Os vergonhosos lucros dos bancos

E O ITAÚ, AO CONTRÁRIO DO BRADESCO, NEM PARTICIPOU DA DOAÇÃO DA VALE
Artigo do jornalista Hélio Fernandes, jornal Tribuna da Imprensa,  Rio, 14/02/2008

Surrealismo ou caso de polícia? O Banco Itaú fechou o ano de 2007 com lucro de 8 bilhões. Perdão, para ser mais exato: 8 bilhões e 400 milhões de reais. Parece máquina de faturar: o último trimestre de 2007 registrou lucro de 2 bilhões. Multiplicando por 4, exatamente 8 bilhões. Fato interessantíssimo: em 2006, o lucro do Itaú foi de "apenas" 4 bilhões, a metade. Qual foi o "serviço" prestado pelo banco que dobrou o lucro?

Qual o "serviço" generoso, desprendido e até carinhoso que o Itaú prestou ao cidadão-contribuinte-eleitor, que fez seu lucro dobrar em apenas 1 ano (360 dias), e sem trabalhar aos sábados e domingos. É uma crueldade que os bancos (da mesma forma que os supermercados ou shoppings) não obtenham licença para "servir" o consumidor nos fins de semana.

Uma parte desse lucro do Itaú vem do Estado do Rio. Motivo: tudo o que o cidadão tem que pagar, é obrigado a fazer no Itaú, que "ganhou" o Banerj sem investir um tostão que fosse, isso há anos.

Registre-se a bem da verdade: Sérgio Cabral não tem nada a ver com isso. Nem o casal Mateus. O Banerj, uma potência, foi "doado" antes.

E é preciso registrar que o Itaú não entrou no negócio (leia-se: negociata) do século que foi a D-O-A-Ç-Ã-O da Vale. Foram trilhões de lucros patrimoniais, bilhões já realizados, escriturados, faturados e exaltados. Bem que o Itaú tentou entrar na privatização.

A diretoria do Bradesco-Bradespar não consegue explicar como o lucro do grande concorrente tenha sido maior. O Bradesco-Bradespar faturou em 2007 A-P-E-N-A-S 8 bilhões e 100 milhões, muito menor.

Logo que souberam do lucro da Itaú, foi convocada reunião da cúpula do Bradesco-Bradespar. O susto era geral. Os diretores mais antigos dizem, sussurrando: "Nunca vimos `seu' Brandão tão furioso, ele não conseguia se conter". E acrescentam: "Homem elegante, desceu aos palavrões, repetidamente".

O ambiente no Bradesco-Bradespar é o pior possível. Mas no Itaú as coisas não estão como deveriam estar depois de um lucro fantástico, a palavra exata é essa, como esse. Em se tratando de dinheiro, eles temem que possa haver uma reação do cidadão-contribuinte-eleitor, explorado de todas as maneiras.

E neste mesmo momento, os dois maiores bancos brasileiros (Itaú-Bradesco-Bradespar) e os outros todos multinacionais anunciam que o cheque especial irá aumentar. E que os juros sobre juros (que se aprende na escola pública) CHEGOU A MIL POR CENTO.

PS - Para terminar: o Brasil está com quase 10 milhões de desempregados. Para ser exato, 9 milhões e 600 mil pessoas sem encontrar emprego.

PS 2 - Os bancos são os grandes culpados desse DESEMPREGO. Monopolizando os lucros, impedem a criação de postos de trabalho. Dizem no Bradesco-Bradespar que "cabeças rolarão". Pelo menos isso.

 

O jornalista Helio Fernandes escreve sobre o desperdício da Vale do Rio Doce

Multinacionais, CSN, Bradesco-Bradespar, os que mais

Ganharam com a "doação" da Vale

Como a direção da Vale DOADA insiste em dizer que a empresa continua brasileira e praticamente estatal, vou derrubar essa tese "mestrado" da farsa. Digam o que disserem, nada se compara, em matéria de escândalos, a essa DOAÇÃO. (Talvez ou certamente outro igual ou maior é o do abandono da Amazônia. Aqui o desprezo é total, mas inclui o espanto domínio de minérios, incluindo a PROVÍNCIA DE CARAJÁS).

Inicialmente, o BB (Fundo Previ), BNDES e Bandespar foram os personagens principais que permitiram a aventureiros de todos os tipos HERDAREM o inacreditável patrimônio da Vale DOADA. Logo, logo a composição acionária foi desbaratada, entraram o Bradesco-Bradespar, a CSN, que abriram caminho para os "sócios e amigos" multinacionais.

O BNDES e o Bandespar (além do Fundo Previ) entraram com a maior parte do dinheiro, e hoje, na composição acionária, não valem nada. Têm apenas "empréstimos" a receber.

O Bradesco, para subscrever a criação da Bradespar e ficar com o controle (por algum tempo), "tomou emprestado" do BNDES 243 milhões de dólares. Que na época representavam 859 milhões de reais. Com esse dinheiro, foi criada a poderosa Bradespar-Bradesco, cotada então a míseros reais, para o grupo poder subscrever. Puxaram para cima, quando os trouxas chegaram, as ações já ESTAVAM LÁ EM CIMA. Ganharam até na transposição das moedas. Aqueles 243 milhões de dólares que valiam 859 milhões de reais hoje mal valem 450 milhões. Se resolvesse pagar o "empréstimo" de 243 milhões de dólares, o Bradesco-Bradespar precisaria APENAS da metade dos reais que recebeu. Que República.

Por que o BNDES não subscreveu ele mesmo os 859 milhões? Dizem como justificativa: "O empréstimo é a mesma coisa, está garantido". Não está coisa nenhuma, já perderam uma fortuna com a desvalorização do dólar. Se ganharem, ganham apenas juros, enquanto o Bradespar-Bradesco movimenta somas e-s-t-a-r-r-e-c-e-d-o-r-a-s. Ninguém ganhou tanto quanto o Bradespar-Bradesco e a CSN. Fortunas, perdão, fortuníssimas.

Aí, o Bradesco-Bradespar ainda recebeu mais dinheiro do BB (Previ), e com a maioria garantida para eles e os "amigos" multinacionais (que vieram sem nada), "aceitaram" o dinheiro verdadeiro dos subscritores incautos. As multinacionais, imediatamente, com jogadas comuns no mercado financeiro internacional, ficaram com 27 por cento e o controle total. SEM DINHEIRO.

O Bradesco (já de fora vorazmente satisfeito) e o Bradespar (ainda lá dentro, também vorazmente, só que esperançoso) continuam fábricas imorais de lucros PARTICULARES com dinheiros ESTATAIS. Alguém pode avaliar quanto valem esses 21% na maior empresa de minérios do mundo? Que República.

É impossível para o cidadão-contribuinte-eleitor entender qualquer coisa, são dezenas e dezenas de firmas, de grupos e de ações que se fundem, se CRUZAM e se DESCRUZAM. Depois de tudo isso, veio a realização dos lucros do Bradesco-Bradespar, a concretização da grande jogada do banco e da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). Foi o que chamaram na ética, na estética mas sem estática, de DESCRUZAMENTO. Com GANHOS MIRABOLANTES.

O Bradesco saiu com lucros INIMAGINÁVEIS, mas a Bradespar ficou I-L-E-G-A-L-M-E-N-T-E. Tudo mobilizado, manipulado e materializado pelo cérebro financeiro do "seu" Brandão, que ultrapassa e derrota qualquer computador do Bill Gates. Ele saiu com montanhas de dinheiro, mas a Bradespar está lá, FABRICANDO mais dinheiro do que o Tesouro Nacional ou a Casa da Moeda são capazes de lançar no mercado.

Para permitir essa jogada tipo Las Vegas, precisaram de fundos dos mais diversos lugares, e grupos "participantes". Citarei alguns. 1 - Mitsui, americana. 2 - Fundos Litel e Litela, com 60% da Valepar. (Entenderam?). 3 - Essa mesma Valepar tem 50% das ações com direito a voto da Vale. 4 - Do capital total da Vale, 43% pertencem a estrangeiros, que não investiram nada. 5 - Inacreditável: o BNDES, que com o BB e a Bandespar tinha 50% de tudo, agora tem 4,2% e se mostra satisfeitíssimo. 6 - E para isso teve que comprar 8,5% das ações da Valepar, gastando 1 bilhão e 500 milhões.

PS - Chega por hoje. Acredito que nos próximos dias jornais e televisões estarão cheios de entrevistas do "seu" Brandão e do grupo da CSN. Neste caso, vários, r-i-q-u-í-s-s-i-m-o-s, não tinham dinheiro para o aluguel. De banquinhos ou tamboretes falidos.

Depois de se desfazer de minerais raríssimos, a Vale desperdiçou sua própria riqueza, doada a multinacionais

Eliezer Batista, e família, cumprem o doloroso dever de comunicar ao País que participarão da exploração de petróleo. Nada mais desastroso do que isso. Eliezer Batista, como presidente da Vale, "vendeu" a preços miseráveis todo o manganês do Amapá. Desde 1956 fiz (faço) vigorosa campanha contra essa perda de uma das maiores riquezas do Brasil.

Por volta de 1960 (fim do governo Juscelino, eu escrevia diariamente no Diário de Notícias), revelei e fui sempre aumentando os dados, os números, a denúncia sobre a espantosa exploração particular de um dos minerais mais raros do mundo, o manganês.

Basta consultar as coleções e verificar o que eu revelava e ninguém desmentia.

1 - Os três maiores produtores de manganês, no mundo, eram os EUA, o Brasil e a então União Soviética.

2 - Os dois maiores compradores desse manganês, a União Soviética e os EUA.

3 - Produtores, mas sabendo que o mineral importantíssimo tinha quantidade escassa, eram assíduos no mercado comprador.

4 - O Brasil, displicente e desinteressado do seu próprio destino e objetivo de potência mundial, era o maior VENDEDOR no mundo.

5 - Crime de lesa-pátria, que quase 30 anos mais tarde FHC consumou, DOANDO a Vale inteira.

6 - Por que vender minérios por setor de propriedade da Vale, se podiam ENTREGAR logo a Vale toda?

Agora o filho mais esperto, mais ardiloso e mais ambicioso de Eliezer Batista aparece em todos os grandes negócios sem risco. Petróleo, gás, portos, licitações que deveriam merecer uma CPI, pois representam os maiores escândalos já realizados no Brasil. Agora, tudo tem a mão inteira do filho pródigo.

Moço, avassalador, teria que explicar a essa CPI (que será sempre imaginária) onde foi buscar tanto dinheiro, pelo menos para fazer esses "investimentos" colossais. Ele falseia os dados, cita números não verdadeiros, usa de "menas" verdade. Diz: "Hoje todo mundo no Brasil tem celular porque a Telebrás foi dividida em blocos". Ha! Ha! Ha!

Farsa, falsidade, fantasia, apenas para favorecer os exploradores multinacionais aos quais é ligadíssimo. Por quê? Ganharam F-O-R-T-U-N-A-S com o pai, acreditam que com o filho será muito melhor. Só que há 8 anos o celular estava surgindo, a afirmação do filho mais esperto de Eliezer não tem qualquer credibilidade.

As licitações criadas por FHC com a famigerada lei 4897 (a saída de FHC, que não conseguiu DOAR a Petrobras, era demais, ficou com medo) empobreceram o Brasil no setor de petróleo, enriqueceram ainda mais as multinacionais. Agora, o filho mais portentoso de Eliezer quer entrar nessas licitações. Como 41 delas foram sábia mas surpreendentemente retiradas do leilão-licitação, dá várias entrevistas através de órgãos de comunicação apaniguados.

Malandro, não ataca o governo ou a Petrobras. Diz que eles estão com a razão, mas se esconde de maneira amável e nada hostil: "Queremos participar com preços que sejam bons para os dois lados. NINGUÉM QUER MACHUCAR NINGUÉM".

Faz reunião para "exibir projetos de portos no Norte do Rio" (segundo ele, o primeiro se chamaria Açu) mas pretende CONSTRUIR muito mais, principalmente uma fortuna pessoal maior do que tem hoje.

PS - Generoso, diz que vai investir 700 milhões nesse porto. De onde vem tanto dinheiro?

PS 2 - Ainda mais generoso, só quer explorar petróleo em águas rasas ou em terras de superfície. A prospecção em 5 ou 7 mil metros de profundidade deixa para a Petrobras. Não podemos esquecer tanta generosidade, vem naturalmente do berço.

 

Dinheiro da CIA para FHC

Artigo do jornalista Sebastião Nery

Publicado no jornal Tribuna da Imprensa, Rio, 09/02/2008

"Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap".

Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O "inverno do ano de 1969" era fevereiro de 69.

Fundação Ford

Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos.

E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.

Agente da CIA

Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro "Dependência e desenvolvimento na América Latina", em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos.

Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma "personalidade internacional" e passou a dar "aulas" e fazer "conferências" em universidades norte-americanas e européias.

Era "um homem da Fundação Ford". E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.

Quem pagou

Acaba de chegar às livrarias brasileiras um livro interessantíssimo, indispensável, que tira a máscara da Fundação Ford e, com ela, a de Fernando Henrique e muita gente mais: "Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura", da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editado no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro).

Quem "pagava a conta" era a CIA, quem pagou os 145 mil dólares (e os outros) entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique foi a CIA. Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas:

"Consistente e fascinante" ("The Washington Post"). "Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA" ("Spectator"). "Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente" ("The Times").

Milhões de dólares

1 - "A Fundação Farfield era uma fundação da CIA... As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos... permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas" (pág. 153).

2 - "O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça..." (pág. 152). "A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria" (pág. 443).

3 - "A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares... Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos... com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos" (pág. 147).

FHC facinho

4 - "Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante" (pág. 123).

5 - "Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil" (pág. 119).

6 - "A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana" (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho.

 

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