Bancos públicos perdem cada vez mais sua função social e tornam-se caixas de empresas privadas

Carlos Chagas, jornal Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 19/07/2008

Está nos jornais. Para financiar a compra de uma megaempresa telefônica por outra, o Banco do Brasil dirigido por Francisco Antonio de Lima Neto emprestará à operadora Oi 4,3 bilhões de reais, certamente a juros subsidiados. O BNDES, antes, já havia liberado 2,5 bilhões.

Chega a constituir questão de menor importância saber que Daniel Dantas irá faturar um bilhão mesmo se, por milagre, tiver voltado para a cadeia. O grave nessa crônica do horror é que 330 bebês acabam de morrer num hospital de Belém do Pará, que o número de analfabetos multiplicou nos últimos anos, que metade da população carece de saneamento e água potável, que o crime organizado amplia suas atividades e que o desemprego, apesar da farta propaganda oficial, atinge 30 milhões de trabalhadores.

Se duas empresas privadas negociam seus ativos e seu patrimônio, que sejam felizes na negociação, cada qual correndo o risco de viver num sistema capitalista. Mas promover capitalismo sem risco seria cômico se não fosse trágico.

Ainda está para ser escrita a história das privatizações entre nós. A grande maioria das operações praticadas à beira da irresponsabilidade aconteceu com dinheiro público, sem falar nas polpudas comissões que transformaram ministros em banqueiros e bandidos em investidores. Só ignorávamos que a chicana continuaria depois da entrega do patrimônio público. Virou coisa privada, mas, da mesma forma, com o tesouro nacional à disposição das mesmas quadrilhas de sempre.

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