Quem eram
As Enfermeiras
Pára-quedistas foram um grupo de 46 mulheres portuguesas que, entre 1961 e
1974, durante o confronto entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças
organizadas pelos movimentos de libertação das antigas províncias
ultramarinas Angola, Guiné e Moçambique,
marcaram a Guerra do Ultramar com o seu trabalho de recuperação e evacuação de feridos do campo de
batalha
A
Ideia
Isabel Rilvas (a primeira mulher portuguesa em
saltar em pára-quedas), uma amante da aviação na década de
50, foi a principal impulsionadora do aparecimento das enfermeiras
pára-quedistas em Portugal. Enquanto civil, ela esteve em França a
frequentar um curso de pára-quedismo em
Biscarrosse, e lá
teve contacto com enfermeiras que também eram pára-quedistas e que a
incentivaram a trazer a ideia para Portugal. O tenente-coronel kaúlza de
Arriaga,
então sub-secretário de Estado da Aeronáutica, apoiou a iniciativa e
começou a pensar-se na introdução, pela primeira vez, de mulheres nas
Forças Armadas Portuguesas..
Primeiro Curso de Enfermeiras pára-quedistas
As Primeiras
Foi feito o convite a enfermeiras que se julgava
reunirem condições de idoneidade, de capacidade para iniciar esse corpo. O
1º Curso de Enfermeiras Pára-quedistas teve início a 6 de Junho de 1961 no
Aeródromo Militar de Tancos.
As 11 candidatas que iniciaram a formação, tiveram uma instrução técnica e
física para o pára-quedismo e uma forte preparação militar em tudo
idêntico à dos homens, para poderem ser integradas na respectiva
hierarquia. A 8 de Agosto do mesmo ano, concluía-se o 1º curso de
enfermeiras pára-quedistas. As "Seis Marias", como lhes chamaram então
porque todas tinham o nome "Maria", receberam em Tancos a Boina
Verde e o "Brevet" de Pára-quedismo, sendo graduadas na patente de Alferes.
As Funções que Desempenharam
Fazia parte das funções das enfermeiras
pára-quedistas assistir feridos nos locais de combate, tendo estado, por
isso debaixo de fogo com muita frequência. Efectuaram centenas de
evacuações aéreas entre as ex-Províncias Ultramarinas e a Metrópole,
dentro do próprio território africano para os hospitais e também de Goa e de
Timor, acompanhando
os feridos de guerra, doentes, familiares e crianças.
Trabalharam no
Hospital Militar Principal, Hospital da Força Aérea na ilha Terceira,
Açores, e, quando
este foi extinto, no Hospital da Força Aérea em Lisboa, nos
Hospitais de Luanda, Lourenço Marques, Nampula, Guiné e
nos postos médicos das tropas pára-quedistas, das Bases Aéreas, nas
respectivas Províncias e na Metrópole. A sua acção era prestada aos três
Ramos das Forças Armadas, bem
como aos civis.
O Fim
Nos últimos anos em que exerceram funções, estiveram
mais activas na Giuné Bissau,
território em que a luta armada era mais violenta. Com a Revolução dos Cravos
e a independência das antigas províncias ultramarinas, terminou o trabalho
das enfermeiras pára-quedistas fora de Portugal.
Em 15 anos realizaram-se 9
cursos, constituídos por um total de 46 enfermeiras.
Suporte Audiovisual
Existem várias imagens e filmes da década de 60 e
70, recolhidos durante o conflito nos arquivos audiovisuais do Exército,
Força Aérea e RTP. Em Agosto de 2007, o
The History Channel
exibiu um documentário dedicado à história destas mulheres intitulado
"Entre o Céu e o Inferno - As Enfermeiras Pára-quedistas".