Software e livros: uma incompatibilidade educacional?

                                                                                                                                                   Andrea Castro *

O uso da tecnologia informática nas escolas vem sendo cada vez mais difundido, no entanto, há, ainda muitas dúvidas sobre a forma de utilização dos computadores e dos software educacionais. Uma das dúvidas mais comuns recai sobre as diferentes formas de utilização dos software educacionais. Cabe então destacar sob qual modelo educacional.
Para a efetivação de um modelo educacional de base construtivista, por exemplo, entre outras coisas, é necessário que se possibilite, a professores e alunos, o acesso a diferentes recursos capazes de contribuir com os processos de construção do conhecimento. Na prática da informática educacional, disponibilizar software é uma maneira de oferecer, no suporte computacional, uma diversidade de materiais com os quais se possa interagir a partir dos próprios saberes para a construção de novos conhecimentos.
Entre o enorme número de software educacionais e de livros muitas são as diferenças no que diz respeito à imagem, ao texto e à concepção produtiva, por exemplo. Cada autor de um software ou de um livro busca, à sua maneira, representar aquilo que considera essencial para sua obra. Nós, usuários, podemos escolher entre os que mais nos agradam ou atendem às necessidades do processo educativo do qual participamos. Os software educacionais, acrescidos de som e de imagem em movimento oferecem-nos formas de leitura diversas daquelas disponibilizadas pelo livro. Passear, navegar , ler, brincar com software, todas são formas de conhecer, de ler, de imaginar e de aprender. Assim, a utilização deste material, nas atividades de informática educacional, corresponde à oferta de uma midioteca (imagem, som, texto, vídeo) interativa aos usuários da informática na escola.
Ao lembrarmo-nos das atividades de pesquisa escolar que envolvem papéis, cola, tesoura, revistas e livros, que têm sido utilizadas nas escolas, podemos pensar em atividades semelhantes em que diferentes software educacionais sejam também utilizados. Os recursos de edição do computador, tais como recorte e colagem, podem ser também realizados perfeitamente por qualquer usuário de informática, dentro do processo educacional. Desta forma, novos livros, novos software e apresentações são construídos e revelam, então, o produto da leitura e da pesquisa de todos os envolvidos no trabalho.
Ainda não existe uma unanimidade para a utilização de software educacionais como recurso da informática educacional. Alguns defendem a idéia de que apenas com o uso dos aplicativos (editores de texto, planilhas eletrônicas, software de apresentação, etc) podemos realizar atividades educacionais no cotidiano escolar. Seguindo esta mesma linha de raciocínio não seria, então, possível dizer que livros e bibliotecas são desnecessários uma vez que temos professores? Outros acreditam que os software reproduzem processos de aprendizagem cartesianos e, por isso, não são adequados à educação moderna. Esta proposição, no entanto, esbarra na subestimação da capacidade de escolha e de autonomia, tão desejáveis aos cidadãos da sociedade moderna.
Em qualquer proposta educacional em que o computador esteja inserido, seja como ferramenta de trabalho nas salas de aula, seja nos laboratórios de informática, como um material para o professor, para o aluno, ou para ambos, os software educacionais são produtos que devem ser avaliados pedagogicamente antes da sua utilização. No mercado de software educacionais muitos materiais surgiram de repente, outros deixaram de existir. Novos produtos continuam a aparecer todos os dias e outros continuarão a surgir como resultado da aliança entre professores e produtores de software. Cada um deles buscando contribuir a seu modo, mas, todos eles, assim como os nossos conhecimentos, renovando-se a cada dia.
Utilizar software educacionais é tão importante quanto utilizar livros. Da mesma forma que se incentiva a leitura de bons livros deve-se, também, incentivar a utilização de bons software educacionais como mais uma forma de ler, brincar e construir um mundo de conhecimentos na sociedade informática.
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* Mestre em Educação, com especialização em Informática Educacional, professora dos cursos de Pós Graduação em Informática Educacional na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Centro Universitário Carioca e Universidade Castelo Branco, atuando na Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro.
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