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Boletim Mensal * Ano VI * Agosto de 2008 * Número 62 |
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Férias em Portugal
Poderá parecer estranho que eu coloque uma ruim caricatura minha feita por um caricaturista de rua numa praia do Algarve e me custou 5 euros. Mas só a coloquei porque, se a caricatura é ruim, muito mais ruim é a situação que eu encontrei no nosso País.
Somos o segundo País com a população mais endividada da União Européia e só deixamos atrás de nos a Bulgária.
A população portuguesa deve à banca DOIS BILHÕES E SEISCENTOS MILHÕES DE EUROS.
O aumento do combustível, provocado pelos sucessivos aumentos do preço do petróleo bruto, chegou a ser feito três vezes por semana.
Nos quase mil quilômetros que temos de fronteira com a Espanha a população portuguesa moradora até 50 kms da raia abastece-se naquele país onde o combustível é cerca de 25% mais barato.
O óleo diesel para a agricultura e para a pesca custa em Portugal 1 euro o litro e em Espanha 0,60 cêntimos.
Não temos a menor possibilidade de competir com os nossos vizinhos e, a agricultura familiar, principalmente no norte do País, caminha a passos largos para o desaparecimento.
A nossa frota de pesca está acabando e o preço do combustível está obrigando a parar quem ainda lutava contra a maré e os pescadores emigram para a Espanha, Irlanda, França, etc., etc, países onde ainda conseguem ganhar um salário condigno.
Pagaram durante anos para não se semear cereais. Hoje querem voltar a semeá-los as alfaias agrícolas estão ultrapassadas e não há quem queira trabalhar na agricultura. A agro industria está reduzida à plantação de oliveira no Alentejo, em terrenos comprados pelos espanhóis, de uma espécie que dão fruta ao fim de dois anos de plantada e são substituídas após oito anos de produção. Dos mais de 90.000 hectares plantados, 90% são de espanhóis.
A industria de conservas que tinha mais uma centena de fábricas no país e empregava milhares de pessoas, está reduzida a duas fabricas, uma em Matozinhos e outra em Olhão.
Durante o pouco tempo que por ali fiquei fecharam seis fabricas que mudaram para os novos países da EU no leste europeu (onde se paga menos e se dão incentivos fiscais).
Continuamos a construir auto estradas e agora partimos para um novo aeroporto, bilhões de euros, e o extraordinário TGV que, a custo de bilhões irá fazer com que ganhemos 10 minutos de tempo numa viagem de Lisboa ao Porto e 30 minutos menos a chegar a Madrid.
Não existem incentivos para a instalação de fabricas e as exigências sindicais tornam inviáveis a instalação do que quer que seja.
Hoje, os portugueses emigram muito mais do que 40 anos atrás e os romenos, croatas e sérvios vem trabalhar para Portugal, ilegalmente, por muito menos do que o salário que lhe deveria ser pago e sem qualquer espécie de direitos trabalhistas.
Num restaurante em Elvas, ao receber a conta a pagar consta que de IVA você está pagando 17%. Cinco quilômetros mais à frente, em Badajoz, na fatura consta que o IVA é de 5% a 7%.
Com os sucessivos aumentos de juros do Banco Europeu, a inflação rondando os 6,5 por cento e o aumento de salário foi de 2,5%, a primeira coisa que o português fez foi deixar de pagar a prestação da casa e pô-la à venda, mas para comprar uma casa usada é muito mais difícil do que comprar uma nova. Na usada você terá que pagar a entrada a quem lhe está a repassar a sua casa, a nova o Banco financia por inteiro e até com 50 anos para pagar. Resultado disso você vai perder o que pagou e sua casa penhorada para ser vendida em leilão. E o que sucederá aos automóveis que estão a ser vendidos a 120 meses?
Será que Portugal conseguirá sobreviver só com o Turismo?
Acreditamos que não ou, Deus queira que sim???