Raramente acontece o contr�rio. A n�o ser que o come�ar pelo fim sirva para ... disfar�ar alguma (s) incapacidade (s). Que n�o � - garantida e definitivamente! - o caso ... A pintura de Camol d'�vora que conhecemos � uma pintura de caracter�sticas vincadamente naturalistas, obra feita com cuidado, esmerada, depurada. Sobressai dela, n�o raro, o colorismo forte de alguns elementos. Mas esse exagero (se � que assim o podemos chamar) de algumas cores, � as mais das vezes atenuado por um suave tratamento de alguns outros motivos; por exemplo: os c�us. E as searas, que est�o quase sempre presentes nas obras sobre o seu Alentejo natal. Ao olharmos alguns dos trabalhos de Camol fica-nos a ideia de que h� no artista a inten��o de propor ao espectador uma completa visualiza��o das coisas reproduzidas, fazer com que o acompanhemos na sua forma de olh�-las e de as fixar. Em muitos dos seus trabalhos surgem elementos iguais ou pr�ximos, que contudo nos parecem diferentes de pe�a para pe�a, apenas por for�a da perspectiva que o pintor sabiamen�te aborda. "A C�pula da F�", exposi��o realizada em Julho de 1998, na Eborensia Galeria, em �vora, parece-nos claro exemplo do que diz�amos. Nessa mostra, Camol empenhou�se em mostrar-nos um mesmo elemento - a c�pula da igreja do Carmo - atrav�s de v�rios �ngulos. E essa c�pula, que � sempre a mesma, parece contudo diferente em cada uma das diversas abordagens, mostra-se-nos - mesmo aos olhos de quem tantas vezes a viu j� - como coisa nova. "A C�pula da F�", mais do que uma exposi��o, � um exerc�cio de pintura. Como se fosse uma prova de exame, como se o pintor tomasse os espectadores, todos e cada um, por professores que, mediante essa prova, definitivamente lhe pudessem outorgar o estatuto de grande pintor ... ... e o mestre A apurada t�cnica de pintura de Camol, t�cnica que ali�s consegue transmitir aos seus numerosos alunos, permite-lhe apresentar-nos pe�as que muito nos agradam pelo pormenor e perfei��o. Por vezes, com a utiliza��o de antigos artif�cios (como sejam o envelhecimento do suporte e, at�, dos pr�prios pigmentos) consegue mesmo lan�ar em n�s, quando convidados a datar determinada obra, uma sombra de d�vida. Not�vel , e por isso digno de registo, � o facto de muitos daqueles que aprendem com ele a arte de pintar conseguirem, quase principiantes ainda, apresentar trabalhos que muito se aproximam das obras acabadas do mestre. Quer isto dizer que Camol d'�vora, n�o receia que confunda com as de outros as suas obras e n�o guarda como um se�gredo os conhecimentos que foi adquirindo ao longo dos seus muitos anos de pintor e, pelo contr�rio, os transmite e partilha com o entusiasmo e a sinceridade pr�prios de quem gosta de ensinar e sabe o que o ensino significa... Mas quer igualmente dizer - e isso � de tudo o mais importante! - que se sente seguro da sua obra e de quanto sabe ... Guy Ferreira
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