Maria Lucia Soares Martins
A escola, como conhecemos hoje, está organizada de forma seriada, arrumando seus conteúdos do mais "simples" ao mais "complexo", trabalhando com diferentes conteúdos de forma compartimentalizada. Cada disciplina trata as suas questões sem que haja interação entre conteúdos de diferentes áreas do conhecimento e sem levar em consideração os interesses, aspirações e diferentes níveis de compreensão do aluno. Espera-se, assim, que todos os alunos aprendam as mesmas coisas e ao mesmo tempo. Porém, sabemos pela nossa própria experiência e observação que isto não ocorre, fazendo com que a escola produza o fracasso do aluno que não consegue adaptar-se a ela. Trabalhando com projetos objetiva-se o entrosamento entre professores e alunos em uma verdadeira conjugação de saberes,beneficiando o processo de construção do conhecimento. Compartilhar problemas e experiências no processo de descoberta de novas soluções, possibilita aos alunos aprender com os professores e colegas, através da troca de informações e, sobretudo, das observações das ações frente aos desafios que emergem da busca do "novo" conhecimento.
- Por que trabalhar com fazer projetos?
Estamos acostumados a pensar pelo aluno, antecipar tudo o que ele deva saber, definir os problemas, os objetivos, as soluções. Se mantivermos esta atitude, o trabalho com projetos não alcançará seus propósitos. Então, por que não permitir que os alunos também definam seus projetos, quais são os problemas a serem investigados, quais os instrumentos necessários e quais as soluções satisfatórias? Uma questão apresentada pelo professor pode não ser necessariamente um problema para o aluno. Desta forma, ele não sentirá necessidade de explorar a questão e, certamente não o fará, pelo menos com a profundidade necessária que se espera. Assim, é interessante criar situações onde o aluno também formule problemas que para eles sejam realmente problemas, que seus pensamentos funcionem pela necessidade de entendê-lo melhor e alcançar soluções. Trabalhar em grupo enriquece o trabalho, pois cada um pode contribuir de maneira criativa para a realização de um trabalho coletivo (uma rede) que, por sua vez, enriquece o pensamento individual. No trabalho de grupo, os alunos são encorajados a considerar as opiniões dos outros, dentro de forma cooperativa. Os ajustamentos necessários à efetivação das trocas de idéias entre os alunos e entre alunos e professores são a melhor forma de aprendizado, proporcionando um melhor deesenvolvimento no processo de construção do conhecimento. Não existe um único caminho, nem uma só solução para os problemas enfrentados na realização de projetos. Muitas vezes os alunos percorrem caminhos inusitados, constroem novas hipóteses e chegam a soluções não previstas pelo professor. Compartilhar os problemas e as experiências de resolvê-los implica modificar os papéis tradicionais de professor e de aluno. O processo de aprendizagem é recíproco. Obviamente, neste processo de aprendizagem não significa que exista igualdade de construção de conhecimentos, que alunos e professor "aprendam" as mesmas coisas, da mesma forma. Nesta interação, o aluno é considerado como alguém que também em conhecimento e o professor como alguém que ainda tem alguma coisa para aprender com o aluno. Outro aspecto a ser levado em consideração é o trabalho do professor no sentido de oportunizar ao aluno uma sistematização ou formalização do conhecimento construído durante a realização do projeto. O aluno poderá com o auxí¬lio do professor integrar os novos conhecimentos construídos com outros já sistematizados anteriormente pelas diferentes áreas de conhecimento (Matemática, Geografia, Línguas, Artes, etc), o que amplia e enriquece o trabalho.