O Brasil Moderno - 2ª Guerra Mundial (1942)

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BRASIL ENTRA NA GUERRA

 

Durante o Estado Novo (1937 – 1945), o governo brasileiro viveu a instalação de um regime ditatorial comandado por Getúlio Vargas. Nesse mesmo período, as grandes potências mundiais entraram em confronto na Segunda Guerra, onde observamos a cisão entre os países totalitários (Alemanha, Japão e Itália) e as nações democráticas (Estados Unidos, França e Inglaterra).

 

Ao longo do conflito, cada um desses grupos em confronto buscou apoio político-militar de outras nações aliadas.

 


Com relação à Segunda Guerra Mundial, a situação do Brasil se mostrava completamente indefinida. Ao mesmo tempo em que Vargas contraía empréstimos com os Estados Unidos, comandava um governo próximo aos ditames experimentados pelo totalitarismo nazi-fascista. Dessa maneira, as autoridades norte-americanas viam com preocupação a possibilidade de o Brasil apoiar os nazistas cedendo pontos estratégicos que poderiam, por exemplo, garantir a vitória do Eixo no continente africano.

A preocupação norte-americana, em pouco tempo, proporcionou a Getúlio Vargas a liberação de um empréstimo de 20 milhões de dólares para a construção da Usina de Volta Redonda. No ano seguinte, os Estados Unidos entraram nos campos de batalha da Segunda Guerra e, com isso, pressionou politicamente para que o Brasil entrasse com suas tropas ao seu lado. Pouco tempo depois, o afundamento de navegações brasileiras por submarinos alemães gerou vários protestos contra as forças nazistas.

Dessa maneira, Getúlio Vargas declarou guerra contra os italianos e alemães, em Agosto de 1942. Politicamente, o país buscava ampliar seu prestígio junto ao EUA e reforçar sua aliança política com os militares. No ano de 1943, foi organizada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), destacamento militar que lutava na Segunda Guerra Mundial. Somente quase um ano depois as tropas começaram a ser enviadas, inclusive com o auxílio da Força Aérea Brasileira (FAB).

A principal acção militar brasileira aconteceu principalmente na organização da campanha da Itália, onde os brasileiros foram para o combate ao lado das forças estado-unidenses. Nesse breve período de tempo, mais de 25 mil soldados brasileiros foram enviados para a Europa. Apesar de entrarem em conflito com forças nazistas de segunda linha, o desempenho da FEB e da FAB foi considerado satisfatório, com a perda de 943 homens.


Condensado de artigo na Net do Prof. Rainer Sousa



Força Expedicionária Brasileira

 

Operações da Força Expedicionária Brasileira

 

A Força Expedicionária Brasileira, conhecida pela sigla FEB, empregou 25.334 homens ao lado dos Aliados na Itália durante a Segunda Guerra Mundial. Constituída inicialmente por uma divisão de infantaria, acabou por abranger todas as forças militares brasileiras que participaram do conflito. Adoptou como lema "A cobra está fumando", em alusão a um discurso de Getúlio Vargas, que afirmou certa vez ser "mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra".


A 2 de julho de 1944, teve início o transporte do 1º escalão da Força Expedicionária Brasileira – FEB sob o comando do Gen. João Batista Mascarenhas de Morais com destino à Nápoles.


Os brasileiros constituíam uma das 20 Divisões Aliadas presentes no Front Italiano naquele momento. A FEB foi integrada ao 4º Corpo do Exército Americano (sob o comando do general Willis Crittemberger), este por sua vez subordinado ao V Exercito dos EUA (comandado pelo general Mark Clark).

 

 

 

 

As primeiras vitórias ocorreram já em Setembro com as tomadas de Massarosa, Camaiore e Monte Prano. Só no final de Outubro na região de Barga a FEB sofreu seus primeiros reveses. Devido ao sucesso da campanha de Setembro e início de Outubro, no final de Novembro a FEB foi incumbida de sozinha, tomar o complexo formado pelos Montes Castelo-Belvedére e seus arredores, no espaço de alguns dias. 

 

Seu comandante alertou ao Comando do V Exército Americano que tal missão era inviável de ser executada pelo efectivo de apenas uma Divisão, o que já havia sido demonstrado em tentativas fracassadas por parte de outros efectivos aliados; e que para obter sucesso em tal empreitada seria necessário o ataque conjunto de 2 Divisões simultaneamente à Belvedére-Della Toraccia e à Monte Castelo-Castelnuovo o que, mesmo assim alertava o Comando Brasileiro, não poderia ser levado a cabo em menos de 1 semana. No entanto, o argumento do comandante brasileiro só foi aceito após o fracasso de mais 2 tentativas, desta vez efectuadas pelos brasileiros - uma em Novembro e outra em Dezembro.

 

 

A FEB entrou em combate em meados de Setembro de 1944 no vale do rio Serchio, ao norte da cidade de Lucca. 

 

 

Durante o rigoroso inverno de 1944-45 nos Apeninos a FEB enfrentou temperaturas de até menos de vinte graus negativos (não contando a sensação térmica), muita neve, humidade e contínuos ataques de carácter exploratório por parte do inimigo que através de pequenas escaramuças procurava tanto minar a resistência física e psicológica das tropas brasileiras não acostumadas aquelas baixas temperaturas, condições climáticas e reacções físicas daí resultantes e que já somavam mais de 3 meses de campanha ininterrupta sem pausa para recuperação; como também testar possíveis pontos fracos no sector ocupado pelos brasileiros para uma contra-ofensiva de Inverno. 


Entre o fim de Fevereiro e meados de Março de 1945, como havia sugerido o comandante da FEB se deu a Operação Encore; um avanço em conjunto com a recém-chegada 10ª Divisão de Montanha Americana. Assim, foram finalmente tomados, entre outras posições, por parte dos brasileiros - Monte Castelo e Castelnuovo enquanto os Americanos tomavam o Belvedére-Della Toraccia. 

 

Com estas posições no poder dos Aliados pôde-se iniciar a Ofensiva Final de Primavera, na qual em Abril a FEB tomou Montese. A conquista de posições pelas tropas Brasileiras somadas às obtidas pela Divisão de Montanha Americana neste sector secundário mas vital, possibilitou que as forças sob o comando do VIII Exército Britânico, mais à Leste no sector principal da frente Italiana, se vissem finalmente livres do fogo de Artilharia inimigo que partia daqueles pontos, podendo assim avançar sobre Bolonha, rompendo a Linha Gótica após 8 meses de combate.

 


Era a fase final da Ofensiva de Primavera no Front Italiano. Em Fornovo com uma manobra perfeita em uma jogada ousada de seu comandante, os efectivos da FEB que se encontravam naquela região em inferioridade numérica cercaram e, após combates oriundos da infrutífera tentativa de rompimento do cerco por parte do inimigo seguidos de rápida negociação, conseguiram a rendição de 2 divisões inimigas : a 148ª Divisão de Infantaria Alemã, comandada pelo General Otto Freter Pico e os efectivos remanescentes da Divisão Bersaglieri Italiana comandada pelo General Mario Carloni. 

 


 

O Brasil perdeu nesta campanha, mortos directamente em combate, cerca de 450 praças e 13 oficiais, além de 8 oficiais-pilotos da Força Aérea Brasileira. A Divisão Brasileira ainda teve cerca de 2.000 mortes devido a ferimentos de combate e mais de 12.000 baixas em campanha: mutilação ou outras causas que incapacitaram para o combate de diversas formas; tendo assim, somadas as substituições, turnos e rodízios, dos cerca de 25.000 homens enviados, mais de 22.000 participado das acções. 


As cinzas dos brasileiros mortos na campanha da Itália foram em 1960 transladadas de Pistóia para o Brasil e hoje jazem no Monumento aos Mortos que foi erguido no Aterro do Flamengo.


Ao final da campanha, a FEB havia aprisionado mais de 20.000 soldados inimigos (14.779 só em Fornovo) oitenta canhões, 1500 viaturas e 4 mil cavalos. 

 - Vinte e um submarinos alemães e dois italianos foram responsáveis pelo afundamento de trinta e seis navios mercantes brasileiros, causando 1.691 náufragos e 1.074 mortes; este foi o principal motivo que conduziu à declaração de guerra do Brasil aos países do "Eixo".


 - A FEB permaneceu ininterruptamente 239 dias em combate. Como exemplo de comparação, das 44 Divisões Americanas que combateram no Norte da África e Europa entre novembro de 1942 e maio de 1945, apenas 12 estiveram ininterruptamente mais dias em combate que a Divisão Brasileira.

 

 - A FEB lutou contra nove Divisões alemãs e três italianas, sofrendo 457 mortes, 2.064 feridos, e teve 35 homens aprisionados.


 - As principais vitórias da FEB tiveram lugar em Massarosa, Camaiore, Monte Prano, Monte Acuto, San Quirico, Gallicano, Barga, Monte Castello, La Serra, Castelnuovo, Soprassasso,Montese, Paravento, Zocca, Marano su Panaro, Collecchio e Fornovo, onde aprisionou dois generais, 493 oficiais e 19.679 praças.

 

- A FAB, com o 1º Grupo de Caça, teve abatidos dezasseis aviões, com perda de oito aviadores. Apesar de ter voado apenas 5% do total das missões efectuadas por todos os esquadrões sob o XXII Comando Aéreo Táctico Aliado entre Novembro de 1944 e Abril de 1945, neste período dentro deste total, foi responsável pela destruição de 85% dos depósitos de munição, 36% dos depósitos de combustível, 15% dos veículos motorizados (Caminhões, Tanques, Locomotivas etc.) inimigos, entre outras tarefas. Assim, por seu desempenho teve honrosa citação do Congresso dos Estados Unidos da América.


 - Durante a tomada de Montese houve uma homenagem singular prestada a três soldados brasileiros que, em missão de patrulha, ao se depararem com toda uma Companhia do Exército Alemão, tendo recebido ordem para se renderem, se recusaram e morreram lutando. Como reconhecimento à bravura e à coragem daqueles soldados, pela forma como combateram, os alemães os teriam enterrado em covas rasas e, junto às sepulturas colocado uma cruz com a inscrição "DREI BRASILIANISCHEN HELDEN" (Três Heróis Brasileiros)

 

Eram eles - Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Baeta da Cruz e Geraldo Rodrigues de Souza -, existe hoje no pátio de formatura do Batalhão a qual pertenciam um monumento que os reverencia.

 


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