|
1. A revolução do Porto
Com a transferência da Corte portuguesa para o
Brasil, em 1808, Portugal mergulhou numa grave crise. A invasão do país pelo
exército de Napoleão Bonaparte desorganizou a produção do vinho e do azeite.
Pouco depois, a abertura dos portos brasileiros levou os comerciantes
portugueses a perderem o mercado colonial para a Inglaterra. Diante desta crise,
várias cidades portuguesas fizeram manifestações de militares e civis contra
o governo estrangeiro e absolutista. Exigindo a volta imediata de dom João a
Portugal.
As primeiras notícias da Revolução do Porto
chegaram ao Brasil ainda em 1820. O movimento inspirou diversas rebeliões
locais da população insatisfeita.
2. Um momento de indefinições
Inicialmente, a elite brasileira apoiou as Cortes
portuguesas. Afinal, os latifundiários, os altos funcionários e alguns
comerciantes do Rio de Janeiro foram chamados a participar do novo governo. Em
1821, o governo português aumentou as taxas alfandegárias sobre as mercadorias
importadas da Inglaterra. Com isso, Portugal pretendia recuperar o monopólio
comercial sobre o Brasil. No mesmo ano, as Cortes enviaram tropas ao Rio de
Janeiro e Pernambuco, para reforçar a vigilância na Colônia.
3. Os partidos políticos em formação
A elite agro-exportadora fundou um partido político,
o Partido Brasileiro, ao lado de periódicos como o Despertador Brasiliense e o
Regulador Brasílico-Luso. Os comerciantes portugueses, concentrados no Nordeste
e beneficiados pelo monopólio da Coroa, foram contrários a independência do
Brasil. Com o apoio de alguns militares do Reino, eles fundaram o Partido
Português. Já a classe média que havia se formado no Rio de Janeiro, composta
por funcionários públicos, profissionais liberais, militares e padres, assumiu
uma posição mais radical em favor da independência.
4. Dom Pedro decide ficar
Embora com idéias diferentes, o Partido
Brasileiro e os liberais radicais se uniram na luta pela independência. Por sua
vez, as Cortes de Lisboa, em sua tentativa de recolonizar o Brasil, passaram a
exigir mais insistentemente o retorno de dom Pedro a Portugal. Preocupados com
essa exigência, os dois grupos políticos, organizaram um grande abaixo
assinado, pedindo ao príncipe regente que ele não abandonasse o Brasil. No dia
9 de janeiro de 1822, após receber o documento com as assinaturas pedindo a sua
permanência no Brasil, dom Pedro tomou a decisão de ficar. "Como é para
o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que
fico", declarou o príncipe regente ao grupo de pessoas que lhe foi
entregar o abaixo-assinado. Esse fato ficou conhecido como o dia do fico. A
decisão de dom Pedro de desobedecer as Cortes Portuguesas foi o início do
rompimento das relações do governo brasileiro com o governo português. A
partir daí os acontecimentos se precipitaram e o Brasil caminhou rapidamente
para sua independência.
As cortes portuguesas consideravam ilegal o
governo de dom Pedro e ameaçaram enviar tropas ao Brasil, caso seu retorno à
Europa fosse mais uma vez adiado. Quando a decisão de Portugal chegou no
Brasil, José Bonifácio, enviou-lhe as mensagens vindas de Portugal. Dom Pedro
as recebeu no dia 7 de setembro de 1822, às margens do riacho do Ipiranga.
Junto a correspondência estava uma carta de seu ministro, aconselhando-o a
tomar uma atitude imediata. Ali mesmo, às margens do riacho e na presença de
uma pequena comitiva, dom Pedro declarou a independência do Brasil. Chegavam ao
fim mais de trezentos anos de domínio colonial.
|
|