Baião
Adeus, terra de Baião,
Terra de vinho e de pão,
Onde tenho o meu amor
Na raiz do coração.
Minha terra é Baião,
Terra de paz e alegria;
Tem na Serra da Aboboreira
Nossa Senhora da Guia.
Quando cheguei a Baião,
Da tua água bebi;
Fiquei louco de paixão,
Não posso viver sem ti.
Tenho à minha janela
Cravos e rosas aos molhos;
Estão em terras de Baião,
São o encanto dos meus olhos.
Frende
Santa Maria de Frende
Escreveu com nove anos
Uma carta a Jesus Cristo
Que o mundo era de enganos.
Santa Maria de Frende,
Vem cá abaixo dar-me a mão;
Sou rapariga nova,
Sofro do meu coração.
Gestaçô
Igreja de Gestaçô,
Feita de pedra morena;
Dentro dela vai à missa
Quem a mim me causa pena.
Granja
Adeus, ó lugar da Granja
Sabugueiros sem felor;
Já não tenho por quem mande
Visitas ao meu amor.
Lazarim
Atirei à pera de água,
Acertei na de baguim;
Ai de mim, que estou culpada
No lugar de Lazarim.
No lugar de Lazarim,
Varandinha ao correr,
No meio de tanta rosa
Algum cravo há-de haver.
Ó lugar de Lazarim,
Que ao fundo tem um ribeiro,
Eu venho cheio de sede:
A culpa é do bendeiro.
Loureiro
Dezeis que viva Loureiro,
Eu também digo que viva;
Também tenho em Loureiro
Por quem dar a minha vida.
Lugar de Paredes
Adeus, lugar das Paredes,
Breve te estou a deixar;
A maior pena que eu tenho
É do meu amor ficar.
Mosteirô
O lugar de Mosteirô
Nem é Vila nem aldeia;
É um lugar pequenino
Onde o meu amor passeia.
Outeiro
Adeus, lugar do Outeiro,
Cercado de olivais,
No meio tem uma torre
Donde combatem meus ais.
Adeus, ó lugar do Outeiro,
Num és vila nem aldeia:
És um lugar delicado
Onde o meu amor passeia.
Adeus, ó lugar do Outeiro,
Na casa primeira não,
Na oitava, mais adiante,
Navega o meu coração.
Porto Manso
Algum dia Porto Manso
Era meu entertimento;
Agora passo por lá,
Como o mais ligeiro vento.
Portela
Adeus, lugar da Portela,
Sabugueiro dá felores!
Já não tenho por quem mande
Vijitas aos meus amores.
Queimada
Se Queimada fosse minha,
Como é do meu amor,
Mandava-lhe pôr no meio
Um vaso com uma flor.
Quintela
Adeus, Lugar de Quintela,
As costas te estou virando;
Vou-me embora, vou prà tropa,
Adeus, até não sei quando.
Adeus, Lugar de Quintela,
Com uma calçada à entrada;
Eu já rompi meus sapatos,
Agora ando descalça.
Adeus, Lugar de Quintela,
Tantas saudades me causais,
Onde deixei os amigos
E também os meus pais.
Adeus, Lugar de Quintela,
Tanta vez te passeei;
Inda hoje tenho pena
Dum amor que lá deixei.
Adeus, Lugar de Quintela,
Tem um castanheiro brabo;
Tenho medo de lá ir,
Lá dentro está o diabo.
Adeus, Lugar de Quintela,
Tens uma clarabóia,
Para alumiar aos rapazes
Que andam de noite à rambóia.
Adeus, rua de Quintela,
Ladrilhada, mal segura;
Quando o meu amor lá passa,
Não há pedra que não
bula.
Se passardes por Quintela,
Tirai o chapéu à cruz,
Pra arrenegar o Diabo:
? Santo nome de Jesus!
Adeus, Lugar de Quintela,
Adeus, tanque de água fria,
Onde o meu amor se lava
A qualquer hora do dia.
Adeus, Lugar de Quintela,
Que me lembrastes agora;
Não é de ti que me lembro:
É dum amor que lá mora.
Adeus, Lugar de Quintela,
Logo ali à entrada.
Tenho lá o meu amor,
Numa gaveta fechada.
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Santa Cruz do Douro
Minha linda Santa Cruz,
De Baião és um tesouro,
Que estás no fundo banhada,
Com as águas do rio Douro.
Perguntais-me donde eu sou
Donde é a minha geração,
Sou de Santa Cruz do Douro,
Do concelho de Baião.
Perguntais-me donde eu sou
Minha terra não na nego:
Sou de Santa Cruz do Douro,
Onde os meus olhos navego!
Santa Leocádia
Santa Leocádia é nobre,
Uma terra de brasão;
Foi ela quem deu o nome
Ao concelho de Baião.
I
Pala e Loivos do Monte,
Santa Leocádia e Paredes,
São terras de boa gente,
É verdade, bem o vedes.
II
É verdade, bem o vedes,
A lenda assim o diz,
Porque em Santa Leocádia
Viveu Egaz Moniz.
São Tomé de Covelas
Ó lugar de São Tomé,
Lugar da minha paixão,
Onde se faz audiência
Sem meirinho nem ‘scrivão.
Ó lugar de São Tomé,
Sabugueiro sem felor :
Já não tenho por quem mande
Visitas ao meu amor.
Ó lugar de São Tomé,
‘Scaleirinhas ò correr,
Num jardim de tanta rosa
Algum cravo deve haver.
Perguntas-me donde eu sou,
Donde é a minha nação:
De São Tomé de Covelas,
Do concelho de Baião.
Se passares por São Tomé,
Tira o chapéu às alminhas
;
Se vires o meu amor,
Faz-le lá vesitas minhas.
Ó lugar de São Tomé,
Lugar da minha paixão,
Donde eu tenho o meu amor
No centro do coração.
Teixeira
Adeus, Lugar da Teixeira,
Por ter a frente caiada,
Eu também digo que viva
A bela rapaziada.
Ó igreja da Teixeira,
Ladrilhada, mal segura;
Quando o meu amor lá passa,
Não há pedra que não
bula.
Toreixas
Adeus, lugar de Toreixas,
Terra das ameixoeiras,
Ao fundo tudo são bruxas,
Ao cimo são feiticeiras.
Pena Ventosa
Rua abaixo, rua acima,
Lugar de Pena Ventosa;
Meu chinelinho de liga,
Minha meia cor-de-rosa.
São Brás
Mandaste-me vir, eu vim,
À capela de São Brás;
Eu vim, tu não viestes,
São palavras de rapaz.
Rua Nova
Ó lugar da Rua Nova
Sabugueiro sem felor!
Naquela rua mais ‘scura
Mora lá um caiador.
Vila Moura
Ó alto da serra da Neve,
Onde está uma dobadoura,
Não há terra mais bonita
Que a terra de Vila Moura.
Referência simultânea a
vários lugares do concelho de Baião
Adeus, ó lugar da Pala,
Onde a água faz remanso;
Onde eu tenho o meu amor
No lugar de Porto Manso.
Indo eu para o Marão,
Lá nos Padrões da Teixeira,
Virei-me pra trás e disse:
? Viva Loivos da Ribeira.
Já hoje fui a Campelo,
Já passei pelo correio;
Quem quiser saber notícias
Vá ao lugar do Outeiro.
Quintela, Padrões,
Charrasqueira e Almofrela,
Leve o diabo tal terra
Que mal se pode viver nela.
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