Boletim Mensal * Ano VII * Setembro de 2008 * Número 63

     

 

  TURISMO HISTÓRICO OU FANTASIA ???
Enganaram um Príncipe Herdeiro, uma Rainha e um Embaixador.

Será que pretendem enganar os turistas que nos visitam?

          

 

            Sim, continuam a enganar todos os turistas que visitam a “FORTALEZA DE SANTA CRUZ”, na Ilha de Itamaracá, construída pelos portugueses entre 1686 e 1688. depois do mar ter destruído em 1672 o antigo Forte de Orange, construído pelos flamengos em 1631 em areia madeira e faxina e que havia sido recuperado pelos luso-brasileiros em 1654. A gravura ao lado é uma pintura do Forte, pintada por Montanus, em 1671 e já pode ver construída a Torre de Menagem e a Capela em alvenaria.

            O que resta do Forte de Orange pode ser visto na pagina de arqueologia do Universidade Federal de Pernambuco.

            O “Diário de Pernambuco”, de 19 de Agosto de 2008, publicava na pág. 1 do caderno C, a página inteira, “enfim, ROTEIRO PARA TURISTAS”, passeios gratuitos, “com GUIAS PROFISSIONAIS”, e “ESCOLHA DE PASSEIO”. Porque temos a certeza de que esses profissionais não irão contar a verdade histórica, permitimo-nos fazer algumas ressalvas, antecipadamente e com tempo de serem devidamente corrigidas:

 

ROTEIRO 1 – MARCO ZERO, ONDE O RECIFE COMEÇA .... SINAGOGA KAHAL ZUR ISRAEL

            Será que irão dizer aos  turistas que a  primeira sinagoga do Recife foi construída,  por volta de 1540, por Diogo Fernandes, e sua mulher, Branca Dias, na casa grande do Engenho Camaragibe que, ainda hoje, pode ser visitada?

            Que a segunda Sinagoga funcionava, em 1630, na casa do judeu português Duarte Saraiva que, entre 1638 e 1641 construiu na Rua dos Judeus a 3ª. Sinagoga, a primeira publica de todo o continente americano e que seu primeiro rabino, foto ao lado, foi o judeu português Isaac Aboab da Fonseca, nascido no concelho de Castro d’Aire, Distrito de Viseu, Beira Alta?

 

MUSEU A CEU ABERTO

            “FUNDAÇÕES DO FORTE MADRE DE DEUS E SÃO PEDRO, OU FORTE DO MATOS” como era chamado pelo povo.

            Este Forte, construído pelo mascate ANTÓNIO FERNANDES DE MATOS, ficou pronto em 1685, toda a obra em pedra e cal e foi a única fortificação construída em semi-circulo em Pernambuco.

As modificações provocadas pelos aterros feitos para a sua construção começaram a assorear o porto do Recife e, depois de muitas polemicas, nos últimos meses de 1727 e princípios de 1728, foi destruído e suas pedras foram aproveitadas para a expansão do porto. Fonte:- Pág. 36 e seguintes do livro “Um Mascate e o Recife”, José António Gonsalves de Mello, Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 1981.

 

ROTEIRO 2 – DOS HOLANDESES AOS MASCATES – EDIFICAÇÕES MILITARES, INTEGRANTES DO SISTEMA DE FORTIFICAÇÃO IMPLANTADA NO SECULO XVII PELOS HOLANDESES (flamengos).

FORTE DAS CINCO PONTAS

“”Segundo António de Araújo de Mogeimes, em relação datada de 1633, o Forte do Brum “era todo de faxina e areia com camisa de lodo da parte de fora” e, do mesmo material, era o Forte do Buraco, o das Três Pontas, o Ernesto, o das Cinco Pontas e outros:- “Estas fortificações são obradas com matéria dos terrenos em que se obrarão que são umas de areia e outras de terra e faxina e as mais dessas com sua camiza de lodo”” Págs. 283 e 284 do livro “Restauradores de Pernambuco – João Fernandes Vieira, volume II”, José António Gonsalves de Mello, Imprensa Universitária, Recife 1967       “Senhor. Todas as fortificações que o olandeses (Flamengos) fizerão no Recife e mais praças desta Capitania..., estão hoje humas por terra e outras pouco menos” Pág. 288 do mesmo livro.

“A (obra) das “Cinco Pontas”, iniciada em 1677, em 1680 se ia continuando, com toda a preça e já pella mayor parte se tem lansado cordão e em breve tempo será acabado”. Pág. 303 do mesmo livro.

Depois de concluído passou a chamar-se “Fonte de São Tiago”, “O Mata Mouros”. (o nome dado ao forte deve-se ao fato de que os portugueses chamavam mouros a todos aqueles que não professavam a fé católica).

O único bem material que os flamengos deixaram em Pernambuco foi uma coleção de azulejos que, recuperados da demolição, em 1785/1786, do Palácio Friburgo, Palácio das Torres, (as fundações deste palácio, feitas de tijolo, tinham sido corroídas pela acidez do mangue e, na época, não havia tecnologia para a sua recuperação) foram depois cuidadosamente recolocados, pelos pernambucanos, no Convento de Santo António. Ver http://cultura.pe.gov.br/patrimonio9_convento.htm, site da FUNDARPE.

De resto, nem um papel.

 

ROTEIRO 3 – REVOLUÇÃO E FÉ

            Sobre as revoluções de 1817, 1824 e 1848 de que tenho dado, por diversas vezes, a minha opinião neste boletim, que pretendiam dividir o Brasil em dezenas de republiquetas como haviam feito às colônias espanholas, prefiro deixar aos leitores desta artigo a seguinte pergunta:- Será patriotismo e amor à Pátria desintegrar o quinto maior País do Mundo construído com o sangue, suor e lagrimas de milhares de luso-brasileiros?   
 

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