Smallville - Reunião

Capítulo 1 - A revolta de Lex.


O sol nasce no horizonte.

Clark Kent desce as escadas de sua casa abotoando uma camisa xadrez, enquanto seus pais preparam o café da manhã na cozinha. Assim que pisa no cômodo, o rapaz saúda:

– Bom dia!

O clima ali é tenso. Como resposta, Jonathan e Martha Kent fitam o filho, calados, seus semblantes demonstrando grande insegurança. Clark conhecia aquele olhar por parte deles. Tinham uma notícia ruim para dar.

– O que houve? - perguntou o jovem sem demora.

– Ligaram do hospital - respondeu Jonathan, apanhando uma torrada. - Parece que um grupo de homens invadiu a mansão de Lex esta madrugada e ele foi baleado!

Clark arregalou os olhos, preocupado com o amigo, deixando a casa usando sua supervelocidade antes que seus pais pudessem interferir.

 

Num piscar de olhos, Clark chega ao Centro Médico Pequenópolis. Caminhando atordoado pelos corredores do prédio, o rapaz logo encontra uma enfermeira, perguntando, aturdido:

– Por favor, em que quarto está Lex Luthor?

– Logo ali, no cento e dois! - respondeu a funcionária do hospital, apontando para uma porta próxima.

– Obrigado!

Rapidamente, o rapaz adentrou o leito, encontrando Lex sentado numa cama e encostado a um travesseiro, tomando soro e possuindo um curativo sujo de sangue perto de seu ombro esquerdo. Ao ver o amigo, Luthor abriu um sorriso cínico, exclamando, com a voz carregada de ironia:

– Olá, Clark! Vejo que veio contemplar o mais novo feito de Lionel Luthor, o qual você tanto acredita ter se regenerado!

– Foi muito grave? - perguntou o recém-chegado, se aproximando.

– Por sorte a bala não atingiu nenhum osso... Se o atirador tivesse a mira um pouco mais precisa, eu não estaria aqui agora conversando com você! Os médicos disseram que só preciso repousar, pois estou fora de perigo, porém nunca estarei seguro com meu pai à solta lá fora...

– Lex, você tem mesmo certeza que foi ele?

– Ora, e quem mais poderia ser? Ainda bem que não conseguiu contratar assassinos competentes, mas ele tentará de novo, tenho certeza!

– Tente entender, seu pai mudou! Ele é outra pessoa, Lex! Não se lembra de quando ele nos ajudou a provar sua inocência quando você foi acusado de ter matado aquela garota?

– Vejo que ele já fez sua cabeça! Mas isto não vai ficar assim, eu vou me vingar...

– Lembre-se que acima de tudo ele é seu pai!

– E de que adianta ter um pai que não se cansa de querer arruinar a vida do filho, Clark? - exclamou Lex, cada vez mais exaltado. - Afinal de contas, o que você entende sobre isso? Teve sempre pais que o amaram e o apoiaram em suas decisões, mas e quanto a mim? Você seria capaz de me dar uma resposta?

Clark estremeceu. Lembrou-se de Jor-El, seu pai biológico, e de todo o sofrimento pelo qual havia feito com que seu filho passasse, segundo ele, por este não querer aceitar seu destino. No fundo, Lex Luthor e o filho adotivo dos Kent possuíam várias coisas em comum. Sim, Clark seria perfeitamente capaz de dar uma resposta ao jovem milionário, mas não podia. Tinha que guardar seu segredo.

– Você precisa se acalmar... - murmurou o visitante.

– Sei disso... - respondeu Lex, cabisbaixo. - Já liguei para alguns médicos em Metropolis para que eles me tirem deste hospital o mais rápido possível. Preciso tratar de negócios importantes ainda hoje!

– Bem, eu já vou indo, ou acabarei me atrasando para o colégio - disse Clark, se dirigindo até a porta. - Estimas melhoras!

– Obrigado!

 

O rapaz desperta de seu sono, encostado ao assento na parte de trás do carro. Por trás de seus óculos fundo de garrafa, ele observa, através da janela, as inúmeras fazendas do Kansas, que se estendiam infinitamente pelas vastas e férteis planícies do meio-oeste do país. Com certeza uma paisagem bem diferente da selva de metal e concreto chamada Nova York.

Nos assentos da frente estavam as únicas pessoas aparentemente entusiasmadas com aquela viagem. Na verdade aquilo seria bem mais que uma simples excursão pelo interior. Uma metamorfose sem precedentes estava prestes a ter início na vida do jovem Peter Parker.

– Você quer geléia, Peter? - perguntou Tia May, sorridente.

– Não, obrigado! - respondeu o rapaz de forma ríspida, extremamente mal-humorado.

Sem tirar os olhos da estrada, Tio Ben balançou negativamente a cabeça, preocupado com o sobrinho. Sabia muito bem que aquilo tudo estava sendo difícil demais para ele. Vendo-se obrigado a mudar para o Kansas devido à fazenda deixada como herança ao tio por um parente falecido, Peter teria que esquecer os poucos amigos que possuía em Nova York e fazer novas amizades, algo bastante complicado para um adolescente extremamente tímido. Mas o pior, com certeza, seria ficar longe dela... A garota mais bela da vizinhança onde os Parker costumavam morar...

– Não fique triste, Peter! - disse Tia May, tentando alegrar o sobrinho.

– Acho que ele está assim por causa daquela garota, como é mesmo o nome dela? - sorriu Tio Ben. - Mary Jane?

– Vê se não enche! - exclamou Peter, encolhendo-se em seu assento.

Nesse instante, o carro passou por uma placa na estrada: “Bem-vindo a Pequenópolis, a capital mundial dos meteoros”.

 

Faltava pouco para o sinal bater. Percorrendo os corredores do Colégio Pequenópolis, Clark ganha a redação do jornal “A Tocha”. Lá encontra Chloe Sullivan, que, sorridente, fixa um cartaz numa parede. Aproximando-se, o rapaz lê em voz alta o que está escrito nele:

– Precisa-se de fotógrafo!

– Interessado? - indaga Chloe, voltando-se para Clark.

– Desculpe, mas não sou muito bom com uma câmera! - responde o jovem num sorriso. - Você ficou sabendo do que houve?

– O Lex foi baleado, já me contaram... - diz a repórter, caminhando na direção de sua mesa.

– Ele acha que o pai dele está envolvido, mas eu não creio nisso. Você sabe que ele está diferente!

– Apesar de tudo que Lionel Luthor já fez, sou obrigada a concordar com você! Mas quem pode estar por trás disso?

– É o que pretendo descobrir! Ao que parece, mais de uma pessoa invadiu a casa. Talvez estivessem efetuando um roubo ou algo assim!

– Bem, é provável... Porém, precisamos de mais evidências! Tentarei descobrir alguma coisa!

– Certo, te vejo mais tarde!

Enquanto Clark saía, Chloe olhou mais uma vez para o cartaz. Havia espalhado vários iguais àquele pelo colégio. Pensativa, a jovem perguntou-se sobre quem preencheria a vaga...

 

Um ambiente escuro e perturbador. A luz da manhã penetra levemente no local por algumas janelas semi-abertas, revelando silhuetas humanas. Trata-se de um galpão supostamente abandonado, onde vários indivíduos, sentados sobre caixas e barris, conversam entre risadas. Enquanto alguns desmontam pistolas calibre 45 para limpá-las, outros afiam facas ou averiguam o produto de roubos anteriores. São criminosos profissionais, que escolheram Pequenópolis como nova base de operações.

Alheio aos demais, num dos cantos do sombrio galpão, um jovem meliante encontra-se sentado junto a uma parede, rosto coberto pelas mãos. Quem o visse diria que ele tinha vergonha de si mesmo, ódio por suas ações...

Um dos bandidos, aparentemente o líder do grupo, acende um cigarro e se aproxima do rapaz. Este o fita com um olhar tristonho, descobrindo a face. O chefe dos criminosos exclama, rindo:

– Que há, novato? Deveria estar orgulhoso! Afinal de contas, deu um tiro naquele maldito Lex Luthor!

– E por que eu deveria me orgulhar disso? - indagou o novato em tom desafiador. - O que há de nobre em disparar contra pessoas inocentes?

O líder dos meliantes resmungou algo e afastou-se do jovem, enquanto as mais funestas lembranças deste último vinham à tona em sua mente. O sofrido rapaz procurou repeli-las, ao mesmo tempo em que indagava a si mesmo mais uma vez a respeito das razões que o haviam levado até ali. Por que escolhera aquele caminho? Alcançaria mesmo sua meta daquela maneira? Era o que buscava compreender, acima de tudo.

 

Meio-dia. O Talon encontra-se cheio de fregueses. Martha Kent circula atarefada pelo estabelecimento carregando bandejas, enquanto Lana Lang, no balcão, faz anotações num bloco de notas. Após alguns instantes, a jovem chama a mãe de Clark:

– Senhora Kent!

– Já estou indo!

Martha serviu mais uma mesa e se dirigiu até o balcão, onde Lana disse, apontando para alguns cartazes que estavam sobre ele:

– Pode me ajudar a fixar estes anúncios pelo Talon?

– Sim, claro! - respondeu a mãe de Clark num sorriso, apanhando um dos cartazes.

Em seguida a esposa de Jonathan Kent caminhou até uma parede próxima, abrindo o anúncio de frente para si com o intuito de colá-lo à superfície. O cartaz divulgava, em cores alegres e letras chamativas, um show de comédia que seria apresentado no Talon dali a dois dias, intitulado “Laughing Clown”. Assim que conclui a tarefa, Martha olha para a entrada do estabelecimento e vê que dois indivíduos haviam acabado de chegar.

O primeiro aparentava ser um executivo milionário de grande experiência nos negócios. Imponente, trajava um terno caríssimo, carregando uma maleta preta. Era acompanhado por um jovem de jaqueta, aparentemente seu filho. Após entrarem, os dois homens examinaram o ambiente com atenção por alguns instantes antes de caminharem até uma mesa.

Lana aproximou-se de Martha. Assim como ela, a jovem não conseguia tirar os olhos dos recém-chegados.

– Quem são eles? - perguntou a mãe de Clark.

– O senhor de terno é Norman Osborn, proprietário da Oscorp, uma das maiores empresas do país - respondeu Lang. - Já o vi na TV. O rapaz, se não me engano, é o filho dele, Harry. Provavelmente estão em Pequenópolis para tratar de negócios com o Lex.

A namorada de Jason foi atender os ilustres fregueses, enquanto a senhora Kent apanhava mais cartazes sobre o balcão.


Capítulo 2

Prólogo

Index

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