A Fragata D. Fernando II e Glória

 D. Fernando II

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D. Fernando II

 
D. Fernando II N. a  29 de Outubro de 1816 - F. a 15 de Dezembro de 1885
 

Duque de Saxe-Coburgo-Gotha; rei de Portugal pelo seu casamento com a rainha D. Maria II. 0 seu nome completo era Fernando Augusto Francisco António. N. em Coburgo a 29 de Outubro de 1816, fal. em Lisboa, no paço das Necessidades, a 15 de Dezembro de 1885. Era filho do príncipe Fernando Jorge Augusto o duque de Saxe-Coburgo-Gotha, e de sua mulher, a princesa de Kohary, D. Maria Antónia Gabriela, filha e herdeira de Francisco José, príncipe de Koharv, senhor de Casabrag e doutras terras da Hungria.

 
 
Recebeu uma excelente educação, revelando logo o seu aprimorado talento artístico. Tendo D. Maria II enviuvado aos 16 anos, do seu primeiro marido, o príncipe Augusto de Leuchtemberg, foi D. Fernando o escolhido para novo esposo da soberana.

Neste contrato estipulava-se que o casamento seria em Lisboa, segundo o rito da religião católica, que logo depois do casamento receberia o príncipe uma pensão anual de reis 50.000$0000, que se lhe conservaria por morte da rainha, no caso de ficar em Portugal, tendo então direito a um palácio para sua habitação, e 25.000$000 de reis se retirasse para o estrangeiro; teria sempre a livre disposição dos seus bens, e os príncipes que nascessem deste casamento não poderiam sair do reino sem autorização das cortes, nem poderiam casar sem autorização da rainha ou do príncipe reinante. D. Maria II casou por procuração em 1 de Janeiro de 1836, e logo no dia seguinte assinou o decreto nomeando D. Fernando marechal general do exército, e coronel honorário do batalhão de caçadores n.º 5.

 
 
Em 4 de Maio foi também D. Fernando eleito presidente da Academia Real das Ciências 0 partido radical passou a manifestar-se dum modo decididamente hostil ao ministério, a agitação aumentava por toda a parte, de forma que a viagem de D. Fernando ao Porto e ás províncias passou completamente despercebida .

A Academia das Belas Artes de Lisboa foi fundada a 25 de Outubro de 1836, e a rainha e D. Fernando declararam-se seus protectores. Por essa ocasião prestou o monarca um bom serviço ás artes portuguesas, salvando dum inevitável vandalismo o convento da Batalha ( tinha sido vendido como pedreira e D. Fernando teve de pagar do seu bolso a sua recuperação ao Estado ), que visitara, e conseguindo que no orçamento das obras públicas se destinassem algumas verbas para a sua reparação e manutenção.

Com o nascimento do príncipe real D. Pedro, em 16 de Setembro de 1837, recebeu pela primeira vez o título de rei. Sendo eleito presidente do Conservatório Real de Lisboa, mostrou logo quanto se interessava pelo desenvolvimento das artes cénicas em Portugal. D. Fernando era um artista distintíssimo, e bem mereceu o cognome de Rei-Artista, posto por António Feliciano de Castilho, depois visconde de Castilho, num artigo que na Revista Universal publicou.

 Eram as artes o que mais preocupava o seu fino espírito. Desenhava admiravelmente, tinha uma bela voz de barítono, de que sabia usar com mestria. Viam-no coleccionar obras de arte, animar os artistas portugueses comprando-lhes quadros, auxiliando os estudos com o estímulo do seu aplauso e com os recursos da sua bolsa.

D. Fernando  nomeou Alexandre Herculano em 1839 seu bibliotecário, com o vencimento anual de 600$000 réis, pagos do seu bolso, dando-lhe também casa para residir.

 Aparecia em todas as festas que representavam um progresso artístico. Evitava a política quanto possível; caiu a constituição de 1838, restaurou-se a Carta, e D. Fernando tratava sobretudo das suas artes tão queridas, esforçava-se por salvar do abandono e do vandalismo os grandes monumentos portugueses, Batalha, Mafra, Tomar e Jerónimos; comprava o convento da Pena, em Cintra, que tornou numa principesca residência artística ( tudo construído com o dinheiro da sua fortuna pessoal, herdada dos seus pais na Alemanha ).

Em 1843 fez uma digressão com a rainha pelas províncias do Alentejo e Estremadura; em 1845 fizeram nova excursão demorando-se alguns dias em Tomar, em casa do ministro do reino Costa Cabral, que nessa ocasião recebeu o título de conde de Tomar.

Com a regeneração ficou o país mais sossegado, e D. Fernando voltou à sua vida tranquila e aprazível, ás suas ocupações predilectas; aos serões musicais em que a sua bela voz de barítono lhe dava sempre um dos primeiros lugares, à contemplação do seu fantástico palácio da Pena, em Sintra; à compra de objectos de arte, e à execução de encantadores trabalhos artísticos; entregando-se também um pouco a cortejar as damas, entretendo amores menos platónicos, que não eram muito do agrado da rainha.

Dos seus trabalhos de gravura, apresenta-nos o conde. A Raczynski uma longa relação, no seu Dictionnaire historico-artistique du Portugal, de pág. 86 a 90. Esta relação, julga este escritor prussiano, que é pouco mais ou menos, a mais completa das suas gravuras, exceptuando os primeiros ensaios, sendo algumas excelentes, tendo todas um irrecusável testemunho do seu talento A. relação está ordenada por anos, a começar em 1837 e terminando em 1845, tendo todas a descrição e uma apreciação muito lisonjeira.

 
 

 

 

Palácio da Pena

 

Um golpe terrível veio ferir o rei artista no ano de 1853, foi a 15 de Novembro a morte da rainha D. Maria II, que apenas contava 34 anos de idade, deixando o príncipe real ainda menor, com 16 anos. 0 conselho de Estado reunido no paço das Necessidades, recebeu esta notícia, e foi logo em seguida cumprimentar el-rei D. Fernando, como regente, que declarou assumir a regência em virtude da lei de 7 de Abril de 1846, prestando o juramento legal.

D. Maria II teve 11 filhos, 7 dos quais sobreviveram à mãe: D. Pedro, D. Luís, D. Maria Ana, D. João, D. Antónia, D. .Fernando e D. Augusto; só 3 sobreviveram ao pai: D. Luís, D. Antónia e D. Augusto,  D. Fernando confirmou o ministério que estava no poder quando a rainha morreu, e com ele governou os dois anos que durou a sua regência

 
   
 

O casamento monagástico de D. Fernando II com a cantora lírica suiça Elise Hensler , condessa de Edla, título concedido por Ernesto II de Saxe, em 1869,não agradou muito à corte e imprensa portuguesa. A condessa já tinha uma filha cujo pai era desconhecido, possivelmente um conde de Milão do qual Elise esteve noiva.

Também o testamento de D. Fernando II, na sua morte, deixando tudo o que tinha à condessa, deixou aos portugueses uma deplorável impressão. Ele que fora sempre um desvelado protector de todas as instituições benéficas e artísticas, que socorria artistas pobres, viúvas e órfãos, nada deixava para as obras de beneficência nem para obras de arte. A afeição que votava à condessa de Edla fora superior a qualquer outro sentimento

A este respeito, o jornal As Novidades levantou uma violenta campanha, chegando a dizer que a parte referente ao castelo da Pena não devia ser cumprida, pelas razões que expunha. Efectivamente a opinião pública começou a apaixonar-se por esse assunto, que se liquidou dum modo satisfatório.

D. Luís encarregou o governo de tratar com a condessa de Edla a cedência do castelo da Pena, e no fim de algumas conferências, a condessa aceitou a proposta que lhe fora apresentada, cedendo por 300.000$00 reis, pagos em títulos segundo a cotação do dia, reservando, como usufruto, enquanto vivesse, uma parte que foi devidamente separada por um muro. A propriedade real da Pena continuou assim na posse da Coroa.

 
 

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