Valmir e Zueira

E.C.05

 

 

José Roberto S. Câmara

 
 

Pela trilha que margeava a estrada caminhavam, varas de pesca aos ombros, Valmir e Zueira.
A trilha, numa elevação do terreno, permitia visão total da rodovia a mais ou menos uns 12 metros abaixo.
Estavam suados pelo sol da tarde passada à beira do rio.
Fieira de acarás pendia da cinta de cada um. Fora uma pescaria frutuosa. Sentaram-se, contemplando o movimento da rodovia lá em baixo.
- Vamos descansar, mas por pouco tempo. Logo vai escurecer – disse Zueira, alisando com orgulho um princípio ralo de barba que confirmava seus 16 anos.
Valmir, imberbe nos seus 14 anos, retirou o chapéu de palha e o jogou sobre a vara deitada na trilha. Passou a mão sobre a testa como a querer apagar o vinco deixado pela reborda interior do chapéu.

Ficaram em silêncio por uns três minutos, contemplando, quietos, o movimento da rodovia. Havia mais veículos indo para o Rio que para São Paulo.
- Zu! – Valmir quebrou o silêncio – você acredita em Disco Voador?
- Claro que não. Isto é coisa de maluco!
- E em Duendes?
- Valmir, acho que o sol lhe fez mal...
- Ah! Duendes tudo bem, mas Disco Voador eu queria que existisse e que um aparecesse pra gente, já pensou? Era capaz da gente até sair no jornal....
- Larga de ser bobo Valmir!
- Bobo? Boba é esta vida da gente, onde nada de diferente acontece. Tirar leite, escola, pescar, nadar,dever de casa, bater pique, comer, dormir, tirar leite, escola... que coisa mais aporrinhenta!
- Mas garanto que a vida na cidade é bem pior que aqui na fazenda, Valmir.
- Sei não Zu... sei não... Aqui a gente não vê nada de extraordinário, nada de coisas que passam depois na televisão e todo mundo comenta. Só aquelas coisinhas que a mulheres, por falta de mais o que fazer, ficam futricando como se fosse o fim do mundo.
Novamente se puseram em silêncio. Zueira perscrutava o céu lentamente com os olhos. Talvez ele, no fundo, acreditasse também em Discos Voadores.

- Zu, que dia é hoje? – perguntou Valmir acompanhando com os olhos um caminhão que passava disparado.
- 22 de agosto – respondeu Zueira, voltando os olhos para o amigo.
- Ah! Daqui 8 dias faço 15 anos
- Vai ficar mais velho Valmir. Tá virando homem!
- É. Nasci em 30 de agosto de 1961 quando o relógio marcava exatamente 2 horas da madrugada – falava como se fosse para si mesmo, apenas relembrando o que mãe contara inúmeras vezes.
Zueira levantou-se. Caminhou morro abaixo, em direção à estrada, descendo uns 8 metros. Firmou a vista em alguma coisa. Subiu os 8 metros de volta e sentou-se no mesmo lugar de onde saíra.
- Zu, que foi? Indagou Valmir com um olhar intrigado.
- Nada, só curiosidade. Fui ver o que estava escrito naquela plaquinha na beirada do acostamento.
- E o que era?
- Só uma indicação de distância: Via Dutra, Km 165.
- Ah! Mas porque se interessou nisto?
- Sei não Valmir, bateu isto na cabeça.Sei lá eu porque?

Voltaram a mirar o movimento na estrada, que parecia haver aumentado.
- Zu, você está vendo?
- Vendo o que?
- Aqueles dois carros, vindo em nossa direção, indo para o Rio. estão emparelhados, será que estão batendo um pega?
- Nada! Nem estão correndo tanto assim...
Zu tinha razão – pensou Valmir – parece que o furgão preto iria ultrapassar o Opala e resolvera trafegar lado a lado. São amigos e por certo estariam conversando aos gritos.
Ambos continuaram a acompanhar com os olhos os dois veículos que, neste instante já estavam próximos de passar por eles. Valmir notou que o passageiro do furgão tinha algo de diferente. Cabelos. Cabelos muito longos , escorridos e extremamente negros. Tinha aspecto de Chileno ou Argentino.
Começava a escurecer... em alguns carros, motoristas mais cautelosos ou afobados, já ligavam seus faroletes...
De repente viram um clarão, pouco mais que uma centelha, brilhar dentro do furgão à partir de uma arma empunhada pelo homem dos cabelos longos. Milésimos de segundos depois, ouviram, um pouco abafado pelo ruído dos veículos, um estampido.
O motorista do Opala espalmou a mão direita sobre a face esquerda do pescoço,pendeu a cabeça para a direita. O único passageiro que viajava no banco traseiro moveu o corpo para frente, como a querer falar alguma coisa ao motorista. O carro fez um leve ziguezague, reduzindo repentinamente a velocidade.
- Zu! Olha atrás do Opala, um ônibus da Cometa. Ele não vai conseguir parar! – gritou Valmir, já de pé.
O ônibus arrastou pneus provocando rangido característico. Pam! Bateu na traseira do Opala que foi lançado à frente em corrupios, atravessou aos solavancos o canteiro central e invadiu a pista contrária.
Valmir e Zueira, ambos então de pé, viam tudo estupefatos.
Na pista invadida trafegava uma carreta, carga pesada, velocidade acentuada. Os amigos arregalaram os olhos mais ainda. Foi um grande estrondo que ecoou ao longe. A carreta esmagara o Opala que com ela batera de frente.
Repentinamente, como num congelamento de VT, por um breve instante os amigos tiveram a impressão que o som desaparecera do mundo, exatamente quando todos os corpos em cena se imobilizaram: A carreta, o ônibus e o amontoado de ferros em que se transformara o Opala.

Era a foto para a mente.

Desceram em disparada rumo à rodovia. Outros carros iam parando, gente descia e corria para o Opala. Logo formou-se uma algazarra no local. Gritos, todos davam ordens, gritavam sugestões, pessoas desciam do ônibus apressadamente e se somavam à algazarra formada.
Valmir e Zueira pararam bem atrás da carreta que estava semi atravessada na pista. Curioso, Zueira olhou a placa: Içara - SC
Caminharam lateralmente em direção à frente da carreta. Semi assentado no pára-choques dianteiro um homem olhava toda aquela confusão com um ar totalmente desolado. Era o motorista.
Outro homem saiu da balbúrdia geral e veio até a carreta.
Zueira puxou Valmir pelo ombro e se afastaram o suficiente para não ficarem muito expostos perto do motorista. Postaram-se a uma distância prudente mas que os permitisse ouvir a conversa que deveria acontecer.
O homem caminhou com passos firmes para a carreta. Trajava calça social cinza, sapatos e meias pretas, camisa branca e um blusão de couro preto. Aproximou-se do motorista e perguntou em tom firme:
- Você dirigia este caminhão?
- Sim, mas o outro....
- Espera, eu faço as perguntas – O tom de voz ficou levemente rude
- Mas...
- Resuma o que você viu acontecer.
- Foi muito rápido, acho que não consigo...
- Resuma o que você lembrar! - O tom de voz agora era francamente autoritário.
- Vi os dois carros emparelhados na outra pista, vi um clarão de dentro do Furgão e em seguida o opala reduziu repentinamente a velocidade. Aquele ônibus que vinha atrás não conseguiu parar e jogou o Opala para minha pista. Quando pensei em freio, só senti o impacto e ouvi o estrondo, Daí, me concentrei em dominar a carreta...
- Me diz seu nome e telefone de residência – interrompeu o interrogador, retirando do bolso do blusão uma bloco de anotações e uma caneta. Ouviu e anotou. Voltou-se para o motorista:
- Você é casado? Tem família?
- Tenho sim senhor
- Você quer o bem deles, não é verdade?
- Nossa, trabalho duro só por eles, me arrisco a estas coisas na estrada porque eles são o sonho...
- Tá bom, tá bom – o homem demonstrava impaciência – Você ama sua família como eu a minha.
- Se o senhor tem, sabe bem o que é isto.
- Tenho sim, e faço tudo para protege-los.
- Mas pai é assim mesmo...
- Ótimo! E você quer proteger sua família, com certeza, não?
- Ah! Por eles faço tudo.
- Que bom. Veja aqui – disse o homem do blusão de couro – retirou algo do outro bolso interno. Era uma identidade, em forma de uma pequena caderneta de couro verde e parecia ser identidade policial ou de outra autoridade qualquer.

Mesmo olhando meio disfarçadamente, os dois amigos tiveram a impressão que o motorista empalidecera.

- Você deve evitar que coisas que aconteçam com você acabem por atingir sua família... – continuou o homem do blusão de couro.
- Não percebo bem...
- Vai perceber, é só esperar eu terminar de falar, não interrompa mais. – agora o tom era de muita agressividade.
- Sim senhor – balbuciou o motorista, já se mostrando intimidado.
- Olhe, você na verdade está enganado. Não viu nenhum furgão, muito menos emparelhar com o Opala e muito menos ainda clarões ou relâmpagos saindo de dentro dele. Você só viu quando um carro já estava atravessando aos solavancos o canteiro central e vindo para sua pista. Nada mais você viu antes disto, nada!!! Ficou claro?
- Sim... sim... senhor.
- Ótimo, você é um bom elemento. Acaba de dar o maior presente que sua família poderia receber.
- Entendi senhor...
- Interessante, conheço um pouco Santa Catarina, mas nunca ouvi falar em Içara...
- Fica bem pertinho de Criciúma...
- Criciúma eu conheço – Disse o homem se afastando e indo em direção ao ônibus.
Valmir e Zueira entreolharam-se. Aquele homem estava forçando o motorista ocultar coisas. Houvera um tiro, coisa grave! Porque seria? Eles começavam a não entender.

Os amigos se esqueceram ou não se importavam mais com as horas. Continuaram observando as pessoas que agora, já formavam uma enorme multidão.
- Zu!
- Oi Valmir...
- Já tem muita polícia aqui, vamos contar do tiro?
- Tá maluco é? Vamos ficar longe disto, nem pensar...
- Tá bom.
- Zu!
- Que foi?
- Já tem uns 10 carros de jornal aqui, cada minuto chega mais um, até a TV chegou. Tem fotógrafos para todos os lados, cinegrafistas de num sei onde. Não estou entendendo...
- O que você não entende, Valmir?
- Um desastre aqui nesta estrada é até comum, porque tanta coisa assim com este desastre? Só pode ser pelo tiro...
- Tem alguma coisa de grande aqui Valmir. Por isso falei pra gente num se meter
- Mas o que será, Zu?
- Não sei... vamos andar pelo meio da confusão, quem sabe a gente fica sabendo?
- É, vamos.

Quatro pessoas saíram de um carro no qual se podia ler, pintado sobre a porta e abaixo de um brasão do estado do Rio de Janeiro, os dizeres: Instituto de Criminalística Carlos Eboli. Um dos homens começou a fotografar tudo freneticamente, exceto quando foi fotografar a frontal do ônibus e o homem do blusão de couro lhe cochichou qualquer coisa. Ele desistiu e saiu em busca de outras imagens. Outro dos recém chegados falava com os motoristas do ônibus e da carreta. Um outro media com longa trena, tudo, em todos os sentidos. Faziam anotações sobre prancheta. Todos mantinham aparência grave, séria.
Valmir e Zueira começaram a circular lentamente, olhares atentos a tudo. Perceberam que 2 corpos eram resgatados do Opala.
A viatura do resgate partiu veloz, piscando luzes coloridas e fazendo ecoar pelo vale um estridente ruído de sirene.
- Zu! Quantas horas já? – Valmir parecia ter acordado para o tempo.
- Nossa! – exclamou Zueira olhando o relógio de pulso – Passa um pouco das onze....
- Vamos embora Zu?
- Agora não! Sem saber porque tanta coisa assim com este acidente, não vou não.
Faróis de diversos carros acesos, em luz baixa, clareavam a noite como um alvorecer.
- Valmir, espere aqui – Zueira falou e foi saindo em direção ao grupo maior de pessoas.
Ficou por uns dez minutos. Valmir o observava. Ele conversava com alguém. Só podia estar fazendo perguntas. Muito curioso, o Zueira...
- Voltei! Valmir, você não sabe quem estava naquele Opala, nunca vai poder imaginar... – Zueira criava sempre uma expectativa sobre qualquer notícia que ia dar. Ele gostava de ser assim.
- Quem Zu? Fala logo... – era a ansiedade típica dos 14 anos.
- Caramba! Era o Presidente Juscelino Kubitschek!!!
- Puta merda! A professora de História falou nele ontem, não é o que fez Brasília?
- Não mané! O que construiu Paris... ai Valmir, você faz cada pergunta...
- Tá bom, tá bom... eu entendi. Só perguntei porque ouvi mas não acreditei. Nossa! Que coisa ele morrer assim! – Valmir ainda digeria a notícia com espanto e dificuldade – Ele não iria ser Presidente de novo?
- Acho que seria sim. O povo todo queria. Falam que o governo tem, aliás tinha, muito medo dele.
- Porque medo dele? Todo mundo fala que ele fez muito bem ao Brasil! Será que ele era comunista?
- Claro que não. Porque o governo era contra ele não sei. Num gosto de política, você sabe disto.
- Você não gosta e eu não entendo nada e nem quero entender.

Ficaram observando os vários grupos de pessoas que se falavam compulsivamente, exceto um grupo mais afastado, formado por dois policiais rodoviários, algumas pessoas e... o homem do blusão de couro.
- Zu, vamos lá naquele grupo?
- Vamos.
Caminhando com fingida displicência, Zueira saiu à frente. Caminhava sem tirar os olhos do grupo e o contava: Os dois guardas, dois. O homem do blusão de couro, três. Uma, duas, três.... nove. Nove pessoas. Com os três, doze.
Passaram ladeando o ônibus mais uma vez. Notaram na frontal do veículo as marcas de danos físicos e evidentes da batida na traseira do Opala. Até que o ônibus sofrera danos leves!
Zueira e Valmir pararam a uma distância prudente. Um dos policiais rodoviários fazia perguntas e anotava: Nome? Endereço? Profissão? Telefones? Número de um documento? – Parece que seriam testemunhas. Tinham caras de contrafeitos.
A cada um que terminava de responder, o outro policial ordenava que fosse para um ponto mais afastado ainda, uns 4 metros do grupo. Ao final, todo grupo fora deslocado para o novo ponto.
O homem do blusão de couro aproximou-se do grupo, postado em semicírculo. Mais uma vez exibiu a carteirinha verde, enquanto falava. De onde estavam, Valmir e Zueira não podiam mais ouvir.
- Zu! vamos chegar mais perto?
- Mas e se notarem que estamos bisbilhotando? Pode dar rolo...
- Vamos devagarinho, como quem não quer nada... quando der pra ouvir, paramos.
- Tá bom.
Caminharam lentamente, como se estivessem mesmo interessados em outras coisas. O homem do blusão de couro continuava falando. Algumas pessoas sacudiam a cabeça, de leve, afirmativamente. Zueira e Valmir começaram a ouvir novamente. Pararam. O homem do blusão falava:
-...de segurança nacional. É para o bem de nossa pátria. Alguém aqui então pode afirmar que o ônibus atingiu o carro por trás?
Todos menearam a cabeça negativamente.
- Alguém viu algum carro junto ao Opala antes do acidente?
Todos permaneceram mudos.
- Ótimo! – disse o homem do blusão – Podem voltar ao ônibus de vocês.
O grupo foi se dispersando lentamente.

Os dois amigos caminharam de volta para o ponto da tragédia.
- Zu! Este frio é vento da madrugada, vamos agora, vamos?
- Vamos. Estou morto de fome
- Eu também. Vamos ver se arranjamos uma carona até a parada no posto de gasolina. Lá a gente come algum negócio.
- Boa coisa você pensou - comentou Zueira passando a mão sobre o cabelo liso – vamos lá... do posto até a fazenda não dá 2 Km, chegaremos rapidinho.
- Zu! Eu continuo não entendendo nada... Quem era o homem do blusão de couro? Porque ele parecia mandar nas pessoas, mostrava carteira...? que confusão!
- Não esquenta a cabeça. Também não entendi até agora. Vamos embora.
- E as varas?
- Deixa pra lá, tem muitas varas de pesca na fazenda.
- É mesmo.

Mais um curioso, retardatário involuntário, num Corcel verde, parou. Zueira esperou que ele olhasse tudo. Fizesse todas as perguntas dos curiosos de plantão nestes casos. Quando ele voltava para o carro, Zueira se aproximou:
- Moço! O senhor tá indo na direção do Rio de Janeiro?
- Estou
- Dois quilômetros pra frente tem um posto de gasolina. Pode levar a gente até lá?
O homem parou, olhou para os dois de cima em baixo.
- Moram por aqui?
- Na Fazenda 3 Estrelas – adiantou-se Valmir – fica agarrada no posto.
- Pois bem, entrem.

No posto os amigos comeram pão com lingüiça e tomaram Guaraná. Valmir terminou primeiro. Avisou ao amigo que iria ao banheiro que ficava do lado de fora, nos fundos do salão.
Voltou com um ar um pouco intrigado, Parecia confuso e, talvez, assustado.
- Terminou de comer, Zu? – perguntou Valmir, acabando de ajeitar a camisa dentro da calça.
- Sim, vamos... barriga cheia, pé na areia.
Saíram do posto, pegaram a estrada de terra que formava meandros pelo terreno. Chão seco de agosto com uma camada grossa de poeira.
Principiava a clarear. Seguiam pensativos...
Valmir deu uma parada. Por condicionamento, Zueira parou de imediato. Sabia que viria uma pergunta.
- Zu! No Brasil tem raposa?
- Acho que não, só na Europa...
- E águia?
- Águia tenho certeza que não...
- E condor?
- Acho que só lá para lados do Chile, Peru... – Zueira recomeçou a caminhar
- Ave Maria Zu! Cada vez fico mais doido com tudo que vimos hoje. Cada vez entendo menos. Estou com medo, Zu! Aquele negócio do tiro... a gente deveria ter falado...
- Cala Valmir! Esquece aquilo. É rolo na certa para nós. Fecha essa boca!
Nem comente nada com ninguém, pelo amor de Deus!
- Tá bom. Olha! Sabe a hora que fui no banheiro?
- Sei
- Pois é. Mas sabe o que vi e escutei?
- Claro que não sei... Ah! Valmir você faz...
- cada pergunta, já sei. – emendou Valmir.
- Mas o que foi que viu e escutou?
- Vou contar. Lembra do Furgão?
- Sim
- Estava lá, atrás do posto, motor ligado. E sabe quem vi dentro dele?
- Ai Valmir! Você...
- Tá bom, tá bom! O Homem do Blusão de Couro e mais os dois outros. E sabe com quem ele falava?
- Claro que não!
- Com o homem de cabelos compridos, do furgão, o cara de argentino ou chileno. Aquele do tiro...
- Tá ficando mais confuso mesmo, Valmir.
- E vai piorar. Escuta aqui: Enquanto eu fazia xixi o homem dos cabelos longos desceu do furgão. Sabe aquele telefone público que tem logo em frente ao banheiro?
- Sei, sei... – O cansaço aumentava a impaciência de Zueira.
- Pois é. Ele deu um telefonema muito louco. Falou rápido e com um sotaque de gringo. Sabe o....
- Valmir, pelo amor de Deus! Conta, num pergunta!
Valmir olhou para Zueira com ligeira cara de reprovação. Mas continuou:
- Tá bom, tá bom! Ele ligou, demoraram a atender. Quando atenderam ele disse apenas:
“Aqui Raposa 77. Informe para Condor. A Águia Brasileira levantou vôo” Só isto. Desligou e embarcou no furgão. O homem do blusão de couro desceu e entrou num Galaxy preto. Saíram velozmente para a rodovia e se foram...
- Caramba! Que coisa mais complicada! Valmir, vamos esquecer o dia de hoje. Acho que é melhor. Se a gente ficar tentando adivinhar vamos ficar doidos. Acho que se a gente falar vamos entrar numa confusão danada!
- É sim, vamos deixar pra lá....
Cruzou com eles, correndo bastante, uma F-100 carregada de latões de leite.
Os amigos desapareceram numa nuvem de poeira.... 

 
 

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