BAIÃO On Line
Cantigas Toponímicas
e Tópicas
    Material enviado por Carlos Nogueira autor do Cancioneiro Popular de Baião.

Concelho de Baião



Baião

Adeus, terra de Baião,
Terra de vinho e de pão,
Onde tenho o meu amor
Na raiz do coração.

Minha terra é Baião,
Terra de paz e alegria;
Tem na Serra da Aboboreira
Nossa Senhora da Guia.

Quando cheguei a Baião,
Da tua água bebi;
Fiquei louco de paixão,
Não posso viver sem ti. 

Tenho à minha janela
Cravos e rosas aos molhos;
Estão em terras de Baião,
São o encanto dos meus olhos.



Frende

Santa Maria de Frende
Escreveu com nove anos
Uma carta a Jesus Cristo
Que o mundo era de enganos.

Santa Maria de Frende,
Vem cá abaixo dar-me a mão;
Sou rapariga nova,
Sofro do meu coração.



Gestaçô

Igreja de Gestaçô,
Feita de pedra morena;
Dentro dela vai à missa
Quem a mim me causa pena.



Granja

Adeus, ó lugar da Granja
Sabugueiros sem felor;
Já não tenho por quem mande
Visitas ao meu amor.



Lazarim

Atirei à pera de água,
Acertei na de baguim;
Ai de mim, que estou culpada
No lugar de Lazarim.

No lugar de Lazarim,
Varandinha ao correr,
No meio de tanta rosa 
Algum cravo há-de haver.

Ó lugar de Lazarim,
Que ao fundo tem um ribeiro,
Eu venho cheio de sede:
A culpa é do bendeiro.



Loureiro

Dezeis que viva Loureiro,
Eu também digo que viva;
Também tenho em Loureiro
Por quem dar a minha vida.



Lugar de Paredes

Adeus, lugar das Paredes,
Breve te estou a deixar;
A maior pena que eu tenho
É do meu amor ficar.
 



Mosteirô

O lugar de Mosteirô
Nem é Vila nem aldeia;
É um lugar pequenino
Onde o meu amor passeia.



Outeiro

Adeus, lugar do Outeiro,
Cercado de olivais,
No meio tem uma torre
Donde combatem meus ais.

Adeus, ó lugar do Outeiro,
Num és vila nem aldeia:
És um lugar delicado
Onde o meu amor passeia.

Adeus, ó lugar do Outeiro,
Na casa primeira não,
Na oitava, mais adiante,
Navega o meu coração.



Porto Manso

Algum dia Porto Manso
Era meu entertimento;
Agora passo por lá,
Como o mais ligeiro vento.



Portela

Adeus, lugar da Portela,
Sabugueiro dá felores!
Já não tenho por quem mande
Vijitas aos meus amores.



Queimada

Se Queimada fosse minha,
Como é do meu amor,
Mandava-lhe pôr no meio
Um vaso com uma flor.



Quintela

Adeus, Lugar de Quintela,
As costas te estou virando;
Vou-me embora, vou prà tropa,
Adeus, até não sei quando.

Adeus, Lugar de Quintela,
Com uma calçada à entrada;
Eu já rompi meus sapatos,
Agora ando descalça.

Adeus, Lugar de Quintela,
Tantas saudades me causais,
Onde deixei os amigos
E também os meus pais.

Adeus, Lugar de Quintela,
Tanta vez te passeei;
Inda hoje tenho pena
Dum amor que lá deixei.

Adeus, Lugar de Quintela,
Tem um castanheiro brabo;
Tenho medo de lá ir,
Lá dentro está o diabo.

Adeus, Lugar de Quintela,
Tens uma clarabóia,
Para alumiar aos rapazes
Que andam de noite à rambóia.

Adeus, rua de Quintela, 
Ladrilhada, mal segura;
Quando o meu amor lá passa,
Não há pedra que não bula.

Se passardes por Quintela,
Tirai o chapéu à cruz,
Pra arrenegar o Diabo:
? Santo nome de Jesus!

Adeus, Lugar de Quintela,
Adeus, tanque de água fria,
Onde o meu amor se lava
A qualquer hora do dia.

Adeus, Lugar de Quintela,
Que me lembrastes agora;
Não é de ti que me lembro:
É dum amor que lá mora.

Adeus, Lugar de Quintela,
Logo ali à entrada.
Tenho lá o meu amor,
Numa gaveta fechada.
 


Santa Cruz do Douro

Minha linda Santa Cruz,
De Baião és um tesouro,
Que estás no fundo banhada,
Com as águas do rio Douro.

Perguntais-me donde eu sou
Donde é a minha geração,
Sou de Santa Cruz do Douro,
Do concelho de Baião.

Perguntais-me donde eu sou
Minha terra não na nego:
Sou de Santa Cruz do Douro,
Onde os meus olhos navego!



Santa Leocádia

Santa Leocádia é nobre,
Uma terra de brasão;
Foi ela quem deu o nome
Ao concelho de Baião.

I
Pala e Loivos do Monte,
Santa Leocádia e Paredes,
São terras de boa gente,
É verdade, bem o vedes.

II
É verdade, bem o vedes,
A lenda assim o diz,
Porque em Santa Leocádia
Viveu Egaz Moniz.



São Tomé de Covelas

Ó lugar de São Tomé,
Lugar da minha paixão,
Onde se faz audiência
Sem meirinho nem ‘scrivão.

Ó lugar de São Tomé,
Sabugueiro sem felor :
Já não tenho por quem mande
Visitas ao meu amor.

Ó lugar de São Tomé,
‘Scaleirinhas ò correr,
Num jardim de tanta rosa
Algum cravo deve haver.

Perguntas-me donde eu sou,
Donde é a minha nação:
De São Tomé de Covelas,
Do concelho de Baião.

Se passares por São Tomé,
Tira o chapéu às alminhas ;
Se vires o meu amor,
Faz-le lá vesitas minhas.

Ó lugar de São Tomé,
Lugar da minha paixão,
Donde eu tenho o meu amor
No centro do coração.



Teixeira

Adeus, Lugar da Teixeira,
Por ter a frente caiada,
Eu também digo que viva
A bela rapaziada.

Ó igreja da Teixeira,
Ladrilhada, mal segura;
Quando o meu amor lá passa,
Não há pedra que não bula.



Toreixas

Adeus, lugar de Toreixas,
Terra das ameixoeiras,
Ao fundo tudo são bruxas,
Ao cimo são feiticeiras.



Pena Ventosa

Rua abaixo, rua acima,
Lugar de Pena Ventosa;
Meu chinelinho de liga,
Minha meia cor-de-rosa.



São Brás

Mandaste-me vir, eu vim,
À capela de São Brás;
Eu vim, tu não viestes,
São palavras de rapaz.



Rua Nova

Ó lugar da Rua Nova
Sabugueiro sem felor!
Naquela rua mais ‘scura
Mora lá um caiador.



Vila Moura

Ó alto da serra da Neve,
Onde está uma dobadoura,
Não há terra mais bonita
Que a terra de Vila Moura.



Referência simultânea a vários lugares do concelho de Baião

Adeus, ó lugar da Pala,
Onde a água faz remanso;
Onde eu tenho o meu amor
No lugar de Porto Manso.
 

Indo eu para o Marão,
Lá nos Padrões da Teixeira,
Virei-me pra trás e disse:
? Viva Loivos da Ribeira.
 

Já hoje fui a Campelo,
Já passei pelo correio;
Quem quiser saber notícias
Vá ao lugar do Outeiro.
 

Quintela, Padrões,
Charrasqueira e Almofrela,
Leve o diabo tal terra
Que mal se pode viver nela.
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Outros Locais


AVEIRO

Adeus, cidade de Aveiro,
Ó terra das andorinhas,
Cuidavas que me enganavas
Com as tuas palavrinhas.



CINFÃES

Hei-de passear Cinfães
Quantas vezes eu quijer:
Trago pistolas à cinta
Sou homem, não sou mulher.



LAMEGO

O minha mãe, deixe, deixe,
Ó minha mãe, deixe-me ir,
Ó arraial de Lamego,
Eu vou e volto a vir.



MESÃO-FRIO

Ó vila de Meijonfrio,
Ai Jesus, quem me lá dera!
A culpa tive-a eu:
Estava lá, não me viera.



MINHO

Minha terra era o Minho,
Se não fosse o arvoredo;
Terra de tanto ramalho,
Onde o cuco canta cedo.

Sou do Minho, sou minhoto,
Filho duma minhoteira,
Pego nos picos às costas,
Vou trabalhar prà pedreira.



PENAFIEL

Penafiel, ó Pena,
Ai Jesus! Quem me lá dera!
A culpa tive-a eu:
Se lá ‘stava, não viera!

Adeus, ó Penafiel,
Senhora da Piedade!
Onde eu tenho o meu amor
A Senhora bem no sabe...



PESO DA RÉGUA

Eu hei-de ir morar prò Peso
P’ra aquele lugar sombrio.
Para ver se sou mimosa
Dos peixes daquele rio.

Ele chove e o rio cresce,
A água de donde vem?
Ela vem do cais da Régua,
Da banda do almazém.
 

PORTO

Adeus, cidade do Porto,
Adeus, rua do Bolhão,
Adeus, vista dos meus olhos,
Amor do meu coração.
 

Adeus, cidade do Porto,
Jardim da Cordoaria,
Onde me eu ia lavar
A toda a hora do dia.
 

Barquinho que vais prò Porto
De penedo em penedo,
Pega lá, leva esta carta
Ao juiz do meu degredo.
 

Foste-te gabar ao Porto
Que me destes um cruzado;
Também te dei um lencinho
Que da minha mão foi bordado.
 

Se eu chegar a ir ao Porto,
Hei-de jurar a verdade:
Hei-de jurar que o vi
No Campo da Liberdade.
 

Tenho uma prima no Porto,
Outra no cais da Ribeira,
A do Porto era linda
Se não fora regateira.

Tenho um colete de linho,
Mandei-o doirar ao Porto;
Deus queira que me ele venha
Doiradinho ao meu gosto.



RESENDE

Adeus, lugar de Resende,
À frente, número um,
Que lá tenho o meu amor,
Aqui não tenho nenhum.

Vós chamais-me gaio novo,
Eu gaio novo não sou:
O gaio é de Resende,
Eu a Resende não vou.

Dizeis que viva Resende,
Não sei que graça lhe achais:
Terra do milho miúdo,
Alimento dos pardais.



VILA REAL

Vila Real, tão lindo és!
Tens a fonte ao cima
E o Marão aos pés.

Ó Vila Real, ó Vila,
Ó Vila de Trás-os-Montes,
Em dias que não te vejo1
Os meus olhos são duas fontes.

Ó Vila Real alegre,
Província de Trá-Os-Montes,
No dia em que te não vejo,
Meus olhos são duas fontes.

1 Var.:
Um dia que te não veja,
Meus olhos choram em fontes.
 


REFERÊNCIA SIMULTÂNEA
A VÁRIAS LOCALIDADES

Douro Litoral

A minha terra é o Marco,
Assisto em Canaveses;
Por via de ti, menina,
Vou ao Marco ralas vezes.

Quando eu disse adeus ao Porto
Do alto de Vila Nova,
Bem podias entender
Que eu que me vinha embora.

Fui-me confessar ao Porto,
Comungar a Rio Mau;
Deram-me de penitência
Batatas com bacalhau.

Adeus, cidade do Porto,
Eu cá vou prà de Lamego,
Preguntar ao mercador
Quanto é o qu’ l’eu devo.

Canta o cuco em Paranhos,
Regedor, em Paçô,
Bom cantar e bom dançar
Só o frade de Barrô.

Dizem qu’o Porto qu’é homem
E ‘Àmarante que é mulher;
O Porto quer-se casar
E ‘Àmarante não quer. 

Tenho um amor na Ribeira
E oitro em Baião;
Tenho oitro em Quintela
Que me fica mais à mão.

Tenho uma prima no Porto,
Oitra no cais da Ribeira;
A do Porto é mais linda,
A do cais é mais trigueira.

Tenho uma prima no Porto,
Oitra em Baião;
Tenho uma em Quintela
Que me fica mais à mão.

Eu hei-de ir casar em Frende,
Ou na Vila de Barqueiros:
É um regalo na vida
Ver remar os marinheiros.

Quantas vilas tem o Douro
Que se podem passear:
É o Porto e a Régua,
Lamego e Vila Real.



RIBEIRA

Eu já não vou à Ribeira,
Que faz lá muito calor;
Empresta-me o teu chapéu,
Antoninho, meu amor.

Já lá vai o sol abaixo
Metido numa peneira;
Já lá vai o brio todo
Das meninas da Ribeira.

O meu amor e o teu
Andam ambos na Ribeira:
O meu anda à erva doce,
O teu, à erva cidreira.

I
Ó Ribeira, ó Ribeira,
Ó Ribeira, qu’és tamanha;
Fui criada na Ribeira,
Não me faço na montanha.

II
Não me faço na montanha,
Entre o tojo e a carqueja;
Dei a mão ao meu amor
Lá no arco da igreja.
 

III
Lá no arco da igreja,
Dei a mão à liberdade;
Estava bária do juízo,
Quando lhe fiz a vontade.
 
 


SERRAS

Sou da Serra, sou serrano,
Também tenho meu vintém
Para dar às raparigas,
Àquelas a que quero bem.

Tenho corrido mil terras
Inda não fui ao Marão;
Tenho visto caras lindas,
Cumà tua inda não.



RIO DOURO

A água do Alto Douro
Toda corre para o rio;
Todas têm o seu amor,
Só o meu teve desvio!

A água do rio Douro
Perguntou à do ribeiro
Quais amor era mais firme,
Ou o segundo, ou o primeiro?

A água que leva o Douro
Não é pra acomparar
Com as lágrimas que choro,
Se te não posso falar.

Adeus, ó Par’dão de Bula, 
Donde a água sobe e desce:
Nem a água mata a sede,
Nem o meu amor se esquece!

Além Douro, Além Douro,
Além Douro, beira-mar;
Foi juramento que eu fiz
De Além Douro não tornar.

Além Douro, Além Douro,
Terra do meu Manuel,
Para lá tudo são cartas,
Barato é o papel.

Alto do Douro alegre,
Videirinha que eu podei,
Não se me dá que oitro logre
O que eu por gosto deixei.

Fui ao Douro à vindima,
Não achei que vindimar:
Encontrei uma menina,
Com ela hei-de casar.

Moro à beira do Douro,
Sou filho dum pescador,
Tiro peixinhos à cana,
Para dar ao meu amor.

Ó Douro, na água levas
Um bem que tanto adoro:
Se levas água demais,
São as lágrimas que choro!

Rio Douro, rio Douro,
Rio de tanto penedo;
Ó rio, que estais levando
A chave do meu segredo!

Rio Douro, rio Douro,
Rio de tanto penedo;
Ó rio, que me lá tens
O meu amor em sagredo.

Se queres que te vá ver
Além Douro, Margarida,
Manda fazer um barquinho
Da hera mais felorida.

Venho de Cima do Douro,
A fugir à água fria...
Nunca tens de me esquecer,
Nem de noite, nem de dia.

Venho de Cima do Douro,
A mais não venho doirado,
Venho da terra das moças,
A mais não venho casado.

Venho de Cima do Douro,
Da apanha da azeitona.
Inda me aqui apareces,
Cara de pouca vergonha!

Venho de Cima do Douro,
Venho fugida ao sol,
Eu venho ademirada
Do cantar do rouxinol!
 


PAÍSES 

Brasil

Ó coração de três penas,
Dá-m’ uma, quero voar.
Eu vou ao Brasil e venho,
À vinda torno-t’á dar.

O berdegaio é meu
Que me custou o meu dinheiro;
Custou-me quatro vinténs,
Lá no Rio de Janeiro.

Eu hei-de mandar fazer
Altas varandas no mar:
Para ver o meu amor
No Brasil a passear.
Limoeiro do Brasil,
Deita pra cá um limão:
Quero tirar uma nódoa
Que trago no coração.

Ó meu amor do Brasil,
Manda-me pra cá sabão,
Quero lavar uma nódoa
Que trago no coração.

Quando eu fui ao Brasil,
Num navio de carvão,
Tratei logo a namorar
A filha do capitão.

Se o mar tivera varandas,
Ia-te ver ao Brasil,
Mas o mar não tem varandas,
Diz-me, amor, por onde hei-de ir?

Também já fui ao Brasil,
Não foi pra ganhar dinheiro:
Só fui por ganhá’la fama
De me chamar brasileiro!
 

MADEIRA

A Madeira é um jardim,
No mundo não há igual!
Seu encanto não tem fim,
É filha de Portugal!



AÇORES 

São nove ilhas floridas,
Nove graças a boiar;
Nove princesas garridas
A mirarem-se no mar.



AMOR À TERRA 

A aldeia onde nasci
Foi o berço de meu avô;
As raizes são tão fundas
Que estando cá, eu lá estô.

A cana verde me disse
Se eu queria ir com ela:
Vai-te embora, cana verde,
Que não deixo a minha terra.

Adeus, adeus, minha terra,
Mal de ti jamais direi;
Dá o mundo muita volta,
Não sei se cá voltarei!

Adeus, que me vou embora
Adeus, que embora me vou
Daqui para a minha terra,
Que desta terra não sou.

Daqui para a minha terra
Tudo são janelas verdes,
Tudo são cravos e rosas
Dispostos pelas paredes.

De natureza és garrida,
Ó minha linda princesa;
És a terra mais florida
Que criou a natureza.

É um regalo na vida
À beira de água morar:
Quem tem sede, vai beber,
Quem tem calor, vai nadar.
 


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 Última atualização 7 JULHO 1999



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