Para onde vai Portugal ?

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Artigo de opinião do tenente-coronel João J. Brandão Ferreira

 

   

 

 

 

 

 

O caos político-social

 

O caos político-social que se seguiu ao golpe de Estado de 25/4/74 e que se prolongou até 25/11/75 provocou uma desorientação estratégica que ainda perdura (e que é a mais longa de toda a História de Portugal!) e tem impedido que o país tenha uma ideia clara e concreta de si mesmo e dos caminhos a seguir. 

Tudo isto tem sido agravado por numerosas decisões erradas em termos de opções estratégicas, nos diferentes campos da vida nacional o que, a manter-se, irá fatalmente fazer desaparecer «de facto» Portugal do âmbito das nações livres.  

 

O primeiro erro

O primeiro erro que se fez após 1974 foi o de não se ter avaliado correctamente as consequências de se ter voltado costas a um passado de 600 anos. O «Estudo de situação do país na sua globalidade», se alguma vez foi feito, estaria assim, à partida, viciado e as decisões, «a priori», comprometidas.

Passados 10 anos de grandes vicissitudes económicas, financeiras e sociais, a grande opção que se tomou foi a adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE) o que, face à situação geopolítica criada, se tem que aceitar como plausível.

Mas a tudo o resto têm que se juntar enormes reticências, que se resumem: adesão à CEE com o país mal preparado, em situação difícil e sem consulta à população; esta consulta continuou ostensivamente a não ser feita quando a CEE passou a Comunidade Europeia (CE), depois a União Europeia (UE), pondo-se presentemente a hipótese de se passar a uma federação de Estados.

Ora tudo isto implicou alterações políticas de substância com mudanças graves em termos de soberania. Depois, na ânsia de sermos aprovados como bons «alunos», deixaram-se cair rapidamente todas as restrições, aduaneiras e administrativas ao passo que a nossa fraqueza congénita, nos coloca mal, para não sermos crucificados aos interesses dos restantes Estados-membros em todas as áreas da vida comunitária. Isto quando se sabe que o que impera é a lógica do aquário, isto é, os peixes grandes comem os peixes pequenos!

 

Finalmente atirámo-nos para os braços da CEE, CE, UE (?) como se esta viesse a ser uma instituição para durar eternamente e nos fosse resolver todos os problemas. Ou seja, não cuidámos ou fizemo-lo timidamente em diversificar as nossas relações, nomeadamente, com os EUA, o Brasil e o Mercosul, a África ex-portuguesa e algumas «praças» do Oriente.

Numa palavra, os sucessivos governos têm feito da opção CEE, CE, UE (?) um objectivo nacional permanente histórico, que ela não é, em vez de a considerarem um objectivo nacional importante, mas transitório, que é o que ela devia ser. O federalismo europeu é, pois, a maior ameaça à soberania portuguesa e corre paredes-meias com o iberismo.

A terceira asneira de tomo tem a ver com o facto de se ter voltado as costas ao mar. Num país cuja liberdade e desenvolvimento depende da sua fronteira marítima e tem as suas componentes territoriais «unidas» pelo Oceano, os governos após 1974 deixaram destruir a marinha mercante, delapidaram a construção naval; mantêm os portos não competitivos, reduzem constantemente a marinha de pesca; reduziram a marinha de guerra à ínfima espécie; não incentivam os desportos náuticos, não apostam no transporte de cabotagem, deixam assorear rios e barras e, para um país em que uma das suas principais indústrias é o turismo, só há pouco tempo se tem apostado nas marinas.

 

 

 É difícil fazer pior, em qualquer parte do mundo!

Associado a isto, a política de transporte tem sido errada. Posto de lado o mar e tendo o transporte aéreo pouca expressão, apostou-se na circulação rodoviária, nomeadamente por TIR, com o consequente aumento da poluição, sinistralidade e preços dos produtos (logo perda de competitividade) e dependência estratégica de Espanha, por via da necessidade de atravessar aquele país.

A opção pelo «camião» veio em detrimento da via férrea, mais barata, mais segura e menos poluente. O traçado das vias rápidas e agora o do TGV, de que se fala, tem ido ao encontro dos interesses espanhóis em detrimento dos portugueses, coisa a que se tinha conseguido resistir durante dois séculos.

As opções energéticas estão demasiado ligadas ao crude, o que nos impõe vulnerabilidades e sujeições, tendo passado de país autónomo (Angola e Sines, mais outros potenciais) e até exportador, para a mais completa servidão. Pouco se aposta nas energias renováveis e quando se pretendia optimizar os recursos hídricos a polémica do Vale de Côa matou logo ali essa intenção.

A via do gás natural é correcta, mas a decisão de o fazer entrar no país por Espanha e não pelo mar, tornou-a estrategicamente errada e afrontosa!

 

 

A Evolução das coisas

As coisas têm evoluído também no sentido de tornar os portugueses dependentes por via alimentar. Mais de 60% do que se come em Portugal vem do estrangeiro. Ora, país que não consegue produzir o que consome (ou garanti-lo por outros meios de troca), não é um país livre.

Do mesmo modo a destruição maciça do aparelho militar da nação e a desautorização das suas forças de segurança, tiram qualquer liberdade de acção a Portugal e levam à falta de respeito por nós próprios e que os outros possam ter por nós. Ninguém respeita (nem ajuda) um povo que não se quer defender. Uma evidência que só cegos e tolos não vêem.

A envolver tudo isto instalou-se um sistema educativo laxista corruptor das tradições e identidade nacionais e perigosamente alheado das realidades do mundo e das ameaças que impendem sobre Portugal.

Por esta síntese, que está longe de esgotar o assunto, se tenta ilustrar como todas as principais opções políticas e estratégicas decididas em Portugal após 1974/75 têm sido erradas, ou conduzidas erradamente e levarão o país fatalmente à sua ruína como nação.

 

 

Nota - Portugal tem o 16º maior PIB por habitante da UE ( Fevereiro 2007 )

O nosso país surge na 16ª posição em termos de Produto Interno Bruto (PIB) por habitante em relação aos restantes Estados-membros da União Europeia, sendo superado pela Espanha, Grécia, Chipre e Irlanda, e encontrando-se ao nível da Eslovénia.

Segundo os dados hoje divulgados pelo Gabinete Europeu de Estatística (Eurostat), em 2004 o PIB per capita de Portucal cifrou-se nos 13 662 euros, um valor inferior aos 15 222 euros da Grécia, 19 678 euros da Espanha e 36 354 euros da Irlanda. Próximo dos nossos valores encontram-se a Eslovénia (13 134 euros) e Chipre (17 168 euros).

A mesma fonte adianta que, por regiões, em Portugal a região de Lisboa continua a ser a campeã, com 19 317 euros por habitante. Segue-se a Madeira, com 16 589 euros, e depois o Algarve (14 086 euros). A região nacional mais pobre é o Norte do país, com apenas 10 742 euros por habitante.

Por comparação, em Espanha a região mais rica em termos de PIB

 

 
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