Reduzir a Jornada para Aumentar a Vida
Reduzir a Jornada para Prolongar a Vida
“A Vida deveria ser duas, uma para ser ensaiada, outra
para ser vivida”. Esta frase escrita em um muro é maravilhosa,
mas, infelizmente não é real. A vida é apenas uma. Há
uma maldição no gênesis, ganharás tua vida com
o suor do teu rosto. Parece que a humanidade levou a sério mesmo o
texto, e não se empenha em transformar a terra no Éden, num
lugar ideal para se viver (esta aventura única e infelizmente não
repetida).
Marx em um de seus trabalhos mais brilhantes dizia que sociedade chama de
trabalho apenas uma parcela ínfima da vida humana. Reduz assim a possibilidade
do homem viver e se realizar. Desde pequenos somos educados para sermos máquinas
responsáveis e autômatas que dêem respostas eficazes quando
acionados para trabalharmos. Não é à toa que o melhor
trabalhador é aquele que menos contesta. No item eficiência sempre
está pressuposto que o trabalhador mais capaz é aquele que seja
menos humano, que não responda às ordens absurdas, que produza,
por mais monótono que seja o serviço sem reclamar, que não
atrapalhe de nenhuma maneira o sagrado altar da produção.
Chaplin em seu maravilhoso “Tempos Modernos” retrata o trabalhador
civilizado quase como um robô. O mesmo magnífico pensador cunhou
a frase, não sois máquinas, homens é o que sois. Em nome
da eficiência máxima e do lucro total, 50 milhões de pessoas
morreram na 2º Grande Guerra, onde eficientes máquinas modernas
de matar mostraram a que ponto pode se chegar o descalabro humano de trabalhar
sem pensar.
Por mais que o trabalhador, por muitas vezes esqueça, ele é,
antes de tudo um ser humano. Com anseios, tristezas, privações,
alegrias e com uma perspectiva de vida pequena e única que não
pode, infelizmente, por razões biológicas, ser renovada.
A pergunta que fica é, é necessário e lógico gastar
oito horas do dia dentro de um ambiente de trabalho fechado, com o grau de
produtividade a que chegou a sociedade capitalista???? E a resposta, vista
de qualquer ângulo é sempre não.
Por mais que haja trabalhadores doentes e neuróticos capazes de até
querer que a jornada seja aumentada para 10, 12 ou 14 horas (pessoas infelizmente
vazias, solitárias, sem vida própria e sem alegria), a grande
verdade é que a produtividade atual do trabalho nos indica uma jornada
máxima de seis horas diária.
Em seis horas de trabalho é possível produzir em qualquer ramo
que seja, o mesmo que em oito horas e com muito mais eficiência. Embora
hoje eu não queira falar para nossos patrões e, ou chefes, então
eu não vá explorar a tanto assim a questão da produtividade
(que aumenta efetivamente assim como diminui os acidentes de trabalho, as
lesões por esforço repetitivo, diminui a necessidade de descanso
durante o expediente, aumenta o poder de concentração), etc.
Quero falar é para cada companheiro, que a diminuição
da jornada nos dará mais horas de luz do sol, mais horas com a família,
mais horas para lazer e estudo e, até para os neuróticos por
trabalho, mais horas para eles trabalharem em outro serviço e se esquecerem
da vida fria e vazia que estão levando.
A diminuição da jornada de trabalho é antes de tudo um
passo no sentido da emancipação com relação ao
automatismo de um modo de viver que vai matando aos poucos o ser humano que
há em nós (nos transformando em uma peça de mobiliário
da seção), já que passamos mais horas no nosso trabalho
do que com nossos entes queridos. E não estamos levando em consideração
o tempo gasto com condução e alimentação enquanto
trabalhadores, que eleva a jornada de trabalho a 10, 12, 13 horas por dia...
Diminuição da Jornada de trabalho para 6 horas por dia sem redução
de salário. Um direito pelo qual vale à pena lutar. E é
bom lembrar que ao lutarmos por esta emancipação de parte de
nossa vida do julgo do trabalho compulsivo, estamos lutando também
pelos nossos companheiros desempregados, a diminuição da jornada
de trabalho obriga as empresas a contratarem mais funcionários para
cobrirem seu expediente (principalmente as fábricas e as prestadoras
de serviço). Estaremos ao lutar por nosso direito ajudando a diminuir
um pouco o impacto do terrível desemprego que assola nosso país
(é claro que só isto não vai solucionar este problema).
Já que se fala tanto em trabalho escravo, eliminemos a escravidão
que existe em nosso dia a dia. Não ao prolongamento inútil e
desumano das horas de trabalho, pela jornada humanista de 6 horas diárias!