A figura do infante  D. Pedro

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D. Pedro

 
O Infante Don Pedro (Lisboa 1392-1449):
 
Segundo filho  de D. João I e de Filipa de Lancaster. Nasce em 9 de Janeiro de 1392. Durante a sua infância recebe uma cuidada educação e, desde 1408, acumula um importante património. João I l e dá-lhe a vila de Penela, os realengos de Campores e Rabaçal, o Castelo da Lousã, os Paços de Tentúgal e muitos outros senhorios.
D.Pedro era neto de John of Gaunt, 1º Duque de Lencastre e bisneto de Eduardo III, rei de Inglaterra..
 

AS SETE PARTIDAS DO MUNDO

O Infante D. Pedro assenta arraiais no ontem que perdura enquanto pressente o amanhã que tarda, terreno movediço, vacilações. Teme perder o equilíbrio, lusco-fusco das transições. 

Gostaria de saber e sentir o que se passa no resto do mundo e decide viajar. Não só para visitar e conhecer as principais Cortes da Europa mas também a Terra Santa e, se possível, o Reino do Preste João

Com a anuência do pai e os bolsos recheados de dinheiro e cartas de crédito sobre banqueiros italianos, resolve partir de Portugal.  Convida o seu irmão D. Henrique a acompanhá-lo. 

Mas este já está empenhado nas navegações ao longo da costa de África e pede escusas. Pede também que D. Pedro lhe recolha cartas de marear e narrativas de viagem de mercadores genoveses e venezianos e ainda que obtenha o máximo de informações sobre o Preste João das Índias.

Em 1418 o Infante D. Pedro larga de Lisboa acompanhado por numeroso séquito, cavaleiro andante. Quem fica a administrar as suas terras é o seu irmão mais novo, Infante D. Fernando. Apesar de ter apenas 16 anos, é varão ajuizado.

A paz já está firmada entre Portugal e Castela e em Valhadolid encontra-se com o rei de Castela (afinal seu primo), o qual lhe cede alguns intérpretes de línguas orientais.

De Espanha ruma para a Hungria, onde o imperador Segismundo o acolhe calorosamente. Por ele, bate-se contra os hereges hussitas da Boémia e, durante cinco anos, envolve-se em batalhas na Alemanha. Recebe do imperador o feudo de Treviso.

Em 1424 deixa Álvaro Gonçalves de Ataíde como governador de Treviso e dirige-se para Chipre e desta ilha para a Terra Santa, recapitulando o itinerário dos antigos cruzados.  

Em Roma é recebido pessoalmente pelo  papa Martín V. Estando em Flandres, escreve a seu irmão D. Duarte uma carta na que o aconselha sobre o bom governo do seu reino.  

Na ilha de Patmos é recebido faustosamente por Amurat II, Sultão da Turquia. Pressente que a expansão otomana irá converter-se num grave problema para toda a Europa. Parte para Constantinopla e dali navega até ao norte de África, Alexandria e Cairo. Visita a Palestina e a Terra Santa. Regressa ao Cairo e em 1425 embarca para o sul da Europa.

Alcança Paris donde passa para a Corte da Dinamarca e daqui para a Inglaterra onde o seu tio Henrique IV, irmão de D. Filipa de Lencastre,  o investe como Cavaleiro da Ordem da Jarreteira.

Segue para Ostende, na Flandres, onde combina o casamento da sua irmã Isabel com Filipe, o Bom. Demora-se dois anos na Corte flamenga. Exerce influências para intensificar o comércio luso-flamengo. É de Bruges que, em 1427, escreve a D. Duarte, seu irmão, carta que há-de ficar famosa.  

Em 1428 retorna à Hungria e daqui, como duque de Treviso, segue para Veneza, onde o doge o recebe com múltiplas dádivas, entre as quais um exemplar do Livro de Marco Polo que entregará mais tarde ao Infante D. Henrique. Ainda em Veneza compra um mapa-múndi com o traçado das vias comerciais entre o Oriente e a cristandade. Mapa-múndi que também oferecerá a seu irmão Henrique.

De Veneza avança para Roma onde é recebido pelo Papa Martinho V.

Retorna à Península Ibérica. Combina o casamento de D. Duarte com D. Leonor, irmã do rei de Navarra. Também combina o seu próprio noivado com D. Isabel, filha dos condes de Urgel, Catalunha.

Por Valhadolid, Zamora e Salamanca ruma para a Guarda. Chega a Coimbra em 19 de Setembro de 1428, mesmo a tempo de assistir ao casamento de D. Duarte com D. Leonor de Aragão.

Dez anos demorou a viagem do Infante D. Pedro pelasSete Partidas do Mundo”. Muito viu e assimilou, muito sabe.

D. Pedro frisa que mais fortes são as nações que se impõem pela cultura e prestígio dos seus colégios e universidades e aponta como modelo as de Paris e Oxford. Também demonstra ter ideias muito claras sobre política financeira e social, eclesiástica, militar e judicial. Exige que se calem os interesses privados quando está em jogo o bem geral do país.

Mas uma coisa é opinar como exercer o poder, outra será exercê-lo entre o ontem que perdura e o amanhã que tarda, vacilações que já veremos...

 

 

 

No seu regresso casa-se com Isabel de Urgel e continua aumentando o seu  património com doações da Coroa. Nas  cortes de Évora de 1436  manifesta-se contrário à  expediçãoción a Tánger e, depois do fracasso, és favoravel à devolução de Ceuta em troca da vida seu irmão Don Fernando. DEpois da morte de D. Duarte (1438) produz-se uma repartição de poder com Leonor de Aragão.

O agravamento das divergências produz o afastamento da raínha, que se exila em Castela. D. Pedro assume a regência e desenvolve uma política hostil à nobreza que apoiara  D. Leonor. Manteve-se no poder até cerca  de 1448 em que Afonso V o afasta da corte. Morre na batalha de  Alfarrobeira lutando contra as tropas reais.

 

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Cronologia do Infante D. Pedro

1392: Nasce em Lisboa o Infante D. Pedro, quarto filho de el-Rei D. João I e D. Filipa de Lencastre.

1415: Morte da rainha D. Filipa de Lencastre. O Infante D. Pedro participa na conquista de Ceuta e ali é armado cavaleiro; no regresso é-lhe concedido o título de duque de Coimbra. - 

De 1418 a 1428: Longa viagem do Infante D. Pedro às “Setes Partidas do Mundo”: as principais Cortes da Europa e a Terra Santa.

1429: O Infante D. Pedro casa com D. Isabel, filha dos Condes de Urgel (Catalunha). 

1433: Por morte d’el-Rei D. João I, D. Duarte sobe ao trono. - 

1436: Nas Cortes de Leiria o Infante D. Pedro opõe-se à conquista de Tânger.

1437: Durante a falhada conquista de Tânger é aprisionado D. Fernando: início do martírio do Infante Santo. - 

1438: Morte de el-Rei D. Duarte.

1439: Em virtude da menoridade do futuro Afonso V, o Infante D. Pedro (seu tio), assume a regência de Portugal. Isenta de impostos alfandegários os produtos do arquipélago da Madeira. Manda iniciar o povoamento dos Açores.

1441: As Cortes aprovam o projecto de casamento de D. Afonso, o príncipe herdeiro, com D. Isabel, filha do Infante D. Pedro. Este concede ao Infante D. Henrique, seu irmão, o monopólio da navegação, guerra e comércio das terras para além do Cabo Bojador.

1443: Em nome de D. Afonso V o Infante D. Pedro funda, em Coimbra, um novo Estudo Geral. Isenta de impostos alfandegários os produtos do arquipélago dos Açores.

1444: Em nome de D. Afonso V, o Infante D. Pedro promulga as Ordenações Afonsinas.

1445: D. Leonor, mãe de D. Afonso V, morre em Toledo.

1446: Nas Cortes de Lisboa o Infante D. Pedro entrega o poder a D. Afonso V, mas este, com apenas 14 anos, pede que ele o  ajude na governação do Reino.

1448: Por intriga dos nobres, entre os quais o conde de Barcelos (também duque de Bragança) e o conde de Ourém, D. Afonso V dispensa os serviços do Infante D. Pedro.

1449: O Infante D. Pedro é morto no recontro de Alfarrobeira (perto de Alverca).

 

 

 
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