssimos, a Vale desperdiçou
sua própria riqueza, doada a multinacionais
Eliezer Batista, e
família, cumprem o doloroso dever de comunicar ao País que participarão da
exploração de petróleo. Nada mais desastroso do que isso. Eliezer Batista, como
presidente da Vale, "vendeu" a preços
miseráveis todo o manganês do Amapá. Desde 1956 fiz (faço) vigorosa campanha
contra essa perda de uma das maiores riquezas do Brasil.
Por volta de 1960 (fim
do governo Juscelino, eu escrevia diariamente no Diário de Notícias), revelei e
fui sempre aumentando os dados, os números, a denúncia sobre a espantosa
exploração particular de um dos minerais mais raros do mundo, o manganês.
Basta consultar as coleções e verificar o que eu revelava e
ninguém desmentia.
1 - Os três maiores
produtores de manganês, no mundo, eram os EUA, o Brasil e a então União
Soviética.
2 - Os dois maiores
compradores desse manganês, a União Soviética e os EUA.
3 - Produtores, mas
sabendo que o mineral importantíssimo tinha quantidade escassa, eram assíduos
no mercado comprador.
4 - O Brasil,
displicente e desinteressado do seu próprio destino e objetivo de potência
mundial, era o maior VENDEDOR no mundo.
5 - Crime de
lesa-pátria, que quase 30 anos mais tarde FHC consumou, DOANDO a
Vale inteira.
6 - Por que vender
minérios por setor de propriedade da Vale, se podiam ENTREGAR
logo a Vale toda?
Agora o filho mais
esperto, mais ardiloso e mais ambicioso de Eliezer Batista aparece em todos os
grandes negócios sem risco. Petróleo, gás, portos, licitações que deveriam
merecer uma CPI, pois representam os maiores escândalos já realizados no
Brasil. Agora, tudo tem a mão inteira do filho pródigo.
Moço, avassalador,
teria que explicar a essa CPI (que será sempre imaginária) onde foi buscar
tanto dinheiro, pelo menos para fazer esses "investimentos"
colossais. Ele falseia os dados, cita números não verdadeiros, usa de
"menas" verdade. Diz: "Hoje todo mundo no Brasil tem celular
porque a Telebrás foi dividida em blocos". Ha! Ha! Ha!
Farsa, falsidade,
fantasia, apenas para favorecer os exploradores multinacionais aos quais é
ligadíssimo. Por quê? Ganharam F-O-R-T-U-N-A-S com o pai, acreditam que
com o filho será muito melhor. Só que há 8 anos o celular estava surgindo, a
afirmação do filho mais esperto de Eliezer não tem qualquer credibilidade.
As licitações criadas
por FHC com a famigerada lei 4897 (a saída de FHC, que não conseguiu DOAR
a Petrobras, era demais, ficou com medo) empobreceram o Brasil no setor de petróleo,
enriqueceram ainda mais as multinacionais. Agora, o filho mais portentoso de
Eliezer quer entrar nessas licitações. Como 41 delas foram sábia
mas surpreendentemente retiradas do leilão-licitação, dá várias
entrevistas através de órgãos de comunicação apaniguados.
Malandro, não ataca o
governo ou a Petrobras. Diz que eles estão com a razão, mas se esconde de
maneira amável e nada hostil: "Queremos participar com preços que sejam
bons para os dois lados. NINGUÉM QUER MACHUCAR NINGUÉM".
Faz reunião para
"exibir projetos de portos no Norte do Rio" (segundo ele, o primeiro
se chamaria Açu) mas pretende CONSTRUIR muito mais, principalmente uma
fortuna pessoal maior do que tem hoje.
PS - Generoso, diz que vai
investir 700 milhões nesse porto. De onde vem tanto dinheiro?
PS 2 - Ainda mais
generoso, só quer explorar petróleo em águas rasas ou em terras de superfície.
A prospecção em 5 ou 7 mil metros de profundidade deixa para a Petrobras. Não
podemos esquecer tanta generosidade, vem naturalmente do berço.
"Numa noite de
inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique
teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil.
Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares.
Nasce o Cebrap".
Esta história, assim
aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154
do livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", da
jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997,
tradução de Dora Rocha). O "inverno do ano de 1969" era fevereiro de
69.
Há menos de 60 dias, em
13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do
terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos
Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos
estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham
sido presos.
E Fernando Henrique
recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil
dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O
total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo,
sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um
milhão de dólares.
Os americanos não estavam
jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados.
Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno
Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro "Dependência e
desenvolvimento na América Latina", em que os dois defendiam a tese de que
países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os
Estados Unidos.
Montado na cobertura e no
dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma "personalidade
internacional" e passou a dar "aulas" e fazer
"conferências" em universidades norte-americanas e européias.
Era "um homem da
Fundação Ford". E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos
braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.
Acaba de chegar às
livrarias brasileiras um livro interessantíssimo, indispensável, que tira a
máscara da Fundação Ford e, com ela, a de Fernando Henrique e muita gente mais:
"Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura", da
pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editado no Brasil pela Record,
tradução de Vera Ribeiro).
Quem "pagava a
conta" era a CIA, quem pagou os 145 mil dólares (e os outros) entregues
pela Fundação Ford a Fernando Henrique foi a CIA. Não dá para resumir em uma
coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas,
minuciosa e magistralmente escritas:
"Consistente e
fascinante" ("The Washington Post"). "Um livro que é uma
martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da
CIA" ("Spectator"). "Uma história crucial sobre as energias
comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente"
("The Times").
1 - "A Fundação Farfield era uma
fundação da CIA... As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a
Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os
financiamentos... permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente
ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens,
sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições
privadas" (pág. 153).
2 - "O uso de fundações
filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para
projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de
3 - "A liberdade cultural não
foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares... Ela funcionava, na
verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos... com a organização
sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com
a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos" (pág.
147).
4 - "Não conseguíamos gastar
tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como
podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era
impressionante" (pág. 123).
5 - "Surgiu uma profusão de
sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na
Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras
regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano,
no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil"
(pág. 119).
6 - "A ajuda financeira teria de
ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais
ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade
ocidental para a proposta norte-americana" (pág. 45). Fernando Henrique
foi facinho.