CAETITÉ - CEM ANOS DE ESPIRITISMO
(1905-2005)
     Foi na véspera de natal de 1905 que a Doutrina Espírita teve seu marco inaugural em Caetité, com a fundação do Centro Psychico da cidade.
     Numa simples reunião, capitaneada pelo Dr. Aristides Spínola, pessoas de escol da sociedade lançaram há cem anos a semente da Doutrina Kardecista.
     Sob inspiração, no plano espiritual, do Irmão Augusto, as sessões passaram a realizar-se com regularidade desde então.
     Aristides Spínola foi um dos maiores nomes do Espiritismo brasileiro, tendo presidido a Federação Espírita Brasileira em duas ocasiões. O primeiro presidente do Centro foi o Dr. Joaquim Manoel Rodrigues Lima Jr., filho do ex-governador da Bahia, e o vice foi um seu tio, Tenente-coronel Otacílio Rodrigues Lima. Como secretário a recém-fundada instituição contou com o maior nome de nossas letras, João Gumes, o velho.
     Neste centenário o Kardecismo esteve visceralmente ligado aos descendentes de João, sobretudo Huol, Sady e Luiz, seus filhos e adeptos da Doutrina.
     Diversas publicações foram editadas na cidade, sob os auspícios da Terceira Revelação. E, tendo sido o Centro Espírita, depois nomeado em homenagem ao ilustre caetiteense com o nome de Aristides Spínola, o pioneiro como a primeira pessoa jurídica registrada em nossos cartórios, o Jornal A Pena Espírita foi também o primeiro periódico registrado da cidade.
     Um dos mais antigos núcleos espíritas do Estado, hoje o centro encontra-se em reformas. O Espiritismo cresceu, e o Centro Espírita A Caminho da Luz é um destes belos frutos que procuram levar a luz do Consolador a todos os adeptos.
Conheça, agora, um resumo biográfico dos grandes espíritas caetiteenses:
Dr. Aristides de Souza Spínola
Aristides de Souza Spínola nasceu em Caetité (Bahia), a 29 de Agosto de 1850, e Faleceu no Rio de Janeiro aos 9 de Julho de 1925.

Filho do Cel. Francisco de Souza Spínola, que foi deputado geral em três legislaturas, e de D. Constança Pereira de Souza Spínola. Esta família ilustre e de prestígio na Bahia criou o filho dentro de rígidos princípios morais, fazendo-lhe ver o valor de um nome honrado.

Bem cedo, o menino revelou-se altamente curioso de tudo que lhe chegasse aos sentidos, elaborando, às vezes, perguntas bastante embaraçosas e que demonstravam a viva inteligência de que era dotado.

No ano de 1871, bacharelou-se em Direito, após cursar brilhantemente a Faculdade de Direito do Recife. A sua aplicação e assiduidade foram tais, que durante os cinco anos do curso acadêmico não teve uma única falta ! Abriu, em seguida, a banca de advogado em sua terra natal. Fez, por essa época, diversas excursões pelo interior da Bahia e, particularmente, pelo vale do S. Francisco, com o fim de estudar as localidades e colher notas para os seus estudos históricos.

Bem moço ainda, entrou na carreira política, tendo sido eleito, em 1878, deputado provincial pela Bahia. Por indicação do Dr. Aristides César Spínola Zama, seu primo, foi nomeado, de 1879 a 1880, Presidente da Província (Estado) de Goiás, tendo ouvido do imperador D. Pedro II, quando a este foi agradecer a nomeação, elogiosas referências aos predicados morais e intelectuais de que já havia dado provas.

Em 1881, na primeira legislatura de eleição direta, representou a sua terra na Assembléia Geral do Império. Ganhando prestígio sempre crescente ante o eleitorado baiano, foi reeleito deputado geral nas legislaturas de 1885 e de 1886 a 1889, sendo que nesta última fora eleito na vaga aberta pela morte de Pedro Carneiro da Silva.

Ao ser proclamada a República, em 1889, ocupava ele, o mais jovem dos deputados, o cargo de 1º Secretário da Câmara. No regime republicano, depois de haver pleiteado, por duas vezes, a eleição de deputado federal, só conseguiu ser reconhecido para a de 1909-1911, dando-se neste último ano o seu afastamento definitivo da política, para se consagrar exclusivamente à advocacia e ao estudo e meditação da Doutrina Espírita, que já o contava de há muito entre seus adeptos mais fervorosos, sinceros e esclarecidos.

Foi em 1905 que Aristides Spínola ingressou na Federação Espírita Brasileira, convidado pelo então Diretor na Assistência aos Necessitados, Pedro Ricardo.

Eleito para o cargo de vice-presidente, na do Dr. Geminiano Brazil de Oliveira Góis, outro espírita ilustre e fiel, Aristides Spínola desenvolveu naquela Casa toda uma atividade polimorfa e intensa, a ela se dedicando durante vinte e um anos seguidos, amado por todos os companheiros que com ele privaram.

Na vice-presidência da FEB permaneceu de 1905 a 1913. Presidente em 1914 e em 1916 e 1917, voltando a exercer o cargo de vice-presidente em 1920 e 1921. Ocupou, de novo, de 1922 a 1924, a direção da Casa, sendo eleito, em 1925, para a vice-presidência, cargo que desempenhou até à data de sua desencarnação, ocorrida aos 9 de Julho do mesmo ano.

Foi, assim, presidente da Federação Espírita Brasileira durante seis anos e vice-presidente onze anos e meio. Nunca, porém, solicitou ou disputou nenhum desses cargos, ou qualquer outro da Diretoria da Federação, fazendo questão unicamente de prestar-lhe seus serviços, fosse de que maneira fosse, pronto, declarou-o mais de uma vez, humilde e modesto como de fato sempre foi, a ocupar o de porteiro se só neste o julgassem apto a servir.

E dado lhe foi satisfazer amplamente a esse desejo seu, porquanto, desde o primeiro dia em que se incorporou à caravana dos que na Federação laboravam, relevantes e ininterruptos serviços lhe prestou, seja como membro da sua administração, seja fora de qualquer cargo administrativo.

O que ele queria era trabalhar. E trabalhou sempre, e muito, e trabalhou bem.

Dentre esses serviços merecem destacados os que teve ensejo de dispensar-lhe como advogado, de todas as vezes em que o Espiritismo se viu alvejado pela ciência oficial, sob a forma de perseguições aos médiuns, por exercício ilegal da medicina.

Como jornalista de irrecusável mérito, Aristides Spínola colaborou em vários jornais .

Sólida erudição espírita, teológica e jurídica projetaram-lhe o nome dentro e fora do campo espírita sendo-lhe admirados o critério e a ponderação com que resolvia os problemas administrativos, bem como o espírito evangélico e conciliador nos mais delicados e controvertidos assuntos
João Antonio dos Santos Gumes
Nasceu em Caetité, aos 10.05.1858, filho de João Antonio dos Santos Gumes e D. Ana Luiza. Inteligência incomum, lançou o Jornal A Penna, em 1897, primeiro do interior baiano. Pintor, arquiteto, advogado provisionado, coletor, cronista, jornalista e escritor, tendo publicado os romances "O Sampauleiro" e "Os Analfabetos," e a peça "A Abolição".
Junto ao Dr. Aristides Spínola, fundou em 1.905 o Centro Psíquico de Caetité, depois Centro Espírita Aristides Spínola, um dos mais antigos do país.
Pesquisador da história local, contribuiu com diversos pesquisadores para a preservação da memória não apenas de Caetité, mas de outras cidades. Neste labor pela preservação da memória, foi o responsável direto pela edição da única obra do poeta Plínio de Lima. Também foi músico e político.
Morreu aos 29.04.1930, em Caetité, deixando um legado insuperável pela probidade, conhecimento e civismo. Em reconhecimento ao seu trabalho, Afrânio Peixoto, de quem era amigo epistolar, então Presidente da Academia, declarou luto nas Letras brasileiras.
Nasceu em Caetité, em 09.01.1884 e morreu em Campinas, em 1956. Médico e dentista, foi um dos grandes doutrinadores espíritas do Estado de São Paulo. A "Revista Internacional de Espiritismo", "O Clarim", "Reformador" e outros órgãos da imprensa espírita tiveram por mais de meio século a colaboração de seus escritos.
LUIZ GUMES
SADY GUMES
HUOL GUMES
Dr. Joaquim de Souza Ribeiro
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