A Figura de D. João V - O
Magnânimo
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- D. João V
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- O seu reinado, que durou de 1706
até à sua morte em 1750, foi um dos mais longos da História portuguesa. Recebendo o
nome de João Francisco António José Bento Bernardo, nasceu em Lisboa a 22 de Outubro de
1689, filho de D. Pedro II e de D. Maria Sofia de Neuburgo, e foi aclamado rei a 1 de
Janeiro de 1707.
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- Casou em 9 de Julho de 1708 com D. Maria Ana da Áustria ( que nasceu em
Lintz a 7 de Setembro de 1683 ), filha do imperador Leopoldo I e de sua terceira mulher
Leonor Madalena.
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- Morreu em Lisboa em 31 de Julho de
1750 e está sepultado no Mosteiro de São Vicente de Fora. D. Maria Ana faleceu no
palácio de Belém a 14 de Agosto de 1754, estando sepultada no Mosteiro de S. João Nepomuceno, dos Carmelitas Descalços
Alemães, de onde o seu coração foi levado para a
Alemanha.
D. João V seguiu uma política de neutralidade em relação aos conflitos europeus mas
empenhou-se fortemente na defesa dos interesses portugueses no comércio ultramarino, de
que foi exemplo o Tratado de Utreque (1714), em que a França e a Espanha reconheceram a
soberania portuguesa sobre o Brasil.
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- Apesar de pacífico e dos quase 50
anos de paz que garantiu aos portugueses, D. João V , a pedido do papa Clemente XI,
participa triunfalmente na «terceira guerra turca» entre o império Otomano e uma
coligação austro-italiana na última tentativa imperialista muçulmana no Ocidente,
derrotando os turcos na batalha naval de Matapan ( Abril de 1717 ).
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Esta neutralidade foi possível devido à riqueza do reino proveniente da exploração das
minas de ouro do Brasil. D. João V pretendeu, à semelhança dos outros monarcas
europeus, imitar Luís XIV. Defensor do absolutismo, não reuniu as Cortes uma única vez
durante o seu reinado. Teve como principal ministro
e homem de confiança o cardeal da Mota.
Devido às grandes obras que promoveu no campo da arte, da literatura e da ciência, ficou
conhecido por "o Magnânimo". Na cultura merecem referência especial a Real
Academia Portuguesa de História, fundada em 1722, e a introdução da ópera italiana,
em 1731.
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- D. João V desenvolveu ainda as
artes menores (talha, azulejo e ourivesaria) e as artes maiores através de vários
pintores e escultores que se deslocaram de Itália para trabalhar em Lisboa e Mafra.
O Convento de Mafra ( com o ouro do Brasil ), mandado construir como forma de agradecer o
nascimento do seu primeiro filho varão, e o Aqueduto das Águas Livres ( à custa dos
impostos do Povo ) são dois exemplos de obras públicas de grande imponência. Deu nome a
um período da história da arte portuguesa designado barroco joanino.
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- Retrato de D. João V
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- Alexandre Herculano disse de
D.João V:
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- «O nosso primeiro rei do século
XVIII pôde emular Luis XIV em fasto e magnificência. Há, porém diferença entre os
dois monarcas: Luis XIV, mais guerreador que guerreiro, malbaratou o sangue dos seus
súbditos em conquistas estéreis, enquanto D. João V, mais pacífico que tímido,
comprou sempre, sem olhar ao preço, a paz externa dos seus naturais.».
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- Já Oliveira Martins, pertencendo
à Geração liberal dos 1870, acusa D. João V de rei «freirático» e esbanjador e com
o seu grande talento de escritor pinta a figura régia pela «brutalidade soêz e a
parvoíce carola», atribuindo todas as culpas à sua educação jesuíta. Diz Oliveira Martins:
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- « Portugal era um cenário de ópera, armado numa Igreja. Não somos nós com as nossas críticas inspiradas por motivo
felizmente diversos, quem o diz: confessam-no os contemporâneos. Leia-se o que escreveu
Cavaleiro de Oliveira, leia-se Alexandre Gusmão, leia-se o "Testamento
Político" de D. Luís da Cunha, e reconhecer-se-á a verdade do triste quadro que esboçamos.»
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- Veríssimo Serrão na sua História
de Portugal, diz que hoje não pode manter-se a concepção do rei esbanjador de riquezas,
nem tão pouco um rei de amores freiráticos, que passava o tempo em conventos, dado a
orgias e a uma vida afastada do ofício de reinar.
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- A.H. de Oliveira Marques diz de D.
João V na sua História de Portugal:
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- « O reinado do Magnânimo ficou
famoso pela tendência do monarca em copiar Luís XIV e a corte francesa. O ouro do Brasil
deu ao soberano e à maioria dos nobres a possibilidade de ostentarem opulência como
nunca anteriormente.
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- Por toda a parte se construíram
igrejas, capelas, palácios e mansões em quantidade. Em Mafra, perto de Lisboa, um enorme
Mosteiro exibiu a magnificência real. D. João V ocupou-se igualmente das artes e das
letras, despendendo vastas somas na aquisição de livros e na construção de
bibliotecas.
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- Como em tantas cortes do século
XVIII, a depravação moral ocupou lugar preponderante. O rei - e com ele muitos nobres -
gerou filhos em freiras de diversos conventos, muitos dos quais se converteram em centros
de prazer e numa espécie de lupanares reservados à aristocracia.»
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- D. João V teve 6 filhos do seu
casamento com D. Maria Ana de Áustria e 4 filhos fora do matrimónio, um dos quais D. José, um dos
meninos de Palhavã, era realmente filho da Madre Paula, freira e depois
superiora do convento de Odivelas.
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- Parece que D. João V
realmente seguia o lema de : « Make Love not War», tão em moda nos 1960-70.
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- Efemérides
no reinado de D. João V
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