CARA OU COROA

Parte 1


STREET SUMMER

LOS ANGELES

25 DE ABRIL

01:43

Uma noite sem lua, numa estrada com escassos postes de iluminação pública por toda sua extensão.

Um homem alto vestido numa grande jaqueta anda em direção à beira da estrada em rápidas passadas, demonstrando estar com grande pressa.

Na beira da estrada uma mulher está caída, inconsciente.

Surge uma luz ao longe. É o farol de um carro de cor escura e de grande porte. Dentro está um homem extremamente irritado. Seu olhar lembra o de um felino selvagem num momento de fúria. Seus cabelos grisalhos dão um tom prateado com a pouca luz que nele bate. Ele observa ao seu lado o banco do carona onde está uma arma com o tambor aberto, revelando não haver bala nele.

Volta sua visão direcionando-a àquele homem na estrada à distância. O senhor grisalho inspira e expira um ar de nervosismo e fúria contida, e demonstra toda a sua irritação ao passar a marcha do veículo violentamente para a ré. Este afasta-se mais para trás, tomando mais distância do homem na estrada.

Retorna à marcha normal do carro, enfiando o pé no acelerador, mas segura a embreagem provocando um estrondoso ronco no motor, de forma que se iguale à sua ira interior.

Então retira o pé, fritando as rodas no asfalto, saindo em disparada em direção ao homem, que então olha para o carro se aproximando. O senhor de cabelos grisalhos aperta suas mãos fortemente no volante. Seu rosto é puro ódio. Sua expressão facial é tão malévola que nem parece humana. O pedal do acelerador encosta no piso do automóvel.

- Vou acabar com você, seu desgraçado!! - grita o homem que dirige.

O homem na estrada tenta sacar sua arma, mas seu movimento é lento e não há tempo para usá-la. O carro já chegara até ele.

03:15

O resgate já está no local.

A agitação dos para-médicos descaracteriza o silêncio e a quietude daquele local durante a madrugada.

- Parece grave! Dentro de uma hora chegaremos com a vítima do atropelamento no hospital! - afirma um para-médico que fala a um rádio comunicador com a central de resgate.

Os enfermeiros restantes imobilizam o homem vitimado.

- Detesto esses irresponsáveis bêbados que atropelam e depois não prestam socorro! - reclama um deles.

A maca é agilmente colocada na ambulância.

- Duvido que ele consiga sobreviver pela... - dizia o médico quando então observa o sinal intermitente no aparelho de monitoração de batimentos cardíacos e grita: - Parada cardíaca!

O médico abre a camisa ensangüentada da vítima e começa a massagem cardíaca. Vira-se para o enfermeiro e diz:

- O oxigênio!

O enfermeiro prontamente põe a máscara de oxigênio no homem.

O médico, incessantemente, tenta a ressuscitação, mas a cada olhada ansiosa ao monitor continua somente vendo aquela macabra linha horizontal.

Minutos se passam e nenhum resultado.

O médico, frustrado, desiste.

- Já o perdemos! - afirma - Verifique a identidade dele para transmitir à central de resgates.

O enfermeiro pega numa caixa a carteira encontrada com a vítima. Olha a identidade e diz:

- Chama-se Harry Shatner.

Coloca o documento na maca, ao lado do rosto do falecido, que é o senhor de cabelos grisalhos.

 

ARQUIVO X

ATIVIDADE PARANORMAL

O GOVERNO NEGA TER CONHECIMENTO

A RESPOSTA ESTÁ NO FUTURO

CARA OU COROA

 

QUARTEL GENERAL DO FBI

WASHINGTON, DC

09:15

Mulder, juntamente com sua parceira são chamados ao escritório de Skinner.

Este, por sua vez, pede-lhes que se sentem e fala:

- Agente Mulder, este caso que vou lhe passar veio para o meu Departamento às cinco horas.

- Algum crime sem solução...? Ou daqueles que me deixam louco para me envolver?

- Não me parece um crime incomum, mas conto com seu bom senso para que aceite o caso e o resolva.

- Do que se trata? - pergunta Mulder.

- Basicamente um atropelamento, no qual o assassino que dirigia fugiu e precisamos de sua investigação.

Mulder suspira:

- Mas isso não é caso para a Polícia Rodoviária? Afinal, pra que me querem aqui no Arquivo-X? Para isso?

Skinner não demonstra interesse em trocar palavras com seus agentes.

- E se quiser continuar nos Arquivos-X vai ter que fazer isso que mandei, caso contrário...

- Considere que casos do seu interesse não são muito comuns, não Mulder? Vamos. Para que discutir? - murmura Scully para seu parceiro.

 

STREET SUMMER

LOS ANGELES

12:15

Os Agentes Mulder e Scully chegam ao local do acidente.

O isolamento daquela pista não havia causado nenhum prejuízo no trânsito, pois naquele local não passa nenhum carro a não ser de meia em meia hora. É muito isolado.

Um homem de barba bem feita, o Delegado, conversa com o casal de Agentes.

- Bem, Agentes, temos uma novidade do que ocorreu aqui.

Pegando um saquinho de evidências que guardara, mostra um caco de vidro com alguns números marcados nele.

- No vidro quebrado no chão encontramos isto. É o número do chassi do carro que o atropelou. Mandamos identificar e descobrimos que o carro fôra roubado e segundo descrições da vítima, o ladrão tinha as características de Harry Shatner.

- Cometeram latrocínio com o ladrão? - pergunta Mulder, com seu tom irônico, como sempre.

- Pois é. É o tipo de ataque irônico que alguns bandidos que rondam esta cidade costumam fazer.

O Delegado é chamado ao rádio de sua viatura. Aproxima-se e fala ao aparelho comunicador:

- Pode falar. Estou ouvindo.

- Delegado, encontraram o veículo roubado. - diz a voz no aparelho.

 

DAY LIGHT

LOS ANGELES

14:18

Mulder averigua o veículo encontrado, olhando o seu deplorável estado.

Comenta:

- Parece que ele bateu num poste ou em outro veículo.

Um policial comenta:

- Parece mesmo, não? Mas nenhum vestígio de pintura ou marcas de concreto foram encontrados na lataria. Nem sei como ele conseguiu andar com o carro desse jeito para depois abandoná-lo! E tem mais algumas coisa sobre Harry. Parece que ele só tinha a carteira de identidade e a certidão de nascimento tiradas no dia de anteontem e seus supostos pais viviam sós e morreram há mais de 20 anos. Ele não tem registro algum em hospital, nem passaporte, ele nunca existiu legalmente; é um indigente.

- Parece que sua integração na sociedade não deu certo. - comenta Mulder.

O telefone do Agente toca.

- Com licença. - diz ele e afasta-se para atender o chamado.

- Mulder, sou eu! Suponho que erraram a causa da morte desse homem. - fala Scully da sala de autópsia, onde faz a análise do corpo do senhor grisalho.

- Por que? - quer saber Mulder.

Ela aproxima-se do gelado defunto sobre a mesa e olha para uma grande mancha roxa em seu corpo.

- Vejo que há uma grande contusão, que é resultante de uma forte pancada que causou muitas fraturas em costelas, as quais perfuraram órgãos vitais. À primeira vista parecia ter sido causado pelo impacto contra um pára-choque do veículo, mas observando bem esta contusão tem o formato que sugere um choque contra outra coisa... mas não deve ser isso!

- O que? - está curioso.

- Bem... han... parece um antebraço! - diz ela, apertando os olhos para estar certa de suas palavras.

- Scully, quer dizer que um ladrão freqüentador de academias super anabolizado matou Harry com uma braçada em seu tórax?

- Não deveria ter contado...! - suspira Scully.

- Teria sido um velho conhecido nosso? Por isso Skinner nos mandou?

- Krycek? Não, Mulder! Sei que ele tem um braço mecânico, mas a restante massa muscular do corpo é humana. Nem drogado, nenhum humano teria como dar um golpe tão forte!

- Agente Mulder, venha ver! - grita um dos peritos que chegara junto com o Agente.

Mulder aproxima-se e olha dentro do carro, no qual o perito usando um pó consegue deixar à mostra impressões digitais, as quais aparecem no volante do veículo.

- O que houve, Mulder? - indaga Scully pelo celular.

- Parece que podemos descobrir o nosso rapaz anabolizado.

 

CHEFATURA DE POLÍCIA

LOS ANGELES

15:05

O casal de Agentes encontra-se de pé diante do computador, o qual está sendo controlado pelo funcionário da Delegacia. Eles estão usando um programa de identificação de digitais.

- Veremos com quem coincidem as digitais descobertas no volante. - diz o policial.

Tecla alguns botões. Imagens de rostos passam como num caça-níqueis na tela, até que pára com a frase:

NÃO ENCONTRADO

- Bom, não parece ser de nenhum cara já fichado na Polícia, mas vou fazer uma busca pelo registro geral do país.

Ele volta a teclar e os rostos em seqüência começam novamente a aparecer.

Finalmente o monitor pára novamente, porém numa imagem sem foto.

- Não há fotografia. Não encontrou nada? - indaga Fox.

- Pelo contrário. Encontrei, mas há uma razão para não termos foto do indivíduo.

- Qual?

- Ele só tem três anos de vida!

Mulder fica surpreso. Não sabe o que dizer.

- Parece que podemos descartar o suspeito, não é? - diz o policial em tom de brincadeira.

- Não tenho certeza. - diz o Agente.

- Mulder! Não me diga que você acha que o garoto é um precoce! - Scully fala, irritada.

- Pode me dar o endereço dele? - diz Fox.

- Claro! - fala o policial meio confuso.

 

RESIDÊNCIA DOS RAVN

STONE SHINE, LOS ANGELES

17:38

Dentro da casa a mãe da criança já sente-se preocupada.

Lá os dois Agentes estão perguntando sobre seu filho, o qual neste instante está ali, na sala, brincando com um carrinho de plástico sobre o tapete, alheio à conversa a sua volta.

- Senhora, percebe-se seu nervosismo, mas não precisa ficar assim! Nós não queremos nada além de que a senhora responda às perguntas do Agente Mulder. - diz Scully.

- Seu filho sempre é um garoto alegre e brincalhão como vemos agora? Ou ele, às vezes, age de forma diferente? - inquire Mulder, sem pensar em economizar suas inúmeras teorias.

- Senhor Agente, ele nunca deixou de ser uma criança normal e saudável! - protesta ela - O senhor quer saber o que mais?

- Onde ele esteve ontem de madrugada?

- Ahnn?? - exclama espantada.

- Mulder!! - adverte-o a parceira, abrindo mais os grandes olhos azuis.

- Ora, só me responda, senhora!

- Bem... ele dormiu a tarde toda, então só consegui fazê-lo dormir de novo às duas e meia da manhã!

Enquanto ela responde, Mulder discretamente anda pela pequena casa, olhando os cômodos da mesma. Sua visão perscruta cada ambiente na intenção de encontrar algo como objetos de seitas estranhas, símbolos ou outras coisas que possam dar vazão às suas teorias. Mas somente uma Bíblia sobre a cabeceira da cama da senhora Ravn pôde encontrar.

- Mulder, acho que já foram perguntas suficientes. - diz Dana.

- Concordo. Muito obrigado e desculpe-nos senhora Ravn.

Quando os Agentes põem os pés fora da casa, a mulher bate a porta atrás deles de forma grosseira, demonstrando toda sua raiva.

- Mulder, você faz coleção de inimigos?

- É... esta é a vigésima dona de casa que entra na minha coleção! Amanhã vou tentar uma caminhoneira. Só tenho duas inimigas dessa profissão. - ironiza mais uma vez.

- Falando sério, Mulder, você por acaso tem alguma teoria?

- Infelizmente não, Scully. - ele mordisca uma semente de girassol.

A investigação tomou mais alguns dias dos Agentes.

Mulder, entediado, riscava os dias perdidos no calendário com esse trabalho. Quando lhe parecia estar ficando mais interessante, tornou-se um círculo vicioso. As provas sempre levavam ao mesmo lugar. Teorias não haviam sido formadas por nenhum dos dois. Foram horas frustrantes de um trabalho infrutífero e para desgosto do próprio Mulder ele resolve declarar o caso encerrado. E até para surpresa de Scully, que está acostumada com as estranhas teorias do parceiro, que na maioria das vezes estavam certas.

O casal retorna a Washington.

Na sala de Skinner a desistência foi de espantar o Diretor Assistente, mas ele compreende a dificuldade que tiveram.

- É desanimador ver que você desiste de um caso no qual você dizia parecer simples demais. - fala Skinner.

- Tenha certeza de que estou muito mais decepcionado que o senhor!

Fox Mulder deixa a sala do chefe.

 

RESIDÊNCIA DE FOX MULDER

ALEXANDRIA, VIRGINIA

30 DE ABRIL - 15:10

O Agente volta ao lar.

Não costuma fazê-lo sem, pelo menos, ter uma idéia do Arquivo-X que investiga. Desta vez nenhuma teoria se formou, o que o faz pensar naquela frase:

HÁ ENTRE O CÉU E A TERRA MUITO MAIS COISAS DO QUE POSSA IMAGINAR A NOSSA VÃ FILOSOFIA.

No íntimo de Mulder ele cria que fosse uma enciclopédia ambulante, mas esse verbete não lhe estava registrado.

Com tristeza ele abre a porta de seu apartamento e entra nele com a sensação do trabalho não cumprido. Sua mente, então, esquece agora o trabalho frustrado em que vinha pensando, pois um detalhe chama sua atenção.

Um livro que Mulder havia deixado caído ao chão da sala está fechado, exibindo sua capa "Eu amei um extra terrestre" no qual Fox tem certeza de ter deixado aberto na página 21.

Cautelosamente ele retira a arma do coldre e a empunha.

Andando a passos leves e sem fazer ruído olha por toda a casa, a qual não lhe revela nada de estranho.

Anda até seu quarto, quando vê, então, um rapaz aparentando uns quinze anos deitado em sua cama. Ele tem os cabelos até os ombros e carrega uma arma segura ao cinto, mas está dormindo.

"Por sorte não se fazem mais bandidos como antigamente." - assim pensa Fox, que engatilha sua arma num som quase inaudível, mas o suficiente para despertar o garoto que abre os olhos e saca a arma para Mulder.

- Larga isso! - berra o garoto.

- Olha só! Larga você, moleque abusado!

- Eu juro que atiro! - diz o jovem que não parece temer a situação.

- Eu não duvido! Por isso foi mandado pra cá. Larga a arma agora! É melhor ser preso do que morto!

- Só depois que eu falar com o Agente Fox Mulder!

- O que quer comigo? - pergunta Mulder, austero.

- Ah, você é o Agente Fox?!

- Claro! Quem esperava que eu fosse?!

- É que me disseram que você é um psicólogo, então eu pensei que fosse uma pessoa mais tolerante com hóspedes inesperados!

- Bom, minha vida não anda sendo nenhum mar de rosas! Agora poderia me dizer o que faz aqui e armado?

- Bom, estou armado porque minha vida não tem sido nenhum mar de margaridas! E também porque o segurança do colégio interno que eu estava é um tremendo bocó! E estou aqui porque me disseram para pedir sua ajuda. - diz o adolescente guardando o revólver.

- Quem me indicou?

- Harry Shatner.

- Shatner?! - está surpreso - Eu nem o conhecia!

- Ele jurou que você não me chamaria de maluco quando eu contasse. Você tem algum outro telefone dele? O celular não atende mais!

Mulder fala tentando acalmá-lo:

- Shatner... infelizmente... ele morreu. Foi encontrado morto numa estrada em Los Angeles.

- Ah, não! - queixa-se o garoto surpreso.

- O que você sabe sobre o Harry? - indaga curioso, Mulder.

- Ele sabia o que eu sei. Que se nada for feito rapidamente o ser humano vai ser destruído em breve!

- O que quer dizer, exatamente? - quer saber Mulder interessando-se mais na conversa.

- Bem, estou querendo impedir que um domínio de destruição venha a se levantar na Terra.

- Um domínio alienígena?

- Pior! A criação que destrói o criador! Fruto da ambição de alguns cientistas!

- Mas do que você está falando afinal, garoto?

- Do que matou Harry! Haverá milhares por aí! Ele foi baleado?

- Não. Parece que foi atacado por golpes fortes demais para serem dados por um humano.

- É porque não foi humano!

- Então o que?

- Um cyborg. Metade homem e metade máquina.

Mulder fica perplexo.

- Cyborg? Essa não, garoto! Pára de ler quadrinhos! Nem eu acho que na Terra exista tecnologia para isso!

- Ainda não, mas um dia terá e eu tenho que impedir que esse dia chegue!

Mulder se aborrece:

- Você tem que impedir? Você pensa que é o que? Um cyborg?!

- Não. Sou John Connor e quero impedir que haja uma guerra no futuro, na qual as máquinas praticamente exterminarão os seres humanos, controladas por uma rede chamada Skynet, mas os sobreviventes se levantarão contra elas, sob meu comando.

- É bom ver que tem força de vontade, garoto! Mas não devia ser tão pessimista com uma imagem tão apocalíptica do mundo!

- Mas esse é um futuro certo do qual os cyborgs vêm. Uma vez tentaram matar minha mãe ainda antes de eu nascer. Depois tentaram me matar com dez anos e agora eles voltaram e esses cyborgs se chamam Exterminadores. - diz o garoto com convicção.

Mulder não parece crer muito, porem dá um crédito.

- Talvez eu lhe deva dar uma chance. Se você for capaz de me explicar porquê ao analisarmos as digitais desse exterminador que matou Harry descobrimos uma criança de três anos de idade.

- Talvez porque essa criança seja um modelo humano que usarão no futuro para criar a aparência de um exterminador.

Mulder sorri levemente.

- Espero não me arrepender disso, mas você acaba de encontrar um parceiro.

Dirige-se para a geladeira e pergunta:

- Quer um refrigerante?

Quando abre a porta da geladeira vê a garrafa vazia e olha para John num olhar de repreensão, que diz:

- Você demorou para aparecer, não é? Eu tinha que sobreviver. E só tinha comida de passarinho no armário. Cadê o seu papagaio?

- Não tenho papagaio e só faço refeições na quentinha da esquina. - faz uma pausa - Agora vamos ao assunto. O que teríamos que fazer, agora?

 

EQUIPE EDITORIAL DA REVISTA O PISTOLEIRO SOLITÁRIO

15:30

Langly fala ao telefone:

- Cyberdyne? Você tem certeza que vale a pena tentar invadir o sistema de uma empresa que nunca criou softwares muito bem sucedidos? O último que comprei dela era um processador de texto que estava com defeito, colocando a letra "i" cada vez que se teclava o espaçamento. Quem lesse um texto em inglês parecia que estava morrendo de dor ou um tremendo egocêntrico.

- Talvez seja o primeiro experimento realmente bem sucedido deles. Às vezes estar no fundo do poço pode agir como inspiração. - diz Mulder no outro lado da linha.

- Ok. - concorda Langly com seu computador já ligado na outra linha telefônica.

Frohike aproxima-se do amigo:

- Seja discreto, Langly! Não podemos ser rastreados, ainda mais por causa de uma estória inventada por um "aborrecente" que pode estar querendo brincar com a cara do nosso amigo!

- Encontrei vários diretórios no servidor. Mas não tem o nome correto? - diz no telefone o cabeludo.

- Procure Skynet! - informa Fox.

Digitando mais algumas teclas o Pistoleiro encontra o diretório e o vasculha:

- Achei...! Ora, parece protótipo de um programa de inteligência artificial. E está ativo no momento! - explica Langly.

- Pode desconsertá-lo? Mandar um vírus? - pergunta Mulder.

- Talvez, mas pode ser difícil. Mesmo com um vírus novo que criei ontem.

Langly pega um disquete e coloca no drive, que logo encontra-se ativo.

- Estou passando o vírus.

Byers diz intrigado:

- Olhem o monitor! A barra medidora de envio de arquivos parou!

Langly olha para o gabinete e vê a luz do HD acesa.

- O que foi? - indaga o Agente pelo telefone.- Parou de enviar o vírus?

- É... parou! Droga! - exclama o Pistoleiro.

- Não está conseguindo invadir o sistema? - indaga novamente Mulder.

- Não. Eles é que estão nos invadindo!

Uma mensagem vermelha em meio à tela preta aparece escrita em letras grandes:

PEGUEI VOCÊ!

Afobadamente Langly desliga o computador e religa-o novamente.

- Mulder, eu temo que...

O computador volta a funcionar.

O louro observa muito nervoso.

- Teme o que? - quer saber Mulder.

- O contador de memória indica 25 gigabytes no total e 25 gigabytes livres!

- E o que isso quer dizer? - novamente fala Mulder.

- Que o sistema Skynet roubou todas as informações do nosso computador. Agora eles têm tudo sobre nós, você e Scully...! Endereço, dados, fotos, etc...

- Escutem, John pede que fujam de seu apartamento e vão para um lugar onde não costumam ir, pois senão o exterminador pode encontrá-los.

Langly desliga o telefone e fala para os dois amigos:

- Preferem rachar o hotel a três? Ou cada um paga uma diária?

Em seu apartamento Mulder está cada vez mais convencido da veracidade do que John lhe contara.

- Temos que sair daqui, senhor Fox! Senão seremos pegos! - diz, nervoso, o garoto.

- Só farei uma coisa antes. - avisa Mulder, preparando-se para pegar o telefone novamente, quando o aparelho toca; ele atende.

- Mulder, sou eu! - diz Scully do outro lado da linha - Recebi um telefonema estranho do Skinner que pediu que eu estivesse em frente ao FBI às 22 horas de hoje e eu queria confirmar isso com você.

- A mim ele não falou nada sobre isso, Scully! Pode ser uma armadilha!

- De Skinner?! - indaga ela.

- Não de Skinner! Scully, por favor, precisa sair de seu apartamento já! Há algo acontecendo! Não me pergunte o que é! Não posso explicar agora!

- Então vamos nos encontrar às 17 horas na garagem do FBI. Lá você me fala.

- Já estou indo! - fala, desligando o telefone.

 

QUARTEL GENERAL DO FBI

WASHINGTON, DC

17:01

Na garagem do imenso edifício os Agentes e o garoto se encontram.

Mulder já havia contado parte da estória para a parceira.

- Cyborg? Mulder, está dizendo que estamos sendo caçados por um cyborg do futuro?

- Exatamente. E eles podem imitar a voz de qualquer pessoa além dos da série T1000 poderem tomar forma de qualquer pessoa por serem de metal líquido. - explica o Agente.

Mulder então lança um olhar de desconfiança.

- Scully, lembra do nome daquele homem que encontramos em Virginia, que mudava de forma e quase te beijou?

- Ah, agora não estou me lembrando! - responde ela.

Mulder começa a duvidar da parceira.

O garoto entende o sentido da pergunta que ele fizera.

A Agente começa a olhar um e outro seguidamente:

- O que estão pensando? - pergunta.

John, astutamente, passa a mão nas nádegas da Agente, que recua assustada:

- Mas o que é isso? - protesta.

- É ela mesma! É carne pura! - diz o garoto.

Mulder não contém uma risadinha marota.

Scully fica bastante aborrecida.

- Mulder, é pra isso que você me liga e me chama aqui? Para esse moleque me... deixa pra lá!

Mulder agora fica intrigado.

- Scully, você é que me ligou e sugeriu este encontro!

- Você é que me ligou, Mulder! O que está havendo com você?

- Cuidado! - berra John Connor - Foi uma armadilha para juntar todos nós aqui!

Uma rajada de balas é disparada.

Os corpos dos três caem ao chão. Não porque tenham sido atingidos e sim para evitar que o sejam.

Os tiros atingem os carros e o chão próximo a eles.

Eles vêem que os tiros partem de uma metralhadora empunhada por um homem de aparência muito forte.

- É um exterminador série 600! Nem tente disparar contra ele, que é inútil! - avisa Connor.

Scully porém não acredita. Atira uma vez contra ele.

A bala ricocheteia no homem mecânico e desvia, arrebentando o vidro do carro de Skinner ali estacionado.

Os três rastejam pelo chão para baixo de um carro grande.

Os tiros continuam passando raspando por eles.

Chegando para baixo do veículo, eles suspiram esperando um minuto de sossego.

Mulder observa o cyborg dali, o qual abaixa a metralhadora, mas logo levanta o outro braço, onde segura outra arma.

- Fujam! - berra ele, para que saiam imediatamente.

Correm em desenfreada carreira enquanto um foguete é disparado no carro onde haviam se abrigado, o qual inclina-se em duas rodas, despedaça-se e pega fogo.

- Vamos para o meu... esquece! - diz Fox, ao ver que seu veículo teve o capô aberto e a fiação arrancada pelo homem máquina.

Scully olha para o seu carro, no qual percebe que fôra feita a mesma coisa, sem que eles o pudessem notar.

O exterminador levanta a metralhadora e atira novamente.

Os zunidos das rajadas passam pelos ouvidos dos apressados fugitivos que se jogam agora atrás de uma pick-up, supondo estarem seguros temporariamente.

John porém, resolve entrar na cabine, o que preocupa os Agentes, pois as duas paredes da pick-up os protegem da metralhadora, mas encontra-se ali dentro está vulnerável.

- Saia daí, John! - exclama Mulder.

Um bala passa à frente dos olhos do garoto, mas apesar do susto ele respira fundo e tira uns utensílios de seus bolsos e começa a mexer embaixo do volante.

Mulder tenta puxar o garoto para fora, quando outra bala atravessa a cabine e atinge-lhe a mão de raspão.

Ele puxa a mão ferida.

De repente o ronco do potente motor faz-se ouvir.

O garoto fizera uma ligação direta no veículo.

- Subam! - ele fala.

Sem discutir, os Agentes sobem no veículo.

Mulder toma o volante e saem à toda dali, tentando deixar a garagem.

O exterminador corre para o primeiro carro que encontra. Quebra o vidro da janela com um soco, abre a porta e entra e também faz uma ligação direta no veículo, saindo para seguir os três.

Do lado de fora da garagem um mutirão de seguranças do FBI vem correndo para entrar na garagem, pois haviam ouvido tiros e explosões.

Contudo todos eles voltam, fugindo às carreiras da pick-up dirigida por Mulder, que deixa o prédio em grande velocidade, seguida pelo carro do exterminador.

- Tem alguma sugestão agora? - indaga o Mulder.

- Fuja! Corra! Só isso! - responde o garoto.

Scully parece estar em estado de choque pelas coisas que vê acontecendo.

- Estamos fugindo de um cyborg do futuro? - pergunta, tentando convencer-se a si mesma dos fatos.

O exterminador não poupa balas de sua metralhadora, mas a habilidade de Mulder nas pistas para livrar-se do ataque é eficiente, porém fazendo com que os projéteis atinjam lojas, outros veículos e até transeuntes.

O exterminador não se dá por vencido e empunha novamente o lança-foguetes.

Ao ver a imagem da arma pelo retrovisor Mulder sua frio.

- Droga! Onde ele conseguiu isso?

- Acho difícil alguém se recusar a entregá-lo. - diz Scully.

Um foguete é lançado, porém atingindo um carro parado à calçada, perto de tubulações de gás, o que resulta numa grande explosão, fazendo o veículo levantar vôo e cair sobre a carroceria da pick-up dos Agentes num forte impacto, impedindo que Mulder possa ter uma boa visão nos retrovisores.

- Vou ter que ir lá! Tenho que tirar aquilo dali! - diz Fox, agitado.

Scully, imediatamente, passa para o volante enquanto Mulder abre a porta da pick-up em movimento e pendura-se do lado de fora do veículo.

O Agente sobe na carroceria e começa a forçar, empurrando o carro para que ele caia, mas é muito pesado para suas forças.

Um novo foguete é disparado pelo cyborg, o qual atinge o carro em cima da carroceria, que pega fogo imediatamente.

Mulder espreme-se num canto da carroceria para não ser queimado.

Scully, vendo a aflição do parceiro, berra:

- Mulder, cuidado!

O Agente já não pode tocar no carro para empurrá-lo e o calor do fogo ronda seu corpo. Sente-se encurralado.

Scully, extremamente preocupada com o amigo, observa na calçada à frente um automóvel verde de capô baixo ali estacionado. Aumenta a velocidade da pick-up e joga-a contra o meio-fio, fazendo o veículo dar um pequeno salto, o suficiente para este cair com as rodas dianteiras sobre o capô do automóvel verde, subindo nele e inclinando a carroceria, forçando para que o veículo incendiado escorregue de sobre ela.

Mulder agarra-se às beiradas da pick-up, a qual consegue passar por cima do carro verde, caindo no chão, forçando seus amortecedores e volta ao asfalto.

Mulder suspira aliviado.

O exterminador continua na perseguição; está próximo. Ele guarda sua arma de foguetes já sem munição e pega a metralhadora. Aponta-a para a pick-up, porém ela está sem balas, mas ele continua a perseguição.

Fox, de cima da carroceria puxa sua arma e dispara dois certeiros tiros nas rodas dianteiras do carro do homem máquina, que acaba por rodar em plena pista.

Mulder e John comemoram o feito em altos urros, levantando os braços.

Scully, por sua vez, providencia para que o veículo se distancie o máximo que pode daquele cyborg.

O exterminador desce do seu carro agora parado e com seus modernos sistemas fala em voz alta como um megafone:

- John, não quer sua mãe? Ela está comigo, sabia?

O sangue do garoto gela em suas veias; o nervosismo vem à tona:

- Pare, por favor! - pede a Scully, que pisa nos freios.

Um carro de passeio que vinha atrás quase bate na pick-up e um homenzarrão desce, reclamando, pronto para uma briga:

- Ei, qual é? Tá maluca ô...!

Ele cala-se quando Mulder mostra-lhe a insígnia do FBI e em seguida volta ao seu veículo.

John sai da pick-up e grita ao raptor de sua mãe:

- Me diga onde ela está!

- Aproxime-se!! E eu lhe direi! - ordena o cyborg.

- Não, John! Ele vai te matar! - alerta Fox.

- Pior é que eu sei! - responde o garoto.

- Não quer saber de sua mãe? - insiste o cyborg, que se aproxima em rápidas passadas.

John fica imóvel, olhando para o inimigo, sem saber o que fazer.

Mulder desce da carroceria e puxa John para dentro do veículo:

- Vamos! Está fazendo o jogo dele! Teremos outra chance!

O garoto não hesita e logo partem com a pick-up.

O exterminador pára e fica olhando os três a distanciarem-se.


Parte 2

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