A primeira vista pode-se pensar que  as pimentas, pelo simples fato de serem picantes  e servirem de condimentos, perten�am todas a um s� fam�lia, mas � um grande engano.  As pimentas como malagueta, bode, murupi, cumari, etc, do g�nero Capsicum (do grego Kapto = morder), n�o tem nenhuma rela��o bot�nica com a Pimenta do Reino (Piper Nigrum), Pimenta Longa (Piper tuberculatum), Pimenta Rosa (Schinus terebenthifolius), Pimenta da Jamaica (Pimenta dioica) ou com a Pimenta de Macaco (Xylopia arom�tica).
                   As pimentas as quais este site � dedicado pertencem � fam�lia Solanaceae, a mesma dos tomates, berinjelas, fumo, batata e Jil�.
Eis sua classifica��o bot�nica:
Reino:         -Plantae
Sub-reino:    -Tracheobionta
Divis�o:       -Magnoliophyta
Classe:        -Magnoliopsida
Subclasse:   -Asteridae
Ordem:        -Solanales
Fam�lia:       -Solanaceae
G�nero:       -Capsicum
Esp�cie:       -S�o mais ou menos 29 esp�cies conhecidas, mas apenas 5 foram domesticadas e  s�o plantadas 
                    comercialmente: C. annum, C. chinense, C. baccatum, C. frutescens e C. pubescens, que originaram centenas de variedades de pimentas e piment�es  pelo mundo afora.
       Cleo Pimentas � Esp�cies
               As outras s�o esp�cies silvestres ou semi-domesticadas, a saber:
C. buforum A.T. Hunz.
C. campylopodium Sendt.
C. cardenasii Heiser & Smith
C. chacoense A.T. Hunz.
C. ciliatum
C. coccineum (Rusby) A.T. Hunz.              
C. cornutum (Hiern) A.T. Hunz
C. dimorphum (Miers) O.K.     
C. dusenii Bitter          
C. eximium A.T. Hunz.
C. flexuosum
C. galapagoensis A.T. Hunz. 
C. geminifolium (Dammer) A.T. Hunz.      
C. hookerianum (Miers) O.K.   
C. lanceolatum (Greenm.) Morton & Standley
C. leptopodum (Dunal) O.K.  
C. minutiflorum (Rusby) Hunz.  
C. mirabile Mart. ex Sendt.                     
C. parvifolium Sendt.           
C. praetermissum Heiser & Smith
C. schottianum Sendt.                             
C. scolnikianum A.T. Hunz.                     
C. tovarii nom. nud. 
C. villosum Sendt.
                    O modo mais f�cil de classificar as pimentas � atrav�s de suas flores, que apresentam caracter�sticas t�picas para cada esp�cie. Elas normalmente apresentam 5 p�talas (mas podem haver varia��es) nas cores brancas, esverdeadas e lil�s, que podem apresentar, ou n�o, manchas (amarelas, verdes ou marrons) nos l�bulos.
                     Essas flores s�o auto-fecundas (com exce��o das C. pubescens), apresentando �rg�os reprodutores masculinos e femininos na mesma flor.
                     Vejamos ent�o as principais caracter�sticas das cinco esp�cies domesticadas de pimentas:
Capsicum chinense
                 Essa � talvez a mais brasileira das esp�cies.  At� hoje � um mist�rio o motivo pelo qual o seu descobridor, o holand�s Nikolaus Von Jacquin, denominou de chinense uma esp�cie genuinamente sul-americana. Entre as suposi��es, est� a de que ao pesquisar uma variedade da esp�cie com formato de sino ele a denominou de �sinense�, mais tarde entendida como �chinense�.
                 Apresenta uma enorme variedade de formatos, cores e tamanhos, com frutos esf�ricos, alongados, triangulares, campanulados, retorcidos, etc. Podem ter quando maduros, as cores creme, branca, amarela, laranja, vermelha, marrom e roxa.  Variam de tamanho desde os diminutos com 0,5 cm, at� 13 cm de comprimento em variedades longas.
                  Essa esp�cie engloba desde variedades doces como a Biquinho, at� a pimenta hoje considerada a mais ardida do mundo, a indiana Naga Morich, com mais de 1.000.000 de unidades Escoville.
                  Suas flores brotam em n�mero de 2 a 5 por n� (podendo raramente ser solit�ria), com a corola branco-esverdeada, mas podendo ser branco-leitosa e at� com manchas lil�s. Possuem anteras violetas e muitas vezes essas flores s�o invertidas.
                 Uma das caracter�sticas dessa esp�cie � possuir nos frutos maduros, uma constri��o anular (em forma de anel) na jun��o c�lice-pedicelo.  Esses frutos em geral s�o fortemente arom�ticos. As folhas das plantas possuem ondula��es entre as nervuras, o que d� as mesmas o aspecto t�pico estampado. 
                 Como s�o naturais da Amaz�nia, uma regi�o de floresta tropical, as C. chinenses preferem luz filtrada e clima �mido com noites quentes.
                  Dentro desta esp�cie encontram-se as variedades mais ardidas do mundo. Entre as mais conhecidas podemos citar as Habaneros, Scoth Bonnet,Naga Morich, Datil, Fatalii, Trinidad Scorpion, Aji Cachucha, Charapita, Aji Limo, etc. Entre as brasileiras, est�o as Pimentas de Cheiro, bode, Chora menino, Biquinho,Cabacinha, Cumari do Par�, Espora de Galo, Morango, Murupi, Olho de Peixe, Pi�o, Pingo de Ouro, etc. 
Capsicum Frutescens
                A pimenta Tabasco � a variedade mais conhecida dessa esp�cie, sendo o ingrediente b�sico do famoso molho de pimentas Tabasco, h� mais de 136 anos no mercado.  Outra variedade famosa � a nossa querida Malagueta, que ainda cresce semi-selvagem na bacia Amaz�nica, onde a esp�cie C. frutescens provavelmente se originou. Embora n�o existam evid�ncias arqueol�gicas, os etnobot�nicos acreditam que ela foi levada para o panam�, onde foi domesticada pelos povos pr�-colombianos, da� sendo levada para o M�xico e Caribe.  Ap�s a descoberta da Am�rica, as rotas comerciais a espalharam pelo mundo, e foram assimiladas pela culin�ria de diversos povos, principalmente pelos asi�ticos. Na �ndia, Tail�ndia e Cor�ia foram desenvolvidas diversas variedades.
                O nome frutescens significa �arbustivo�, devido ao h�bito da esp�cie cujas plantas apresentam crescimento compacto, com numerosas hastes, formando um arbusto que dependendo do clima e do solo, atingem entre 35 e 120 cm de altura, preferindo climas quentes.   Suas folhas s�o lisas, ovais alongadas, com tamanho m�dio de 7 x 5 cm, mas em algumas variedades podem chegar a 13 x 7 cm.  As flores possuem corolas branco-esverdeadas sem manchas difusas e anteras roxas. Os frutos imaturos s�o amarelos ou verdes, atingindo o vermelho brilhante quando maduros, e geralmente assumem posi��o ereta.
               A esp�cie C. frutescens possuem poucas varia��es de cores e formatos de frutos quando comparada as C. baccatum, C. annuum e C. chinense.  N�o se sabe ao certo o motivo, mas essa esp�cie sofreu pouca sele��o por parte dos homens atrav�s dos tempos e hoje conserva quase todos os seus tra�os silvestres, como frutos vermelhos, eretos, pequenos e dec�duos (que caem por si mesmo quando maduros), caracter�sticas que facilitam sua dispers�o pelos p�ssaros na natureza. Deve-se recordar que a diversidade morfol�gica das outras esp�cies deve-se a interfer�ncia dos homens, que foram selecionando plantas preferencialmente com frutos grandes, saborosos e de cores vistosas, que n�o soltassem do p� at� o momento de serem colhidas.
Capsicum baccatum
                   O nome �baccatum� significa �em forma de baga�, em refer�ncia ao formato dos frutos de algumas variedades. Acreditam os bot�nicos que essa esp�cie se originou na Bol�via ou no Peru.  Evid�ncias arqueol�gicas mostram que j� havia sido domesticada no Peru em 2.500 AC. 
                    H� ainda, pelo menos duas formas silvestres: C. baccatum var. baccatum e C. baccatum var. microcarpum. A Cumari verdadeira (C. praetermissum) antes era considerada uma forma silvestre de baccatum, mas hoje � tida como uma esp�cie � parte.
                     Distingui-se das outras esp�cies principalmente por apresentar flores em n�mero de uma a duas por n�, com um par de manchas amareladas, esverdeadas ou marrons na base de cada l�bulo das p�talas brancas, e possuem anteras amarelas ou marrons.  Os frutos normalmente come�am eretos, mas aos poucos tornam-se pendentes nas variedades domesticadas, da� o nome C. baccatum v. pendulum.  Geralmente s�o verdes quando imaturos, mas quando maduros podem apresentar cores amarela, laranja, vermelha ou marrom.  Existem variedades doces, como a Cambuci e algumas muito picantes, mas geralmente se situam entre 30.000 e 50.000 SHU na escala Scoville.
                     As plantas podem atingir altura de 1,60m, com hastes m�ltiplas e de h�bito ereto. As folhas s�o grandes, verde escuras, podendo chegar as dimens�es de 18 x 11cm.
                     � a esp�cie conhecida como �Aji� nos paises andinos. Uma distin��o que se faz nesses paises, e que � importante apenas no aspecto culin�rio, � que s�o chamados Aji Amarillo quando � amarelo ou laranja, e Aji Colorado quando � vermelho. Quando seco, � conhecido como Aji Cuzque�o, em refer�ncia a cidade de Cuzco.  Os frutos dessa esp�cie possuem um sabor frutado caracter�stico e algumas variedades amarelas, como a Lemon Drop, s�o muito procuradas por seu sabor c�trico de lim�o.
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Fontes:
- The Chile Pepper Encyclopedia (De Witt et Bosland)
- The Chile Pepper Institute at New Mexico State University
- Funda��o Semente Kakopelli
-  UK Chile Head
-  The Pepper Lady�s  (Jean Andrews)
-  Embrapa Hortali�as
Capsicum pubescens

              Essa � a esp�cie cujos frutos s�o conhecidos como Rocoto (ou Locoto, na Bol�via), mas tamb�m pode ser encontrada com os nomes regionais de  Chile Manzano (ma��), Chile Canario (o tipo amarelo), Chile Caballo (cavalo), e Chile Per�n (pera).  O nome pubescens significa �que tem pelos� ou �peluda�, em alus�o aos pelos existentes em sua folhagem.
              Acreditam os bot�nicos que a Bol�via � a sua regi�o de origem. Foi domesticada a 6.000 anos antes de Cristo, sendo portanto uma das mais antigas plantas cultivadas na Am�rica. Era a pimenta preferida dos antigos Incas.
              Entre as cinco esp�cies domesticadas, essa � a que possui menor n�mero de variedades.  Isso pode ser explicado devido a sua incompatibilidade com as outras esp�cies, motivo pelo qual n�o sofre hibrida��o.  Sua forma silvestre h� muito desapareceu, entretanto acredita-se que as duas esp�cies selvagens C.cardenasii  e C. eximium s�o suas parentes pr�ximas.
              � cultivada nos planaltos dos pa�ses andinos, por preferir climas frios, chegando a suportar pequenas geadas. Venho tentando sem sucesso cultiva-la em clima tropical quente (litoral de Alagoas). As plantas crescem, florescem, mas n�o chegam a desenvolver os frutos. Entretanto, tem-se obtido �timos resultados nos estados da regi�o sul do Brasil, bem como nas serras de Minas Gerais.  Entre as esp�cies, � a que melhor se adapta ao cultivo in door, pois prefere luz filtrada, chegando a queimar suas folhas se posta a pleno sol.
              Pode ser facilmente reconhecida por possuir caracter�sticas �nicas, como sementes de cor preta (ou marrom), pelos na folhagem e flores �nicas por n�, de corola lil�s ou branca mesclada com lil�s e uma delgada margem branca, com anteras roxas e brancas, sem manchas na base dos l�bulos.  Pequenas manchas amarelas formadas nesse local por gotas de n�ctar podem �s vezes enganar os desavisados.
              A planta cresce at� 185cm de altura, mas em sua regi�o de origem pode atingir 5m possuindo as folhas verde escuras com os caracter�sticos pelos. Entra em frutifica��o ap�s 120 dias da semeadura. � importante instalar estacas tutores ou mesmo uma treli�a para ajudar a planta a suportar o peso dos frutos.
              Os frutos, embora existam de cor amarela, s�o em sua grande maioria vermelhos, contendo sementes na cor preta e formato de p�ra ou ma��. Variam entre 30.000 e 50.000 SHU na escala Scoville, e s�o bem carnudos, de consist�ncia firme, possuindo c�lice com dentes longos, sem constri��o anular na jun��o com o pedicelo.
                A prefer�ncia gastron�mica � por frutos frescos.  � o ingrediente principal do prato Rocoto Relleno, no qual se recheiam as pimentas com uma mistura de carne.
Capsicum annuum

               O nome annuum significa �anual�, sendo uma denomina��o inapropriada para uma esp�cie de ciclo de vida perene. Essa � a esp�cie mais difundida e mais cultivada no mundo, estando presente em praticamente todos os paises.  Existem controv�rsias quanto ao seu centro de origem. Alguns consideram a Bol�via e Sul do Brasil, enquanto outros afirmam ser o norte da Am�rica Latina. Mas existe o consenso de que o M�xico foi a sua regi�o de domestica��o, que ocorreu por volta de 2.500 A.C. Quando Crist�v�o Colombo chegou, j� encontrou uma grande numero de variedades desenvolvida pelos agricultores ind�genas. Espanha e Portugal se encarregaram de distribuir por suas col�nias, onde foram rapidamente assimiladas pela cultura culin�ria local e novas variedades foram criadas. Hoje, essa � a esp�cie que tem o maior numero de variedades domesticadas, contando-se aos milhares.
               A Capsicum annuum var. aviculare  ou C. annuum var. glabriusculum (Dunal) ou C. annum var. minimum (Heiser), ou  C. annuum var. minus (Shiners), conhecida popularmente como Piquin,  Chiltepin ou Chile Piquim � a variedade silvestre mais pr�xima da antepassada extinta que originou todas as annuum.
     Todas as variedades domesticadas, desenvolvidas e cultivadas hoje no mundo s�o C. annuum var. annuum.  S�o milhares de variedades, incluindo os piment�es doces que temperam nossa culin�ria. 
             S�o plantas arbustivas de caule m�ltiplo e semi-lenhoso, apresentando uma flor por n�, raramente mais de uma e ocasionalmente fasciculadas. Na antese, os pedicelos podem ser eretos, pendentes ou inclinados. A corola � branca (raramente violeta), sem manchas na base dos lobos das p�talas. As anteras s�o geralmente azuladas. Os c�lices dos frutos maduros s�o pouco dentados e n�o possuem constri��o anelar na jun��o do pedicelo. Os frutos s�o de v�rias cores e formas, geralmente pendentes, persistentes, com polpa firme; as sementes s�o cor de palha.
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