BAIÃO On Line
A Pequena Notável de
Marco de Canaveses
 
Maria do Carmo Miranda da Cunha (1909-1955)
 
     Nasceu no Concelho de Marco de Canaveses, nas montanhas de Olvidada em 9 de Fevereiro de 1909. Seus pais eram o barbeiro José Maria Pinto Cunha e Maria Emília de Miranda. Foi para o Brasil com meses de idade, onde cresceu perto do bairro boêmio da Lapa na cidade do Rio de Janeiro. Foi influenciada pela música e dança (samba) que vinha dos morros da cidade, com sua população pobre. Um dia se tornaria grande cantora, dançarina e atriz.
      Aos 15 anos de idade, Bituca (apelido) começou a trabalhar como costureira de chapéus, que mais tarde iriam ser uma peça típica de sua famosa e exótica maneira de se vestir. Aos 16 era vendedora de gravatas mas o patrão a despediu, pois como gostava de cantar as outras empregadas paravam de trabalhar para ouví-la. Nessa época teve o primeiro namorado, o campeão de remo Mário Cunha. 

O Iníco da Carreira 

Em 1929  foi convidada a se apresentar num espetáculo de caridade no Intituto Nacional de Musica.  O compositor Josué de Barros, percebendo seu potencial, resolveu investir na jovem cantora, pagando cursos de canto e dicção e divulgando-a para  rádios e gravadoras. Pouco tempo depois gravou  seu primeiro disco na RCA Victor, um sucesso que continha canções como Taí. Se tornou a cantora mais disputada pelos compositores da época e foi batizada pelo radialista César Ladeira de A Pequena Notável em virtude de ter um metro e cinquenta e tres centimetros de altura. Aumentava sua estatura com sapatos com altos saltos. Em 1933 Carmen formou a dupla "As irmãs Miranda" com sua irmã Aurora Miranda
     A partir de 1934 passou a ser acompanhada pelo conjunto Bando da Lua. E foi no no filme Alô, alô, carnaval (1938), dirigido por Ademar Gonzaga, que apareceu pela primeira vez vestida de baiana, cantando O Que é que a baiana tem?, de Dorival Caymmi
     Grava seus primeiros filmes com a irmã Aurora, dos quais restam poucos minutos. "Las irmanas Miranda" ganham sucesso também na Argentina. Grava o filme "Banana da Terra". 
     Ao final da década de 30 se tornou artista exclusiva do Cassino da Urca. Absoluta nos palcos. Cantava obras dos melhores compositores da época, tais como Ary Barroso e Assis Valente. 
 

Da Urca para a Broadway 

     Em 1939, um grande empresário da Broadway, talvez o maior da época, Lee, um dos Irmãos Shubert, logo percebe o potencial de Carmem. No dia seguinte, Carmen vai com ele ao Transatlântico Normandie para negociar. Dois dias depois, assinaram um contrato. Carmen exigiu trabalhar com o conjunto Bando da Lua. Esperta, Carmem sabia que precisava de uma banda que tocasse o seu tipo de música.  Getúlio Vargas apoiava a exigência, pois seriam a imagem do Brasil nos EUA, e por consequência no mundo, enfim um instrumento de relações públicas. Carmem leva a sério e pronucia: 
"Meus queridos amigos. Sigo para Nova Iorque onde vou apresentar a música da nossa terra. Às vezes tenho medo da responsabilidade. Lembrem-se sempre de mim que eu nunca os esquecerei."  
Parte, para Nova York dias depois no navio S.S.Uruguay com seus limitados conhecimentos da língua inglêsa. E na noite de 16 de Junho de 1939 a Pequena Notável fazia sua estréia na Broadway, na Revista musical Streets of Paris
     Criou uma nova imagem da música brasileira, também conhecida como "The Brazilian Way". 
     Sua forte personalidade a levou a romper o esteriótipo de inferioridade feminina existente na época. A Brazilian Bombshell conseguiu alcançar mais popularidade que muita gente famosa, tal como Greta Garbo que chegou uma vez a a cumprimentar Carmen Miranda em seu camarim. Carmem declarou: 
"Quando Greta Garbo veio me cumprimentar no meu camarim...que emoção! Eu... sambista das rodas cariocas, uma "Zé ninguém", recebendo aquela mulher maravilhosa... com aquela voz inesquecivel. 
 

     Havia ingressado definitivamente no universo da fama. Era a Pequena Notável dos brasileiros e a Brazilian Bombshell dos americanos. Carmen chegou a cantar para o presidente Roosevelt na Casa Branca. 
      De bananas e frutas  no turbante e umbigo de fora, num estilo brejeiro, era sensual, exótica e cheia de energia. Sua ginga e o movimento das mão eram marca registrada de Carmem. 
    Carmem e o Bando da Lua faturavam com o sucesso fazendo o primeiro ato do musical Streets of Paris no Versailles e saíam correndo para fazer o primeiro ato em uma casa noturna e depois voltavam ao Versailles para encerrar o musical. Os suados lucros eram divididos meio a meio com a família Shubert. 
     Carmem declarou uma vez:  
"Meus queridos e saudosos amigos ouvintes do Brasil. Boa noite. Os aplausos que escuto todas as noites na Broadway parecem-me o eco dos aplausos dos brasileiros contentes por ver o sucesso da sua musica popular nos Estados Unidos. Novamente digo que tudo farei para sempre corresponder às gentilezas do público da minha terra. Adeus Brasil. Até a volta e bye-bye."   

     Os brasileiros não davam todo o merecido crédito ao trabalho de Carmem pois no Brazil samba era coisa de favela, e não era a preferência da sociedade dominante.   

     Em 1940 foi ao Rio de Janeiro para o casamento da irmã Aurora e foi recebida com uma grande  recepção. Desfilou em carro aberto pela Avenida Rio Branco. Em outubro voltou aos Estados Unidos para cumprir um contrato assinado com a  20th Century-Fox. 
     Veio em 1941, seu primeiro filme em Hollywood, Uma noite no Rio. Meses depois deixou as marcas de suas mãos, pés e o seu autógrafo registrados na famosa Walk of Fame

     Em 1947, casou-se com o americano David Alfred Sebastian em cerimônia discreta. Em 1953, fez seu ultimo filme Morrendo de medo contracenando com a famosa dupla Dean Martin & Jerry Lewis. 

     O trabalho intenso deixou Carmem Esgotada e com a saúde debilitada. 
     Volta ao Brasil no final de 1954, com uma recepção espetacular e fica hospedada por quatro meses no no Hotel Copacabana Palace, reclusa em duas luxuosas suítes. Passou seu aniversário de 46 anos cercada pelo carinho de parentes e amigos íntimos. Segundo ela, ali viveu a melhor época de sua vida 
     Volta em 1955 aos EUA, dando continuidade aos seus compromissos profissionais, entre os quais a inauguração do mais luxuoso cassino da época em Las Vegas, com lotação esgotada. 
 
Sua Perda 
 
     Com esgotamento nervoso, vida agitada e cheia de compromissos, sua saúde foi se debilitando. Seu casamento também não ia bem.
     Em 1955, Carmen de volta a Hollywood, gravou uma participação no famoso programa The Jimmy Durante Show. Durante a gravação, Carmen teve um discreto desmaio. Saiu do estúdio e já na  sua mansão em Beverly Hills, recebeu um grupo de amigos. O último convidado saiu pelas 03:30hs. Ao amanhecer do dia 05 de agosto de 1955, aos 46 de idade, Carmen  foi encontrada morta no seu quarto com um espelho na mão. 
     Sua vida lembra em parte a de outra atriz, sua contemporânea Marilyn Monroe que também teve uma vida curta. Ambas foram manipuladas para serem símbolos. 
     Realizou-se uma missa numa igreja católica de Beverly Hills. Seu caixão desembarcou no Brasil coberto com a bandeira brasileira, seguido pela multidão inconsolável prestando uma última homenagem. 
 

Sepultura de Carmem Miranda no Rio de Janeiro
Heitor Villa-Lobos declarou: 

"Carmen Miranda transportou seu país em sua bagagem, fazendo o mundo todo que não tinha tomado conhecimento da nossa existência,adorar nossa música e o nosso ritmo. O Brasil sempre terá uma divida impagável com Carmen Miranda." 

 

Memória  

     Apesar de ter se tornado uma lenda, atualmente o famoso nome Carmem Miranda ainda é usado no mundo mas muitas vezes não é associado à  pessoa. Infelizmente é por vezes um nome sem rosto. Em geral falam dela como a mulher das bananas, sem saber um pouco da vida dela. Pouco para alguém, tal qual Pelé, ela levou o nome do Brasil ao conhecimento do mundo. 
    Até hoje ainda é a artista "brasileira" de maior consagração no exterior. Reconhecida mundialmente virou uma estrela internacional. 

     Marco de Canaveses tem festas concelhias (anuais) de 18 a 20 de Julho, quando evoca Santa Marinha. Os romeiros , encontram um programa diversificado, com  música, folclore e desporto. O ponto alto é o Festival da Canção Carmen Miranda

     No carnaval de rua do Rio de Janeiro existe a Banda Carmem Miranda que se concentra na Avenida Delfim Moreira, esquina com rua Rainha Guilhermina no bairro do Leblon. 

     Há também o Museu Carmen Miranda no Rio de Janeiro: 
     Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, s/nº   -    Aterro do Flamengo&nbbsp;
     Rio de Janeiro 22250-020    -   TeleFax.: (021) 551-2597&nbbsp;
 
      Em 1995 o documentário Banana is my Business, escrito e dirigido por Helena Solberg e produzido por ela e seu marido, David Meyer, resgataram um pouco da histótia da vida de Carmem Miranda.


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