Enquadrada
numa zona rural e assente num planalto em forma de esporão, a zona posta a
descoberto desde finais do século XIX, comummente designada por “Ruínas
Romanas de Conímbriga”, possui, com a cinta muralhada, cerca de 1500 m
de extensão. Contudo, quando foi conquistada em 136 a. C. durante as
campanhas dirigidas por Decimo Junio Bruto, há muito que esta zona era
alvo de ocupação humana, que remontaria, pelo menos, até ao Bronze Final.
Chegaria a ocupar um lugar central em pleno período orientalizante do
Baixo Mondego, constituindo um dos principais oppida do centro do país ao
longo de toda a Idade do Ferro.
Firmada a conquista romana, a cidade
beneficiou de um notório renovamento urbanístico de cariz vitruviano no
tempo de Augusto, que desenvolver-se-ia sensivelmente até finais do século
I d. C. Datarão, precisamente, desta época estruturas tão importantes
quanto características da vivência do quotidiano citadino romano, como as
termas públicas, o anfiteatro e o forum, posteriormente ampliado com a
edificação de uma basílica de três naves no período Júlio-Claudiano.
Foi, no entanto, durante as épocas
antoniniana e severiana que se desenrolou toda uma renovação da
denominada “arquitectura doméstica”, notabilizada, entre outros
elementos, pela presença de insulae e de luxuosas domus com peristilum,
das quais as mais impressionantes seriam, certamente, as casas dos
Repuxos e de Cantaber. Todas estas edificações sobressaiam pela
riqueza e profusão dos elementos decorativos perfeitos de abundantes
pinturas murais, mosaicos e escultura.
Com o tempo, a evolução política do próprio
Império Romano e as pretensões manifestadas por alguns povos indígenas e
recém chegados, houve a necessidade de dotar a urbe de uma faustosa
muralha no século III d. C., que lhe reduziu consideravelmente o
perímetro. Porém, a cidade sofreria diversas incursões suévicas ao longo
do século V, cuja ocupação parece estar registada pelos indícios de uma
basílica paleocristã, para a qual ter-se-á adaptado uma antiga domus.
Finalmente, por volta do século IX, a
cidade acabaria por ser totalmente abandonada.