CARAPINA ON LINE


CARAPINA, SERRA, ES




A Aldeia de São João, localizada na atual região denominada Carapina, foi uma das primeiras do Espírito Santo.
Araribóia foi o Principal da Aldeia de São João.
Foi construída em 1562, sob a orientação do então Provincial Braz Lourenço.
Carapina, na Serra, foi fundada a 24 de junho de 1562, pelo Padre Jesuíta Braz Lourenço e pelo Índio Temiminós, Araribóia, o Cobra das Tempestades.
Registros históricos informam, “parte daqueles Temiminós vindos do Rio de Janeiro foram entrando pela terra adentro, misturando-se aos Tupiniquins. Pelo ano de 1562, o Capitão Belchior de Azevedo fez que se mudassem para um sítio após o rio.”
Os Temiminós em 1556, estavam alojados perto do Mestre Álvaro.
Atendendo ao pedido do Capitão Belchior, que estava no comando da Capitania na ausência de Vasco Coutinho, Maracajaguaçu fica na Aldeia de Nossa Senhora da Conceição e Araribóia constrói a sua Aldeia mais próxima da sede e do rio Santa Maria, na região de Carapina.
Na Aldeia é construída uma capela em homenagem a São João Batista e o local fica conhecido como Aldeia de São João.
Em 1584, conforme relato do Padre Escritor Cristóvão Gouveia, a Igreja de São João será construída numa colina, com inauguração solene a 24 de junho. Próximo é instalada a Aldeia Indígena, com os parentes de Araribóia e a Vila dos colonizadores, no local onde se encontra a atual Carapina.



FUNDAÇÃO DE CARAPINA


Carapina é uma palavra de origem Tupi e significa Carpinteiro, segundo o Dicionário Tupi, de Gonçalves Dias.
O nome Carapina surge por causa do padre Manoel de Paiva, terceiro Provincial do Espírito Santo, que era Carpinteiro e usava uma madeira que os índios chamavam de Carapa e que existia na região.
Braz Lourenço após definir com Araribóia a localização da Aldeia e ali fundar uma capela em homenagem a São João, inaugurada a 24 de Junho, designa o padre Fabiano de Lucena, que era responsável também pela Aldeia de Nossa Senhora da Conceição, de Serra, para realizar ali o trabalho de evangelização.
Em 1564, Braz Lourenço é substituído por Manoel de Paiva e em 1565, Fabiano de Lucena vai para a Bahia.
Também em 1564, Araribóia, atendendo a convite de Mem de Sá, Governador Geral do Brasil, e de seu sobrinho Estácio de Sá, segue com centenas de Índios flecheiros do Espírito Santo para o Rio de Janeiro. No Rio se tornará um herói e lá acaba fixando residência até ser homenageado com uma Sesmaria de Terras.
Araribóia além de herói afamado e respeitado em terras cariocas, acaba fundando a cidade de Niterói, que por muitos anos foi depois capital do Rio de Janeiro.
No comando da Aldeia de São João fica Maracajaguaçu, que se mudara da Aldeia da Conceição, após o surgimento da epidemia de Varíola na Aldeia de Nossa Senhora da Conceição, da Serra.
Manoel de Paiva cuida da Aldeia durante o ano de 1564 e depois designa o padre Pedro da Costa para ser o responsável pela Aldeia.
Em carta de abril de 1565, consta que padre Pedro da Costa já está promovendo assistência religiosa na Aldeia de São João.
Em 1571 os colonizadores Portugueses residentes na atual região de Carapina entram em atrito com os Índios, que resolvem abandonar a Aldeia.
Segundo os historiadores, os índios que ficam chegam a 80, e só no início de 1573 os padres conseguem que os demais Índios voltem à Aldeia.



NOVA LOCALIZAÇÃO


Em 1584, o padre Cristóvão de Gouveia encontra a Aldeia e a Capela arruinada, fazendo com que os poucos Índios remanescentes, “se mudassem para outra parte.”
Segundo o professor de História, Clério de Brito, residente em Eurico Salles e esposo da advogada Leandra Aguiar de Brito, o professor Celso Perota, da Universidade Federal do Espírito Santo, teria identificado uma região Perto do Rio Santa Maria e o Mestre Álvaro, um Cemitério de Índios e que seria próximo ao local da primeira Aldeia Indígena de Carapina.
A Aldeia muda-se das proximidades do rio Santa Maria para uma colina em local de que se pudessem avistar o Convento da Penha, em Vila Velha e a Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida. As obras da Igreja dos Reis Magos haviam terminado em 1580. O Convento da Penha foi fundado em 1570 e está num Morro com a altitude de 154 metros.
A Aldeia passa então para a sua nova localização, na região onde nos dias atuais, situa-se a Igreja de São João, o Cemitério e Carapina Velha.
A Igreja da Aldeia de São João passa a ser ponto de descanso dos que vinham de Vitória pelo rio Santa Maria, com destino a Nova Almeida.
A excelente localização da Igreja permitirá que os padres, através de mensagens do alto da torre, se comuniquem com os padres do Convento da Penha, da Igreja de São João e da Igreja de Nova Almeida. Para tais menagens eram usada bandeiras de cores diferentes, permitindo que os padres soubessem de imediato a chegada de alguma autoridade ou alguma morte.
José de Anchieta, em 1585, informa que São João é uma Aldeia de visita, vindo os padres da própria Aldeia da Conceição, distante meia légua.
Pelos documentos de Anchieta, entre as Aldeias de São João e Nossa Senhora da Conceição existe uma distância de meia légua, o que nos leva as atuais localizações de Carapina e Serra sede.
Hélio Abranches Viotti, no livro “Anchieta, o Apóstolo do Brasil na Capitania do Espírito Santo”, Edições Loyola, São Paulo, editado em 1966, página 214, relata:
“Em 1578, duas eram as Aldeias, de que se ocupavam os Jesuítas na Capitania, nelas tendo residência fixa: Nossa Senhora da Conceição e São João, às margens do rio Santa Maria, meia légua uma da outra e distantes três ou quatro léguas da Capital.”
A légua, segundo o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, da Editora Nova Fronteira, publicado em 1986, é uma antiga unidade brasileira de medida equivalente a 3 mil braças, ou seja, seis mil e seiscentos metros.



RUÍNAS DE CARAPINA


A Princesa Teresa Carlota do reino da Baviera, Alemanha, visitou a Província do Espírito Santo no período de 25 de agosto a 12 de setembro de 1888.
No dia 8 de setembro, enquanto esperava um Navio Vapor que vinha do Norte e ia para o Rio de Janeiro, no qual pretendia embarcar, a Princesa aproveitou a tarde para realizar um passeio a cavalo, visitando Carapina.
Eis o relato constante do livro “Viajantes Estrangeiros no Espírito Santo”, de Levy Rocha, página 151:
“A infatigável excursionista aproveitou a tarde e fez um passeio a cavalo, de quatro horas, até as ruínas de Carapina, vendo alicerces, pilares e paredes derrocadas do que fôra, outorga, uma grande Fazenda dos Jesuítas, com casa-grande, Senzalas, Engenhos e uma Igreja construída em 1746, onde se devotava linda imagem de Nossa Senhora da Ajuda. Na região alagada, ela ouviu cigarras, num canto que parecia apito de locomotiva, ao longe. Em Carapina, gravou a maravilhosa vista que se descortinava aos seus olhos.”
A Igreja citada como construída em 1746 era a de São João, onde havia uma “imagem de Nossa Senhora da Ajuda”. Em 1746 a Igreja foi reconstruída, segundo Serafim Leite, e não construída, como informa a Princesa Teresa Carlota.
Segundo ainda Serafim Leite, a Igreja teve a sua construção terminada em 1586 e ficava a meia légua da Aldeia de Nossa Senhora da Conceição da Serra.
Em 1584 foi construída uma nave na Igreja de São João.
Nave é o espaço na Igreja desde a entrada até o santuário, ou o espaço que fica entre fileiras de colunas que sustentam a abóbada, que é uma cobertura encurvada de alvenaria que forma o teto de uma Igreja.
A nave foi construída dois anos antes da construção total da Igreja que ocorreu em 1586.
Em 1746 houve uma reconstrução da Igreja e 124 anos depois, em 1870, há registros de uma nova restauração, na Igreja de São João Batista de Carapina.
A Igreja, conforme relato dos Padres cronistas da época, era também o ponto de pousada dos viajantes que vinham de Vitória e iam para a Igreja dos Reis Magos ou para o Norte do Espírito Santo e mesmo Sul da Bahia, de modo especial a região de Porto Seguro.



ORIGEM DO NOME CARAPINA


O Padre Carapina visitava sempre os Índios
O nome Carapina está associado ao padre Jesuíta Manoel de Paiva, terceiro Superior dos Jesuítas no Espírito Santo e que era carpinteiro.
Manoel de Paiva quando em visita à Aldeia de São João, realizava ali serviços de carpintaria, atendendo também pedidos dos moradores locais. Aos jovens, principalmente meninos, ensinava-lhes o ofício de carpinteiro.
Todas as semanas, quando aparecia, os meninos Índios, maioria na região, iam gritando na língua Tupi:
“- Lá vem o Carapina.”
“- Lá vem o padre Carapina.”
Era muito comum na época, tão logo o Padre chegava numa Aldeia, os meninos saiam de casa em casa avisando que o Padre havia chegado, para que o povo o pudesse recepcionar e ouvir orações e novidades.
Como Manoel de Paiva em muitas ocasiões também pernoitava na Aldeia, a região ficou sendo conhecida como a Aldeia do Carapina.
Com o tempo abreviou-se para Carapina.
O historiador Serafim Leite confirma a versão de que Manoel de Paiva era exímio carpinteiro, um excelente Carapina, além de bom pedreiro e sapateiro.
Era nos serviços de carpintaria, que Manoel de Paiva se sentia mais realizado, principalmente quando ensinava o ofício para os mais jovens.
Na região existia uma madeira, que os índios chamavam de Carapa e que era usada pelo Padre Carapina, Manoel de Paiva, nas aulas de Carpintaria.



JOSÉ DE ANCHIETA

José de Anchieta nasceu na Ilha de Tenerife, que faz parte de um conjunto de pequenas Ilhas, chamadas Ilhas Canárias, pertencentes à Espanha. A data de nascimento é 19 de março de 1534, e o seu falecimento foi a 9 de junho de 1597, em Reritiba, atual cidade de Anchieta, no Espírito Santo.
Anchieta chegou ao Brasil em 1553, com 19 anos de idade. Ingressou na Companhia de Jesus em 1551, com 17 anos de idade. Catequista, professor, Reitor do Colégio São Vicente com 25 anos e Provincial da Ordem aos 43 anos. Foi o fundador da cidade de São Paulo. Apóstolo e primeiro Mestre (Professor) do Brasil.
Ordenou-se padre em 1565, na Bahia.
Faleceu aos 63 anos de idade.
Logo ao chegar ao Brasil, em 1553, quando de viagem para São Vicente com Luiz Da Grã, enquanto aguardavam navio, permaneceu Anchieta no Espírito Santo auxiliando Braz Lourenço no trabalho de catequese. Posteriormente retorna em várias outras ocasiões ao Espírito Santo, quando em viagens a Porto Seguro e Bahia.
Numa destas viagens, em 1569, esteve na Igreja de São João Batista, em Carapina, na Serra. Realizou então o chamado “Milagre do Pato”, quando faz o menino Estevão Machado, que era mudo, falar.
Milagre foi registrado em Inquérito instaurado pela Igreja Católica para a Beatificação de Anchieta, visando a sua Santificação.



MILAGRE DE ANCHIETA EM CARAPINA


José de Anchieta, que andou por várias regiões do Brasil e do Espírito Santo, rezou várias missas na Igreja de São João, em Carapina, onde descansava quando viajava para o norte do Estado.
Serafim Leite relata o Milagre do Pato, realizado por José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, em Carapina, Serra.
O historiador capixaba Elmo Elton, com base em Serafim Leite, Hélio Abranches Viotti e Simão de Vasconcellos, conta o Milagre no livro “Anchieta”, editado em 1984, em Vitória, pelo “Instituto Histórico e Geográfico do Estado Espírito Santo” e Conselho Estadual de Cultura - CEC:
“Realiza-se a 24 de junho, festa na Aldeia de São João (Atual Carapina), próximo à Vila de Vitória. Durante os festejos, o padre José de Anchieta restitui a fala a uma criança muda, ali presente, conforme relata em carta da época o padre Simão de Vasconcellos.
Durante os festejos na Igreja, vários cavaleiros disputavam um Pato, ficando com o mesmo aquele que tirasse na contenda o 1º Lugar. Contudo houve um empate, e ninguém definia a quem o Pato iria pertencer. Todos foram até o padre José de Anchieta que aceitou resolver a questão. Chamou a si um menino de cinco anos de idade, mudo de nascimento e conhecido de todos, e definiu que o menino era quem iria resolver a questão. Todos ficaram admirados, quando de repente o menino pronunciou as palavras: "O Pato é meu e vou levá-lo para a minha mãe."
Todos então perceberam que era a resolução de Deus e aclamaram as virtudes do padre José, e foi-se o menino embora, com o pato e fala para casa.”
O menino, cujo nome era Estevão Machado, anos mais tarde depôs em Inquérito formado pela Igreja Católica, relatando o Milagre de José de Anchieta, em Carapina, Serra.



INQUÉRITO DE ANCHIETA


O Inquérito instaurado visava colher informações e relatos testemunhados de milagres e atos santificados de José de Anchieta.
O Milagre de José de Anchieta está descrito também na página 216 do livro “Anchieta, o Apóstolo do Brasil na Capitania do Espírito Santo”, onde consta que o padre Pero Leitão segurava no colo o menino mudo na hora do Milagre e que estavam presentes e testemunharam o Milagre os Irmãos Francisco Dias e padre Manuel Fernandes.
O ano do Milagre é 1569, quando Anchieta percorreu diversas Aldeias do Espírito Santo, conforme a historiadora Maria Stella de Novaes, em seu livro História do Espírito Santo, página 39.
João Batista era filho de Isabel e Zacarias. Chegou ao mundo com festa. Como morava num alto de uma colina, Isabel, prima de Maria, mãe de Jesus, acendeu uma fogueira para anunciar a chegada do profeta. Fez-se festa naquela noite, com todos cantando e dançando em torno da luz e do calor do fogo. No Brasil comemora-se o dia de São João com festas e fogueira. No Nordeste a data comemora a colheita do milho, plantado em março, mês de São José, e colhido em junho, mês de São João.



ATIVIDADES


1. O que significa Carapina?

2. Quem foi o Padre Manoel de Paiva e em que ano cuidou da Aldeia de São João?

3. PESQUISE E RELATE:

Onde nasceu Araribóia?
Quais os seus principais feitos heróicos?
Onde morreu o fundador de Carapina?

4. Relate com suas palavras a visita da Princesa Carlota e esclareça:

Há registros de outros estrangeiros que visitaram Carapina?

Pesquise e responda onde fica a Baviera e a Alemanha.

5. Anchieta realizou um Milagre em Carapina. Qual o nome do menino que Anchieta curou?
6. Onde nasceu José de Anchieta e cite os cargos e locais por onde ele andou.
7. Relacione os fundadores e primeiros padres evangelizadores de Carapina.
8. Pesquise sobre o Canal dos Escravos de Carapina. Onde fica?
9. O que significa Araribóia.

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