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A Grande Guerra -
Portugal
na 1ª Guerra Mundial
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- ..."Nós somos
soldados. É uma grande irmandade, que junta à camaradagem das canções populares, o
sentimento de solidariedade e uma lealdade deses-perada de uns para os outros, de homens
condenados a morrer"...
- Erich Maria Remarque
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A Oeste Nada de Novo
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- O regime republicano
decidiu-se a enviar tropas portuguesas para a Flandres, apesar de saber
que não tinham suficiente preparação militar e equipamentos modernos
adequados, pelas seguintes razões:
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- Com vista à
manutenção das colónias, de modo a poder reivindicar a sua soberania na
Conferência de Paz que se adivinhava com o final da guerra;
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- A necessidade de
afirmar o prestígio e a influência diplomática do Estado republicano
entre as potências monárquicas europeias, de forma a granjear apoio
perante uma possível incursão monárquica que viesse a derrubar o
republicanismo (muitos portugueses defendiam, aliás, o regresso da
monarquia).
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- A vontade de afirmar
valores de Estado que distinguissem Portugal da Espanha e que
assegurassem a independência nacional.
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- A necessidade, por
parte do Partido Democrático de Afonso Costa, então no poder, de afirmar
o seu poder político, ao envolver o país num esforço colectivo de
guerra, tanto em relação à oposição republicana quanto em relação às
influências monárquicas no exílio.
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Afonso Costa |
Afonso Costa. o
"Papá" da loucura que deu em Desastre !
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Aníbal
Augusto Milhais |
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- Apesar da
participação militar portuguesa na 1ª Guerra ter sido um
completo desastre militar, ainda
tivemos quem honrasse as tradições militares portuguesas.
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- Aníbal Augusto Milhais " O Milhões"
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- Ficou conhecido como «o soldado
Milhões»- ,na 1ª Guerra
Mundial. Aníbal nasceu em Valongo, concelho de Murça, em Trás-os-Montes. Agricultor
durante toda a vida, com excepção do tempo que fez dele um herói medalhado e celebrado.
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- Na tropa foi incorporado no
Regimento de Bragança e mais
tarde no do Chaves. Em 1917 «partiu para a frente de combate». Um ano depois, chegava o
«grande momento, o da batalha de La Lys», na Flandres.
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- O dia preciso: 9 de Abril. Rezam as crónicas que uma força
portuguesa se viu atacada pelos alemães. A nossa força chegou a ser destroçada e a
situação era «a pior possível».
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- Muitos portugueses foram mortos e os sobreviventes obrigados
a retirar. O soldado Milhais viu-se sozinho numa trincheira e, então, ergueu-se, de
metralhadora Lotz, e varreu uma coluna de alemães que vinham em motocicletas.
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- E, segundo conta a lenda (ou terá
sido mesmo verdade), terá feito o mesmo às colunas de 'boches' que entretanto surgiram.
Parece que os alemães terão julgado que, em vez de um camponês sozinho, enfrentavam um
fortíssimo regimento de portugueses e ingleses.
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- O acto isolado deste soldado
permitiu aos aliados tomar posição trinta e tal quilómetros mais atrás. Milhais, esse,
continuou sozinho, a vaguear pelos campos, tendo apenas «amêndoas doces» para comer.
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- Chegado ao acampamento, Milhais foi
efusivamente abraçado pelo seu comandante ( Ferreira do Amaral ):
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- «Tu és Milhais, mas vales milhões».
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- Por
causa desse feito Milhões recebeu a Ordem de Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito,
em Isberg.
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1ª
Guerra Mundial ( 1914 - 1918 )
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- Durante este período, com o começo da 1ª
Guerra Mundial, Portugal proclamou a sua adesão à sua aliança com a Inglaterra
(7
de Agosto de 1914) e pediu para entrar nas operações militares contra a Alemanha.
Em 17 de Setembro partiu uma primeira expedição para reforçar as colónias em África,
que lutaram no noroeste de Moçambique, na fronteira com o Tanganica,
e no sudoeste de África, na fronteira com a África Sul ocidental alemã.
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- Em Fevereiro de 1916 Portugal apresou os barcos
alemães que estavam nos seus portos , e a Alemanha declarou-lhe guerra ( 9 de
Março ). Um submarino alemão bombardeia a cidade do Funchal na ilha da Madeira em
Dezembro de 1916, o que causou grande emoção em Lisboa.
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A desastrada Guerra
Colonial que os "Republicanos" não gostam de falar
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- Em Moçambique
Em 1917 Portugal envia a 4ª força para
Moçambique, esta constituída por 9786 homens e comandada por
Sousa Rosa. A Alemanha tinha na África Oriental, uma pequena
força de 4000 askaris e 305 oficiais europeus, comandados pelo
general Lettow Worbeck.
Este general alemão conseguiu sempre
resistir aos ataques das forças inglesas, apesar de estas serem em número
muito superior. Isto só foi possível devido a este general ter utilizado
uma nova forma de guerra (guerrilha), não lhe interessando manter
ou conquistar posições, mas sim manter o inimigo sempre ocupado, de modo
que este não pudesse libertar soldados para enviar de volta à Europa.
Com o final da guerra na Europa, o exército
alemão que se encontrava nessa altura na Rodésia, acabou por se render,
apesar de nunca ter sido derrotado. Para Portugal ficaram, além das
grandes derrotas militares, as revoltas das populações locais, que
demoraram a ser reprimidas
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- Em Angola
Sob o comando de Alves Roçadas,
foi enviado para Angola uma força expedicionária de 1600 homens,
em Outubro de 1914. Na fronteira sul, após um ataque alemão ao
posto fronteiriço de Cuangar, as tropas portuguesas tentaram
expulsar os alemães do território, mas em Dezembro de 1914, foram
derrotadas em Naulila ( Desastre de Naulila), tendo que
recuar para Humbe. As tropas alemães também retiraram mas, em
simultâneo, as populações locais acabaram por se revoltar contra a
soberania portuguesa
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1ª Guerra
Mundial - Soldados portugueses treinando-se com as máscaras de gás
(
Fotografia da www.ukans.edu
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- Uma expedição portuguesa ( o CEP
)partiu para a frente ocidental em 1917, sob o comando do General Tamagnini de Abreu;
em 9 de Abril de 1918, ficaram debaixo de forte ataque alemão na batalha de
La Lyz. Pelo tratado de Versalhes (1919) Portugal recebeu 0,75 porcento
das indemnizações pagas pelos alemães e o Quionga área de Moçambique capturada
pelas forças portuguesas na África Oriental.
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- O total de efectivos portugueses enviados
para a França, entre 1917 e 1918, foi de 55.083. Tivemos 2.086 mortos e 5.524
feridos, o custo do baptismo de fogo, que o governo da República insistiu dar
a Portugal para defender o seu Império Colonial.
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- C.E.P. - Corpo Expedicionário
Português tradução do inglês Portuguese Expeditionary Corps, com que os
ingleses denominaram as forças portuguesas que combateram na Grande Guerra, e que mais
tarde os próprios soldados portugueses denominaram de " Carneiros de
Exportação Portuguesa", pela falta de preparação técnica e ausência de
equipamento militar adequado a essa guerra moderna.
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- A Batalha de La Lyz
- Foi na madrugada de 9 de Abril
de 1918 que o fogo dos bombardeamentos alemães (sob o comando do general Ludendorff)
inundou a terra e cobriu os céus de pesadas nuvens negras, onde os homens se submergiam,
mortos ou feridos, na lama espessa. Foi a célebre Batalha de La Lys, que deixou um
saldo aterrador no o sector português: dos 7500 homens destroçados, mais de mil caíram
mortos.
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- A participação portuguesa na
guerra de 14-18 (que se repartiria entre França, Angola e Moçambique) foi na altura,
tema de batalhas verbais, entre os partidários de Afonso Costa, no Poder, e as alas da
direita republicana, monárquica e clerical, avessas a uma intervenção no conflito.
O primeiro contingente do CEP partiria a 26 de
Janeiro de 1917 em direcção à Flandres francesa, mas os episódios dramáticos da
presença portuguesa culminariam com a tragédia de 9 de Abril de 1918. Num só dia morreu
metade do total dos portugueses caídos em França.
- O golpe militar de 5 de Dezembro de
1917, em Lisboa, protagonizado por Sidónio Pais, parece ter sido a machadada final numa
moral beligerante desde sempre frágil. O CEP ficaria entregue à má sorte, por um novo
poder a braços com uma inflação nunca vista, falta de alimentos, pestes e a
contestação cada vez mais forte de uma guerra distante.
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- Embora as romagens anuais efectuadas
ao túmulo do Soldado Desconhecido pretendam homenagear «todos quantos lutaram por
Portugal, independentemente de qualquer época ou lugar», nunca poderão compensar o
"crime" de se ter enviado para a morte, em 1917, milhares de portugueses, que
não tinham preparação militar adequada, nem meios materiais e equipamento para uma
guerra moderna.
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- Nota - Aquilo que os portugueses
denominaram de Batalha de La Lyz, foi realmente o primeiro dia da Ofensiva de La Lyz do
general Ludendorff, denominada Operação Georgette lançada pelo Sexto Exército Alemão
contra a segunda divisão do CEP. Só nesse dia tivemos 7.425 baixas entre oficiais e
soldados.
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- A 2.ª Divisão
portuguesa, comandada pelo general Gomes da Costa, com um efectivo
aproximado de 20.000 homens, perde cerca de 300 oficiais e 7.000 praças,
entre mortos, feridos e prisioneiros, ao tentar resistir ao embate de
quatro divisões alemãs, com 50.000 homens do 6.º Exército alemão,
comandado pelo general von Quast.
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- Lutando com bravura, os
soldados desconhecidos de La Lys expiaram culpas dos governantes da República,
que arrastaram o país para um conflito no qual as forças humanas e
tecnológicas em jogo eram muito superiores às capacidades de resposta
nacional.
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O único soldado
português sobrevivente dessa batalha, e ainda vivo, é João Maria Hermano
Batista, que nasceu em 1 de Maio de 1895 e que tem actualmente 107
anos. Ferido numa perna nessa sangrenta batalha, foi feito prisioneiro
pelos alemães. Promovido a sargento quando regressou a Portugal, foi
condecorado com a Legião de Honra pelo governo Francês.
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Nas trincheiras, reinou sobretudo
o desânimo
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