PIDE - A Secreta à Portuguesa

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Introdução
 
Miguel Sousa Tavares, dizia num comentário publicado há muito pouco tempo numa conhecida revista mensal, que o " Problema dos portugueses é não amarem a liberdade, por isso suportaram 48 anos de ditadura tranquilamente. Não havia resistência, o número de presos políticos foi apenas de algumas centenas. A dependência em relação ao Estado representa o medo de ir à vida sózinho ." 
 
Realmente comparando a polícia política Salazarista com as suas congéneres dos Estados Totalitários da Época, - GESTAPO, KGB, STASI e muitas outras, responsáveis por milhões de mortos, a PIDE não passou de  uma tímida imitação policial à portuguesa.
 
 
 
 
 

 

A Polícia Política - Segundo a História de Portugal de A. H. de Oliveira Marques

A polícia política, cujas origens remontam  a 1926, foi reorganizada na década de 1930. Primeiro chamada Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (P. V. D. E.), passou a ser conhecida por Polícia Internacional e de Defesa do Estado (P. I. D. E.) a partir de 1945, data em que viu as suas atribuições consideravelmente ampliadas. Na época Marcelista foi a D.G.S - Direcção Geral de Segurança.

A Polícia Secreta portuguesa alcançou, sob regime de Salazar, em todas as esferas da vida nacional, tais limites de poder e penetração que desafiaram a autoridade do próprio Estado - incluindo a das Forças Armadas - e a converteram gradualmente num estado dentro dele. 

Da mesma forma que a lnquisição, teve de justificar a sua própria existência e os seus amplos poderes pela «invenção» ou o exagero de ameaças à segurança do regime e pela «fabricação» de comunistas e de outros  perigosos opositores ao Estado Novo. 

 

 

As origens da PIDE

As origens da PIDE começaram em 1933, ano da criação oficial do Estado Novo.  É criada a Polícia de Vvigilância e de Defesa do Estado  (PVDE), com duas secções principais:

Secção Defesa e da Política Social, a fim de reprimir a oposição política actividades, impor censura, etc
Secção internacional, utilizadas para controlar a imigração, a deportação e os serviços secretos e de inteligência.

Em 1936  a PVDE criou o presídio do  Tarrafal em Cabo Verde, sob o seu controlo directo, como um destino para os presos políticos, que o regime considerava mais perigosos. Durante 40 anos de ditadura, 32 pessoas morreram no Tarrafal, devido aos rigorosos regimes de internamento.

Com a Guerra Civil Espanhola, e depois de um atentado contra Salazar por militantes anarquistas, aumenta a repressão, em especial contra o Partido Comunista Português. A PVDE, recebeu instrutores alemães e italianos, que tentaram adaptá-la à estrutura e os métodos da Gestapo.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Portugal tornou-se um país de espiões, local de exílio para importantes personalidades estrangeiras, e aumentou a cooperação entre a PVDE e Gestapo.
De PVDE a PIDE

Em 1945, a PVDE, que tinha sido criada e instruída pelo modelo GESTAPO nazista, muito BRUTA e pouco TÉCNICA, é dissolvida e substituída pela PIDE, que modifica o seu estilo e orientação profissional pelo modelo Scotland Yard. Mais TÉCNICA e menos BRUTALIDADE ! Torna-se uma secção da Polícia Judiciária , e continua a manter o seu estatuto de aparelho de repressão do regime de Salazar.

Como a PVDE, foi dividida em duas secções principais:

Funções administrativas (incluindo os serviços de imigração)
Características penal (aplicação da lei ea segurança do Estado)

A PIDE é considerada por muitos analistas como um dos serviços secretos mais eficaz e funcionais da  História.  Com células secretas em todo o território Português, conseguiu infiltrar-se em  todos os movimentos da oposição, como o Partido Comunista ou movimentos independência em Angola e Moçambique. Tinha também parceria, com centenas de civis, chamados "bufos", que actuaram como espiões entre a população. Isso deu-lhe a possibilidade de controlar todos os  aspectos da vida quotidiana em Portugal. Como resultado, milhares de portugueses foram presos e muitos torturados nas prisões da PIDE.

Desde a guerra nas colónias da África, a PIDE intensificou a sua actividade, principalmente no Ultramar. Depois do 25 de Abril de 974, foi criada uma comissão para dissolução da PIDE, e toda a sua documentação arquivada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. As suas páginas podem ser visualizadas, excepto o acesso aos nomes dos seus agentes e altos cargo directivos.

 

As Vítimas da PIDE

As principais vítimas da PVDE - PIDE foram sempre os comunistas ou seus simpatizantes, cujos mártires ultrapassaram, de longe, quaisquer outros oposicionistas. Parece também averiguado que os elementos das classes «inferiores» recebiam em geral pior tratamento do que os das classes média e superior. 

Seria, no entanto, errado, considerar a polícia Secreta como um organismo de classe visando reprimir apenas actividades de outra classe. Todas as correntes de opinião, incluindo os Católicos e os Integralistas e representantes de todas as classes e grupos sociais contaram inúmeras vítimas das perseguições policiais.

Num país pequeno como Portugal, altamente centralizado, as pressões políticas iam também afectar muitas profissões «independentes», para lá do funcionalismo público, como frequentemente se verificou. Por vezes, ao perseguir-se alguém, omitiam-se cuidadosamente os motivos políticos reais, invocando-se, antes, razões de ordem profissional ou moral. 

Também se verificaram pressões sobre empresas ou sobre particulares para demitirem ou para recusarem admissão a indivíduos politicamente suspeitos ou de menos confiança. Pôde assim ser estabelecido todo um clima geral de dependência do Estado e dos seus objectivos políticos.

 ( Condensado da História de Portugal de A.H. de Oliveira Marques )

 
Nota - Hoje há quem diga que muitos comunistas - o Partido Comunista era o único partido político organizado antes do 25 de Abril - foram informadores da PIDE com a intenção de desgastarem os outros adversários políticos. 
 
Recomenda-se a leitura do livro O Arquivo Mitrokhine, o KGB na Europa e Ocidente por Vasili Mitrokine, com prefácio de Pacheco Pereira. 
 
Aí se pode ler que todos os arquivos da PIDE que interessavam ao KGB foram microfilmados e enviados para Moscovo, com a colaboração do PCP, e muitas outras histórias. 
 
Moscovo criou em 1976 uma secção especial para tratar da documentação levada de Portugal. Cerca de 70.000 microfilmes. 
 
Comentário - Embora as actividades de uma polícia política tipo PIDE sejam odiosas e detestáveis para qualquer cidadão de mente moderna democrática - pois não existem crimes políticos numa democracia verdadeira - também não deixa de ser verdade que muito do que se escreve sobre a PIDE é tendencioso e nunca procura esclarecer a verdade completa.

Os maus foram sempre os ex-agentes da PIDE, e esquecem-se sempre de falar dos tribunais  plenários, e dos respeitáveis juízes - hoje muito bem reformados - que julgavam os acusados nesses tribunais, e os condenavam normalmente a pesadas penas de prisão!

Depois do 25 de Abril de 1974, a RTP transmitiu a saída dos presos das prisões políticas, saíram apenas:

Caxias - 22 presos
Peniche - 7 presos
Coimbra - 1 preso em trânsito
Porto - 1 preso em trânsito 
 
Depois, entre o 25 de Abril e o 25 de Novembro chegou a haver cerca de 2.500 presos políticos, e em  celas da prisão de Caxias destinadas a 30 presos, parece ter chegado a haver mais de 300. 
 

   

 

        

 
 
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