Durante mais de 2 anos
escrevi uma centena de artigos defendendo a Vale, condenando sua "privatização",
tentando impedir que entregassem uma das maiores riquezas do mundo e do Brasil.
A Vale era e continua sendo a maior empresa de mineração do mundo e mais do que
isso, uma Agência de Desenvolvimento. Tudo foi doado, não conseguiu salvar
coisa alguma.
Esses artigos correram o
Brasil todo, foram republicados em órgãos alternativos, enviados para milhões
de pessoas através de faxes, xeroxes, cópias de todas as formas. Nada disso
adiantou. Em todos os artigos eu deixava bem claro que as multinacionais
queriam a própria Vale. Empresa poderosíssima, altamente lucrativa, com
penetração em pelo menos 12 estados da Federação.
Dona de portos, navios,
ferrovias, as mais ricas e cobiçadas minas dos mais raros e caros minérios, a
Vale era o alvo e o objetivo de tudo. Apesar do esforço de um grupo bravo e com
enorme credibilidade, não conseguimos impedir a doação-privatização dessa
potência que se chama Vale.
Ministros do governo FHC,
senadores, lobistas, testas-de-ferro de poderosos grupos estrangeiros, gente
interessada em enriquecer cada vez mais com o empobrecimento do Brasil diziam
sempre a mesma coisa.
O que é que repetiam
tanto? Apenas isto: "Vamos vender a Vale para pagar a dívida interna,
amortizar quase toda ela, e pagar menos juros". Tudo mentira, mistificação,
malabarismo-corrupto. Recebemos uma miséria e cada vez devemos
mais.
Outra coisa que fazíamos
questão de ressaltar sempre era o seguinte, cada vez mais atual: por trás da
doação da Vale estava e está sempre mais visível a
gigantesca Amazônia. Os multinacionais e seus testas-de-ferro não podiam nem
podem admitir que a Amazônia seja brasileira, pelo menos uma parte.
Aproveitando o seminário sobre a Amazônia, promovido pelo IAB (Instituto
dos Advogados Brasileiros), vamos reproduzir algumas opiniões de vendilhões do
templo sobre a Amazônia brasileira.
Al Gore, vice-presidente
dos EUA, e provável candidato à sucessão de Clinton, que não pode mais
se candidatar: "Os brasileiros pensam que a Amazônia é deles. Estão muito
enganados. A Amazônia é de todos nós".
Kissinger, lobista
notório, ex-secretário de Estado dos EUA: "Os países
industrializados do mundo, para sobreviverem, precisam dos recursos não
renováveis do mundo. E entre esses recursos de que precisam o mais importante é
a Amazônia do Brasil".
Agora que o Congresso
está "trancado" pelas medidas provisórias. Que o Supremo está
PS - A Vale parece perdida para
sempre. Mas a Amazônia cobiçada por todas as potências ainda pode ser salva. Minc poderia ser uma possibilidade, deslumbrou muito cedo.
PS 2 - Se os Três Poderes permanecerem
desativados, continuarei amanhã. A Amazônia é eterna,
vale a vida de dezenas de milhões de brasileiros.
Carlos Chagas, jornal
Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 19/07/2008
Está nos jornais. Para
financiar a compra de uma megaempresa telefônica por
outra, o Banco do Brasil emprestará à operadora Oi 4,3 bilhões de reais,
certamente a juros subsidiados. O BNDES, antes, já havia liberado 2,5 bilhões.
Chega a constituir
questão de menor importância saber que Daniel Dantas irá faturar um bilhão
mesmo se, por milagre, tiver voltado para a cadeia. O grave nessa crônica do
horror é que 330 bebês acabam de morrer num hospital de Belém do Pará, que o
número de analfabetos multiplicou nos últimos anos, que metade da população
carece de saneamento e água potável, que o crime organizado amplia suas
atividades e que o desemprego, apesar da farta propaganda oficial, atinge 30
milhões de trabalhadores.
Se duas empresas privadas
negociam seus ativos e seu patrimônio, que sejam
felizes na negociação, cada qual correndo o risco de viver num sistema
capitalista. Mas promover capitalismo sem risco seria cômico se não fosse
trágico.
Ainda está para ser
escrita a história das privatizações entre nós. A grande maioria das operações
praticadas à beira da irresponsabilidade aconteceu com dinheiro público, sem
falar nas polpudas comissões que transformaram ministros em banqueiros e
bandidos